Absurdo: Policial que executou Shanenewá com tiro na cabeça é absolvido
O policial militar, Rossini José de Moura, que assassinou barbaramente Raimundo Silvino, do povo Shanenawá, com um tiro à queima roupa na cabeça, foi absolvido ontem a noite (dia 4) em júri popular por seis votos a um. Em julgamento realizado no município de Feijó (AC), os jurados acataram a tese dos advogados do policial que alegaram legítima defesa. O assassino justifica o crime afirmando que atirou em Silvino ao vê-lo agredir um menino de nove anos. Sem aceitar as explicações contrárias da vítima ou dos outros dois indígenas que ali estavam, o policial fez Silvino deitar no chão e o executou com um tiro na cabeça, sem lhe dar qualquer possibilidade de reação. Silvino morreu na hora e os outros dois indígenas ficaram feridos. O assassinato ocorreu em uma tarde de domingo, de julho de 1996, às margens do Rio Envira, a cerca de 150 metros da aldeia dos Shanenawá. O menino, que na época tinha nove anos, é filho de uma missionária do Cimi e, por isso, conhecia os indígenas e convivia de maneira bastante fraterna com eles. Na época o crime teve grande repercussão nacional e internacional. Organizações de Direitos Humanos e a Câmara dos Deputados se pronunciaram repudiando o crime. Antes do início do julgamento o Cimi manifestava preocupação com o clima de preconceito contra os povos indígenas no município de Feijó, afirmando que isto poderia prejudicar a decisão dos jurados.