Homenagem: Dona Rosa
Dona Rosa, mãe ou vó, assim nós costumamos chamar a senhora. Com a sua partida, todos nós em Sagarana nos e sentimos órfãos. Guardamos a lembrança do seu sorriso largo, de suas risadas e de sua acolhida generosa. Lembramos também a sua coragem e a sua força: Para a senhora, não tinha nada ruim capaz de lhe tirar a sua alegria. Entretanto, desde criança a sua vida foi muito sofrida. Os seringalistas dizimaram o seu povo, As doenças mataram o resto. Mas a senhora com as suas irmãs Suzana e Francisca o levantaram de novo. A terra do rio Cautário foi arrancada de seu povo e a senhora viveu no anonimato. Com as duas assembléias do povo Cujubim, a esperança voltou a brilhar. Os fazendeiros estão preocupados com o seu depoimento pois sabem que você tem um espírito guerreiro e a lei está do seu lado. Priciky, seu nome de maloca não se apagou.Você o transmitiu para a sua primeira bisneta em Sagarana. Nas suas últimas horas, deitada no leito do hospital, com a sua neta Morotin ao seu lado, a senhora profetizou: “Eu vou para o Cautário, vou reencontrar o Emílio que assou peixe para mim”. E a senhora falou o nome de malocas, igarapés e pessoas. Temos certeza que Deus já levou a senhora na terra esperada, “aTerra sem males”, onde seu filho Emílio lhe precedeu e lhe aguarda! A suas palavras de fé vão ajudar o seu povo a lutar com mais esperança para a demarcação de sua terra. Obrigado, dona Rosa! “ Felizes os mansos, porque a terra lhes pertence”. Aldeia Sagarana, janeiro de 2005
Gil de Catheu