16/09/2004

Policiais Militares em Pernambuco são pegos perseguindo advogado do Cimi, CPT e MST


O Conselho Indigenista Missionário – Cimi, organismo anexo à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, acaba de receber com preocupação a notícia da perseguição, feita por soldados da Polícia Militar em Pernambuco, ao advogado Dominici Sávio Ramos Coelho Mororó, profissional conhecido pela sua militância na defesa dos Direitos Humanos entre os estados de Pernambuco e Paraíba. Perseguição esta que aconteceu enquanto encontrava-se o advogado em pleno exercício de sua atividade profissional.


 


Segundo as informações vindas de Recife – PE, divulgadas pela imprensa, na manhã de hoje (16/09), o advogado, ao perceber que estava sendo seguido por três homens, acionou a Polícia Civil que, após sair em perseguição aos indivíduos suspeitos, efetuou a sua prisão em flagrante, no bairro do Jordão, divisa entre as cidades do Recife e Jaboatão dos Guararapes – PE.


 


Os três homens são Policiais Militares, lotados na Casa Militar do Governo do Estado de Pernambuco, e teriam dito estar “em missão oficial” ao serem flagrados perseguindo o advogado. Também há informações de que junto com os PMs teriam sido encontradas armas adulteradas, máquinas fotográficas, filmadoras e um dossiê com informações pessoais sobre o advogado e sobre seus colegas de escritório entre os quais os advogados Bruno Ribeiro de Paiva e Daniel Viegas, e uma foto da artesã Maria do Socorro dos Santos, sua cliente que se tornou conhecida do público esta semana, através da imprensa, como pivô na disputa eleitoral entre os candidatos à prefeitura da cidade do Recife.


 


Esta perseguição, que o episódio revelou estar sendo perpetrada contra os advogados, é fato de extrema gravidade, ainda mais quando se noticia ter sido ordenado como “missão oficial”, pela Casa Militar de um governo Estadual, conforme as notícias que chegam inclusive via imprensa.


 


À primeira vista, o caso parece estar relacionado unicamente ao fato de os advogados estarem prestando serviços profissionais para a artesã Maria do Socorro, relativamente ao episódio divulgado pela revista Época (edição de 13 de setembro) como “o fator Maria do Socorro”, na disputa eleitoral no Recife. Entretanto, é preciso considerar que as vítimas têm uma importante atuação em Pernambuco como defensores de vários segmentos sociais marginalizados e perseguidos, entre eles a Comunidade Indígena Xukuru e suas lideranças tradicionais, os sem terra ligados ao MST e à CPT, pequenos agricultores ligados à Fetape, entre outros.


 


Isto significa que, além dos advogados, podem estar também sendo alvo de “missões” semelhantes, outros advogados e militantes de entidades de Direitos Humanos em Pernambuco, cuja atuação tem contrariado poderosos interesses políticos e econômicos, locais e regionais.


 


O Cimi vem se solidarizar com os referidos advogados e cobrar das autoridades competentes a mais rigorosa e transparente apuração do caso, bem como proteção e a integridade física dos mesmos e chamar a atenção para importância que o mesmo seja acompanhado, desde já, pelo Ministério da Justiça e pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República.

Fonte: Cimi
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