Milhares de indígenas chegam a Cali, na Colômbia, e celebram a Grande Marcha dos Povos
Os povos indígenas da Colômbia encontraram uma forma sublime de chamar a atenção para o rechaço às políticas públicas empregadas pelo presidente Álvaro Uribe: realizaram uma marcha que partiu na terça-feira de pequenas cidades do país e que hoje chegou a Cali, onde foi celebrada com uma grande manifestação, no Coliseu do Povo, que reuniu a mais de 50 mil aborígines, entre homens, mulheres e crianças de várias idades. Em Bogotá, a marcha chegou pela manhã e, até o momento, todos os atos transcorreram de forma pacífica, com a adesão de organizações sindicais e diversas entidades dos movimentos sociais que organizaram uma Jornada Nacional de Protesto. Nos pontos de concentração, os indígenas se uniam em cantos em línguas nativas. A Marcha pela Vida, Justiça, Igualdade e Liberdade foi convocada para denunciar as ameaças que se apresentam contra a vida das comunidades indígenas do país. Segundo dados da Organização Nacional Indígena da Colômbia, mais de 15.00 indígenas foram retirados de forma forçada de seus territórios nos últimos dez anos. Com fortes críticas ao Governo de Uribe, a marcha rechaça a implementação de políticas de segurança em territórios indígenas, que geram a militarização das áreas; os atropelos aos direitos humanos dos povos indígenas; a pressão a que são submetidos os líderes para que sejam envolvidos no conflito armado, assim como a intimidação e o abuso que sofrem por parte da insurgência militar. As lideranças indígenas têm concedido várias entrevistas, nas quais ressaltam o objetivo da grande marcha. “O que se busca com esta Grande Marcha Nacional é protestar pacificamente não só contra os grupos armados à margem da lei, como alguns meios de comunicação têm registrado, e, sim, contra o desmonte contínuo da Constituição de 1991, cujas reformas ameaçam reduzir as garantias legais de todos os cidadãos”, afirmam os aborígines. As demandas abrangem ainda as negociações do Tratado de Livre Comércio e da Área de Livre Comércio das Américas, com a exigência de que a população indígena também seja consultada e possa participar diretamente nas decisões. Contudo, o principal foco dos protestos, o presidente colombiano, rechaçou a manifestação, qualificando a atividade de “um motivo político que põe em risco a segurança da rodovia”.