Violência contra os índios em Roraima
É lamentável sob todos os aspectos o ataque às comunidades indígenas Jawari, São Francisco e Homologação, da terra Raposa Serra do Sol, praticado por rizicultores grileiros de terras indígenas, ontem em Roraima, cujo saldo é um índio desaparecido que pode estar morto, outro ferido a bala e 22 casas destruídas.
Ação criminosa semelhante já havia ocorrido em janeiro deste ano, quando esses opositores da demarcação da Raposa Serra do Sol, que se consideram acima da lei, invadiram a missão Surumu e seqüestraram três religiosos da Diocese de Roraima, ocuparam prédios públicos e fecharam estradas.
Essa violência contra os povos indígenas somente é possível por que os agressores agem com a certeza da impunidade, e se sentem acobertados por autoridades locais que se opõem aos direitos desses povos e são coniventes com a invasão de suas terras.
A motivação do conflito está na indefinição do governo federal em relação à homologação da Raposa Serra do Sol, que fugindo de sua responsabilidade de garantir aos índios a posse permanente das terras que tradicionalmente ocupam, dá margem a que grileiros se sintam respaldados para usar sistematicamente da violência e de atos de vandalismo contra os ocupantes milenares dessas terras.
Esperamos que não seja necessário esperar que aconteça o massacre de uma comunidade indígena inteira para que finalmente as autoridades assegurem o direito sagrado a terra aos primeiros habitantes desse chão brasileiro.
Para que a ordem constitucional seja restabelecida em Roraima é necessário que sejam devolvidas aos índios as terras que lhes foram usurpadas, e que a quadrilha que age covardemente contra comunidades indefesas seja presa e punida exemplarmente.
Manaus, 24 de novembro de 2004.
Conselho Indigenista Missionário – Regional Norte I