Lideranças indígenas entregam abaixo-assinado a Governo
Em apoio à luta dos povos indígenas do Brasil, mais de dois mil participantes da 11ª Intereclesial da CEB´s, realizada na semana passada no município de Ipatinga (MG), subscreveram o abaixo assinado “Pelo fim da violência contra os povos indígenas e pela de demarcação”, que será entregue hoje por lideranças indígenas às 15:30 na Secretaria Geral da Presidência da República.
No documento, religiosos, agentes de pastoral e militantes de movimentos sociais se solidarizam ao difícil momento enfrentado pelos povos indígenas no Brasil, alertando a sociedade brasileira para o desrespeito dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário com os direitos indígenas, em especial, os processos de demarcação das terras indígenas; para a série de assassinatos cometidos contra lideranças indígenas; para o grande número morte de crianças indígenas por desnutrição; e a ausência de políticas públicas diferenciadas e de qualidade.
“Acompanhamos com muita tristeza e indignação a situação dos povos indígenas. Constantes violências, assassinatos, preconceito, esbulho de suas terras, morosidade nos processos de regularização e desintrusão de suas terras, bem como a impunidade daqueles que cometem tais crimes”, afirmam os participantes da 11ª Intereclesial.
A 11 ª intereclesial da CEB´s contou com a participação de mais de 80 lideranças indígenas de 24 povos
Leia a seguir o abaixo-assinado:
PELO FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA OS POVOS INDÍGENAS E PELA DEMARCAÇÃO DE SUAS TERRAS
Nós delegados/as, convidados/as e participantes do 11º Intereclesial das CEB´s, acompanhamos com muita tristeza e indignação a situação dos povos indígenas. Constantes violências, assassinatos, preconceito, esbulho de suas terras, morosidade nos processos de regularização e desintrusão de suas terras, bem como a impunidade daqueles que cometem tais crimes.
Os povos Pira Tapuia, Guajajara, Pankararu, Terena, Tembé, Xucuru de Ororubá, Kariri, Pataxó Hã Hã Hãe, Tapirapé, Tupinikim, Guarani Ñhandeva Kaoiwá M’biá, Pataxó, Kaingang, Macuxi, Pitaguari, Poruborá, Canoé, Xerente, Rikbaktsa, Wapixana, Sateré- Maué, Ticuna, Karipuna, Paakas Novas, Maxacali, Jenipapo Canindé, Galiby-Maroworno, Tabajara, Potiguara, Tupinambá e Calabaço, que se fizeram presentes aqui conosco partilhando esse grande momento de esperança, reflexão e celebração.
Ouvindo os relatos e testemunhos, ficamos sabendo de muitas mortes em vários povos indígenas neste ano, e mais recentemente dos brutais assassinatos de Dorival Benites, do povo Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul; das duas lideranças indígenas do povo Truká, em Cabobró-PE e do cacique João Araújo, do povo Guajajara, no Maranhão.
Acompanhamos com grande dor a morte de dezenas de crianças dos povos indígenas Guarani Kaiowá e Guajajara, por desnutrição e fome. Ficamos perplexos ao saber de dezenas de suicídios, especialmente de jovens, por não encontrarem razões para acreditar no futuro de seus povos.
Nos unimos aos Guarani Kaiowá, que em sua Aty Guasu (grande assembléia), que se realizou no período de 11 a 15 de julho de 2005, na aldeia Tey’ Ikue, município de Caarapó-MS, para pedir medidas urgentes, amplas e integradas, punindo os culpados por esses crimes, demarcando e garantindo as terras apoiando a economia de produção e a recuperação ambiental.
Queremos nos unir também aos povos Truká e Guajajara exigindo a puniçao dos assassinos e a imediata regularização de suas terras, tendo em vista que, para os povos indígenas, terra, saúde, educação e sobrevivência cultural estão profundamente ligados.
Exigimos políticas públicas diferenciadas e de qualidade, que respeitem a diversidade cultural desses povos.
Juntamos nossos clamores aos dos povos indígenas exigindo imediato atendimento de suas reivindicações.