01/07/2004

Roraima – Comunidades da Raposa Serra do Sol retomam terra para impedir degradação ambiental causada por arrozeiros

Cansadas de esperar uma decisão positiva do Governo Federal quanto à homologação da terra indígena Raposa Serra do Sol e preocupadas com a degradação ambiental causada pelos plantadores de arroz, as comunidades das regiões da Raposa, Serras, Baixo Cotingo e Surumu, decidiram ocupar a margem do igarapé Jauari, 180 quilômetros de Boa Vista.


A ocupação, que começou ontem (30), quer evitar que os rizicultores continuem causando degradação ambiental na terra indígena, situação inúmeras vezes denunciada aos órgãos competentes, porém sem qualquer resposta e solução por parte das autoridades, seja da Funai, Ministério Público, Polícia Federal ou Ibama.


Participam da ocupação mais de 300 indígenas das aldeias da Raposa Serra do Sol que são atingidas pela poluição dos rios e igarapés causada pelo uso excessivo de agrotóxico nas lavouras de arroz irrigado.


O maior arrozeiro da terra indígena, Paulo César Quartieiro, no dia 29, esteve no local para intimidar as lideranças indígenas, quando estas iniciavam a construção de casas/abrigos durante a noite na margem do Igarapé. Sem sucesso na intimidação, ele comunicou o ocorrido à Polícia Federal.


Apesar de toda a expectativa positiva quanto à homologação da terra indígena  Raposa Serra do Sol, para fazer valer os direitos amparados constitucionalmente, as comunidades decidiram não esperar o julgamento de recurso contra a Liminar da Justiça Federal de Roraima, mantida pela Desembargadora, Selene Almeida.  O Governo Federal sinalizou que vai homologar a terra  se a Liminar for derrubada.


A demora na homologação da Raposa Serra do Sol é responsável pelo avanço das lavouras de arroz, pelos danos irreparáveis ao meio ambiente e ao patrimônio físico e cultural dos povos indígenas. Essa situação é conseqüência da falta de ações concretas do Governo Brasileiro na garantia dos direitos territoriais indígenas.


O Conselho Indígena de Roraima atuará para evitar a ocorrência de conflitos entre as comunidades que decidiram fazer a ocupação e os grileiros de terras da União que impunemente destroem a natureza e agridem os povos indígenas e seus aliados.

Fonte: CIR - Conselho Indígena de Roraima
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