21/06/2005

Cresce o movimento de reivindicação Tembé

Desde o dia 14 de junho de 2005, aproximadamente 80 índios Tembé Tenetehara, da Reserva Indígena Alto Rio Guamá, localizada no município de Santa Luzia do Pará (Nordeste Paraense), ocuparam a sede da Funai, em Belém. Hoje contam também com o apoio dos demais parentes das Aldeias Jeju e Areal, do município de Santa Maria do Pará e, das Aldeias do Alto Rio Gurupi, do município de Paragominas (Divisa do Pará/Maranhão).


           


Os índios ocuparam a sede da Funai para exigir maior atenção e seriedade deste órgão para as questões voltadas a proteção  e segurança de suas terras e florestas ainda existente, visando sua sobrevivência física e cultural.


           


Hoje a área vive ameaçada pela entrada de posseiros que exploram ilegalmente a área com o corte de algumas espécies vegetais e caça de animais. Porém, o maior perigo tem sido o corte ilegal de madeira nobre por madeireiros da região com a conivência de políticos locais (prefeitos e vereadores) e do governo estadual. A exemplo disso, foi a última ação do IBAMA na região (abril/2005) que acarretou na prisão de máquinas, equipamentos, multas, fechamento de serrarias e notificação de madeireiros para prestar esclarecimentos perante o Ministério Publico e Polícia Federal. Algumas semanas após a ação do IBAMA, os madeireiros realizam protestos com fechamento da BR- 316 (Belém – São Luis/MA) contra a ação realizada pelo órgão na região, sendo que o protesto contou com apoio de prefeitos da região e parlamentares do Estado ligados a setores do governo estadual. Pois, o governo estadual tem acatado as reinvidicações do setor madeireiro da região. 


 


Segundo a administração da Funai em Belém, em Audiência com lideranças indígenas, ao apresentar os problemas enfrentados para a realização de ações na área indígena em questão, informa que ao solicitar apoio para uma ação do Batalhão de Polícia Ambiental do Estado na área, por reinvidicação da comunidade indígena, diz-se surpresa com a postura do governo estadual que após pressão do setor madeireiro solicitou ao responsável daquele Batalhão o cancelamento da ação na área.


           


Há uma semana no prédio da Funai, durante esse período, aconteceram audiências com o Procurador Geral da República em Belém, com a Administração da Funai, com o Comandante do Batalhão de Polícia Ambiental do Estado e, todas as propostas apresentadas não contemplam o anseio da comunidade indígena, assim como, são propostas inviáveis diante da situação política fundiária na região. Contudo, os índios Tembé exigem: a confirmação da liberação de recursos desse órgão, em Brasília, para que sejam montados imediatamente três bases de vigilância com os equipamentos e pessoal da Funai necessários para garantir a segurança e proteção das famílias da reserva; presença permanente do Batalhão de Polícia Ambiental na área; prisão e punição para os envolvidos no corte e comercialização ilegal da madeira. E colocam como principal condição para retornarem para as aldeias, a presença do Presidente Nacional da Funai com compromisso perante o povo para que tenham a garantia da implementação de tais reivindicações. Caso contrário, permanecerão ocupando a sede do órgão na capital.


 


“Terra Livre, com segurança, para a sobrevivência física e cultural do Povo Tembé”


 


 

Fonte: Cimi Norte II
Share this: