• 14/04/2010

    Federal Judge suspends auction and Belo Monte licence

     

    Federal judge of Altamira (state of Pará) agreed with the Federal Public Ministry in one of the public civil suits dealing with irregularities in the venture of the construction of the Belo Monte hydroelectric.

     

     

    The Federal Court ordered the suspension of the preliminary license for the Belo Monte hydroelectric dam and the cancellation of the auction, scheduled for next Tuesday (20/04). Judge Antonio Carlos de Almeida Campelo granted a preliminary injunction (urgent) seeing "danger of irreparable harm" considering the immanency of the auction.

     

    The decision is the result of the assessment of one of two public civil actions filed by federal prosecutors dealing with irregularities of the enterprise. It focuses specifically on the lack of regulation of Article 176 of the Federal Constitution of Brazil, which requires the issueing of an ordinary law for the use of hydraulic potential on Indian lands.

     

    "It remains proven unequivocally that the Belo Monte hydroelectric will exploit the hydro energetic potential in areas occupied by indigenous people who will be directly affected by the construction and development of the project," the judge said in the decision.

     

    In addition to suspending the previous license and canceling the auction, the judge agreed with the other measures required by the prosecutors of the Public Ministry: that the environmental agency IBAMA refrain from issuing a new license, that the National Electric Energy Agency Aneel refrains from making new edict and that the BNDES, as well as the enterprises Norberto Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Vale do Rio Doce, J Malucelli Insurance Company, Fator Insurance company and the UBF Seguros insurance company be notified of the decision.

     

    The notification says the judge is "to take notice that, while the merits of this complaint have not been judged, they may respond to environmental crime." The companies are also subject to the same penalty arbitrated against Aneel and IBAMA in the event of noncompliance with the decision: a fine of 1 million Brazilian real, to be reverted to the affected indigenous peoples.

     

    The MPF is still awaiting trial of another public civil suit, also filed last week, questioning irregularities in the environmental permit granted to the Belo Monte hydroelectric.

     

     

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  • 14/04/2010

    Avatar II: a luta contra Belo Monte

    por Rodolfo Salm    

     

    James Cameron, diretor de Titanic e da badalada aventura ecológico-espacial Avatar, esteve em Altamira no final de março para conhecer a região onde se pretende construir a hidrelétrica de Belo Monte. Dias antes, durante sua participação no Fórum Internacional de Sustentabilidade em Manaus, nos dias 26 e 27, o cineasta havia "implorado" ao presidente Lula que reconsiderasse a decisão da construção da monumental obra no Xingu. No dia 29 ele dirigiu-se de barco à Terra Indígena Arara, da Volta Grande do Xingu. Lá, reuniu-se com índios de várias etnias, incluindo os Kayapó, e mais tarde encontrou-se conosco, representantes da universidade, da Igreja, dos movimentos sociais e dos ribeirinhos, os não-índios que também lutam contra a concretização deste projeto desastroso. Cameron relatou-nos que ficou sensibilizado com a preocupação dos índios com o rio, a floresta e as futuras gerações. E que dissera a eles que o sucesso mundial do seu novo filme abre-lhe, por algum tempo, a possibilidade de ajudá-los, divulgando seus temores na luta contra Belo Monte em larga escala.

     

    Para municiá-lo com informações importantes para esta luta, falamos de nossas preocupações. Eu fiz questão de lembrar a extrema fragilidade ecológica da floresta da bacia do rio Xingu, fragilidade esta relacionada à sua forte sazonalidade climática, que faz com que nos longos períodos muito secos a floresta queime com facilidade. Assim, as grandes ondas migratórias que inevitavelmente acompanhariam a construção da barragem e a multiplicação das atividades econômicas destrutivas para a floresta que acompanhariam a infra-estrutura criada levariam, em poucos anos, à destruição de metade de toda a floresta amazônica. E que isso tudo faz da campanha contra Belo Monte a mais importante empreitada ecológica da atualidade. Disse ainda que ele, hoje, trabalhando com um meio de comunicação tão poderoso quanto o cinema, poderia ter uma importância ainda maior que Sting teve em 1989, quando o músico, aliado a importantes líderes Kayapó como Raoní e Paiacan, atraiu a mídia internacional para a demonstração que redundou na suspensão do financiamento do Banco Mundial para esta mesma obra desastrosa. Ao que ele me respondeu que se encontraria com Sting dentro de alguns dias, e poderíamos assim ter os dois unidos na causa.

     

    A reação às declarações de Cameron foi imediata. O jornalista Sérgio Barreto Motta publicou em seu blog no Monitor Mercantil Digital, já dia 29, um artigo que começa assim: "Os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU lideram na produção e exportação de armas e controlam 95% do arsenal nuclear da Terra. A Inglaterra participou de investidas polêmicas, como a Guerra do Iraque; os Estados Unidos foram o único país do mundo a jogar bombas atômicas em seres humanos. A China ocupou o Tibet, mas o premiado diretor de Exterminador do Futuro, Titanic e Avatar, James Cameron, vem ao Brasil dizer que não deve ser construída a hidrelétrica de Belo Monte".

     

    À parte o completo descomprometimento deste argumento com qualquer sentido mínimo de lógica, é curiosa (e, por que não, apropriada) a comparação do jornalista da construção da hidrelétrica de Belo Monte com algumas das maiores tragédias da humanidade, em sua lamentável defesa de que também poderíamos cometê-las. Para o jornalista, Cameron, ao somar-se aos que protestam contra o projeto Belo Monte, "adverte o Brasil para não crescer, ou então para crescer com base em óleo e carvão, ou mesmo com base nuclear, que não gera gás carbônico, mas cujo lixo ainda não tem destino certo no planeta". Como se a energia de Belo Monte, que tem como objetivo final principalmente a mineração nesta região (e a conseqüente destruição da Amazônia), fosse nos trazer desenvolvimento econômico. Não traria.

     

    Essa energia seria usada, como na história de Avatar, para atender a interesses alienígenas, voltados à exploração da bauxita, o nosso "unobtainium" (fictício minério valiosíssimo do filme), por grandes mineradoras multinacionais que estão se instalando rapidamente em toda a região Amazônica. Esta energia, na verdade, seria exportada de forma bem baratinha, embutida no preço de minérios, de cujo lucro veríamos uma ínfima parte. Ao invés de gerar desenvolvimento, essa obra seria um peso morto nas costas do contribuinte e a rápida destruição da Amazônia traria mais subdesenvolvimento, mudanças climáticas, seca e fome para o resto do país, uma vez que, por exemplo, boa parte das chuvas que permitem a agricultura do estado de São Paulo desloca-se por "rios voadores" conduzidos por correntes atmosféricas a partir da floresta amazônica.

     

    O jornalista prossegue: "O Brasil recebeu essa dádiva, que é a possibilidade de gerar energia para o desenvolvimento simplesmente com o uso da água. E essa estrela internacional, colecionador de prêmios, vem a seminário em Manaus trazer a mensagem de que a usina de Belo Monte faz mal ao planeta". Corrijo o articulista: na verdade, a dádiva de nosso país é ter em seu território a maior parte da maior floresta tropical do mundo, e não água para gerar energia para a exploração destrutiva de seu subsolo. E Cameron não veio ao Brasil dizer o que devemos fazer. Deve, isso sim, ao sair daqui, dizer ao mundo que nós, brasileiros que vivemos na região, não queremos a usina porque ela faria muito mal a nós e ao planeta. Em Manaus, James Cameron comparou a luta dos Kayapó que se opõem à usina à dos Na’vi, povo criado por ele no filme e que vive na floresta de Pandora. Antes da vinda do diretor ao Brasil, Marina Silva já fizera a mesma comparação: "Quem pensa que a história relatada no filme Avatar só pode ocorrer em outro planeta, engana-se: Pandora também pode ser aqui", em referência a Belo Monte.

     

     

    Sou mais pessimista que James Cameron quanto à tecnologia e o futuro da humanidade. Em 2154, não acredito que estaremos chegando a galáxias distantes em naves espaciais colossais para roubar energia de planetas ainda virgens. Estaremos na verdade aqui, definhando. Seremos uma espécie ameaçada de extinção pelo longo processo de degradação ambiental e por termos exaurido e contaminado nossas principais fontes de vida e energia. E este processo teria na construção da hidrelétrica de Belo Monte um marco fundamental do barramento de todos os rios da Amazônia, e da consumação da sua destruição completa. Algumas analogias presentes no filme são perfeitamente didáticas. A minha preferida é a observação da Dra. Grace Augustine, a botânica interpretada pela atriz Sigourney Weaver que vive em Pandora há 15 anos, em relação ao Unobtainium: "a riqueza deste mundo não está no solo, está em toda a nossa volta, os Na’vi sabem e estão lutando para defender isso".

     

    Recentemente, estive no local exato onde se pretende construir a muralha que barraria o Xingu, na altura da ilha Pimental. Sobre a ilha, por onde a barragem passaria cruzando o rio, há uma imensa árvore morta que nos dá uma idéia aproximada da altura do possível paredão de 30 metros (ver foto acima). Hoje, trata-se de uma região paradisíaca, incrivelmente preservada.

     

    Passando de barco pela área é difícil acreditar que dentro de poucos anos pode haver ali um muro da altura de um prédio de dez andares. E que, acima da muralha, o rio que corre daria lugar a um lago podre e parado e, abaixo dela, o Xingu, com sua água desviada para canais de derivação, ficaria permanentemente quase seco, transformando suas margens em desertos, e expondo o seu leito aos garimpeiros e enxames de pragas que se multiplicariam nos pedrais e poças abandonadas.

     

    O desfecho desta história real é difícil de antecipar. Apesar do leilão marcado para as próximas semanas, não há nada definitivo sobre Belo Monte. Nós não temos aqui na Terra aqueles seres gigantes alados, convocados em Pandora para auxiliar os Na’vi na sua luta final contra os terráqueos alienígenas. Mas não faltam guerreiros dispostos a matar e a morrer pela vida do rio, que também é sagrado para os que vivemos aqui. Felizmente, parece que teremos importantes aliados na tarefa de levar esta história ao mundo. E eles estão começando a se mexer.

     

    Rodolfo Salm, PhD em Ciências Ambientais pela Universidade de East Anglia, é professor da Universidade Federal do Pará.

     

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  • 14/04/2010

    Carta de Repúdio da Rede Brasileira de Educação Ambiental sobre a UHE Belo Monte

    Rede Brasileira de Educação Ambiental (Rebea), em 14/04/2010

     

    Nós educadores e educadoras ambientais deste país vimos por meio desta nos posicionar e manifestar, enquanto coletivo, com relação à UHE de Belo Monte.

     

    Com maturidade e responsabilidade, nos posicionamos contrários a construção de Belo Monte.  Salientamos que, à medida que a população brasileira se conscientiza em relação à importância da preservação socioambiental, seremos capazes de constituirmo- nos em cidadãos capazes de demandar menos energia e de redução significativa do desperdício.  Podemos somar esforços e, conjugada e coletivamente, pensar num futuro sustentável para o Brasil.

     

    A situação ambiental que vivemos vem piorando e se tornando extremamente crítica em vários pontos e setores da sociedade brasileira.  A cultura do "progresso" ainda não conseguiu suplantar as desigualdades e a idéia de que

     

    o crescimento do país está necessariamente associado a sua destruição social, ambiental e étnica.  Nós educadores e educadoras ambientais deste país, almejamos e trabalhamos para uma sociedade constituída em bases sustentáveis, que nos faça ter orgulho da herança e da memória que deixaremos à nossos filhos e netos.

     

    Queremos registrar assombro e consternação diante do tamanho do impacto social, étnico e ambiental que se antevê para Belo Monte: estragos de proporções cataclismáticas, desnecessárias e estapafúrdias, em um momento onde o mundo pensa em soluções na direção contrária.

     

    Há o sincero risco de se desestabilizar a milenar harmonia do rio Xingu e suas gentes, principalmente os povos indígenas que ali aprenderam a respeitar a Terra e a viver com ela e não contra ela – como estamos fazendo com este péssimo exemplo.

     

    Alertas em oposição à obra vem de diversos setores, aos quais nos alinhamos, neste momento.  Entre eles estão cientistas, institutos de pesquisa e movimentos ambientalistas, indigenistas e sociais.  Muitos questionam o empreendimento do ponto de vista de seus custos e benefícios e perguntam: A quem se remetem os custos?  E a quem se remetem os benefícios?

     

    Enquanto isso, parece que há um certo comodismo conformista por parte da sociedade brasileira.  Talvez estejamos paralisados, inertes, esperando por algo que virá impávido e infalível, como Muhammed Ali.  Mas alertamos: não virá.  Estamos diante de nosso Destino e o devemos assumir com nossas mãos, corações e mentes.

     

    Não há limites para os desastres da ganância embutida no desenvolvimento a qualquer custo.  Um desenvolvimento excludente e desigual que não pergunta: desenvolver para quem?  E privilegia, muitas vezes, os mais abastados da sociedade brasileira.  Por que Belo Monte?  Para quem Belo Monte?  São perguntas que orbitam a mente dos educadores e educadoras ambientais deste país, personagens- cidadãos da esperança; profissionais indispensáveis para a construção de uma cultura e uma sociedade sustentável.

     

    Saudações Ecofraternas

     

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  • 14/04/2010

    Belo Monte: Avatar stars participate in demonstration in Brasília

    Organizations struggling against Belo Monte and in defense of life of Xingu peoples marched yesterday (12) on the Esplanade of Ministries, in Brasilia.

     

    Organizations fighting the Belo Monte hydroelectric and in defense of life of Xingu peoples marched Monday April 12 on the Esplanade of Ministries, in Brazil‘s capital Brasília.

     

    More than a thousand people participated in a march against the construction of the dam on the Xingu River, in the state of Pará. The public act had the support of over 50 organizations and social movements in addition to Hollywood filmmaker (director of the film Avatar), James Cameron and actors Sigourney Weaver and Joel David Moore.

     

    In the march, indigenous peoples and leaders of movements of people affected and threatened by the construction of dams expressed the reasons placing them squarely against the project. "You do not know what the Xingu river is. It no longer has a current. Our people and our forests are dying. To what end such a hydroelectric? Enough! I have come a great distance to ask ANEEL that it not support construction of the Belo Monte!" vented Piracumã Iawarapiti, a cacique (chief) from the Xingu region.

     

    Along the demonstration route, the protesters made brief stops in front of the Ministry of Environment, the National Congress and the Ministry of Justice. At the Ministry of Mines and Energy, they delivered a document critical of the energy model, emphasizing that construction of the hydroelectric Belo Monte reaffirms the option for this model. The document also notes that the project favors only large companies with the aggravating element of using BNDES resources and the State Pension Fund.

     

    International Support

    "I am not Brazilian, but I cannot refrain from supporting this cry of resistance", Said James Cameron, filmmaker and director of the award-winning film Avatar. Cameron arrived around 14:00 to demonstrate in front of the National Agency of Electrical Energy (ANEEL). Accompanied by actors in the film Avatar, Sigourney Weaver and Joel David Moore. He conveyed his total support to the population of the Xingu, condemning the hydroelectric plant of Belo Monte. Actress Sigourney Weaver also stated her position. "We must find alternatives to the existing development model."

     

    Cameron expressed interest in filming the real Amazon and the way of life of the indigenous peoples of the Xingu. "It is a model where you never take more than you give!" He said. The filmmaker intends to make documentaries about the way of life of indigenous peoples in Amazônia. "I am very interested. I would like to express what I have seen and felt here in Brazil and especially with peoples of the Xingu. I have had several invitations to learn about their way of life and this opportunity exists of making a film here in Brazil", he said.

     

    Absurd price

    After the demonstration, journalists and leaders proceeded to a press conference, attended by Roger Höhn, of the MAB (Movement of Peoples Affected by Dams); Antonia Melo, Movement Xingu Forever Alive; Sheila Juruna, representative of indigenous people of Xingu; Raul Vale, of the ISA;  James Cameron, Joel David Moore, Sigourney Weaver and actor Vitor Fasano.

     

    The leaders of the movements explained their arguments in opposition to Belo Monte, highlighting that they have already been struggling for more than 20 years to prevent the destruction of the Xingu river. Rogério also addressed the absurd price attached to the electricity and underscored the environmental damage were Belo Monte to be constructed.

     

    Antônia Melo emphasized the litany of impacts that the hydroelectric could cause such as diseases, uncontrolled population growth (over 100 thousand people would descend on the region), the profound decay of more than 100 km of the Xingu River, the fact that more than 15 thousand rural workers would lose their arable lands, the indigenous lands would remain desiccated.

     

    Xingu: The House of God

    The testimony of indigenous speaker Juruna Sheila was deeply emotional. For her the sentiment is that of revolt. "We are struggling and we have hope. But development is not done this way". She said that in her language, Xingu means House of God and therefore is not for nothing that the locals defend both river.

    Sheila also said that Belo Monte is a great snake that is going to devour everything there and ended her speech with a song that said "afraid of never more hearing".

     

    In relation to indigenous peoples, the director of Avatar used the U.S. as an example of what should be avoided. “The indigenous peoples were destroyed in the U.S. Their population decreased dramatically. They have no power or voice. They live in small places and have no hope, so much so that there are high rates of suicide in these communities”, he said.

     

    Dinosaurs

    Cameron utilized various comparisons to illustrate why he is opposed to Belo Monte. "The great dam technologies are the dinosaur technologies of the twentieth century or even the nineteenth century". From the director’s perspective, human beings are intelligent enough to create other technologies.

     

    He also compared the rivers to the human circulatory system. "Rivers are the arteries of life for the forest and its populations. And what happens when we block these arteries? A heart attack. Or a stroke. With deadly consequences. That is more or less what would happen to the Xingu river", he said.

     

    The filmmaker’s interest in Belo Monte was questioned by journalists. "I’m not from here, and I know Brazililans don’t like a gringo to come over and tell them what to do. But I know that Belo Monte and the safe guarding of the Amazon is a problem of the entire world. We are all on the same planet. The winds, oceans and atmosphere do not recognize borders!" He concluded.

     

     

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  • 14/04/2010

    Em São Paulo, Cimi trabalha Semana dos Povos Indígenas 2010: Terra – Mercadoria ou Vida?

    Em São Paulo, Cimi trabalha Semana dos Povos Indígenas 2010: Terra – Mercadoria ou Vida?

     

    A população indígena que hoje habita as periferias da Grande São Paulo está em torno de 12 mil habitantes. Entre os problemas que enfrentam, está o reconhecimento de sua identidade indígena por parte da sociedade e dos órgãos públicos, a falta de moradia digna, o desemprego e os baixos salários, a violência, a deficiência no atendimento à saúde e educação, entre outros.

     

    Nesse sentido, em suas ações, o Cimi, na Grande São Paulo, tem buscado, prioritariamente, a garantia de que sejam efetivadas políticas públicas que atendam às demandas dos vários povos, considerando sua especificidade cultural e étnica. Para a entidade, mesmo vivendo na cidade, os Povos Pankararu, Pankararé, Fulni-ô, Kaingang, Terena, Wassu Cocal, Kaimbé, Xukuru, Kariri Xocó, Tupi Guarani, Guarani Mbyá, Guarani Nhandeva, Potiguara, Atikun, Kaiapó, Pataxó e tantos outros não deixam de ser indígenas e de ter seus direitos garantidos como qualquer outro povo vivendo em aldeias. O próprio presidente da FUNAI, Márcio Meira, afirmou no Fórum Urbano Mundial, ocorrido em março, no Rio de Janeiro, que não é porque os indígenas estão na cidade que deixam de ser indígenas.

     

    Assim, ações foram e estão sendo implementadas em relação à política de atendimento à saúde e educação e a busca de formas alternativas de geração de renda, com a realização de encontros de formação, articulação e proposição. Iniciativas se dão no âmbito da economia solidária, com a participação de indígenas em feiras, oficinas e Conferências de Economia Solidária e em projetos de agricultura urbana e de artesanato, o que lhes garante, além do cultivo das tradições culturais, apoio na geração de renda.

     

    Em São Paulo, essas ações acontecem no trabalho conjunto do Cimi, Pastoral Indigenista e lideranças indígenas. E com o apoio de espaços como o Fórum das Pastorais Sociais, as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), a Assembléia Popular e órgãos públicos interessados no apoio à causa indígena.

     

    Indígenas e Campanha da Fraternidade 2010

     

    A Semana dos Povos Indígenas 2010, em sintonia com a temática abordada pela CF ecumênica de 2010, enfatiza o tema: “Terra – Mercadoria ou Vida?”. Com isto, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) quer contribuir com o debate, em toda sociedade, propondo uma reflexão em torno do modelo de desenvolvimento econômico imposto ao Brasil e suas consequências para os mais de 240 povos que lutam pela garantia de seus direitos fundamentais.

     

    Segundo dados do Cimi, a população indígena no Brasil está estimada em mais de 800 mil pessoas que vivem em realidades sociais bem distintas, desde povos em situações de isolamento até os que vivem nas periferias das grandes cidades, como é a realidade dos indígenas que vivem na Grande São Paulo. Se considerarmos as grandes contribuições desses povos à nossa sociedade, vamos encontrar entre seus ensinamentos o de saber conviver com a terra, tratando-a com respeito, cuidado e profundo zelo. Por isso, seu modo de viver e sua resistência, questionam o modelo capitalista gerador de desigualdade social, acúmulo, disputas econômicas, a competitividade e a busca desenfreada pelo lucro.

     

    Os indígenas, em sua diversidade cultural e étnica, são geradores de maneiras diferentes de organizar o trabalho, a produção e de projetar o futuro, o que garante que se construam alternativas de vida múltiplas, demonstrando que existem variadas formas de ser e estar no mundo. Como destaca o material sobre a Semana dos Povos Indígenas 2010, feita pelo Cimi Nacional, as relações de “bem viver” e reciprocidade são fundamentais para esses povos. São pessoas que sonham em construir um lugar de paz e de fartura. Seu projeto de vida aponta para “novos rumos do projeto de humanidade, porque suas metas são: a cidadania contra a hegemonia e a exclusão; a partilha contra a acumulação; a liberdade de iguais em sua diferença; a autodeterminação”.

     

    O Cimi também denuncia os governos que privilegiam os mega-investimentos, os grandes projetos como as barragens e hidrelétricas, a exploração mineral e as monoculturas que degradam o meio ambiente, envenenam a terra, as águas e os demais seres vivos. E convida a todos/as a somar forças com as lutas dos povos indígenas, de modo especial, pela demarcação de suas terras, condição indispensável a sua sobrevivência física e cultural e a busca por políticas públicas que atendam às suas demandas específicas.

     

    Para marcar a Semana dos Povos Indígenas, diversas atividades foram organizadas pela equipe do Cimi SP, em conjunto com a Pastoral Indigenista e órgãos públicos que apóiam a causa indígena. Confira, abaixo, a programação na cidade de Osasco.

     

    4ª. SEMANA DOS POVOS INDÍGENAS DE OSASCO

     

    O Povo Pankararé na luta por seus direitos

     

    Seminários, apresentações indígenas, exposição e comercialização de artesanatos

     

    15 a 29 de abril de 2010

     

    Dia 15 e 16/04 – 5ª. e 6ª. . feira

    Atividades sobre indígenas em Osasco com alunos de escolas públicas, incluindo exposição de fotos, artesanato indígena e dança tradicional.

     

    Local: Casa de Angola, Rua Visconde de Nova Granada, 513.

    Horário: das 9h às 16h. orárHo

     

     

    Dia 18/04 – Domingo

    Encontro do Povo Pankararé e indígenas da Grande São Paulo com apresentações culturais, cantos, danças indígenas, exposição de fotos, comercialização de produtos indígenas e alimentação típica do Povo Pankararé.

     

    Local: Casa de Angola, Rua Visconde de Nova Granada, 513.

    Horário: das 9h às 16h.

     

     De 19/04 a 25/04 – 2ª. feira a domingo

     

    Atividades culturais: exposição e comercialização de produtos indígenas, fotos, vídeos, danças indígenas.

    Local: Osasco Plaza Shjopping – Rua Tennete Avelar Pires de Azevedo

    Horário: das 10h às 22h.

     

    Dia 20/04 – 3a. feira

     

    Seminário: “A contribuição dos povos indígenas para a sociedade brasileira”.

    Expositores: Benedito Prezia, doutor em Antropologia pela PUC-SP e autor de livros paradidáticos sobre a questão indígena; Maria Cícera de Oliveira, do Povo Pankararu e formada em Letras pela PUC-SP; Joilda Pereira da Silva, do Povo Pankararé e estudante de Pedagogia da PUC-SP.

     

    Apresentação cultural do Povo Pankararé

     

    Local: Centro de Formação dos Profissionais de Educação, na Avenida Marechal Rondon, 263, Centro.

    Horário: das 19h às 21h. orárHo

     

    Dia 22/04 – 5a. feira

     

    Seminário: “O Povo Pankararé em Osasco: origem, trajetória e desafios das Políticas Públicas para os povos indígenas na cidade”.

    Expositores: Secretaria do Desenvolvimento, Trabalho e Inclusão, Indígenas Pankararé e Cimi SP.

     

    Local: Centro Público de Economia Solidária – ao lado da Prefeitura Municipal de Osasco.

    Horário: das 9h às 13horárHo

     

    Dia 29/04 – 5a. feira

     

    Seminário: “Povos Indígenas hoje: perspectivas e desafios”.

    Expositores: Benedito Prezia, doutor em Antropologia pela PUC-SP; Beatriz Catarina Maestri, mestre em Antropologia pela UFSC e agente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI); Maria Cícera de Oliveira, do Povo Pankararu e formada em Letras pela PUC-SP.

     

    Apresentação de dança Pankararé

    Exposição e comercialização de artesanato indígena

     

    Local: UNIFIEO Av. Franz Voegeli, 300 – Vila Yara.

    Horário: das 19h às 21h

     

    Realização: Prefeitura de Osasco, Conselho Indigenista Missionário de São Paulo e Pastoral Indigenista.

    Apoio: Osasco Plaza Shopping e UNIFIEO.

     

    Beatriz Catarina Maestri e Vanessa Ramos
    Missionárias do Cimi SP

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  • 13/04/2010

    Belo Monte: estrelas internacionais se envolvem na luta contra o projeto e participam de ato em Brasília

    Organizações em luta contra Belo Monte e em defesa da vida dos povos do Xingu marcharam ontem (12) na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

     

    Mais de mil pessoas participaram da passeata contra a construção da hidrelétrica no rio Xingu, PA. O ato contou com o apoio de mais de 50 entidades e movimentos sociais, além da presença hollywoodiana do cineasta (diretor do filme Avatar), James Cameron e os atores Sigourney Weaver e Joel David Moore.

     

    Na caminhada, indígenas e lideranças de movimentos de atingidos e ameaçados pelas construções de barragens expuseram as razões que os colocam definitivamente contra a obra. “Vocês não sabem o que é o rio Xingu. Ele não tem mais correnteza. Nosso povo e nossas florestas estão acabando. Para quê tanta hidrelétrica? Já chega! Eu venho de longe pedir a Aneel que não apóie esta construção de Belo Monte!” desabafou Piracumã Iawarapiti, cacique da região do Xingu.

     

    No trajeto do ato, os manifestantes fizeram pequenas paradas em frente ao Ministério do Meio Ambiente, ao Congresso Nacional e ao Ministério da Justiça. No Ministério de Minas e Energia, entregaram um documento onde criticam o modelo energético, destacando que a construção da hidrelétrica de Belo Monte reafirma a opção por este modelo. Ainda de acordo com o documento, o projeto só favorece grandes empresas com o agravante de ser com recursos do BNDES e do Fundo de Pensões Estatais.

     

    Apoio Internacional

     

    “Não sou brasileiro, mas não posso resistir em apoiar este grito de resistência”. A fala é do cineasta e diretor do premiado filme Avatar, James Cameron, que chegou por volta das 14h ao ato em frente à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Acompanhado pelos atores do filme Avatar, Sigourney Weaver e Joel David Moore, ele transmitiu todo seu apoio à população do Xingu, condenando a usina hidrelétrica de Belo Monte. A atriz Sigourney Weaver também colocou o seu posicionamento. “É preciso buscar alternativas a esse modelo de desenvolvimento existente!”.

     

    Cameron também disse que tem interesse em filmar a Amazônia real e também o modo de vida dos povos indígenas do Xingu. “É um modelo onde você nunca tira mais do que dá!”, completou. O cineasta pretende fazer documentários sobre o modo de vida das populações indígenas na Amazônia. “Estou muito interessado. Quero expressar o que vi e senti aqui no Brasil e principalmente com os povos do Xingu. Vários índios têm me convidado a conhecer seu modo de vida e existe essa oportunidade de se fazer filme aqui no Brasil”, declarou.

     

    Coletiva de imprensa

     

    Depois da manifestação, jornalistas e lideranças seguiram para uma coletiva de imprensa, onde participaram Rogério Höhn, do MAB; Antônia Melo, do Movimento Xingu Vivo Para Sempre; Sheila Juruna, representante indígena do povo do Xingu; Raul Vale, do ISA, James Cameron, David Joel Moore, Sigourney Weaver e o ator Vitor Fasano.

     

    As lideranças dos movimentos explicitaram seus argumentos contra Belo Monte, destacando que há mais de 20 anos já lutam para que não aconteça a destruição do rio Xingu. Rogério colocou também que é um absurdo o valor cobrado pela energia elétrica e ressaltou os danos ambientais caso Belo Monte seja construída.

     

    Antônia Melo destacou os impactos que a hidrelétrica pode trazer como: doenças, aumento descontrolado da população (mais de 100 mil pessoas devem chegar à região), o apodrecimento de mais de 100 Km do rio Xingu, o fato de mais de 15 mil trabalhadores rurais perderem suas áreas agricultáveis, as terras indígenas que ficaram na seca.

     

    Xingu: Casa de Deus

     

    O depoimento da indígena Sheila Juruna foi emocionado. Segundo ela, o sentimento é de revolta. “Nós lutamos e temos esperança. Mas desenvolvimento não se faz dessa forma!”. Ela afirmou que em sua língua, Xingu significa casa de Deus e que por isso não é a toa que os moradores da região defendem tanto o rio.

     

    Sheila também disse que Belo Monte é uma cobra grande que vai tragar todo mundo ali e finalizou sua fala com um canto que disse ter “medo de nunca mais ouvir”.

     

    Em relação aos indígenas, o diretor de Avatar colocou os EUA como exemplo do que deve ser evitado. “Os índios foram destruídos nos EUA. Sua população diminuiu enormemente. Eles não têm poder, nem voz. Vivem em lugares pequenos e não têm esperança, tanto que são altos os índices de suicídio nestas comunidades”, afirmou. 

     

    Comparações

     

    Cameron se utilizou de várias comparações para mostrar porque é contra Belo Monte. “As grandes tecnologias de barragens são dinossauros tecnológicos do século XX ou até mesmo do século XIX”, Para o diretor, os seres humanos são inteligentes o bastante para fazer outras tecnologias.

     

    Ele também comparou os rios ao sistema circulatório humano. “Os rios são artérias de vida para a floresta e suas populações. E o que acontece quando a gente bloqueia estas artérias? Um ataque cardíaco. É mais ou menos isso que deve acontecer com o rio Xingu”, destacou.

     

    O interesse do cineasta em Belo Monte foi questionado por jornalistas. “Não sou daqui, mas sei que este é um problema do mundo todo. Estamos todos no mesmo planeta. Os ventos, oceanos e a atmosfera não conhecem fronteiras!”, finalizou.

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  • 13/04/2010

    MPF questiona capacidade do BNDES de financiar Belo Monte

    Ofício da vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat, dá prazo de dez dias para órgão responder aos questionamentos

     

    A vice-procuradora-geral da República e coordenadora da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (Índios e Minorias), Deborah Duprat, enviou ofício ao presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, em que requisita informações sobre o valor de que o órgão dispõe para financiar empreendimentos no setor hidrelétrico, especialmente, em Belo Monte.

     

    No ofício, Deborah Duprat também pede cópia do manual de concessão de operações de crédito da instituição, cópia do balanço referente à data base de 31 de dezembro de 2009 e do último balancete disponível, com o maior detalhamento possível.

     

    Em resposta a um questionamento anterior, também feito por meio de ofício, de março deste ano, o BNDES informou que a instituição desconhecia os detalhes do empreendimento da usina hidrelétrica de Belo Monte, porém busca prospectar a necessidade de captação de recursos para o eventual financiamento ao empreendimento. A requisição de informações foi pedida pelo MPF em virtude de notícia veiculada na mídia, em fevereiro, na qual se diz que o BNDES está preparado para financiar o projeto na escala e no volume que o possível vencedor do certame demandar.

     

    Secretaria de Comunicação Social

    Procuradoria Geral da República

    (61) 3105-6404/6408

     

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  • 13/04/2010

    Mentiras e verdades sobre Belo Monte

    Por Telma Monteiro

     

    1. Saiba por que a energia gerada por Belo Monte não poderia ser considerada de uma fonte limpa

     

    Mentira – as autoridades do governo dizem que construir grandes hidrelétricas na Amazônia pode gerar uma energia limpa

    Verdade – a energia hidrelétrica não pode ser considerada limpa porque põe em risco a vida dos povos indígenas e das populações tradicionais; ameaça a biodiversidade e os ecossistemas;

     

    Mentira – a energia gerada por hidrelétricas é renovável

    Verdade – a energia gerada por hidrelétricas não é renovável como não é renovável a vida dos povos indígenas, a vida das populações tradicionais e a biodiversidade que sofrem os impactos de barragens;

     

    Mentira – o trecho do rio Xingu chamado Volta Grande não vai sofrer alterações com a vazão reduzida

    Verdade – na Volta Grande do Xingu a escassez da água em conseqüência da barragem no sítio Pimental vai levar à extinção de espécies de peixes, impedir a navegação dos ribeirinhos e indígenas, destruir a mata ciliar e criar pequenos lagos de águas paradas onde mosquitos e larvas de doenças como dengue e malária se multiplicarão facilmente.

     

    Mentira – depois de construída a barragem e do enchimento dos reservatórios os impactos cessarão

    Verdade – os impactos começam antes das obras com o aumento de população em busca de oportunidades; em seguida vêm os impactos decorrentes do desmatamento, da construção de canteiros de obras e barragens, das escavações, da presença de operários, depredação da caça e da pesca, da violência, das doenças e da prostituição infantil; após as obras civis vem o enchimento dos reservatórios que contribui com o aquecimento global com a emissão de gás metano e, finalmente, depois de autorizada a operação da usina, os impactos continuarão por toda a sua vida útil e mais além, após sua desativação;

     

    Mentira – os povos indígenas e as comunidades foram consultados sobre a usina

    Verdade – faltou transparência das autoridades que tomaram a decisão de fazer Belo Monte e faltou diálogo com os povos indígenas e os ribeirinhos; as audiências públicas não foram suficientes para discutir o projeto e só serviram para que as autoridades do governo, Ibama e os responsáveis pelos estudos ambientais tivessem a oportunidade de “enfiar Belo Monte goela abaixo da sociedade”; a Constituição Federal diz que tem que haver o consentimento livre, prévio e informado dos povos indígenas.

     

    Mentira – vai faltar energia elétrica para a população

    Verdade – a energia que o governo pretende gerar em Belo Monte será direcionada para as grandes empresas produtoras de alumínio para exportação e vai beneficiar apenas os grandes empresários desse setor; as indústrias são automatizadas e a quantidade de trabalhadores necessários é pequena;

     

    Mentira – Belo Monte será a terceira maior hidrelétrica do mundo

    Verdade – Belo Monte será a maior obra de barragem do mundo e a mais complexa, mas vai gerar apenas um terço da energia que as autoridades estão prometendo; o rio Xingu não é apropriado para gerar energia o ano inteiro devido aos períodos de cheias curtos e de secas prolongadas; para que Belo Monte gerasse a energia que estão prometendo seria necessária a construção de mais cinco hidrelétricas.

     

    Mentira – os estudos ambientais foram aprovados pelo Ibama

    Verdade – os estudos ambientais não foram aprovados pelos técnicos do Ibama, eles foram aprovados pelo seu presidente sob pressão política do governo; alguns foram demitidos porque se recusaram a atestar a viabilidade ambiental de Belo Monte; a Licença Prévia que foi concedida contrariou o parecer dos técnicos e foi dada devido às pressões políticas do governo federal; os técnicos apontaram 40 irregularidades no projeto de Belo Monte e essas irregularidades foram transformadas em condições a serem cumpridas futuramente sem que se saiba quem vai fiscalizar seu cumprimento;

     

    2. Saiba por que Belo Monte não seria um investimento necessário para o desenvolvimento do Brasil

     

    Mentira – governo diz que a energia de Belo Monte será barata

    Verdade – o governo vai comprar por 30 anos a energia de Belo Monte e dar desconto de 75% no imposto de renda por dez anos para o consórcio que for vencedor e isentar os empreendedores da obrigação de pagamento de PIS e COFINS durante as obras civis; o BNDES, banco do governo, vai financiar a construção de Belo Monte com juros mais baixos que os de mercado; com o desconto do IR, a isenção dos impostos e o financiamento de 80% de Belo Monte por um banco público, a energia comprada ficará muito mais cara;

     

    Mentira – Belo Monte é viável economicamente

    Verdade – Belo Monte vai custar tão caro e tem tantas incertezas sobre quanto iria realmente gerar de energia que torna inviável sua construção; o próprio Tribunal de Contas questionou os valores apresentados pelas autoridades do governo e os custos ambientais e sociais para construir a hidrelétrica; seria impossível contabilizar os custos de todos os impactos que destruiriam aquela região do Xingu onde pretendem construir Belo Monte; seria impossível contabilizar também os custos das medidas necessárias para corrigir os impactos que afetariam a sobrevivência dos povos indígenas e dos ribeirinhos, como a perda do turismo, da atividade pesqueira, da cultura, dos laços sociais e familiares; problemas como contaminação dos poços, da perda da biodiversidade, de enchentes graves ou de secas piores que podem alterar para sempre os rios da região e levar à extinção da flora e da fauna.

     

    Mentira – as obras de Belo Monte vão criar empregos

    Verdade – os trabalhadores das grandes empreiteiras que fazem usinas hidrelétricas são terceirizados – funcionários de outras empresas pequenas com sedes em outros Estados do Brasil – essas empresas já treinaram seus funcionários que são removidos para onde estão as obras; a mão de obra necessária não qualificada local é pouca e é utilizada durante a fase de desmatamento; são serviços temporários de curta duração; algumas empresas terceirizadas acabam admitindo pessoal sem registro em carteira e em condições quase de escravidão como aconteceu nas obras do rio Madeira em Rondônia.

     

    Mentira – as empresas do consórcio vencedor do leilão vão resolver os problemas da região

    Verdade – esses problemas – saúde, educação, esgoto, água, estradas – devem ser resolvidos pelas prefeituras e pelo Estado do Pará, pois há recursos dos impostos para isso; quando as empresas dizem que vão resolver essas deficiências, na verdade estão pondo isso nos custos do empreendimento que pretendem construir; o cidadão então paga duas vezes: uma quando paga seus impostos embutidos nos preços dos alimentos, eletrodomésticos ou do desconto do IR na fonte e outra quando o governo está pagando uma energia mais cara para que as empresas falsamente façam o papel dos administradores públicos e construam escolas, postos de saúde, hospitais; essas são promessas que acabam no final não sendo cumpridas e os cidadãos da região pagaram duas vezes por aquilo que não receberam.

     

    3. Saiba quais seriam as alternativas para substituir a energia de Belo Monte

     

    Mentira – sem Belo Monte vai ter apagão

    Verdade – não vai haver apagão; o governo usa essa história do apagão como desculpa para construir grandes hidrelétricas que só serão importantes para grandes empresas que exploram os recursos naturais para exportar produtos que precisam ser fabricados com o uso de muita energia; essas obras de grandes barragens são importantes para as grandes construtoras e fabricantes de cimento que acabam financiando campanhas eleitorais.

     

    Mentira – sem Belo Monte terão que construir usinas a carvão

    Verdade – o crescimento da economia não depende da construção de hidrelétricas; a sociedade ainda precisa discutir como quer que seja o desenvolvimento da economia: com energia realmente limpa como aquela gerada pelos ventos – eólica ou pelo sol – fotovoltaica; não é preciso construir usinas termelétricas a carvão e a óleo diesel se forem feitos investimentos em manutenção das linhas de transmissão, recuperação das antigas usinas hidrelétricas que já perderam sua capacidade de geração e se houver campanhas de combate ao desperdício.

     

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  • 12/04/2010

    Manifesto das organizações contra Belo Monte e o atual modelo energético

    Nós, organizações populares, em marcha, no ato contra Belo Monte e o atual modelo energético, signatárias desse documento, comprometidas com um Brasil mais justo e igualitário, viemos por meio desse, nos posicionar contra a entrega de bens estratégicos e necessários para a soberania do país, como a água, terra e energia, para grandes grupos econômicos nacionais e internacionais, que não tem nada a ver com o desenvolvimento do país, e que buscam a toda medida a mercantilização desses bens e a obtenção de lucros para seus interesses, colocando o país e sua população e mercê de suas políticas.

     

    Diante disso reafirmamos:

     

    Somos contrários a este modelo energético, que privilegia grandes grupos econômicos privados, que nega os direitos da população atingida, que mantém uma das tarifas de energia mais caras do mundo, que explora os seus trabalhadores em todas as etapas, seja na construção, geração e distribuição de energia.

     

    Nossa posição contrária a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, localizada no Rio Xingu, estado do Pará, pois entendemos que assim como tantas outras obras já construídas não trazem o “desenvolvimento” como se promete, impactam as populações e o meio ambiente ocasionando intensos conflitos sociais e ambientais.

     

    Que essa obra, dentro desse modelo implantado, fere o princípio da soberania nacional assim como a soberania energética do Brasil, nos colocando enquanto país e como povo brasileiro, numa situação de dependência constante, ameaçando o presente e o futuro do país como nação.

     

    Que a construção deste mega-empreendimento irá beneficiar somente grandes empresas, que tem o interesse em construir Belo Monte como a Vale, a Suez, Andrade Gutierrez, Votorantin, Neoenergia, Odebrecht, Camargo Correa entre outras, com o objetivo de obter altas taxas de lucro, às custas de uma brutal exploração do povo brasileiro e da apropriação dos bens naturais estratégicos.

     

    Sabemos que mesmo tendo argumentos técnicos suficientes que confirmem a inviabilidade da obra, do ponto de vista político, econômico, social e ambiental, ela é mantida pelo seu compromisso político de entrega e mercantilização dos bens naturais do povo brasileiro a estes grandes grupos em nome de lucros extraordinários.

     

    Somos contra porque ela não vai trazer o desenvolvimento para a região, e ao contrário do que se promete, vai empobrecer a população, causar um inchaço populacional, desemprego, aprofundar os problemas sócio-ambientais, e os lucros remetidos para fora da região e do país.

     

    Portanto, nossas organizações vêm mais uma vez afirmar que:

     

    – Queremos o cancelamento da Licença Prévia.

    – Queremos o cancelamento do Leilão anunciado para o dia 20 de abril.

    – Que definitivamente não precisamos da construção de Belo Monte, porque ele não vem atender as necessidades reais do povo brasileiro.

     

    Brasília, 12 de abril de 2010.

     

    Organizações que assinam o manifesto:

     

    Movimento dos Atingidos por Barragens- MAB

    Movimento Xingu Vivo para Sempre – MXVPS

    Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST

    Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA

    Movimento de Mulheres Camponesas – MMC

    Pastoral da Juventude Rural – PJR

    Conselho Indigenista Missionário – CIMI

    Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal – ABEEF

    Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil – FEAB

    Instituto Socioambiental – ISA

     

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  • 12/04/2010

    CPT lançará o relatório Conflitos no Campo no Brasil 2009

    No próximo dia 15 de abril, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) lançará sua publicação anual, Conflitos no Campo Brasil 2009. É a 25ª edição do relatório que concentra dados sobre os conflitos, violências sofridas e ações de trabalhadores e trabalhadoras rurais, bem como comunidades e povos tradicionais, em todo o país. O lançamento se realizará no auditório da Editora da Unesp (praça da Sé, nº 108, 7º andar), em São Paulo (SP), a partir das 9h. Estarão presentes o presidente e o vice-presidente da CPT, dom Ladislau Biernaski e dom Enemésio Lazzares, a coordenadora nacional da entidade, Isolete Wichieniski, o secretário da coordenação nacional, Antonio Canuto e o professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Carlos Walter Porto Gonçalves.  

     

    Por se tratar dos 25 anos da publicação, a CPT entende ser esse um momento de reflexão sobre esses dados e o que eles representam no cenário rural brasileiro. Não se trata de um momento de comemoração, pois só pelo fato desse relatório ainda ser necessário como ferramenta de denúncia, já não pode ser comemorativo. A necessidade de se publicar um livro com as denúncias dos conflitos que trabalhadores e trabalhadoras ainda enfrentam no campo brasileiro, por si só, mostra os poucos avanços na defesa dos direitos humanos no Brasil e na realização da tão sonhada reforma agrária. Esse será um momento de reflexão.

     

    A CPT irá realizar, também, um debate, na mesma data e no mesmo local, sobre a Criminalização dos Movimentos Sociais. O evento terá início às 14 horas, e estão confirmadas para esse momento as presenças de João Paulo Rodrigues, da direção nacional do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Isolete Wichinieski, da coordenação nacional da CPT, professor Carlos Walter Porto-Gonçalves, da Universidade Federal Fluminense (UFF), o jornalista Paulo Henrique Amorim, do Blog Conversa Afiada e do programa Domingo Espetacular, da Record, entre outros.

     

    Conflitos no Campo Brasil 2009

     

    Um olhar retrospectivo sobre os registros que a CPT fez durante estes 25 anos nos é apresentado, nessa publicação, pelos professores Carlos Walter Porto-Gonçalves e Paulo Roberto Raposo Alentejano. Segundo eles os dados revelam "o caráter extremamente conflituoso e violento do modelo agrário-agrícola em desenvolvimento no Brasil nesses últimos 25 anos (1985-2009) e que revela a face oculta do tão decantado agronegócio." Frei Xavier Plassat, coordenador da Campanha Nacional da CPT contra o Trabalho Escravo, olha os 25 anos de acompanhamento dos trabalhadores submetidos à degradação do trabalho escravo.  

     

    Esta edição mostra, ainda, que os conflitos envolvendo camponeses e trabalhadores do campo e a violência não só permanecem, como cresceram nesse ano de 2009. Houve aumento tanto do número total de conflitos – por terra, água, trabalhistas – quanto em relação especificamente aos conflitos por terra.

     

    Este incremento de conflitos e de violência inseriu-se num contexto nacional preocupante de crescente criminalização dos movimentos sociais tanto no âmbito do Poder Judiciário, quanto do Poder Legislativo, amplificada inúmeras vezes pelos grandes meios de comunicação social. No âmbito do Poder Judiciário destacou-se a figura do próprio presidente do Supremo Tribunal Federal, STF, Gilmar Mendes, que no início do ano saiu a público acusando os movimentos de praticarem ações ilegais e criticando o Poder Executivo de cometer ato ilícito por repassar recursos públicos para quem, segundo ele, pratica tais atos. Esta intervenção, certamente, serviu de suporte para o alto número de despejos, para o crescimento das prisões e de outras formas de violência, e forneceu munição para a bancada ruralista do Congresso Nacional criar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, CPMI, conhecida como CPMI do MST. Uma orquestração bem montada que buscou por todas as formas encurralar os movimentos do campo e deslegitimá-los diante da opinião pública.

     

     

    Serviço:

     

    Lançamento do relatório Conflitos no Campo Brasil 2009

    Quando: 15 de abril (quinta-feira), a partir das 9h00.

    Onde: Auditório da Editora da UNESP – Praça da Sé, nº 108, 7º andar – São Paulo (SP).

    Contatos sobre o local: (11) 3664-7917.

     

     

    Informações:

     

    Assessoria de comunicação da CPT, com Cristiane Passos (62 9268-6837 / 8111-2890) e nos fones (62) 4008-6400/6406.

     

    A partir do dia 15, todos os dados estarão disponíveis na página da CPT na Internet: www.cptnacional.org.br

     

     

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