Solidariedade a Dom Luiz Cáppio
PARA O POVO GUARANI O CENTRO DA TERRA É A ÁGUA, O Y ETE, A ÁGUA AUTÊNTICA, A GENUÍNA, A VERDADEIRA. AÍ AONDE COMEÇA A VIDA. A VIDA DA TERRA É A ÁGUA.
Desde o dia de ontem estamos acompanhando a corajosa iniciativa de Dom Luiz Cáppio, em defesa da vida do Rio São Francisco, o Velho Chico. O testemunho deste peregrino, que em 1992 realizou uma longa jornada da nascente à foz do Rio, revela sua defesa incondicional não só da vida do mesmo, mas de todas as populações tradicionais que dele dependem para viver: beiradeiros, quilombolas, indígenas etc. e convoca-nos para um compromisso solidário, urgente e inadiável com esta causa.
A greve de fome, recurso extremo, utilizado após ter recorrido a várias outras iniciativas na tentativa de evitar a implementação das obras de Transposição do São Francisco, revela a face perversa do atual governo. Para atender interesses do agronegócio e de empresas empreiteiras o governo Lula está totalmente insensível aos apelos da população que, representada pelos mais distintos movimentos organizados da sociedade, vem se manifestando, desde muito tempo, contra o projeto.
Com seu jejum profético, Dom Luiz abre uma possibilidade ao presidente da República, através de carta endereçada ao mesmo, de repensar sua posição em relação à transposição, evitando assim seu registro na história do país como presidente responsável pelo grande crime ambiental que resultaria da implementação da obra e possíveis acusações de crimes de genocídio, pois há centenas de ilhas habitadas por comunidades indígenas e quilombolas, além da grande população ribeirinha que vive às margens dos 2.700 km de extensão do São Francisco.
Brasília, 27 de setembro de 2005.
Cimi – Conselho Indigenista Missionário