01/07/2004

Pará – Invasores da terra indígena Cachoeira Seca pretendem impedir demarcação


Invasores da terra indígena Cachoeira Seca, do povo Arara, em Uruará, no Pará, pretendem barrar o processo de demarcação da área, iniciado há duas semanas pela Funai.


Prevista para a próxima segunda-feira (5), os organizadores da mobilização esperam contar com a participação de aproximadamente 800 pessoas dos quatro municípios que fazem limite com a terra indígena.


Segundo Paulo Medeiros, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e candidato a prefeito em Uruará, depois de uma plenária, que ocorrerá na segunda-feira, eles se deslocarão para  o local onde as equipes da Funai estão fazendo a demarcação da área. “Vamos barrar. Nós não vamos aceitar a demarcação”. Medeiros disse ainda que os empresários e os colonos que participarão da mobilização, fecharão a transamazônica. “Estamos tomando providências, também vamos entrar como uma ação na Justiça Federal pedindo a suspensão da demarcação”.


Ele afirma que os índios não reconhecem aquela área como deles. “Eles não querem a aquela terra”.


Segundo Petronila Almeida,  missionária do Cimi,  ao contrário da afirmação feita, os Arara de Cachoeira Seca, não só reconhecem a terra como território, como lutam pela sua garantia. “A luta desse povo não é recente, vem desde 1993 quando saiu a portaria demarcatória da área. Depois de 11 anos, nenhuma providência foi tomada pelos órgãos competentes”, afirma.


 Como prova dessa incansável luta, Petronila lembra da visita de uma delegação desse povo a Brasília, entre os dias 14 a 18 de junho, quando realizaram diversas audiências com os órgãos competentes para tratar da demarcação. “Eles, no dia 16, oficializaram a entrega ao ministro da Justiça de um abaixo-assinado com 23 mil assinaturas coletadas durante a campanha pela demarcação da terra indígena Cachoeira Seca”, disse.


Diante  desses fatos, “qualquer forma de violência que este povo venha a sofrer será de inteira responsabilidade dos órgãos federais, pelo descaso com um povo de apenas 16 anos de contato, que corre grande risco de extermínio e massacre se não forem tomadas providências urgentes”, concluiu a missionária.


Na ocasião da vinda a Brasília, os Arara denunciaram que com a demora  para demarcar a terra eles são constantemente ameaçados e perseguidos pelos invasores. Em 2000, um Arara foi assassinado depois de tentar impedir a pesca predatória dentro da terra. De lá pra cá, com medo das ameaças,  eles não saem mais sozinhos para caçar ou pescar. “Todo mundo sai junto porque a gente tem medo de andar só. Se a gente encontrar o branco no mato e ele matar um, cadê o outro para salvar?”, disse Iaut  liderança Arara.

Fonte: Cimi
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