03/02/2005

Homenagem: Dona Rosa


 


 


 


Dona Rosa, mãe ou vó, assim nós costumamos chamar a senhora.


Com a sua partida, todos nós em Sagarana nos e sentimos órfãos.


Guardamos a lembrança do seu sorriso largo, de suas risadas e de sua acolhida generosa.


Lembramos também a sua coragem e a sua força:


Para a senhora, não tinha nada ruim capaz de lhe tirar a sua alegria.


Entretanto, desde criança a sua vida foi muito sofrida.


Os seringalistas dizimaram o seu povo,


As doenças mataram o resto.


Mas a senhora com as suas irmãs Suzana e Francisca o levantaram de novo.


A terra do rio Cautário foi arrancada de seu povo e a senhora viveu no anonimato.


Com as duas assembléias do povo Cujubim, a esperança voltou a brilhar.


Os fazendeiros estão preocupados com o seu depoimento pois sabem que você tem um espírito guerreiro e a lei está do seu lado.


Priciky, seu nome de maloca não se apagou.Você o transmitiu para a sua primeira bisneta em Sagarana.


Nas suas últimas horas, deitada no leito do hospital, com a sua neta Morotin ao seu lado, a senhora profetizou: “Eu vou para o Cautário, vou reencontrar o Emílio que assou peixe para mim”. E a senhora falou o nome de malocas, igarapés e pessoas.


Temos certeza que Deus já levou a senhora na terra esperada, “aTerra sem males”, onde seu filho Emílio lhe precedeu e lhe aguarda! A suas palavras de fé vão ajudar o seu povo a lutar com mais esperança para a demarcação de sua terra.


Obrigado, dona Rosa!


“ Felizes os mansos, porque a terra lhes pertence”.


 


Aldeia Sagarana, janeiro de 2005


 


Gil de Catheu

Fonte: Cimi
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