19/08/2005

POVO MAXAKALI REALIZA SUA PRIMEIRA RETOMADA EM MINAS GERAIS

 


Aproximadamente 160 indígenas do povo Maxakali retomaram na manhã de quinta-feira uma área invadida há mais de 50 anos por funcionários do antigo SPI (Serviço de Proteção ao Índio). De forma enganosa, os funcionários tiraram a terra do povo e a venderam a fazendeiros da região. A terra, localizada nos municípios de  Bertópolis e Santa Helena, Minas Gerais, estava sendo utilizada para pecuária. O povo exige agora a regularização da terra.


 


Tinha-se a expectativa de que a conclusão do processo de demarcação da terra Maxakali, em 1999, resolveria o problema da terra para quele povos no povo tinha sido resolvido, mas muitos espaços de ocupação tradicional foram excluídos da demarcação. Imediatamente, o processo de luta pela terra foi reiniciado com a elaboração de diversos documentos que foram encaminhados à FUNAI e ao Ministério Público Federal. O processo anterior durou mais de 50 anos para que fosse concretizado e os Maxakali não estavam dispostos a esperar tanto tempo novamente. Por isso, tomaram a decisão de realizar a primeira retomada da história de luta do povo Maxakali.


 


A fazenda retomada foi alvo de denúncia do povo Maxakali esse ano, em virtude da exploração criminosa que estavam fazendo com a terra, desmatando o pouco de mata que ainda existia naquele espaço. “Não queremos encontrar só capim de novo, se nós esperar não vamos encontrar mata nenhuma” afirma Noemia Maxakali.


 


CIMI Leste/Equipe Maxakali


Santa Helena de Minas  


 


Veja aqui a íntegra da carta:


 


Aldeia de Noémia, 17/08/05.


 


 


 


Nos lideranças reunidos na casa de religião conversando e discutindo os nossos problemas tomamos a decisão de voltar para nossa terra invadida há mais de 50 anos atrás por funcionários do SPI (Serviço de Proteção ao Índio) Miguelzinho e Lourêncio e Fontes que enganaram nossos antepassados e tomaram nossa terra. Cansamos de esperar pela FUNAI, já fizemos muitos documentos mas nada aconteceu.


 


Precisamos viver, fazer religião, comer e dar comida a nossos filhos na terra que é nossa e nunca mais vamos sair da nossa terra. Não vamos esperar mais, pois estão acabando com nossa mata. Estão explorando nossa terra indígena acabando com nossa cultura, caçar, fazer artesanato, pescar e fazer religião.


 


Exigimos que o governo brasileiro regularize a nossa terra o mais rápido possível, pois dela não vamos sair. Preferimos morrer em cima dela do que sair. O governo brasileiro tem que fazer justiça porque todo o mundo sabe que terra é nossa.


 


Estamos voltando a nosso lugar junto com os espíritos de religião Maxakali.


 


 


Assinam as lideranças Maxakali


 


 


 


 

Fonte: CIMI Leste/Equipe Maxakali
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