Comunidades indígenas fiscalizam atividades ilegais
As comunidades indígenas da região das Serras, área Raposa Serra do Sol, iniciaram no dia 27 de julho, fiscalização para impedir o tráfico de combustível e drogas, o ingresso de material de garimpo, bebida alcoólica e o furto de gado na terra indígena.
Um grupo de 447 indígenas está na aldeia Pedra Branca, a 300 quilômetros de Boa Vista, no ‘entrocamento’ que dá acesso aos vilarejos Mutum, Água Fria, Socó e Uiramutã, fiscalizando todos os veículos e pessoas suspeitos de transportar cachaça, combustível, drogas e maquinários para a garimpagem ilegal na região.
A fiscalização não inclui bloqueio da estrada nem impede a entrada de pessoas ou de veículos. No primeiro dia, uma caminhonete carregada de cerveja foi interceptada e o proprietário que deslocava-se para o vilarejo Socó, recebeu orientação para retornar com o produto.
As comunidades de Raposa Serra do Sol estão reagindo ao aumento do garimpo nas cabeceiras dos rios Maù e Cotingo. Há mais de um ano, o Conselho Indígena de Roraima denunciou à Funai, Ministério Público, Ibama e Polícia Federal, a presença de balsas e garimpeiros nesses rios, mas nenhuma providência foi tomada (ver: www.cir.org.br/noticias_030527_garimpeiros.asp).
No dia 26 de julho, o fiscal ambiental do Ibama, Luismar Araújo de Souza sobrevoou o rio Maù junto com o chefe de posto da Funai na região e o coordenador do CIR, Jacir José de Souza. Durante o sobrevôo foram encontrados 10 acampamentos de garimpeiros no curso do rio Maù.
O fiscal registrou em GPS a localização dos acampamentos e enviará um relatório à Funai. Com essas informações espera-se que seja organizada uma ‘operação’ conjunta entre Ibama, Polícia Federal e Funai para retirada dos garimpeiros. Enquanto não acontecer a ‘operação’, os indígenas vão manter a fiscalização na aldeia Pedra Branca.
A fiscalização feita pelas comunidades favoráveis à homologação contínua de Raposa Serra do Sol está a cerca de 30 quilômetros da barreira organizada pela Sociedade dos Índios Unidos de Roraima – Sodiur, junto com Arikon e Alidcir. Desde janeiro de 2004, estas organizações indígenas interceptaram a estrada com uma corrente, supostamente com a intenção de impedir a entrada de estrangeiros da região.
No último dia 25 de março, o juiz da Segunda Vara Federal de Roraima, Dr. Giovanny Morgan, homologou por sentença judicial, o acordo para retirada da barreira, firmado pelo Ministério Público Federal e as organizações indígenas que faziam o bloqueio. Mesmo o magistrado tendo sentenciado multa diária de 500 reais à Alidcir, Sodiur e Arikon caso o acordo não fosse cumprido, a corrente permaneceu na estrada (ver: www.cir.org.br/noticias_040326.asp).
29 de julho de 2004.