13/09/2004

Campanha permanente de apoio a ação missionária do Cimi


CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO – CIMI
“A serviço da vida
dos Povos Indígenas”


 


UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL


 


Mais do que povos do passado, os povos indígenas são povos do futuro, pois anunciam uma vida plena de significado humano.


 


Para os povos indígenas a conquista das Américas não foi o começo de sua história. Eles chegaram a este continente há aproximadamente 40 mil anos.


 


Nas antigas terras brasileiras viviam mais de seis milhões de pessoas, pertencentes a cerca de 900 povos diferentes. O processo de colonização, doutrinação religiosa e escravização, resultou no extermínio de centenas de povos e na destruição de uma imensa riqueza cultural.


 


Atualmente, existem mais de 700 mil pessoas, pertencentes a cerca de 235 povos, falando 180 línguas. A maioria vive em seus territórios tradicionais, ainda com grande parte a ser demarcada e com alto índice de invasão. Há quantidade expressiva de indígenas morando em centros urbanos, povos ainda sem contato com a sociedade nacional e outros que hoje reassumem suas identidades até então ocultadas, chamados povos ressurgidos.


 


A construção do projeto de uma nova sociedade, articulado aos projetos de futuro dos povos indígenas e negros e embalados ao som dos tambores e maracás, nos leva a rever o passado e a sonhar um futuro melhor, um novo modelo social, justo, equilibrado, numa solidariedade articulada, uma TERRA SEM MALES.


 


FÉ NO FUTURO DOS POVOS INDÍGENAS
Contexto, Razões e Origem do Cimi


 


Na época da fundação do Cimi, em 1972, a sociedade brasileira e as Igrejas locais, em seu conjunto, não acreditavam na possibilidade de que os povos indígenas poderiam ter um futuro próprio, como povos. Na década desenvolvimentista dos anos 70, seguida pela década perdida dos anos 80, as palavras “civilização”, “progresso” e “desenvolvimento” exerciam ainda um fascínio e sua contestação era difícil. Geralmente, considerava-se a questão indígena, como tal, uma “causa perdida”. Parecia lógico que o caminho indicado para o futuro dos povos indígenas seria a integração nos padrões culturais e jurídicos da sociedade nacional e a assimilação étnica e religiosa. A perspectiva de integração na sociedade classista dispensaria a demarcação das terras e a sua proteção específica; a perspectiva da conversão forçada dispensaria o diálogo inter-religioso e a inculturação.


 


Foi neste contexto que um grupo de missionários fez sua “opção pelos povos indígenas”, propondo a ruptura com o modelo desenvolvimentista em marcha e criando uma pastoral específica, integral e amplamente articulada – o Cimi. A possibilidade de continuidade dos projetos de vida dos povos indígenas exige mudanças profundas do modelo econômico e sócio-político vigente.


 


“Pude acompanhar desde o seu inicio o empenho do CIMI. Colocado ao lado dos indígenas, começou a participar do sofrimento desses povos. O CIMI, sempre de novo foi atacado, foi incompreendido, houve até ocasião que se quis terminar com o CIMI. Todo profeta nunca é bem aceito em sua Pátria. O CIMI incomodou a muita gente. Profeta incomoda. E o mais fácil para tirar o incômodo, é desfazer-se dele.  Graças ao bom Deus, porém, que o CIMI está aí vivo e engajado. Criou sem dúvida maior interesse pelos povos indígenas. Suscitou vários apóstolos. Mesmo a legislação da Lei Magna do País tornou-se possível graças à ação vigorosa e vigilante do CIMI”.


Dom Aloísio Cardeal Lorscheider
Arcebispo de Aparecida – SP


“O trabalho missionário do Cimi, de respeito à cultura e à causa indígena, de apoio a sua necessária organização, feito com humildade e coerência, é um gesto que orgulha a todos que sonhamos com uma sociedade justa e fraterna!”


João Pedro Stedile
Coordenador Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra


 

OBJETIVOS

 


O Cimi é um organismo vinculado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), responsável pela Pastoral Indigenista, com a missão de animar e articular a presença missionária junto aos povos indígenas.


 


O objetivo da atuação do Cimi foi assim definido pela 11ª Assembléia Nacional, de 1995:


“Impulsionados(as) por nossa fé no Evangelho da vida, justiça e solidariedade e frente às agressões do modelo neoliberal, decidimos intensificar a presença e apoio junto às comunidade, povos e organizações indígenas e intervir na sociedade brasileira como aliados(as) dos povos indígenas, fortalecendo o processo de autonomia desses povos na construção de um projeto alternativo, pluriétnico, popular e democrático.”


 


Os princípios que fundamentam a ação do Cimi


 


– protagonismo dos povos indígenas, sendo o Cimi um aliado nas lutas pela garantia dos seus direitos históricos;


– respeito à alteridade dos povos indígenas, sua pluralidade étnico-cultural e histórica, valorizando seus conhecimentos tradicionais;


– Uma mística missionária norteada pelo diálogo intercultural, inter-religioso e ecumênico.


Na perspectiva da construção de uma nova sociedade – participativa, justa, solidária, pluriétnica e pluricultural – a sabedoria indígena pode se tornar uma fonte de inspiração. Conhecendo e dialogando com estes povos, a sociedade ocidental é convidada a rever o sentido de sua história e a repensar as orientações político-econômicas praticadas até hoje.


 


“Saliento, ao longo dessa trajetória, ponteada de vitórias e também de reveses, a ação persistente de conscientização da sociedade brasileira sobre o lugar de direito que cabe aos indígenas na formação da nacionalidade, da nossa cultura e da nossa História, como também a luta incansável que o Cimi vem travando pela restauração de seus direitos históricos, de que foram esbulhados, vinculados à posse da terra e à apropriação dos meios que lhes permitam sobreviver com dignidade, preservando seus valores e sua identidade”.


Dom Serafim Cardeal Fernandes de Araújo
Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte


“O Cimi é a entidade de apoio aos povos indígenas no Brasil que tem assumido com mais radicalidade o compromisso com a causa. Sua capacidade de ação e de crítica faz com que muitas vezes seja incompreendido, mas é admirável a sua persistência como aliado dos índios na difícil busca de seus direitos.”


Marina Silva
Senadora do Partido dos Trabalhadores – Acre


DIMENSÕES DA ATUAÇÃO DO CIMI A SERVIÇO DA AUTONOMIA DOS POVOS INDÍGENAS

TERRA: A ação do Cimi constitui-se no apoio à luta dos povos e comunidades indígenas pela recuperação, demarcação e garantia de seus territórios. A terra indígena é um lugar sagrado, é seu chão cultural, habitada por suas tradições, referência básica dos seus valores vitais, prenhe de mitos, campo de sua história.


DIÁLOGO INTERCULTURAL E INTER-RELIGIOSO: O Cimi orienta a sua ação missionária no diálogo baseado na igualdade entre as pessoas e culturas, respeitando as diversas concepções do sagrado, da origem e do sentido da vida humana, das diversas formas dos povos indígenas vivenciar e celebrar a fé.


MOVIMENTO INDÍGENA: É espaço para construção de propostas e consolidação das alianças dos povos indígenas na luta pela defesa dos direitos. O Cimi atua como aliado nas lutas do movimento indígena, discutindo caminhos e apoiando suas iniciativas.


ALIANÇAS: O Cimi soma forças com setores da sociedade civil, pastorais, com organizações latino-americanas, grupos e entidades de solidariedade e cooperação internacional, contribuindo na construção de uma nova ordem e na conquista da autonomia dos povos indígenas.


FORMAÇÃO: A formação é compreendida como um processo integral, construído coletivamente e fundamentado na prática social. O Cimi desenvolve diversas atividades formativas (cursos, seminários, reuniões, produção de textos, entre outras). O lugar privilegiado da formação é nas próprias comunidades indígenas, com reflexões permanentes sobre os desafios, perspectivas e caminhos a partir da experiência de cada povo.


EDUCAÇÃO, SAÚDE E AUTO-SUSTENTAÇÃO: A atuação nestas áreas tem como base o reconhecimento e a valorização das formas próprias de vida, organização e cosmovisão de cada povo, visando a promoção da melhoria da qualidade de vida e efetivação dos direitos indígenas.


 


A MÍSTICA NA AÇÃO MISSIONÁRIA DO CIMI
“Anúncio, denúncia, profecia”


 


A prática missionária do Cimi fundamenta-se na proposta evangélica e na pedagogia de Jesus Cristo.


 


Nossa missão é testemunhar e ser sinal da presença do Reino, em diálogo com os povos indígenas, suas comunidades e organizações.


 


Nossa utopia é a realização da promessa evangélica de vida para todos. Vida que se concretiza a partir da ruptura do projeto que oprime, corrompe e marginaliza a pessoa humana.


 


Nossa voz profética anuncia e luta pela vida em plenitude. Vida que sonhamos ver respeitada na sua integralidade e diversidade.


 


Com os povos indígenas seguimos aprendendo o significado da solidariedade e da gratuidade, redescobrindo a profunda articulação entre vida cotidiana e o sagrado, e as incontáveis maneiras de construir no nosso meio o Reino de Justiça e da Liberdade.


 


O CIMI E O SERVIÇO AOS POVOS INDÍGENAS


 


O Cimi oferece aos missionários(as), povos indígenas e suas organizações, assessorias nas áreas jurídica, teológica, política, metodológica, de comunicação, saúde, educação, formação e documentação.


 


Para informar a sociedade brasileira e internacional, o Cimi edita mensalmente o JORNAL PORANTIM, especializado na questão indígena e a REVISTA MENSAGEIRO, como espaços de comunicação e formação a serviço dos povos indígenas.


 


Para repercutir as lutas e as denúncias de violação dos direitos, o Cimi semanalmente divulga o informativo “O Mundo que nos Rodeia” que circula em países dos cinco continentes, nas línguas: Português, Inglês, Alemão e Italiano, e produz o programa de rádio “POTYRÕ” veiculado em várias rádios do País.


 


Anualmente, durante o mês de abril, o Cimi promove a “SEMANA DOS POVOS INDÍGENAS”, como espaço de divulgação da causa indígena, buscando transformar relações preconceituosas em atitudes de diálogo e solidariedade. O Cimi produz, ainda, materiais educativos como livros, cartilhas, documentários e campanhas que promovem a causa e os direitos indígenas, tornando conhecidas as diversas realidades e a construção dos “OUTROS 500”.


 


“O CIMI vem lutando durante 30 anos para que os primeiros habitantes do Brasil reconquistem o que lhes pertencia de direito, sobretudo as matas, as águas e o respeito a seu modo de viver segundo os seus costumes milenares, tão próximos ao Evangelho de Jesus Cristo. Que ele seja respeitado pelo governo e por todas as pessoas que amam a nossa terra. Para tanto, os Bispos do Brasil levantam sua voz, sempre que necessário. Que o façam também todos os brasileiros, para a eficiência desse brado de alerta!”


Dom Paulo Evaristo
Cardeal Arns


“O Cimi vem significando, ao longo destes 30 anos de sua existência, a nova opção da Igreja de Jesus pela Causa Indígena. No Brasil e com irradiação para toda a Ameríndia. Uma opção, lúcida e livre, de inculturação e de solidariedade. De total respeito pela iniciativa e protagonismo dos povos indígenas na reivindicação e na conquista dos seus direitos fundamentais de Terra, Cultura e Autonomia. Uma opção ecumênica e em parceria com todas as instâncias de apoio à Causa Indígena. Essa opção do CIMI, além do mais, vem sendo vivida no perseverante dia a dia de muitos missionários e missionárias e já foi regada também pelo generoso sangue de muitos mártires”.


Dom Pedro Casaldáliga
Bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia – MT


 


COMO O CIMI SE ORGANIZA


 


Para articular, assessorar e orientar a ação missionária, o Cimi está organizado em 11 regionais no País e um Secretariado Nacional, localizado em Brasília-DF. O Cimi é constituído por 408 missionários(as), articulados(as) em 112 equipes. São leigos(as), padres e religiosos(as) que buscam, com a presença solidária, o compromisso e o testemunho, colocar-se a serviço da vida dos povos indígenas.


 


A instância máxima de representação e deliberação do Cimi é a Assembléia Geral, que se realiza de dois em dois anos. Sua Diretoria é composta pela Presidência (Presidente, Vice-Presidente e dois Secretários) e por um Conselho formado pelos 11 coordenadores regionais.


 


São membros do Cimi os leigos(as) e religiosos(as) que atuam de forma direta junto aos povos indígenas; os Bispos em cujas Dioceses/Prelazias haja comunidade indígena; os superiores das congregações dos missionários(as) que trabalham junto aos indígenas e um membro da CNBB designado para acompanhar o Cimi.


 


QUEIMADA, SEMEADURA E COLHEITA


 


A sensibilidade contextual da prática missionária do Cimi, articulada com a responsabilidade universal, desencadeou uma luta profética contra o anti-projeto. Desta luta surgiram testemunhas qualificadas que deram e estão dando a sua vida pela causa. A integralidade da Nova Evangelização transborda, hoje, o campo meramente eclesial e perpassa todas as questões pertinentes à causa indígena: Organização, legislação, terra-território, consciência.


 


Desde a primeira Assembléia Indígena, organizada pelo Cimi, em 1974, até hoje, surgiram organizações Indígenas que forjaram seus espaços de autonomia. Terra, organização, autodeterminação e auto-sustentação foram umas das primeiras bandeiras do Cimi e permanecem como eixos do trabalho.


 


A participação do Cimi na luta pela Constituição Federal, de 1988, através do lobby no Congresso e facilitando a presença indígena na Assembléia Nacional Constituinte, contribuiu para novos parâmetros de relacionamento entre povos indígenas, sociedade civil e Estado no texto constitucional. A “vigilância parlamentar” se tornou uma tarefa permanente da pastoral indigenista, já que a boa e a má notícia para os povos indígenas, muitas vezes, são reflexos da legislação do país.


 


Apesar de muitas terras indígenas ainda não estarem demarcadas e a grande maioria (85%) invadidas, o Cimi contribuiu para a demarcação e retomada de muitos territórios indígenas. Essas terras são o núcleo de um outro modelo de vida, onde os menores são bem amparados e os velhos considerados fonte de sabedoria. A luta pela terra é uma luta pela ruptura com o modelo de acumulação, uma luta por sociedades igualitárias, sem exclusão.


 


Nas “queimadas do Cimi”, não só conceitos obsoletos de Missão pegaram fogo, como também os preconceitos da sociedade civil, o pessimismo a respeito do futuro dos povos indígenas e a noção convencional do “progresso civilizatório”. Desde as “Semanas dos Povos Indígenas”, com seus textos pedagógicos para as escolas, até a Campanha de Fraternidade 2002, o Cimi contribuiu para uma nova consciência a respeito dos povos indígenas. Esse clima novo permitiu o ressurgimento de muitos povos, oficialmente tidos como extintos, que conseguiram recuperar a sua memória e seu projeto.


 


A queimada profética continua. A semeadura permanece no trabalho de cada dia. A colheita, com seu gosto de festa, é como um milagre. O Cimi assistiu este milagre: O nascimento da esperança do ventre estéril da pátria que desprezava seus povos indígenas.


 


A CAUSA INDÍGENA É DE TODOS NÓS


 


Você pode ser um aliado desta causa, contribuindo para que o Cimi possa continuar o seu trabalho missionário em favor dos povos indígenas no Brasil.


 


Divulgue a causa indígena formando grupos de apoio e solidariedade.


 


Conheça a luta dos povos indígenas e a ação do Cimi.


 


Seja um colaborador permanente com a missão do Cimi junto aos povos indígenas.


 


Assine o Jornal Porantim.


 


“Todos nós recebemos da sua plenitude, graça sobre graça”.
(Jo 1,16)


 



Doações podem ser feitas por meio de depósito bancário em nome do:


Cimi – Conselho Indigenista Missionário


Banco Bradesco – Agência: 606-8 Conta Corrente: 144.233-3


 


SEJA ALIADO DA CAUSA INDÍGENA
Abrace esta causa


 

Fonte: Cimi
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