A morte do Papa e dos Guarani, por Egon D. Heck
“Santo Padre…
Leve nossa voz
Para que nossa esperança
Encontre repercussão no mundo”.
Falava Marçal Tupã’y Guarani,
Olhando nos olhos compassivos
De João Paulo II,
Naquela noite tropical de Manaus,
De um julho inesquecível de 1980.
Seis tiros assassinos tiraram
A vida de Marçal, três anos depois
Na Terra Indígena Ñande Ru Marangatu,
Recentemente homologada.
Muitas luas se passaram,
O sofrimento do povo Guarani
Foi aumentando,
Os guerreiros, mulheres e crianças
Partiram para retomada de suas terras!
Foram duramente reprimidos,
Muitos morreram,
Freqüentemente foram expulsos,
Mas não desistiram da mãe terra!
A fome cresceu,
As doenças se multiplicaram,
O futuro fugiu do horizonte
Muitos jovens tiraram-se a vida
Muitas crianças não suportaram
E a morte tornou-se companheira,
No sofrido caminhar desse povo!
O mundo se comoveu,
Tupã armou de esperança
Seu povo,
Preparando um grande encontro,
Dos guerreiros e das crianças inocentes
Com a santidade serena
De João Paulo II,
No grande abraço desta
E da outra vida!
Campo Grande, 3 de abril de 2005.
Egon D. Heck