Morre Maria Preta, uma das últimas Hã-Hã-Hãe
Na última quinta (dia 4), faleceu a índia Pataxó Hã-Hã-Hãe, Maria de Lourdes Ramos, 57 anos, mas conhecida como Maria Preta. Maria era uma das últimas filhas do Hã-Hã-Hãe Tithiá e da Baenã Rosalina. Restando agora só Maura Tihiá sua irmã mais velha.
O velório e sepultamento na região da Água Vermelha no município de Pau Brasil aconteceu carregado de muita emoção e simbolismo. Maria, assim como Maura, carregam na memória e no corpo a história e a luta deste dois povos (Hã-Hã-Hãe e Baenã) que sempre habitaram esta região do sul da Bahia, sendo portanto uma perca irreparável para toda comunidade indígena do sul da Bahia.
Maria Preta sempre se emocionava quando lembrava a luta de seus pais, sendo que ela própria teve que por várias vezes fugir da sua área devido as constantes ameaças e ao clima violento imposto pelos fazendeiros contra seu povo.
Maria se soma no andar de acima a todos e todas que, como ela, sempre acreditaram e lutaram pela garantia de seu território. Maria será sempre lembrada na história de seu povo como seus parentes que exerceram importante liderança: Honrak, Bahetá, Samado, Desidério, Juvenal, Galdino, Lucíola, Antônio Júlio entre tantos.
Deixa seis filhos e vários netos que deverão continuar a sua caminhada na busca da garantia de seus direitos e a sua tão sonhada e amada terra. Um dos seus filhos o Régis é hoje cacique da aldeia Bahetá, a aldeia mãe — local de origem de todos os Hã-Hã-Hãe.
O Conselho Indigenista Missionário se solidariza com os familiares de Maria Preta e com todo o povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, mas tem a plena confiança que esta líder plantou em vida entre nós as sementes da esperança, da persistência, da confiança, que logo, logo darão frutos.