25/06/2004

Invasores de Raposa Serra do Sol ameaçam indígenas

O invasor da terra indígena Raposa Serra do Sol, conhecido por ‘João do Boi’, voltou a ameaçar os índios que estavam reunidos em Assembléia Regional do Surumu, no retiro indígena da aldeia do Barro, nos dias 29 de junho a 2 de julho. O retiro havia sido destruído, no dia 26 de maio, pela família do posseiro e as lideranças denunciam que ela fala abertamente aos moradores do vilarejo Surumu que “vai embora, mas antes vai matar índio”.


‘João do Boi’ é irmão do vereador de Uiramutã, Francisco das Chagas Oliveira da Silva, o ‘Chico Tripa’, ex-posseiro da fazenda Retiro, onde o índio macuxi Aldo da Silva Mota foi encontrado morto e enterrado numa cova rasa em janeiro deste ano. O indígena foi executado com um tiro no peito.


Num afronta às comunidades, no domingo, 29/6, ele esteve no local da reunião e disse que sua saída da “área será decidida pela Justiça”. As comunidades denunciam que os jagunços de ‘João do Boi’ portam arma de fogo e praticam tiroteio durante a noite.


O coordenador regional de Surumu, Dionísio Tobias, relatou que na tarde de domingo, um dos suspeitos de assassinar o macuxi Aldo Mota, conhecido por “Robson Belo”, que trabalha para ‘João do Boi’ , tentou agredir o jovem, Paulo Lima Peres, de apenas 16 anos. “O jovem disse que esse Robson correu atrás dele com uma arma de fogo na mão”, afirma.


Em 2 de julho, depois de quatro dias de Assembléia, as comunidades decidiram reconstruir o retiro indígena. As lideranças afirmam que antes do invasor comprar a propriedade, ele foi alertado que a área pertencia a aldeia do Barro. ‘João do Boi’, à época, respondeu que iria comprar e cercar a área, inclusive, os igarapés que os indígenas se servem para a pesca.


Ao final da Assembléia, foi elaborado um documento relatando a situação de conflito. A assessoria jurídica do Conselho Indígena de Roraima – CIR, encaminhou a denúncia à Funai, Ministério Público e Polícia Federal – PF. Devido às ameaças, o CIR solicitou à Justiça Federal, antecipação da audiência entre as partes, marcada para o dia 25 de julho. À PF, solicitou-se busca e apreensão das armas de posse dos jagunços.


4 de julho de 2003.


Conselho Indígena de Roraima

Fonte: CIR
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