Justiça libera único preso pela morte de cacique Guajajara
Milton Alves Rocha, acusado de ser o principal responsável pela invasão à aldeia Kamihaw, que resultou no assassinato do cacique no assassinato do cacique, João Araújo Guajajara, de 70 anos, na terra indígena Bacurizinho, município de Grajaú (MA), está em liberdade depois de ter recebido hábeas corpus (nº 14736/2005) concedido na última quinta-feira (dia 30) pela desembargadora maranhense, Maria dos Remédios Buna Costa de Magalhães.
A invasão ocorreu no dia 21 de maio e além do assassinato do cacique uma casa foi incendiada, a jovem Guajajara D. S. foi estuprada e Wilson Araújo Guajajara foi ferido com um tiro na cabeça — ambas as vítimas saõ filhos de Araújo e sofreram a violência ao tentar defender o pai. Uma outra liderança Guajajara recebeu um tiro na perna direita quando tentava fugir dos criminosos.
Três dias antes de morrer, o cacique da aldeia Kamihaw registrou ocorrência na delegacia da Polícia Civil de Grajaú, denunciando uma série de ameaças de morte feitas por Milton Alves.
Sete homens armados participaram da invasão. No entanto, somente dois filhos de Milton Alves, Gilson Silva Rocha e Wilton Rocha, têm prisão decretada e estão foragidos. Os outros cinco invasores sequer foram identificados pela polícia.
Milton Alves foi preso em flagrante quatro dias depois da invasão. Durante o período de sua prisão, os familiares do cacique Guajajara se refugiaram na beira da estrada, onde foram ameaçados de morte por homens que participaram do crime.
Segundo moradores do município de Grajaú, outras 10 lideranças Guajajara ainda fazem parte de uma lista de jurados de morte pelo mesmo grupo de pistoleiros que assassinou o cacique. Entre as lideranças indígenas que correm maior risco estão: José Arão Marizê Lopes, Maruzan Kamura´y, Alderico Lopes, Judite Marizê Lopes, Wilson Araújo Guajajara e Edimar Mendes Guajajara.
Sob forte clima de medo e tensão, as lideranças Guajajara e o Conselho Indigenista Missionário pedem urgentemente a transferência do caso para a Polícia Federal, a proteção aos familiares da vítima e daqueles correm risco e a agilização na publicação do estudo antropológico por parte da Funai.
Breve histórico da luta por terra do povoa Guajajara do Bacurizinho
Dos 145.000 hectares da terra Bacurizinho, somente 82.432 hectares foram reconhecidos em sua homologação em 1984. Assim, aldeias centenárias localizadas nos 62.568 hectares não reconhecidos pelo Estado ficaram de fora dos limites da terra do povo Guajajara do Bacurizinho.
Desde o início do estudo antropológico da Funai para rever o erro cometido pelo Estado, uma série de ameaças e violências vêm ocorrendo , contra as lideranças Guajajara. Até mesmo a antropóloga responsável pelo estudo foi obrigada a pedir proteção policial para poder concluir seu trabalho.