22/03/2005

Rigoberta Menchú lidera primeiro julgamento por racismo

Após um ano e meio do ocorrido, a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, em 1992, Rigoberta Menchú conseguiu levar a julgamento por racismo os seguidores do ex-presidente guatemalteco Efraín Ríos Montt. É a primeira vez que ocorre um julgamento por discriminação racial na Guatemala. A indígena Rigoberta Menchú denuncia que, no dia 09 de outubro de 2003, quando se apresentou a uma audiência pública para se opor à inscrição de Montt, novamente, para a candidatura de Presidente da República, foi vítima de racismo por parte do neto de Montt Juan Carlos Ríos, da deputada do Parlamento Centro-Americano pela Frente Republicana Guatemalteca Cristina López, a ex-legisladora do Parlamento Emma Samayoa, e Vilma Orellana.


 


As acusações de Rigoberta são de discriminação racial, desordem pública, ameaças e coação. A indígena declara que os acusados utilizaram expressões como “Vai vender tomates em La Terminal (grande mercado da Cidade da Guatemala)” e “índia”. Para a Fundação Rigoberta Menchú, “a forma como desembocará este processo será uma referência importante na luta dos povos indígenas da Guatemala contra o racismo e a discriminação”.


 


Rigoberta Menchú afirmou que, por questões ética, moral e espiritual, impulsiona a luta contra o racismo e a discriminação na Guatemala, onde 60% da população é indígena. Para a também embaixadora da boa vontade da ONU, para os povos indígenas, “uma palavra causa mais danos que uma bala”, daí que, entre as 35 testemunhas que se apresentam para declarar, há peritos em sociologia, psicologia e outras especialidades. Também estão dando seu testemunho antropólogos e lingüistas, com o objetivo de precisar que o contexto, as expressões e motivações dos insultos, ofensas e agressões contra Menchú foram racistas.


 


O julgamento já está entrando na fase final de apresentação de provas contra os cinco acusados. De acordo com a legislação guatemalteca, o delito de discriminação racial (tipificado em 2002) contempla punições de um a seis anos de privação de liberdade, e multas que oscilam entre cerca de 40 e 400 dólares. “Mais ou menos 8 milhões de guatemaltecos viveram na pele o que estamos tratando de punir agora”, enfatizou Rigoberta.


 


Os cinco eferregistas (partidários de Ríos Montt) que enfrentam o julgamento foram identificados em dois vídeos apresentados ante a Justiça. As imagens mostram os acusados quando insultam, a gritos, a Prêmio Nobel, durante a audiência, na qual buscavam definir a inscrição de Ríos Montt como candidato presidencial da FRG.


 


As irmãs Eleonora e Sandra Muralles, que estavam com Rigoberta no momento das agressões, assim como Álvaro Castellanos, decano da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Rafael Landívar, demonstraram como o conjunto dos processados agrediu verbal e fisicamente a Prêmio Nobel da Paz. Além disso, a perícia feita pela psicóloga clínica Mónica Cruz Calvillo esclareceu os danos que ocasionam os atos discriminatórios em quem os sofre. O testemunho de três especialistas em lingüística também evidenciaram os atos discriminatórios executados pelos cinco acusados.


 


 


 

Fonte: Adital
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