13/07/2005

Pelos direitos dos nossos parentes do Tekoha Sombrerito

Nós, mais de setecentos índios Kaiowá Guarani reunidos na Aty Guasu na aldeia Tey’Ikue no município de Caarapó, no primeiro dia do nosso Encontro, ouvimos com indignação e revolta , como foi a violência contra nossos parentes do Sombrerito, quando foi assassinado Dorival Benites e outros foram feridos e torturados. O relato foi feito por um dos nossos irmãos que foi espancado, difamado e ameaçado de morte pelos pistoleiros e fazendeiros.


 


No final desse mesmo dia 12 de julho recebemos mais uma punhalada com a decisão do juiz federal Gilberto Mendes Sobrinho, de Naviraí-MS, de expulsão dos nossos parentes do tekoha Sombrerito. No dia 08/07 já havíamos sido atingidos pela decisão do Superior Tribunal Federal (STF), suspendendo a portaria demarcatória de Yvy Katu


 


Já estamos cansados de tanto ver nossos direitos desrespeitados e sofrer todo tipo de violência e humilhação. Diante de mais essa decisão contra o sagrado direito do nosso povo à terra, para poder viver em paz e com dignidade, exigimos:


 


1. Que o Ministério Público Federal e a Funai recorram da decisão judicial de expulsão dos nossos parentes do Sombrerito;


 


2. Que seja convocada uma reunião ampla com representantes do governo federal, estadual e Ministério Público para fazer um acordo que garanta a permanência dos nossos parentes no Sombrerito enquanto continua o processo de regularização da terra;


 


3. Que a Funai conclua logo o que está faltando para a publicação do relatório de reconhecimento dessa terra e siga os prazos do decreto 1775;


 


4. Que a Funai e a Funasa dêem toda a assistência necessária e a que tem direito à comunidade indígena do Sombrerito;


 


5. Que haja empenho para na retomada do processo de demarcação da Terra Indígena Yvy Katu.


 


Queremos que esse nosso grito contra a violência e pelo reconhecimento dos nossos direitos chegue às pessoas de bem em todo o Brasil e em todas as partes do mundo, pois precisamos de muita força e muitos amigos para que acabem tantos sofrimentos, mortes de crianças de fome e desnutrição e nossas lideranças sendo assassinadas. E isso só vai acontecer quando tivermos nossas terras reconhecidas para podermos nelas viver, produzir nossos alimentos e viver em paz nosso modo de viver Kaiowá Guarani.


 


Aldeia Tey’Ikue, 13 de julho de 2005.


 


Participantes da Aty Guasu


 

Fonte: Cimi - Regional Mato Grosso do Sul
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