Povo Pataxó retoma área tradicional invadida pela empresa Veracel Celulose no Extremo Sul da Bahia
Na madrugada do dia 27 de setembro, 40 famílias do povo indígena Pataxó, lideradas pela Frente de Resistência e Luta Pataxó, retomaram parte do seu território tradicional que estava sob o domínio da empresa Veracel Celulose e iniciaram a derrubada de eucalipto. Já foram retirados entre 3 e 5 hectares da árvore. A área está localizada no entorno do Monte Pascoal, vizinho à aldeia do Guaxuma.
A ação do índios acontece no momento em que a Veracel Celulose inaugura a sua fabrica na região, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva marcada para o dia 28 de setembro de 2005.
A comunidade Pataxó há muito tempo vem denunciando a invasão de suas terras por empresas de celulose. Segundo lideranças indígenas, homens da Veracel estão destruindo plantas nativas, coqueirais, mudando o relevo da terra e atingindo as fontes de água. “Em muitos pontos o veneno não distancia 2 metros das casas da aldeia. A 100 metros do local que está sendo preparado, fica a única fonte de abastecimento de água, usada por toda a comunidade. As crianças e as criações estão em contato direto com o veneno”.
No documento Final da IV Assembléia da Frente de Resistência, realizada em agosto de 2005, as índios já alertavam: “Essa empresa vem agredindo nosso meio ambiente, cooptando nossas lideranças com distribuição e promessas de benefícios com o objetivo claro de nos dividir e continuar invadindo nosso território”. Em documento encaminhado recentemente ao poder público federal, os Pataxó explicam que A área em questão é de ocupação tradicional indígena e está em processo de estudo, através de um Grupo Técnico da Funai, desde 1999. No entanto, até o momento o resultado final do estudo antropológico e fundiário não foi apresentado.
Os Pataxó estão solicitando o fim do plantio e de quaisquer atividades das empresas de eucalipto nas áreas onde estão sendo realizados os estudos técnicos e que fazem parte do seu território tradicional.