Tupinikim e Guarani iniciam ocupação da Terra Indígena invadida pela Aracruz Celulose
Nem o mau tempo parou os Tupinkim e Guarani. Ontem, cerca de 200 indígenas das sete aldeias do Espírito Santo realizaram um corte de eucalipto dentro da área de 11.009 hectares de terras indígenas, atualmente nas mãos da Aracruz Celulose, para iniciar uma primeira ocupação da área reivindicada. Estes 11.009 hectares já foram identificados pela FUNAI e reconhecidos como terras indígenas pelo ex-Ministro da Justiça Íris Rezende mas, de forma inconstitucional, ficaram fora das portarias de demarcação editadas por Rezende em 1998.
A ocupação se realizou no local da antiga aldeia Tupinikim Araribá, extinta com a chegada da Aracruz Celulose e sua monocultura de eucalipto. Neste local, no meio da floresta, viviam dezenas de famílias indígenas, bem como em aldeias vizinhas como Olho d´Água, Cantagalo e Macacos. Esta ocupação acontece nove dias depois de concluída a auto-demarcação da área, ação da qual participaram 500 indígenas de todas as aldeias durante cinco dias. Hoje, apesar do mau tempo, continuam os trabalhos de corte e construção de duas cabanas para o alojamento das famílias que permanecerão no local. No lugar dos eucaliptos cortados, serão plantados alimentos e árvores nativas.
Até meados de junho, o atual ministro da justiça Márcio Thomaz Bastos terá que se pronunciar sobre uma recomendação feita pelo Ministério Público Federal para editar uma nova portaria de demarcação que inclua os 11.009 hectares não demarcados em 1998. O Presidente da FUNAI, Mércio Pereira Gomes, que recebeu os caciques indígenas na semana passada, prometeu conversar esta semana com o Ministro da Justiça, solicitando a ele que edite uma nova portaria que reconheça o direito dos Tupinikim e Guarani sobre a área.
Nesta quinta-feira, acontecerá em Vitória uma Marcha em favor da demarcação das terras Tupinikim e Guarani. A partir da Praça do Papa, os indígenas, junto com a população capixaba, realizarão uma caminhada até o centro da cidade. Este momento será também a abertura do IV Encontro Nacional da Rede Alerta contra o Deserto Verde, rede que congrega comunidades impactadas pelas monoculturas de eucalipto e pinus de Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Vitória, 01 de junho de 2005