20/06/2004

Indígenas recusam livre-comércio entre Equador e EUA

No Equador, a cada dia avançam mais as negociações entre o governo Gutiérrez e os EUA para implantação do Tratado de Livre-Comércio, apesar dos protestos dos indígenas

Stéphanie Gendron
Agência Carta Maior

O governo dos Estados Unidos declararou no dia 4 de maio que o Equador conseguiu o aval para levar adiante as negociações do Tratado de Livre-Comércio (TLC). Colômbia e Peru também participam da empreitada, cujos debates começam em 18 de maio.

No Equador, a ministra de Comércio Exterior, Ivonne Baki, recebeu com entusiasmo e qualificou como “histórico” o fato de que, em apenas cinco meses, o país cumpriu as exigências que estavam pendentes há mais de oito anos, e que “não avançavam devido à falta de vontade política dos governos anteriores”. Com essa resolução, o Equador também conseguiu manter o programa de preferências alfandegárias (Atpdea), que permite a mais de cinco mil produtos nacionais ingressarem livres de taxas no mercado dos Estados Unidos.

No entanto, a notícia não foi bem recebida pelo presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), Leônidas Iza. “É outra prova de que o governo não escuta o povo. Em 1º de maio, cerca de 30 mil pessoas saíram às ruas de Quito, a mesma quantidade em Guayaquil, e houve outras manifestações em cidades menores para rechaçar as políticas neoliberais do governo de Lucio Gutiérrez”, disse Iza, em entrevista por telefone à Agência Carta Maior.

As manifestações do Dia do Trabalho foram lideradas pela Frente Popular, que reúne vários grupos sindicais e a própria Conaie. O objetivo de fundo era pedir a renúncia do presidente Gutiérrez. Gutiérrez não respondeu aos protestos. “A maioria do povo está contra o Tratado de Livre-Comércio porque sabe que nossas empresas não são competitivas. As pessoas não terão nenhum benefício com ele. No entanto, o governo segue negociando”, disse Iza.

O presidente da Conaie lamentou a tímida cobertura que a imprensa deu às manifestações. Disse ainda que a organização estuda a possibilidade de iniciar um levante, e prometeu apresentar novas propostas nas próximas semanas.

Apesar da pressão popular, autoridades do Equador, Peru e Bolívia mantiveram um encontro prévio para as negociações sobre o TLC. A próxima reunião ocorrerá em Quito, mas ainda não há uma data definida. Os Estados Unidos avaliam a possibilidade de incluir a Bolívia no processo.

Fonte: Agência Carta Maior
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