• 02/05/2012

    STF anula títulos de posse dos invasores da Terra Indígena Caramuru-Paraguassu

    Com sete votos a um, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) anularam nesta quarta-feira, 2, os títulos de posse dos invasores da Terra Indígena Caramuru-Catarina Paraguassu, dados de forma ilegal pelo governo baiano no início da década de 1960. O povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, depois de quase um século, tem garantida a ocupação plena do território demarcado em 1938.

     

    Antes do presidente do STF Ayres Brito pedir um recesso de 30 minutos, às 17 horas, não tinham votado os ministros Ricardo Lewandowski, ausente da sessão, e Celso de Mello, mas a maioria já estava formada de maneira irreversível, mesmo porque Ayres Brito, que também não tinha pronunciado seu voto, fez várias intervenções no sentido de que os títulos tinham que ser anulados.   

     

    As ministras Carmem Lúcia, relatora da Ação Cível Originária (ACO), e Rosa Weber, além dos ministros Joaquim Barbosa e Cesar Peluso, votaram procedente a ação de nulidade dos títulos dos invasores da terra indígena. Todos acompanharam o relator, ex-ministro Eros Grau. A ministra Carmem Lúcia recomendou ainda que os governos estadual e federal planejem a extrusão dos ocupantes não indígenas.

     

    O julgamento da ACO começou em setembro de 2008, mas tramitava há 30 anos.  Por razões estratégicas do tribunal, a matéria não entrou na pauta da sessão desta quarta-feira, mas Carmem Lúcia pediu que ela fosse votada dado o conflito acirrado entre indígenas e invasores na região de Camacan, Itajú do Colônia e Pau Brasil – municípios que abrangem a área indígena.

     

    Marco Aurélio Cardoso votou contra a nulidade dos títulos, julgando improcedente o pedido da Fundação Nacional do Índio (Funai), pois afirmou que “não pode deixar de considerar os títulos concedidos pelo governo da Bahia numa área que não estava ocupada pelos silvícolas”. Os ministros que votaram pela nulidade argumentaram que os indígenas ali não estavam por conta do esbulho praticado pelos invasores.  

     

    No relatório de voto, as ministras citaram que a área de 54,100 mil hectares é indígena, as propriedades tituladas em parte estão dentro dessa área e referente a esses títulos, eles são ilegais por se tratar de terras da União de usufruto dos Pataxó Hã-Hã-Hãe. Citaram ainda inúmeras provas de ocupação indígena, inclusive com provas anteriores ao século XX.

     

    O presidente do STF, Ayres Brito, interveio em algumas oportunidades frisando que para os indígenas “terra não é um bem, mas um ser, um ente, um espírito protetor. Eles não aceitam indenização, porque acreditam que nessas terras vivem seus ancestrais”.  

     

    “A ministra citou a produtividade da comunidade, a mobilização e o fato da Funai ter pago quase todos os títulos”, disse o assessor jurídico do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Adelar Cupsinski, que acompanhou a sessão.

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  • 01/05/2012

    MPF/MA solicita apuração de homicídio de liderança indígena Guajajara

    Equipes da Funai, PF e PRF devem garantir a segurança na BR-226

     

    O Ministério Público Federal no Maranhão (MPF/MA) solicitou apurações sobre a notícia de homicídio praticado contra liderança indígena no interior da Terra Indígena Canabrava e pediu à Fundação Nacional do Índio (Funai), Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF) que adotem as providências necessárias para garantir a integridade física dos índios na BR-226.

     

    O MPF/MA pediu às instituições que apurem as circunstâncias do homicídio da índia Maria Amélia Guajajara, líder da aldeia Coquinho II, que teria sido executada com 2 (dois) tiros, supostamente em represália a uma manifestação realizada pela aldeia da qual ela era cacique. Os manifestantes reivindicavam mais segurança na BR-226, que corta a Terra Indígena Canabrava, dentre outros pontos, inclusive, exigindo do Poder Público a instalação de um posto da Polícia Rodoviária Federal na região de Barra do Corda e Grajaú.

     

    Em reunião realizada hoje (30) com a PRF e a Promotoria de Justiça de Grajaú, o MPF/MA discutiu medidas de segurança na BR-226 e solicitou o deslocamento urgente de equipe da PRF para o local. Foi reiterado ainda, o pedido de instalação de posto permanente de fiscalização da PRF na região. Para garantir a segurança, o MPF/MA indicou à presidência da Funai a necessidade de solicitar o apoio da Força Nacional de Segurança.

     

    De acordo com informações veiculadas na imprensa, os índios da aldeia Coquinho II pretendem bloquear o tráfego na rodovia BR-226 na quinta-feira (03), como forma de protesto pelo assassinato da índia Maria Amélia Guajajara e também para chamar atenção das autoridades públicas para o problema da insegurança no local.

     

    Assessoria de Comunicação

    Procuradoria da República no Estado do Maranhão

    Fone: 3213-7137/3213-7131

    E-mail: ascom@prma.mpf.gov.br

     

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  • 01/05/2012

    Mulheres Guarani Kaiowá do MS buscam seus direitos

    Por Elisa Maria Bisol

     

    Mulheres de todas as aldeias e acampamentos Guarani Kaiowá e Nhandeva do cone sul do Estado do Mato Grosso do Sul realizam sua II Kunã Aty Guasu – Grande assembleia de mulheres. Mais de 400 participantes, mulheres indígenas e lideranças, entre elas, parteiras, rezadoras, artesãs, agentes de saúde, professoras e outras lideranças marcam sua presença neste evento nos dias 25 a 29 de abril de 2012 na aldeia Jaguapiru – Dourados-MS.

     

    Nem os ventos e a chuva torrencial, que destruiu parte das tendas na noite da chegada, nem o barro na vicinal da aldeia que dificultou o trânsito, impediram a voz destas mulheres em busca de seus direitos.

     

    Uma grande reza tradicional Guarani Kaiowá e um grande mutirao de reconstrução das tendas deramabertura a grande reuniao de mulheres.

     

    Muitas histórias de luta e resistencia trazidas por estas mulheres deixamo anonimato de seus tekoha para serem corpartilhadas entre elas, e como numa grande rede que vai se tecendo assim vai se fortalecendo a organização e a consciência de seus direitos.

     

    Histórias de luta e resistência no ambito da saúde diferenciada para a mulher, da sutentabilidade, da segurança alimentar, do enfrentamento da violencia doméstica à violência dos fazendeiros e da demarcaçao de seus territoriosforam pauta de fortes falas e debates, testemunhos, denúncias e reivindicações do movimento de mulheres Guarani kaiowa e Nhandeva.

     

    No âmbito da saúde indígena as mulheres denunciam as inúmeras situaçoes de extrema precariedade descaso no atendimento à populaçao indigena do estado e reivindicamsaúde diferenciada e de qualidade.

     

    No âmbito das políticas públicas para a mulher, Bárbara Nicodemos do Programa Viva Mulher ao tratar do enfrentamento da violência contra a mulher esclarece que a violência contra a mulher é caso de saúde pública e deve ser tratado como tal.

     

    A participaçao de Leia Bezerra- Wapixana, da coordenaçao de Genero e Assuntos Geracionais da FUNAI, destaca em sua fala que “Projetos que nao contemplem a dimensao da mulher e seus direitos são considerados como discriminaçao da mulher”.

     

    Eliel-guarani, professor da aldeia indigena Te’y Kue de Caarapó contribui com sua experiencia em sua escola na area da sustentabilidade afirmando a importância de manter viva a produçao tradicional de alimentos em diálogo com as novas formas de produção agroecológica e sustentável. “Nao queremos os agrotóxicos em nossas plantaçoes e em nosss aldeias.”

     

    Uma comissao de juizes, entre elas Dra. Kenarik Boujikrais Felippe, desembargadora do Tribunal de Justiça de Sao Paulo, emocianda com os relatos de luta e resistencia de algumas mulheres deixa sua mensagem de apoio e compromisso com s demandas das mulheres indigenas do estado.

     

    Uma grande benção do DOCUMENTO FINAL com uma extensa, intensiva e vibrante reza com cantos e danças em roda tomou conta de todos os participantes da II Kunã Aty Guasu. A energia que circulou o ambiente foi se difundindo entre todos. Oxalá chegue às autoridades competentes.

     

    “Nós, mulheres guarani Kaiowa vivíamos como uma lagarta, presa ao tronco das árvores. Durante muito tempo permanecemos caladas e sem voz. Mas hoje, vamos acordando nossa consciência para o caminho da transformaçao até chegar à leveza e liberdade da borboleta. E, como a borboleta, que se alimenta do nectar das flores, buscamos nos fortalecer para enfrentar o mundo e buscar nossos direitos”. Dona Alda Silva -Nhandecy

     

    Foi com este espírito que a Comissao de Mulheresda Aty Guasu Guarani Kaiowa e Nhandeva, reivindicou dentro do Conselho de Aty GuasuGuarani Kaiowa e Ñandeva a realização desta grande assembleia de mulheres indigenas, que com certeza deixa sua marca na trajetória de resistência destas mulheres guerreiras e de muita resistência que retornam para seus tekoha mais fortalecidas e animadas.

     

    DOCUMENTO FINAL DA II KUNÃ ATY GUASU

    ALDEIA JAGUAPIRU- DOURADOS- MS

    25 A 29 DE ABRIL DE 2012

     

    Nós Mulheres Indígenas Guarani Kaiowá e Ñandeva, com a participação de rezadeiras, parteiras, artesãs, agentes de saúde, professoras e demais lideranças de todos os Tekoha (aldeias) do cone sul do Estado do Mato Grosso do Sul, reunidas na II Kunã Aty Guasu – Grande Assembleia de Mulheres Indígenas, realizada na aldeia Jaguapiru – Dourados – MS, nos dias 25 a 29 de abril de 2012, manifestamos, denunciamos e reivindicamos SAÚDE E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS MULHERES INDÍGENAS de nossos Tekoha.  

     

    Unidas a todos os povos indígenas do Brasil na grande Mobilização Nacional, manifestamos nosso repúdio com a aprovação da PEC 215. Queremos dizer a todos nossos parentes que estamos na mesma luta e não desistiremos de nossos TERRITÓRIOS TRADICIONAIS.

     

    Nós, Mulheres Indígenas, viemos a público manifestar nossa indignação!

     

    Vivemos hoje em nossas aldeias um quadro de violência e marginalidade. Nossas crianças sofrendo desnutrição; nossos jovens sem direito a uma educação diferenciada e de qualidade, sem perspectiva de vida e de futuro, condenados ao suicídio e às drogas; nossas mulheres sofrendo toda sorte de descaso na saúde, enfrentando por meses e anos as numéricas filas sem serem atendidas pela SESAI, sem resultados. Sofrendo toda sorte de discriminação, violência doméstica, desprezadas e esquecidas por nossas autoridades e instituições governamentais em estado de sucateamento e corrupção. Enquanto o agronegócio cresce e cresce, invadindo nossas terras. “Poluíram nossos rios, destruíram nossas matas, nossa farmácia e nossa saúde. Destruíram nossa cultura, nosso tekoha, nossa vida e nossa dignidade, deixando nossas mulheres a mercê das rodovias, dos acampamentos e pequenas áreas, insuficientes para nossa sustentabilidade.” Além disso, somos nós mulheres, que mais sofremos as conseqüências dessa estrutura injusta que gera violência e morte em nossas famílias e nossos Tekoha.

     

    Nós, Mulheres Indígenas, queremos de volta nossos direitos!

     

    Exigimos:

     

    1.            A urgente identificação e demarcação de nossas terras, como condição para diminuir a fome, a dependência e violência em nossos Tekoha. Reforçamos as propostas assumidas no documento da Aty Guasu de Jaguapire nos dias 29 de fevereiro a 04 de março;

     

    2.            Garantia de participação das mulheres e do Conselho do Aty Kunã nas instancias de controle social, bem como na concepção, construção e implementação de programas e ações governamentais voltados para nossos Tekoha;

     

    3.            O reconhecimento, fortalecimento de nossas práticas tradicionais, seja medicinal, religiosa, cultural e de produção alimentar voltadas para autonomia e auto afirmação de nossos Tekoha.

     

    Segurança para as Mulheres em nossas aldeias e acampamentos

     

    4.            A Delegacia da Mulher funcione por período integral, inclusive aos finais de semana e feriado e atendimento diferenciado, respeitando a diversidade da língua e da cultura da mulher indígena;

     

    5.            Criação e implementação de um centro de atendimento para a mulher indígena na aldeia Jaguapiru-Dourados;

     

    6.            Sejam efetivados e reforçados os programas de segurança dentro das aldeias com especial atenção a mulher indígena, garantido o plantão de atendimento à noite e finais de semana;

     

    7.            Sejam implementadas e efetivadas políticas específicas e diferenciadas bem como a promoção de programas de prevenção e combate a violência e descriminação contra a mulher indígena;

     

    8.            Sejam criados, implementados e efetivados programas de capacitação de servidores(as) públicos(as) em gênero, cultura  e direitos humanos, de forma a garantir o direito à diversidade de língua e cultura das mulheres indígenas.

     

    Saúde diferenciada e de qualidade e para a mulher indígena

     

    9.            Que haja melhoria da qualidade de atendimento à população indígena em geral e em particular à mulher indígena. Que a SESAI assume sua responsabilidade e que o atendimento chegue às bases com qualidade e agilidade. “Estamos cansadas e ver nossas companheiras morrendo nas filas dos postos de saúde!”

     

    10.          Sejam criados, implementados e efetivados programas de capacitação em gênero, língua e direitos humanos aos agentes e demais profissionais da saúde de forma a garantir um atendimento humanizado e diferenciado às mulheres indígenas;

     

    11.          Sejam estabelecidos postos de saúde nos acampamentos tendo assegurados sua estrutura de recursos humanos, material e saneamento básico;

     

    12.          Implantação e implementação de mecanismos adequados de efetivo monitoramento e avaliação dos impactos ambientais dos projetos de monocultura e uso indiscriminado de agrotóxicos que atingem diretamente nossas aldeias causando intoxicações, envenenamentos e mortes;

     

    13.          O acesso à água de qualidade é um direito humano básico. Garantir o acesso à água de qualidade e em quantidade suficiente em nossas aldeias (atenção especial a aldeia Bororó- Dourados);

     

    14.          Criação de CAP’s, CREAS, CRAS e Posto de Saúde na aldeia Jaguapiru – Dourados, de modo a responder a demanda;

     

    15.          Que a SESAI planeje a compra de ambulância pra os postos de saúde que atenda as aldeias em tempo integral.

     

    Sustentabilidade e Segurança Alimentar

     

    16.          Garantir a implementação e efetivação de Políticas Públicas de Incentivo à produção sustentável de alimentos e outros gêneros necessários à nossa reprodução física e cultural, respeitando a diversidade de modos de produção tradicional em diálogo com outros saberes ecologicamente sustentáveis;

     

    17.          Garantir a recuperação das áreas degradadas, matas ciliares e implementar medidas compensatórias e indenizatórias pelos danos causados aos nossos territórios tradicionais;

     

    18.          Implementar programas que fomentem o uso livre e autônomo das sementes crioulas ou tradicionais e que favoreçam a multiplicação de experiências como casas de sementes, bancos de sementes e outras desenvolvidas pelas comunidades indígenas.

     

    19.          Que sejam priorizadas e garantidas programas de sustentabilidade e produção de alimentos nas áreas retomadas.

     

    Considerando que as proposições acima são parte de nossos direitos constitucionais, solicitamos às autoridades competentes a garantia de sua implementação como reparação dos processos históricos de exclusão, violência e discriminação contra nosso povo.

     

    Reafirmamos nossa disposição de consolidar nossa organização e articulação do Movimento de Mulheres Kaiowá Guarani e Ñandeva, somando com nossos companheiros na luta pela nossa terra e garantia de nossos direitos, construindo um país plural, mais justo e solidário.

     

    Aldeia Jaguapiru – Dourados, 28 de Abril de 2012.

     

    Abaixo Assinamos:

     

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  • 27/04/2012

    Povo Awá-Guajá: continuam as ameaças ao povo e a seu território

    Em vista da recente campanha internacional em defesa do povo Awá-Guajá, lançada pela organização Survival Internacional, que conta com nosso apoio, vimos reiterar que persistem as ameaças ao povo Awá-Guajá e a seu território. Dentre estas, destacamos:

     

    1. O desaparecimento acelerado de suas florestas e, consequentemente, da fauna, vem causando mudanças violentas na cultura e no modo de vida dos Awá-Guajá. Podemos imaginar como caçadores e coletores podem viver sem a floresta? As operações policiais até então realizadas só confirmam que as terras Araribóia, Awá, Caru, Turiaçu e a Reserva Biológica do Gurupi, são fontes de toda a madeira que abastece serrarias, localizada em municípios no entorno dessas terras. Isso prova também que planos permanentes de vigilância devem ser imediatamente implantados.

     

    2. A ausência de políticas públicas específicas de saúde e de proteção de suas florestas, de apoio ao seu modo de economia tradicional de caça e coleta, como também a ausência de assistência diferenciada por parte da Funai, visto tratar-se de povo indígena de recente contato, são também ameaças à integridade dos Awá-Guajá;

     

    3. O último ataque sofrido por este povo em 2011, sendo mundialmente divulgado e confirmado em janeiro de 2012 por uma equipe de defensores;

     

    4. Pelas condições de vulnerabilidade de sua população contatada frente aos madeireiros e a ausência total do Estado. Vários idosos já morreram e muitos estão debilitados por doenças causadas por subnutrição, como a tuberculose. Mais de seis pessoas, em sua maioria jovens, são acometidos por uma doença que se assemelha a epilepsia. Um estudo técnico/cientifico poderá esclarecer as causas; que acreditamos, estejam relacionadas às violentas mudanças impostas ao povo;

     

    5. A grande violência do Projeto Carajás. São verificados impactos sobre sua cultura, seu território e suas florestas. A ferrovia Ferro-Carajás, que corta o território indígena, está sendo ampliada o que resultará em mais lucros para a VALE. Já o povo Awá-Guajá continua sem atendimento mínimo na área de saúde. Mais um povo vítima do ‘progresso’ e do engodo dos programas compensatórios.

     

    O processo de judicialização do procedimento demarcatório da terra indígena Awá teve início na década de 1980, e vinha impedindo a retirada de invasores do território indígena. Tal impedimento não mais existe. É urgente, portanto, empreender providências no sentido de retirar tais ocupantes para que a terra seja finalmente devolvida aos Awa-Guajá e, posteriormente, recomposta sua flora.

     

    Os territórios habitados pelos Awá-Guajá são os mais desmatados na Amazônia Legal. Mas ainda é possível salvar e preservar o que resta dessa riqueza biológica presente no estado do Maranhão.

     

    Diante de tal realidade, o Cimi convida toda a sociedade a solidarizar-se com esta causa e atender ao apelo da campanha, solicitando ao ministro da Justiça que seja imediatamente implantado um plano permanente de vigilância e proteção das terras habitadas pelos Awá-Guajá; e que os invasores sejam imediatamente retirados do território indígena.

     

    Para maiores informações e participação na campanha, acesse: http://www.survivalinternational.org/pt/awa.

     

    Brasília, DF, 27 de abril de 2012.

     

    Cimi – Conselho Indigenista Missionário

     

    Foto: Criança Awá-Guajá/Site Campanha Awá

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  • 27/04/2012

    MPF/RR: Justiça determina que União regularize atendimento à saúde indígena

    Mais de 500 indígenas doentes na CASAI/Boa Vista estão sem medicação e equipamentos de atendimento médico

     

    A Justiça Federal deferiu o pedido de liminar do Ministério Público Federal  em Roraima e determinou que a União forneça à Casa de Saúde do Índio os medicamentos e materiais hospitalares necessários a regularização do atendimento à saúde indígena no Estado de Roraima no prazo de 72 horas. A União deverá no prazo de cinco dias, apresentar relatório de cumprimento da decisão sob pena de multa de R$ 10 mil. A decisão saiu no dia 25 de abril.


    Na decisão consta ainda, que a União forneça relatório no prazo de 30 dias especificando a demanda e gastos com medicamento, material médico hospitalar e material de consumo, da CASAI/Boa Vista e dos polos bases, bem como o planejamento de compras dos itens, sob pena de multa de R$ 10 mil. O relatório também deve constar fotos, de todos os polos bases sob a direção dos DSEI’s Yanomami e Leste Roraima, especificando as condições de infraestrutura física, de saneamento e equipamentos médico laboratorial.


    O juiz Leandro Saon da 2ª Vara Federal designou audiência de conciliação para o dia 11 de maio, devendo comparecer o MPF, AGU, a Procuradoria Federal representando a FUNAI e os responsáveis pela saúde indígena no Estado com o objetivo de solucionar outras irregularidades mencionadas na ação.


    Conforme a decisão do juiz, o caso exposto na ação, denota a incapacidade da autoridade pública de associar suas políticas públicas aos fins constitucionais, visto que não satisfez a imposição constitucional de respeito à dignidade da pessoa humana dos indígenas.


    “Há mais de 500 indígenas doentes na CASAI/Boa Vista, sem medicação e equipamentos de atendimento médico. Não é preciso perícia para se constatar o descaso, ante os relatórios e fotos trazidas aos autos” afirma o juiz na decisão.


    Da ação – O Ministério Público Federal por meio do procurador da República Rodrigo Timóteo da Costa e Silva ingressou com ação no início do mês, com o objetivo de determinar à União, por meio da Secretaria Especial de Saúde Indígena a restabelecer imediatamente o fornecimento de medicamentos aos indígenas nos polos bases dos DSEI’s Leste e Yanomami e à Casa de Assistência ao Índio em Roraima (Casai/Boa Vista).


    A ação requer também, a reforma do prédio da CASAI/Boa Vista e o plano de reforma e melhoria dos polos bases já existentes, garantindo o mínimo de salubridade para os indígenas e os profissionais de saúde, bem como, a prestação da assistência básica de saúde aos indígenas nas aldeias, através dos polos bases.


    O MPF pede ainda, a contratação temporária em caráter emergencial, de profissionais para atuarem nas Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI’s), e posteriormente a realização de concurso público para contratação definitiva dos profissionais, que exercem atividades de atenção básica de saúde junto ao DSEI’s Yanomami e Leste Roraima.


    Clique aqui para visualizar a decisão

     

    Assessoria de Comunicação Social

    Procuradoria da República em Roraima

    Ministério Público Federal

    (95) 3198.2045 / 8404.5839

    www.prrr.mpf.gov.br

    ascom@prrr.mpf.gov.br

    twiter:mpf_rr

     

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  • 27/04/2012

    A luta do Povo Pataxó Hã Hã Hãe (sul da Bahia): breve crônica de uma situação de injustiça

    Prof. Dr. Carlos José Ferreira dos Santos

    Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC

    Coordenador do Projeto PIBID-UESC-Escola Estadual Indígena Tupinambá de Olivença

    Comissão Organizadora do Seminário de História Indígena: Índios Marcelino

     

    Faz tempo que a região dos municípios de Pau-Brasil, Itajú Do Colônia e Camacan é palco de constantes disputas e conflitos em relação às terras indígena do Posto Indígena Caramuru Catarina Paraguaçu. Até a criação do Posto aquela área era habitada pelos povos Pataxós Hã Hã Hãe, Kamakã, Baenã e Tupinambá, entre outros, como atestam os relatórios do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia – IHGB feitos nas décadas de 1920-1930. Em 1927, o Governo Federal criou o Posto Indígena numa área bem menor da que os índios ocupavam até então. De acordo com o relatório feito pelo IHGB em 13 de maio de 1925, a extensão do território indígena ”ainda não ocupado pelas plantações de cacau” era de “cerca de 300 léguas”. Porém, o mesmo relatório solicitou apenas 50 léguas para a população indígena.

     

    Uma das justificativas para a criação do posto foi proteger os índios dos constantes massacres que sofriam. Esta situação foi relatada em carta enviada pelo missionário Frei Bento de Sousa para o Diretor de Serviço de Proteção aos Índios, em 28 de março de 1924. Nela, o clérigo relata:

     

    Na qualidade de missionário católico e brasileiro, peço humildemente ao Sr. Diretor que tome providencias acerca destes pobres brasileiros, que infelizmente qualquer civilizado pode invadir-lhe os terrenos, expulsá-los a bala. Chamar o engenheiro para medir as terras roubadas e afinal comprá-las legalmente ao governo. O pobre caboclo não repele o invasor, foge mais para a mata. Acessados pela fome, às vezes roubam mandiocas ou matam alguma rez. Tem se matado índios no Rio Pardo como bichos. Houve quem levasse roupas de varíolas e as deixasse em lugares onde os caboclos as achassem, para os destruir. De fato, viam-se mais tarde os urubus baixando sobre as matas (SOUSA, 28 de março de 1924).

     

    Vale ponderarmos que: ao invés de impedir o massacre feito pelos que estavam ocupando o território e expulsando as comunidades indígenas da região, o caminho adotado foi a redução territorial indígena. Assim perguntamos: por que o governo não expulsou então, os invasores, preservando o território indígena em suas dimensões? Com a criação do Posto, mesmo em sua dimensão reduzida, em tese aquelas terras seriam de usufruto da população indígena local.

     

    Contudo, desde a instalação do Posto, o Serviço de Proteção ao Índio – SPI iniciou o arrendamento irregular daquelas terras para posseiros e particulares. O governo da Bahia, por sua vez, emitiu títulos sobre aquelas terras. Emissão irregular porque as mesmas pertenciam ao Posto Indígena. Esta situação tem criado um quadro de constates práticas de violência e usurpação dos direitos das comunidades indígenas.

     

    Acreditamos que o Supremo Tribunal Federal (STF) precisa julgar com urgência a nulidade dos títulos emitidos de forma irregular. A ação de retomada das terras feitas pela comunidade indígena é uma tentativa de apressar o julgamento e obter de volta o que é de direito. Por isto dizem que "não é invasão porque estamos retomando o que é nosso". Vale lembrar que foi no sentido de cobrar agilidade no julgamento da nulidade dos títulos que em 1997 foi assassinado (queimado vivo) em Brasília o índio Galdino Jesus dos Santos. Assim como o índio Galdino, outras pessoas já morreram por causa deste conflito e o pior é que as mortes talvez continuem. Veja o relato a seguir feito pela Comunidade Pataxó Hã Hã Hãe sobre o dia 21/04 /2012 quando realizavam um ato em repúdio à violência na área:

     

    Estranhamente, assim que as pessoas (indígenas e os que apoiam a luta deste povo) desciam dos veículos eram revistadas pelos policiais que, tão logo nos revistaram e vasculharam nossos pertences, se evadiram da área e nos deixaram entregues à própria sorte. Ato contínuo, os pistoleiros apareceram em muitos veículos, tais como motocicletas, caminhonetes e carros de passeio, além dos que apareceram à pé, saindo dos pastos, e nos atacaram fortemente. Os funcionários da FUNAI que estavam nos acompanhando nos ajudaram com os veículos da FUNAI e, juntamente com os veículos da própria comunidade, demos fuga para nossas mulheres e crianças e a todos os homens que ainda encontraram espaço nos veículos. Todos os demais tiveram que fugir pelos pastos, correndo para salvar suas vidas, sob uma verdadeira chuva de balas. Os pistoleiros nos perseguiram pelas estradas, em seus veículos, chegando ao absurdo da impressão de que até mesmo os policiais estariam nos escoltando, à frente dos pistoleiros, para fora de nossa terra. As pessoas que ficaram para trás, nos pastos, foram sendo localizadas, por celular, enquanto subiam as serras para nos contatar. Elas foram sendo instruídas a seguir para locais onde fomos podendo resgatá-las. Ainda temos pessoas desaparecidas e sem nos contatar: não sabemos se ainda estão vivas.

    Denunciamos as polícias Federal, Militar e Civil, primeiramente por nos terem garantido que das áreas de onde saíram os veículos dos pistoleiros não haveria nenhum homem armado; denunciamos por haverem nos revistado e constatado que não estaríamos em condições de reagir a qualquer ataque; e, finalmente, por terem se evadido do local sem nos socorrer, enquanto estávamos sob forte ataque.

    Dado ao absurdo desta situação, solicitamos a todas as entidades que nos apoiam, aos nossos amigos e às pessoas simpatizantes de nossa causa que nos ajudem a divulgar esta denúncia.

    Posto Indígena Caramuru Catarina Paraguaçu, 22 de abril de 2012.

    A Comunidade Pataxó Hã Hã Hãe.

     

    Cabe a Justiça Brasileira uma resolução imediata e definitiva deste quadro de disputa. Em 26 de setembro 2010 já ocorreu um primeiro julgamento: “os títulos imobiliários e os registros cartorários implementados em benefícios dos réus (posseiros e arrendatários) e seus antecessores são completamente nulos”.

     

    Somente com a manutenção deste julgamento, a justiça será feita e a situação irá começar a se acalmar. Portanto, pensamos que, atualmente, em grande parte a culpa do conflito é a demora no julgamento da nulidade dos títulos emitidos irregularmente sobre as terras indígenas Pataxó Hã Hã Hãe.

     

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  • 26/04/2012

    Nota Pública – CPT Nacional: Bancada Ruralista impõe Código Florestal

    A Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra, CPT, diante da aprovação pela Câmara dos Deputados, na noite de ontem, do assim chamado Novo Código Florestal, quer se juntar ao coro de milhões de brasileiros para manifestar sua indignação diante da imposição da vontade da bancada ruralista sobre a nação brasileira, colocando em risco, como advertiram numerosos cientistas, o próprio futuro do nosso país.

     

    Na verdade é muito difícil entender como uma população rural que, segundo o último censo de 2010, representa somente 16% do total da população brasileira, esteja tão superrepresentada na Câmara dos Deputados, já que a Frente Parlamentar da Agropecuária é composta, segundo seu próprio site, por 268 deputados, 52,24% dos 513 deputados eleitos. Para fazerem valer suas propostas, os ruralistas se escondem atrás do discurso da defesa da pequena propriedade, quando é de clareza meridiana que o que está em jogo são os interesses do agronegócio, dos médios e grandes proprietários. Estes, segundo o Censo Agropecuário de 2006, ocupam apenas 9,12% dos estabelecimentos rurais com mais de 100 hectares e juntos somam 473.817 estabelecimentos que, no entanto, ocupam 78,58% do total das áreas.

     

    Mesmo assim, a bancada ruralista e seus seguidores ainda ousam dizer que a oposição ao que eles votaram vem de uma minoria de ambientalistas radicais. Muito corretamente falou o professor titular de Economia da PUC de São Paulo, Ladislau Dowbor: “É preciso resgatar a dimensão pública do Estado. O Congresso tem a bancada das montadoras, a das empreiteiras, a dos produtores rurais, mas não tem a bancada do cidadão!”.

     

    A Comissão Pastoral da Terra espera que a presidenta Dilma honre a palavra dada ainda na campanha eleitoral de não aceitar retrocessos na lei florestal, comprometendo-se a vetar os pontos que representassem anistia para os desmatadores ilegais e a redução de áreas de reserva legal e preservação permanente. Espera que a presidenta não compactue com a imposição da bancada ruralista e vete este texto. A natureza e o Brasil vão agradecer.

     

    A Coordenação Nacional da CPT

     

    Maiores Informações:

    Cristiane Passos (Assessoria de Comunicação da CPT Nacional) – (62) 4008-6406 / 8111-2890

    Antônio Canuto (Assessoria de Comunicação da CPT Nacional) – (62) 4008-6412

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    @cptnacional

     

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  • 26/04/2012

    Governo de MS ignora acordo com a União para segurança pública nas aldeias

    60 dias depois de assinar compromisso, governo estadual ainda não ratificou plano de trabalho. MPF vê discriminação étnica.

     

    Um Acordo de Cooperação Técnica entre diversos órgãos da União e o Governo de Mato Grosso do Sul – assinado em 23 de fevereiro e publicado em 5 de março no Diário Oficial da União – que prevê “ações de segurança pública com cidadania nas terras indígenas regularizadas”, ainda não saiu do papel por omissão do governo do estado.

     

    Para que seja efetivado, o acordo prevê a elaboração, pelos signatários do acordo, de um plano de trabalho, que irá guiar as ações específicas em cada comunidade. O governo federal, via Fundação Nacional do Índio (Funai), enviou o plano para ratificação pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública de MS (Sejusp) em 13 de fevereiro mas até agora não houve resposta.

     

    O governador André Puccinelli também não respondeu ao questionamento do Ministério Público Federal quanto às responsabilidades assumidas no acordo com a União e que não foram cumpridas (Clique aqui para ler o 1º ofício, enviado em 28 de março). O requerimento foi reiterado (Clique aqui para ler o 2º ofício, de 24 de abril).

     

    Para o procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida, titular do ofício indígena no MPF em Dourados, “está sendo negado direito básico e constitucional ao cidadão indígena, numa clara atitude discriminatória por parte do governo estadual”. Atualmente, nas reservas indígenas do cone sul de Mato Grosso do Sul, é realizado apenas o atendimento emergencial pela Força Nacional ou pela Polícia Federal.


    Acordo inédito

     

    O acordo decorre de negociações do MPF junto aos governos federal e estadual. Ele é baseado no dever constitucional dos entes federativos de oferecer segurança pública à população. Nas áreas indígenas, a União pode realizar as ações de policiamento ou efetuar convênio, como o que foi assinado este ano.

     

    O acordo estipula que as ações de segurança nas áreas indígenas serão realizadas pelas polícias civil e militar, mediante autorização da Funai. Serão realizadas ações de policiamento ostensivo e preventivo, além do estabelecimento de bases de polícia comunitária nas aldeias de Dourados e Caarapó, no sul do estado. Os policiais passarão por capacitação para atuar de forma diferenciada junto aos indígenas, com orientações sobre aspectos culturais e legais. A União se comprometeu a disponibilizar equipamentos e veículos.

     

    O Acordo de Cooperação Técnica, nos moldes como foi discutido, é uma iniciativa inédita no estado com a 2ª maior população indígena do país – 70 mil indivíduos de várias etnias – e problemas como os maiores índices de homicídios e suicídios do país, especialmente entre a etnia guarani-kaiowá e guarani-ñandeva.

     

    Ao se recusar a cumprir seu dever constitucional de prestar serviços de segurança à população indígena, o governo estadual emite claros sinais de discriminação étnica, que não se coaduna com a atuação do Estado Democrático de Direito.

     

    Assessoria de Comunicação Social

    Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul

    (67) 3312-7265 / 9297-1903

    (67) 3312-7283 / 9142-3976

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    www.twitter.com/mpf_ms

     

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  • 25/04/2012

    Vice-procuradora-geral da República: Exploração de recursos minerais em terras indígenas só por relevante interesse público da União

    Vice-procuradora-geral da República participou de audiência que tratou de exploração e aproveitamento de recursos minerais em terras indígenas

     

    A vice-procuradora-geral da República e coordenadora da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal, Deborah Duprat, participou, nesta terça-feira, 24 de abril, de audiência pública na Câmara dos Deputados que tratou de projeto de lei sobre exploração e aproveitamento de recursos minerais em terras indígenas. De acordo com ela, é preciso respeitar a Constituição Federal quando afirma que a ocupação e qualquer atividade a ser exercida dentro de áreas indígenas depende do relevante interesse público da União, a ser expresso em lei complementar.

     

    A vice-procuradora-geral salientou que a Constituição tratou a questão indígena de uma forma diferente do diploma constitucional que a precedeu, no sentido de garantir a esses povos absoluto domínio das suas vidas, das suas opções de vida, do seu destino coletivo e individual. Portanto, conforme explicou, as terras indígenas ficaram cheias de salvaguardas para garantir a esse povo existência presente e futura dentro das suas opções existenciais, e as exceções a esse princípio geral estão expressamente declinadas na Constituição.

     

    Em relação à mineração, segundo Deborah Duprat, a Constituição impõe expressamente várias cautelas, dentre elas a oitiva das comunidades afetadas e a autorização do Congresso Nacional. De acordo com ela, há também requisito que prevê a repartição de benefícios, ou seja, participação das comunidades nos royalties decorrentes da atividade.

     

    Mas, para ela, um dispositivo mais importante é o parágrafo 6º do artigo 231 da Constituição, que não fala expressamente em mineração, mas faz referência ao uso, ocupação ou qualquer atividade dentro de áreas indígenas, a depender do relevante interesse publico da União, a ser expresso em lei complementar. “O que evidencia que não basta uma lei regulando a mineração, é preciso ainda que haja uma lei complementar determinando quando e onde essa atividade é considerada e em que condições vai ser considerada de relevante interesse público da União”, destacou.

     

    Deborah Duprat disse que a mineração estará sempre sujeita à ponderação de interesses em cada caso concreto. “Nós negamos qualquer possibilidade de compreensão de que a atividade de mineração é sempre uma atividade que interessa à União porque a União não é gestora dos interesses apenas econômicos desse Estado nacional, é gestora também de vários outros interesses, como é a questão do pluralismo social étnico e cultural da sociedade brasileira”, afirmou.

     

    Ela lembrou ainda de outra deliberação tomada pelo movimento indígena em várias oportunidades no sentido de não admitir que qualquer regulação que lhes diga respeito esteja fora do Estatuto dos Povos Indígenas. Segundo ponderou, não é razoável a 6ª Câmara discutir qualquer matéria fora desse estatuto que é a grande regulação de todas as questões que dizem respeito aos povos indígenas.

     

    A vice-procuradora-geral destacou também que, além de toda essa cautela da Constituição, o Brasil é signatário de vários documentos internacionais que determinam outras tantas cautelas em relação aos povos indígenas e também aos povos tribais. “A mineração vai ter que ser objeto de cautela específica não só em relação aos povos indígenas, mas também em relação a todas as populações tradicionais do Brasil, que são inúmeras”, concluiu.

     

    Também participou da audiência da comissão especial destinada a proferir parecer ao Projeto de Lei nº 1610, de 1996, do Senado Federal, que “dispõe sobre a exploração e o aproveitamento de recursos minerais em terras indígenas, de que tratam os artigos 176, parágrafo primeiro, e 231, parágrafo 3º, da Constituição Federal”, o coordenador adjunto do Instituto Socioambiental (ISA), Raul Telles do Valle. De acordo com ele, pesquisa do ISA realizada em 2010 identificou que 37% do território reconhecido como indígena tem algum interesse minerário incidente.

     

    Secretaria de Comunicação

    Procuradoria Geral da República

    (61) 3105-6404/6408

     

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  • 25/04/2012

    Caos na SESAI faz com que Tupinambá ocupem a sede da instituição em Salvador

    Cerca de 40 lideranças do povo Tupinambá da Serra do Padeiro, ocuparam agora pela manhã a sede da SESAI em Salvador.

     

    Bastante revoltados e indignados com a postura do órgão que desde o ano de 2011 vem fazendo promessas e não as cumpre, deixando a comunidade totalmente desamparada no que diz respeito à saúde.

     

    Por telefone, o Cacique Rosivaldo Ferreira (Babau) informou que em reunião com a SESAI ocorrida em maio de 2011, o órgão garantiu que no prazo de três meses, iriam realizar entre outras providencias: a designação de três agentes indígenas de saneamento básico para a Serra do Padeiro e um para a comunidade do Maruim; disponibilização de dois veículos, sendo que um ficaria mais tempo na comunidade; a regularização dos agentes de saúde; a construção do posto de saúde na área que, segundo o cacique, o governo até já disponibilizou os recursos sendo apenas necessário que a SESAI apresente a planta do imóvel (o que até agora não aconteceu); nem mesmo as auxiliares de limpeza que foram prometidas foram efetivadas. Nenhuma das providências foi tomada e o mais absurdo é que o enfermeiro que atua de forma precária na área não recebe nenhuma assistência da Secretaria.

     

    Em recente cobrança da comunidade aos representantes da SESAI a resposta que receberam foi: "Infelizmente, não temos condições de fazer nada".

     

    Este tipo de comportamento da SESAI tem sido uma constante com a nossa comunidade, e isto tem deixado todos muito irritados, relata o cacique Babau: "Demos um prazo para que eles pudessem resolver estes problemas ou que pelos menos encaminhasse alguma providencia para amenizar a situação caótica que estamos vivendo". "Eles não fizeram nada e não podemos continuar nesta situação de abandono, por isto decidimos ocupar a sede aqui em Salvador, pois só assim parece que ele nos ouve, esta é a única maneira de resolver a nossa situação".

     

    "Só saímos daqui quando alguém que possa resolver de verdade esta situação aparecer. Não aceitamos mais promessas, pois estamos cheios delas", informa o Cacique Babau.

     

    Itabuna, BA, 25 de abril de 2012.

     

    Cimi Equipe Itabuna

     

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