17/06/2005

TEMBÉ OCUPAM A FUNAI EM BELÉM



Desde as 20 horas do dia 14, cerca de 70 índios do povo Tembé da terra indígena Alto Rio Guamá ocupam a sede da Funai em Belém. Essa foi a forma que os Tembé encontraram para pressionar a liberação de recursos do órgão indigenista a fim de viabilizar a continuidade da desintrusão e a vigilância de sua área. Os Tembé querem recursos para criar novas aldeias em duas regiões estratégicas da terra indígena, com postos de vigilância. Dessa forma, entendem que poderão coibir as ações dos madeireiros que estão devastando o resto de floresta da terra indígena.


 


Segundo o Sr. Joca Tembé, os madeireiros estão a três quilômetros da Aldeia Frasqueira, onde vivem 100 indígenas. Um grupo Tembé esteve há 20 dias na Funai em Belém para solicitar apoio a suas atividades e repressão aos madeireiros, mas até agora nada foi feito. A Funai alega que os poucos recursos disponíveis e a greve de seus funcionários atrasaram ainda mais as medidas.  


 


Os Tembé reuniram-se com Procuradoria da República e com a Funai e decidiram que só sairão do prédio que ocupam mediante a chegada dos recursos. Prometem não abandonar o prédio enquanto essas ações não forem implementadas.


 


Há mais de 30 anos os Tembé convivem com invasores em suas terras. Dos 279 mil hectares, cerca de 167,40 mil estão ocupados ou devastados pelas ações dos invasores, incluindo o Município de Nova Esperança do Piriá, cravado dentro do território Tembé.


 


Desde 1996, quando 77 índios Tembé ficaram reféns nas mãos de invasores, o Ministério Público Federal coordenou uma Comissão Interinstitucional e iniciou o remanejamento das 1.500 famílias de não índios que ocupavam a terra indígena. Junto com a ação de remanejamento, está a ação para coibir o roubo de madeira – que implica no fechamento de serrarias e apreensão de madeiras em tora. Estas ações estão estagnadas por falta de recursos para Funai e o Incra.


 


 


Belém, 17 de junho de 2005

Fonte: Cimi Norte II
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