25/10/2004

Caminhões da Veracel liberados na BR 101

Em Brasília, comissão indígena reuniu-se com MMA e PGR


 


O trânsito de caminhões que carregavam eucalipto da empresa Veracel Celulose foi liberado na última sexta (dia 22) pelos indígenas que protestavam contra a produção de eucalipto em suas terras tradicionais e em regiões próximas a elas. Segundo a imprensa da Bahia, cerca de 34 carretas ficaram retidas durante o bloqueio, que terminou depois de negociações com as polícias rodoviária e federal.


 


A comissão de sis indígenas que veio a Brasília para reuniões com os órgãos públicos federais reuniu-se durante a tarde com representantes do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério (MMA) Público Federal. No MMA, a reunião foi principalmente de apresentação das questões vivenciadas pelos indígenas e não gerou encaminhamentos concretos. 


 


No Ministério Público, a Dra. Deorah Duprat, da 6a. Câmara de Revisão e Coordenação, responsável por assuntos ligados a comunidades indígenas, comprometeu-se em entrar em contato com a instância do Ministério Público que trata de temas ligados ao meio ambiente, a 4a. Câmara – Meio Ambiente e Patrimônio Cultural, para encaminhamentos conjuntos.


 


O fato de o relatório de identificação das terras indígenas ainda não ter sido concluído é o maior entrave para a atuação do Ministério Público neste caso. Mais uma vez, a demora para o reconhecimento e demarcação de uma terra indígena aparece como um empecilho para a defesa dos povos e do meio ambiente, abrindo espaço para a degradação ambiental. Joselito Pataxó relata que a plantação de eucalipto na região tem gerado alterações na qualidade da água dos rios e o desaparecimento de espécies animais que viviam na região. “A empresa usa uma química forte nas plantações. Já faz tempo que ela planta eucalipto nos tabuleiros, em cima. Quando a chuva vem, a água desce as encostas e vai para o rio. De Belmonte a Cabrália [municípios do extremo sul da Bahia] não temos mais caranguejos”, afirma.


 
As denúncias de impacto ambiental da monocultura de eucalipto que têm sido feitas pelos indígenas demonstram a importância desses povos para a conservação do ambiente e sua preocupação com sobrevivência da Mata Atlântica no extremo Sul da Bahia, região conhecida como Corredor Central da Mata Atlântica e que acumula os títulos de Reserva da Biosfera e de Sítio do Patrimônio Natural. Ali, se conservam, plantas e animais que só existem em regiões de Mata Atlântica.

Fonte: Cimi
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