Informe nº 628
FALTA DE ATENDIMENTO MÉDICO PODE TER CAUSADO 12 MORTES ENTRE OS DENI O atraso de mais de três meses no repasse de verba da Fundação Nacional da Saúde (Funasa) ao atendimento médico feito pelo Distrito Sanitário Especial Indígena do Médio Solimões (DSEI-MS) pode ter resultado na morte de 12 indígenas Deni do rio Xeruã, município de Itamarati, estado do Amazonas. As 12 pessoas mortas apresentavam, desde janeiro de 2004, sintomas comuns como diarréia, vômito e febre. A equipe do DSEI-MS cita como outro grande problema enfrentado a falta de remédios, combustível para transporte e alimentação. Além destas dificuldades, as entidades chamam atenção para a difícil situação que enfrentam os Deni: “muitas outras pessoas irão continuar morrendo, se providências sérias não forem tomadas”. Em anosanteriores, o povo Deni já passou por outras situações semelhantes a que vive agora, quando aconteceram duas epidemias: tuberculose e de sarampo. Durante estas epidemias foram contabilizadas respectivamente 45 e 65 mortes. Por fim, o documento solicita ao Ministério Público que atue junto aos órgãos competentes para “que sejam tomadas providências no sentido de levar a Funasa a cumprir suas responsabilidades com competência, quebrando as barreiras burocráticas, a fim de que a vida de homens, mulheres e crianças indígenas da região tenham mais valor”. LIDERANÇAS INDÍGENAS DE MINAS GERAIS E ESPÍRITO SANTO FAZEM PROTESTO EM BRASÍLIA Insatisfeitos com a política indigenista adotada pelo atual governo, uma delegação de 110 indígenas dos povos Maxakali, Krenak, Xukuru-Kariri, Pataxó, Tupinikim e Guarani, dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, estiveram em Brasília, na última terça-feira (24) para protestar junto à presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Ministério da Justiça. Em documento entregue à Funai, as lideranças apontaram a exoneração de Fábio Martins Villas, no início deste mês, da função de administrador regional da região de Governador Valadares como exemplo desse desrespeito. A saída de Villas surpreendeu as lideranças da região que sentiram-se contrariadas, já que a indicação do administrador regional foi uma articulação das lideranças indígenas junto ao governo e até agora seu trabalho estaria sendo reconhecido como positivo pelas comunidades. Além da construção de uma política indigenista oficial mais participativa, que respeite a autonomia dos povos, as lideranças presentes em Brasília reivindicaram também a demarcação e regularização de suas terras indígenas e revogação das portarias 777 e 783, que recolocou o ex-administrador, exonerado a pedido dos povos indígenas de Minas Gerais e Espírito Santo, no lugar de Villas.