• 10/05/2014

    Sem provas, Polícia Federal e governo transformam cinco líderes Kaingang em presos políticos e criminalizam a luta pela terra

    Nesta sexta feira, 09, cinco indígenas Kaingang foram presos pela Polícia Federal, numa verdadeira emboscada, enquanto participavam de “reunião” promovida por representantes do governo do Rio Grande do Sul no município de Faxinalzinho. Sem elementos concretos, evidências ou provas que ligassem as lideranças indígenas a morte de dois agricultores daquele município, os Kaingang foram presos pela polícia como se fossem criminosos há muito procurados. De caráter totalmente político, esta prisão se configura como mais um triste episódio de criminalização explícita do movimento indígena por parte do governo federal e do estado do Rio Grande do Sul.

    Entre os presos, encontra-se o cacique da terra indígena Kandóia, Deoclides de Paula, que vinha reivindicando a continuidade do processo de demarcação da terra Kaingang e a garantia dos direitos constitucionais dos povos originários junto ao governo federal.

    Na quarta-feira, dois dias antes das prisões, os Kaingang esperavam ansiosos a vinda do ministro da Justiça à terra indígena de Kandóia onde seria realizada uma reunião com a comunidade indígena para discutir a continuidade dos processos de demarcação e resoluções acerca do clima de conflitos na região. O ministro mais uma vez, ausentando-se de sua responsabilidade com os indígenas e com os pequenos agricultores, não veio ao Rio Grande do Sul. Enviou, porém, seu assessor especial, Marcelo Veiga, a Porto Alegre para “dialogar”, a portas fechadas, com representantes do governo Tarso Genro e da Polícia Federal.

    Apenas posteriormente a esta reunião, o governo do estado, na figura de Elton Scapini, Secretário de Desenvolvimento Rural do RS, Ricardo Zamora e Milton Viário, assessores diretos do governador Tarso Genro, junto ao coordenador regional da Funai, Roberto Perin e o prefeito do município de Faxinalzinho, Selso Pelin,  convenceram os Kaingang a deslocaram-se  para fora da aldeia Kandóia.

    Mesmo alertados por agentes do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) de que a reunião poderia se tratar de uma emboscada, os Kaingang da terra indígena Kandóia confiaram nas autoridades públicas federais, estaduais e municipais e foram para a reunião, na sede do município de Faxinalzinho, na expectativa de darem, finalmente, encaminhamentos práticos na perspectiva da efetivação de seu direito à terra tradicional. O resultado da reunião, no entanto, traduziu-se em mais uma traição do Estado e de agentes públicos aos Kaingang. Os indígenas foram presos minutos após o início da reunião de maneira abrupta por um verdadeiro batalhão de agentes federais.

    A prisão dos indígenas, ao que tudo indica, não teve nada de espontânea e muito menos parece ter sido uma “infeliz coincidência” como defendeu o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, poucas horas após o fato. Os próprios Kaingang denunciam que a reunião para a qual foram chamados tratava-se de uma emboscada forjada dentro do Palácio Piratini pelos governos para incriminar as lideranças e responder publicamente às acusações de negligência e incitação de conflito que vinham sofrendo de setores ligados ao agronegócio, eternos inimigos dos povos indígenas.

    Os cinco indígenas presos foram levados, na noite de sexta-feira, 9, a Porto Alegre e ficaram recolhidos na carceragem da superintendência da Polícia Federal até por volta das 11 horas deste sábado, 10. Ainda na madrugada de sábado, advogados peticionaram representação junto à Justiça Federal requerendo que os mesmos fiquem sob custódia da Funai, ou na aldeia de origem, ou mesmo na Funai em Brasília, que, por meio de ofício da sua Presidência, se colocou à disposição para a custódia, obedecendo o que prescreve o Estatuto do Índio (Lei 6001/73). Em resposta à petição, o juiz federal Dr. Murilo Brião da Silva propalou despacho determinando manifestação do delegado da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.

    Ignorando a determinação judicial em questão, a Polícia Federal transferiu os cinco indígenas, no final da manhã deste sábado, para o presídio de Jacuí, no interior do estado do Rio Grande do Sul, após os mesmos terem recebido visita do advogado da Frente Nacional Quilombola e de missionários do Cimi.

    No estado de exceção e de omissão do governo Dilma, os indígenas continuam sendo tratados como criminosos e a luta pela terra um caso de polícia. A prisão dos Kaingang da terra indígena Kandóia faz lembrar o recente episódio envolvendo o cacique Babau Tupinambá, preso em Brasília como estratégia governamental para que não denunciasse internacionalmente as violações que os povos indígenas vêm sofrendo no interior do país. A determinação do governo Dilma, atendendo interesses ruralistas, de suspender o andamento dos procedimentos administrativos de reconhecimento e demarcação das terras indígenas constitui-se num atentado à Constituição Federal e ao Estado de Direito e joga combustível nos conflitos fundiários Brasil afora. No Brasil do governo Dilma, os presos políticos têm cor e traços étnicos bem definidos, são os filhos da terra, os povos originários.

    Conselho Indigenista Missionário (Cimi)

    Frente Nacional de Defesa dos Territórios Quilombolas/RS

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  • 09/05/2014

    Em SC, comunidade Xokleng fecha estrada pela segurança dos filhos na escola

    Desde o amanhecer de 6 de maio a estrada que corta a Terra Indígena (TI) Laklãnõ Xokleng está bloqueada por pais e alunos da Escola de Educação Básica Laklãnõ, cobrando segurança e garantia de vida as crianças que frequentam a escola. O clima é de revolta com o descaso da Secretaria de Estado da Educação (SED) do Governo do Estado de Santa Catarina que abandonou a escola e a comunidade indígena. Os prédios (escola, ginásio de esportes e casa da cultura) estão caindo. As estradas que dão acesso à escola estão intransitáveis. Em vez de ser um lugar de difusão de conhecimento o acesso à escola se tornou risco de vida às mais de 530 crianças e jovens que frequentam o local. Os pais,preocupados, decidiram que não poderiam mais esperar por promessas.

    A comunidade divulgou uma nota na qual externam os problemas: “A escola indígena atende alunos de sete aldeias: Toldo, Coqueiro, Figueira, Palmeira, Barragem, Pavão e Sede. […] Exigimos reforma da escola Laklãnõ, do ginásio da escola, da casa de cultura e obras de saneamento básico. As crianças correm risco de vida ao irem para as escolas, principalmente quando começa a época de chuvas. Toda comunidade fica ilhada. A Barragem foi construída para conter a água das chuvas nas cidades vizinhas e isolar a Terra Indígena Laklãnõ. A situação na escola está precária, a GERED [Gerência Regional de Ensino] não dá a assistência necessária. Hoje trancamos as estradas, sem deixar passar carros dos "brancos". Os alunos, pais, professores estão reivindicando melhores condições. Passaremos a noite aqui e a estrada não será liberada até que tenhamos uma resposta concreta e medidas sejam tomadas imediatamente. Quando reivindicamos assistência da prefeitura, eles alegam que o município não tem obrigação de fazer a manutenção das estradas porque a Terra Indígena é federal, e não da esfera municipal.”

    Basta poucos dias de chuva para que a escola fique sem acesso. Uma barragem de contenção de cheias das cidades de Ibirama, Indaial e Blumenau foi construída no final da década de 1970, durante o governo militar, que ao acumular alguns metros de água deixa ao menos quatro, das sete aldeias sem acesso a escola. Inúmeras manifestações foram realizadas pedindo a construção de ponte, mas até o momento apenas promessas. Com chuvas, as estradas que dão acesso a escola ficam intransitáveis. A cada enchente ocorrem desmoronamentos por conta da flutuação da água represada, inclusive uma aldeia está condenada pela Defesa Civil.

    Desde que foi construída, no ano 2004, a escola e o ginásio de esportes não passaram por reformas e ampliações. Além de não atenderem a demanda dos 12 anos do ensino (ensino fundamental e ensino médio), os prédios estão deteriorados. Se nos períodos de chuvas as crianças ficam sem aula, em períodos de estiagem ficam sem água.

    É um caso emblemático de irresponsabilidade e incompetência do governo do estado de Santa Catarina para gerenciar a educação escolar indígena. São necessárias providências urgentes por parte do Ministério da Educação para cobrar da SED o respeito aos povos indígenas deste estado.

    Florianópolis, 09 de maio de 2014.

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  • 09/05/2014

    Povo Apolima-Arara ocupa sede da Funai em Cruzeiro do Sul

    Um grupo de 36 indígenas, entre homens, mulheres e crianças, do povo Apolima-Arara ocupou a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Cruzeiro do Sul na manhã do dia 5 de maio tendo como principal reivindicação a completa retirada dos posseiros da Terra Indígena (TI) Arara do Rio Amônia, cuja portaria demarcatória saiu em  2011 . O povo alega que está cansado de esperar do órgão a conclusão do processo de desintrusão, iniciado em dezembro passado e paralisado até o momento.

    O clima de ameaças é intenso por parte dos moradores do lado da Reserva Extrativista bem como por parte dos traficantes peruanos. Inúmeros documentos foram enviados à própria Funai, Ministério Público Federal e Estadual, Polícia Federal, Exército e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), denunciado as ameaças de morte recebidas pelas lideranças, assim como a retirada ilegal de madeira tanto pelos ocupantes brasileiros como por peruanos, já que a terra indígena está localizada em região de fronteira com o Peru.

    “Estamos nessa luta pela nossa terra há 17 anos e 17 anos não são 17 dias. Desde o início nunca foi fácil. Estamos com nossa terra demarcada desde 2009, mas não temos direito de usufruir dela livremente, pois os moradores do lado da Reserva Extrativista nos faz constantes ameaças e nos impedem de pescar nos lagos e de caçar. Nossas crianças que ainda estudam junto com os não índios são descriminadas na escola. Nos ameaçam de transitar livremente dentro  da nossa terra já demarcada. Tudo isso que estou dizendo aqui já foi posto em inúmeros documentos e encaminhado aos órgãos competentes, mas nenhum tomou nenhuma providencia. Em dezembro a FUNAI iniciou o pagamento das indenizações, mas só os que eram do Assentamento do INCRA deixando os da Reserva, sendo estes os que mais nos causam problemas. O que nós percebemos é que esses órgãos querem que os não índios permaneçam na terra junto com nós, o que é impossível, devido ao que já falei.  Diante disso, mesmo com todas as dificuldades, decidimos vir aqui até a sede da FUNAI e permanecer até que se tenha uma solução. Nós só sairemos daqui quando a FUNAI reiniciar os pagamentos das indenizações de todos os ocupantes da terra e resolver  de fato esse problema.” Afirma o cacique geral, Francisco Siqueira.

    As lideranças afirmam que alguns ocupantes indenizados, bem como os ocupantes ilegais (ocupantes de má fé) já extrapolaram todos os prazos dados para deixarem o território. No ato do pagamento, a Funai deu 30 dias para desocuparem a área e o povo Apolima-Arara mais 30. Vencido estes prazos os ocupantes ilegais continuam na terra e alguns, já indenizados, frequentemente adentram no território para pescar e caçar com cachorro.

    Em reunião com grupo, o coordenador da Funai, Luiz Nukini, afirma que o impasse se dá pelo fato do ICMBio ter contestado e que a Funai  em Brasília está buscando a melhor forma de solucionar o problema. Na manhã desta quarta feira (7) os indígenas se reuniram mais uma vez, agora com um grupo ampliado envolvendo representantes do Ministério Público Estadual e Polícia Federal em que foram repassadas as reinvidicações do grupo. Mas o impasse permanece, visto que a questão está entre o ICMBio e a Funai de Brasília.

    O grupo permanece no prédio da Funai com seus tambores e flautas, reivindicando seus direitos. Não aceitam proposta de agenda e só deixam o prédio mediante a vinda da Equipe que fará o pagamento das indenizações bem como a retirada dos ocupantes ilegais.

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  • 09/05/2014

    Indígenas de MS bloqueiam BR-262 em protesto contra audiência sobre PEC 215

    Um grupo com cerca de 500 indígenas bloqueia desde a manhã desta sexta-feira (9) a rodovia BR-262, no trecho que liga os municípios de Aquidauana e Miranda, em Mato Grosso do Sul. O protesto é contra a audiência sobre a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215 que aconteceu hoje, na Assembléia Legislativa de Campo Grande (MS).

    “Decidimos no movimento Nacional que não participaríamos de nenhuma audiência como essa, que visa suprimir nossos direitos. Se participássemos dessa reunião que discutiu a PEC 215 estaríamos legitimando o atentado contra a vida dos povos indígenas no Brasil”, disse Lindomar, liderança do povo Terena.

    Reunidas em Assembléia, as lideranças dos povos indígenas do Mato Grosso do Sul divulgaram na manhã de hoje uma nota rechaçando a audiência. “Não negociaremos nossos direitos! A audiência conclamada trata-se de manobra ardilosa para legitimar esse atentado aos nossos direitos. Nós, lideranças indígenas, decidimos e não participaremos da audiência proposta pois não legitimaremos essa tentativa de consulta sobre a PEC 215”, afirmam no documento assinado pelo Conselho do Povo Terena, Conselho Aty Guasu Guarani Kaiowá, Conselho do Povo Kinikinau, Conselho do Povo Ofaié, Povo Kadiwéu e por um representante do Povo Pataxó.

     

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  • 09/05/2014

    Relator do novo marco da mineração admite em vídeo prática que fere Código de Ética da Câmara

    O deputado federal Leonardo Quintão (PMDB-MG), relator do novo marco legal da mineração (Projeto de Lei 37/2011), admite, em um vídeo gravado em uma audiência na Câmara, em dezembro, que é financiado por empresas de mineração e que defende o setor.

    O inciso VIII do Art. 5º do Código de Ética da Câmara afirma que fere o decoro parlamentar “relatar matéria submetida à apreciação da Câmara dos Deputados, de interesse específico de pessoa física ou jurídica que tenha contribuído para o financiamento de sua campanha eleitoral”.

    “Sou financiado, sim, pela mineração, legalmente. Alguns ambientalistas dizem: ‘você não pode ser relator porque é financiado pela mineração’. De forma alguma", disse Quintão, na gravação que está circulando na internet. "Não tenho nenhuma vergonha de ser financiado, dentro da lei, por mineradoras”, continua. E na sequência: “Eu defendo sim o setor mineral”, afirmou (veja abaixo).

    Na terça, um grupo de organizações da sociedade civil e cidadãos comuns, incluindo o ISA, encaminhou uma representação inédita por quebra de decoro parlamentar à Secretaria Geral da Mesa da Câmara Federal contra o deputado. Foi a primeira vez que uma representação popular, por quebra de decoro, foi apresentada contra um parlamentar pelo fato dele relatar um projeto de interesse direto de seus financiadores de campanha.

    Dos cerca de R$ 2 milhões arrecadados por Quintão na campanha de 2010, em torno de 20% foram doados por grandes empresas de mineração e metalurgia, segundo o Tribunal Superior Eleitoral. São elas: a Acerlormittal, Gerdau, Usiminas, Ecosteel e LGA. Com base na norma, a representação lembra que o parlamentar deveria ter rejeitado a relatoria do projeto e pede, como punição, que ele seja afastado da função.

    Interesses das mineradoras

    Quintão vem defendendo de forma irredutível os interesses das grandes mineradoras. Entre outros pontos, seu relatório não traz nenhum tipo de salvaguarda aos direitos de comunidades indígenas e tradicionais afetadas pela atividade e chega a propor que a oficialização de Unidades de Conservação, Terras Indígenas, territórios quilombolas e assentamentos de reforma agrária tenha anuência da Agência Nacional de Mineração (ANM).

    Segundo reportagem da Agência Câmara, Quintão negou que defenda os interesses do setor mineral e afirmou que seu parecer é contrário a eles, contradizendo o que havia dito em dezembro. Afirmou também que não há irregularidades no financiamento de campanha. Na reportagem da agência, no entanto, ele não responde à denúncia de que está infringindo o Código de Ética (veja aqui).

    A representação foi encaminhada por um conjunto de organizações da sociedade civil que defende a moralização da política e também alterações no PL 37/2011 que garantam os direitos socioambientais das populações afetadas por grandes projetos de mineração. Integram o grupo, além do ISA, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e o Movimento dos Atingidos pela Mineração (MAM), entre outras dezenas de organizações que fazem parte do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração, além da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) e Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma Política.

    Para chegar ao Conselho de Ética, a representação precisa ser analisada pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), pelo corregedor da casa, deputado Átila Lins (PSD-AM), e pela própria Mesa Diretora, que tem sete membros titulares e quatro suplentes.

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  • 09/05/2014

    Povo Pataxó e Tupinambá divulga nota exigindo regularização de seus territórios na Bahia

    A Federação Indígena das Nações Pataxó e Tupinambá do Extremo Sul da Bahia (Finpat) divulgou nota pública nesta sexta-feira (9) onde responsabiliza Dilma Rousseff e o ministro da Justiça, José Eduardo Carzoso, pela onda de conflitos fundiários no sul da Bahia e exige a demarcação dos territórios.

    A nota relembra os episódios recentes de violência contra os povos indígenas na região, como o ataque no último dia 3, quando pistoleiros dispararam contra um veículo da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), que transportava uma gestante em trabalho de parto. Nesta terça-feira (6) dois indígenas que transitavam em uma motocicleta sofreram um atentado com vários disparos de arma de fogo.

    “Diante da situação que se encontra a região, esta instituição indígena vem alertar às autoridades de governos, a iminência de um conflito direto mais contundente com perdas de vidas humanas, pois a intensidade das ameaças por parte dos fazendeiros está se tornando na prática a materialização do ato de violência física contra pessoas e contra o patrimônio. É preciso que os poderes constituídos constituam uma força tarefa interministeriais para atuar na região de conflito evitando o derramamento de sangue.

    Sabe-se que os fazendeiros estão associados para um único objetivo que é sem sombra de dúvidas a paralisação do processo de demarcação e revisão de limites doTerritório Indígena Barra Velha. E por este motivo utilizam de todas as estratégias possíveis incluindo o método de pistolagem.

    […] É público e acessível a todo cidadão Brasileiro que a História confirma a extrema violência e atrocidade cometida contra os povos indígenas desta região desde a colonização até os dias atuais.

    Observa-se, neste ano atípico de Copa do Mundo e Eleições Presidencial, que o Governo Brasileiro, nas suas diversas instâncias institucional, não está compromissado e interessado em resolver os conflitos fundiários de indígenas, sem terra e produtores rurais. Deixa o caos instalar para colocar a repreensão policial da Força Nacional e Exercito Brasileiro, no argumento de promover a pacificação e segurança pública.

    DEMARCAÇÃO JÁ DOS TERRITÓRIOS PATAXÓ BARRA VELHA E TUPINAMBÁ DE OLIVENÇA.”

    Clique aqui para ler a nota na íntegra.

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  • 09/05/2014

    Inconstitucional – Povos indígenas do MS rechaçam audiência sobre a PEC 215

     

    Reunidas na Grande Assembleia do Povo Terena, as lideranças dos povos indígenas do Mato Grosso do Sul anunciaram que não participarão da audiência da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215 que acontece hoje, na Assembléia Legislativa de Campo Grande (MS). Os líderes afirmam que, além de ser inconstitucional, a PEC é um verdadeiro atentado contra os direitos dos povos indígenas e significa um retrocesso em relação às garantias constitucionais.

     

    “Não negociaremos nossos direitos! A audiência conclamada trata-se de manobra ardilosa para legitimar esse atentado aos nossos direitos. Nós, lideranças indígenas, decidimos e não participaremos da audiência proposta pois não legitimaremos essa tentativa de consulta sobre a PEC 215”, afirmam em documento, disponibilizado ontem (8) à noite, assinado pelo Conselho do Povo Terena, Conselho Aty Guasu Guarani Kaiowá, Conselho do Povo Kinikinau, Conselho do Povo Ofaié, Povo Kadiwéu e por um representante do Povo Pataxó.

     

    Já foram realizadas audiências para discutir a PEC 215 em Santa Catarina, no Pará, Rio Grande do Sul e no Mato Grosso. A próxima acontecerá na Bahia, no dia 12 de maio. Com o objetivo de mostrar força e poder, os ruralistas fizeram reuniões em alguns municípios do estado e estão chamando esta audiência, em Campo Grande, de Conferência Estadual. São esperadas caravanas de ônibus vindos do interior para atuarem como claque para os ruralistas.

     

    Leia abaixo a nota completa lançada pelas lideranças indígenas:

     

     

      

    HÁNAITI HO´ÚNEVO TERENO Ê

    GRANDE ASSEMBLEIA DO POVO TERENA

     

     

    Nota Conjunta em relação à audiência sobre a PEC 215

     

     

    Nós, lideranças indígenas de Mato Grosso do Sul, reunidos por ocasião da Grande Assembleia do Povo Terena na Aldeia Babaçu, Terra Indígena Cachoeirinha, município de Miranda (MS), viemos a público expor decisão tomada coletivamente em relação à audiência ruralista conclamada pelos deputados federais Reinaldo Azambuja e Luiz Henrique Mandetta.

    A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215 é um atentado contra os direitos dos povos indígenas, sinônimo de retrocesso aos nossos direitos e garantias conquistados até hoje.

    Não negociaremos nossos direitos!

    A audiência conclamada trata-se de manobra ardilosa para legitimar esse atentado aos nossos direitos. Nós, lideranças indígenas, decidimos e não participaremos da audiência proposta pois não legitimaremos essa tentativa de consulta sobre a PEC 215.

    Por fim, reafirmamos que eventual indígena que participar dessa audiência não estará respaldado na decisão dos conselhos dos povos indígenas. E qualquer pronunciamento individual não representa o posicionamento de nossas comunidades.

     

    Povo Terena,

    Povo que se levanta!

     

    Aldeia Babaçu, 08 de maio de 2014

     

    Conselho do Povo Terena

    Conselho Aty Guasu Guarani Kaiowá

    Conselho do Povo Kinikinau

    Conselho do Povo Ofaié

    Povo Kadiwéu

    Representante do Povo Pataxó

     

     

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  • 08/05/2014

    Mulher Kaingang é alvo de disparos no norte do Rio Grande do Sul

    No final da tarde de 06 de maio, ocorreu um atentado a tiros contra uma kofá (idosa Kaingang) residente na terra indígena de Votouro (Benjamin Constant do Sul, RS), conforme denúncia da liderança Kaingang. A terra indígena Votouro fica próxima ao município de Faxinalzinho, RS, local do confronto entre indígenas e agricultores. O atentado a tiros ocorreu no período da tarde, quando Carmen Marcelino, com aproximadamente 60 anos, caminhava por uma via nas proximidades de sua casa em direção a um roçado, como cotidianamente faz, quando foi alvo de disparos efetuados por ocupante(s) de uma “caçamba branca”.

    Carmem não conseguiu apresentar outros detalhes do veículo, tampouco se o mesmo possuía algum outro tipo de identificação, pois não sabe ler. Os disparos não a atingiram, mas foram muito próximos. Conforme o relato “foi possível sentir o cheiro da pólvora”.

    O cacique Deoclides de Paula, afirma que a situação revela a insegurança a qual as comunidades Kaingang e Guarani ainda estão expostas e também a possibilidade de que ocorram outros atentados e atos violentos a qualquer momento e contra qualquer membro das comunidades indígenas da região.

    A preocupação do cacique procede, pois não é fato isolado e se configura como retaliações premeditadas contra o povo Kaingang, após o confronto de Faxinalzinho. Na quarta-feira, dia 30 de abril, quatro indígenas, que retornavam da região para uma aldeia em Sananduva, RS, foram abordados e ameaçados por oito policiais da Brigada Militar e quatro policias do BOE – Batalhão de Operações Especiais, todos sem identificação.

    Também há a denúncia de que veículos da Polícia Federal circulam, nas imediações da Comunidade Kaingang do Kandóia, desprovidos de placas e com vidros escuros, monitorando os indígenas. Os veículos acompanham as saídas e entradas na aldeia, bem como as atividades e movimentações dentro da comunidade. Enquanto isso, nas imediações, atentados e abordagens ocorrem, como o acometido contra esta idosa, sem que se tenha nenhum tipo de registro ou investigação da autoria dos mesmos.

    O Ministério Público Federal (MPF), em nota, afirma que a situação de atraso nas demarcações e apuração dos fatos, estimula a formação de ‘milícias’, que promovem atentados e ameaças contra o movimento indígena, estendendo-se a toda comunidade indígena, como o ocorrido a esta kofá. O MPF também afirma que a situação decorre da omissão dos órgãos governamentais competentes, especialmente do Ministério da Justiça.

    Ontem, em Porto Alegre, representantes do governo estadual, e do Ministério da Justiça reuniram-se “a portas fechadas” para tratar dos conflitos. As lideranças indígenas não foram convidadas a participar. Também nenhuma autoridade se dirigiu à região de conflito. A omissão continua sendo a estratégia adotada.

    Depois da reunião “a portas fechadas”, a imprensa noticiou que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pretende reunir indígenas e agricultores em Brasília. Lideranças das comunidades Kaingang expediram nota informando que não acreditam nas tais mesas de diálogo e que não irão à reunião proposta, uma vez que as medidas a serem adotadas pelo governo já foram amplamente discutidas e que cabe, agora, ao Ministério da Justiça a solução dos problemas.

    Entidades de apoio aos povos indígenas e da sociedade civil acompanham os acontecimentos e denunciam as práticas de coação e violência contra os povos originários. Reiteram que a solução para a questão é a demarcação das terras indígenas e a plena indenização das famílias agricultoras, ocupantes de boa-fé, que se estabeleceram nestas terras, como indicado nos parâmetros e processos legais, que são de plena ciência entre os responsáveis e com a incumbência de promover a dignidade, a justiça e a paz.

    Porto Alegre, RS, 08 de maio de 2014.

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  • 08/05/2014

    Impactos graves e irreversíveis: único legado dos mega empreendimentos para os indígenas

    Como parte do “Seminário Internacional Carajás 30 anos, resistências e mobilizações frente a projetos de desenvolvimento na Amazônia Oriental”, aconteceu na tarde do dia 6 de maio, um debate sobre o histórico e as experiências dos povos indígenas diante do modelo desenvolvimentista. Reunindo mais de mil participantes de doze países, o Seminário teve início no último dia 5 e segue até amanhã, em São Luís (MA).

    No seminário, uma das expressivas referências do avanço do modelo econômico brasileiro fundamentado na exploração de recursos naturais, especificamente a mineração, é o projeto Ferro Carajás S11 D, maior investimento da Vale e da indústria global de minério de ferro e deverá mais do que dobrar a produção da companhia, para uma produção de 230 milhões de toneladas ao ano, a partir de 2016.

    Neste contexto, Rosana Diniz, representante do Conselho Indigenista Missionário (Cimi),  afirmou em sua fala que para os povos indígenas e movimentos sociais o pioneiro Projeto Carajás causa severos impactos desde a década de 1970. Segundo ela, as comunidades indígenas perderam, ou tiveram totalmente alterados, seu modo de ser e viver. Enquanto, antes, ocupavam territórios em que não careciam de nada, com a chegada dos empreendimentos, ficaram sem casa, sem autonomia alimentar, sem saúde, sem dignidade,sem terem sua dignidade respeitada e até mesmo sem território, em alguns casos. Além disso, ainda convivem com o racismo e ameaças de genocídio. “É preciso explicitar que os povos indígenas não estabelecem relação nenhuma com os empreendimentos. O que acontece é a imposição de um projeto de forma totalmente impositiva e assimétrica, em que só resta aos indígenas resistir”, afirmou Rosana.

    A antropóloga e professa da Universidade Federal Fluminense (UFF) Eliane Cantarino abordou o papel do Estado na relação com os Awá-Guajá, do Maranhão e a imposição de uma nova ordenação territorial que separou grupos e, através da Fundação Nacional do Índio (Funai), os forçou a se fixarem em aldeias destacou as ameaças ao modo de vida. Ela tamém destacou a importância que a construção do Projeto Ferro Carajás teve na destruição do modo de vida dos Awá e da intensificação da ação madeireira na região. Por último, Eliane ressaltou a postura dos Awá de se recusarem a aceitar este modo de vida evolucionista, fundamentado no integracionismo, proposto pelo Estado Nação.

    Representante dos povos indígenas, Elton John Oliveira Suruí, do estado do Pará, relatou os diversos problemas causados pela Vale na região como, por exemplo, os decorrentes dos recursos repassados aos povos Gavião e Xikrim, como forma de compensar os impactos causados pela mineradora. Segundo ele, os recursos causam muita briga interna e impede totalmente a participação destes povos em qualquer protesto contra a Vale, mesmo que não estejam satisfeitos. Por outro lado, inúmeros outros povos afetados pela mineradora não recebem nenhum tipo de conpensação.

    “Foi impressionante ver como, durante o debate, várias lideranças jovens, mas com muita maturidade, expressaram profunda indignação com o atual contexto de violação de direitos e, convidando todos para a luta, manifestaram sua disposição para o enfrentamento e reações diante desta situação”, relatou Rosana Diniz.

    Para saber mais sobre o Seminário Carajás 30 Anos, acesse: www.seminariocarajas30anos.org             

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  • 08/05/2014

    Caciques do povo Kaingang responsabilizam poder executivo por conflitos fundiários no RS

    Em documento enviado ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, caciques e lideranças do povo Kaingang, no Rio Grande do Sul, exigem a demarcação de seus territórios e responsabilizam o Poder Executivo “pela paralisação dos processos demarcatórios das terras indígenas no Estado do RS e pelas consequências dessas paralisações, incluindo os confrontos e os incidentes que deles resultem”.

    Os indígenas estiveram reunidos no dia 1º de maio no município de Ronda Alta (RS), e elencaram uma série de reivindicações, exigindo o “respeito e cumprimento da legislação brasileira e dos marcos internacionais de direitos territoriais dos Povos Indígenas para assegurar o cumprimento à Constituição Federal de 1988 que reconhece o direito originário dos Povos Indígenas aos nossos territórios tradicionais, e em conformidade com a Convenção 169 da OIT e com a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas”.

    Também são exigidas a regularização (considerando a particularidade de cada território) das Terras Indígenas Votouro-Kandóia, Passo Grande do Forquilha, Rio dos Índios, Serrinha, Nonoai, Ventarra, Nen Mag.

    Os caciques ainda convocam a Secretaria Especial de Direitos Humanos, a Secretaria Especial de Igualdade Racial e o Poder Judiciário para que sejam discutidas as violações de direitos humanos nas terras indígenas e a criminalização de lideranças no Rio Grande do Sul.

     

    Charge: Carlos Latuff


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