• 03/12/2014

    CPT lança Manifesto contra propostas que usurparão direitos das populações tradicionais

    A CPT se junta a outras entidades, organizações sociais e povos tradicionais para manifestar ao povo brasileiro o golpe que se aproxima contra os direitos dos grupos originários. Serão votados hoje no STF a ADIN 3239, que atenta contra os direitos  conquistados pelos remanescentes de quilombos, e na Câmara será avaliada a PEC 215, que, da mesma forma, coloca em risco os direitos indígenas. O povo brasileiro precisa se unir contra essa manobra que visa usurpar os direitos dos povos tradicionais desse país.

     

    Manifesto ao Povo Brasileiro

     

    Às vésperas do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal, STF, da Ação Direta de Inconstitucionalidade, ADIN 3239, proposta pelo partido Democratas, contra o Decreto Federal 4.887/200 e da votação pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados, do Substitutivo à Proposta de Emenda à Constituição 215/2000 expressamos nossa profunda preocupação com o que está acontecendo neste país. O Decreto Federal 4.887 de 20 de novembro 2003, regulamentou o processo de titulação das terras dos remanescentes das comunidades de quilombos criando mecanismos facilitadores do processo de identificação e posterior titulação do território das comunidades, encontrou no partido Democratas (um dos últimos resquícios da sustentação parlamentar da ditadura militar) ferrenha oposição até o ajuizamento de Ação junto ao STF alegando inconstitucionalidade do decreto.

     

    A PEC 215/2000 e seu Substitutivo é descaradamente inconstitucional e ultrajante aos povos. Inviabiliza novas demarcações de terras indígenas. Reabre procedimentos administrativos já finalizados. Legaliza a invasão, a posse e a exploração das terras indígenas demarcadas.

     

    O que une as ações dos ruralistas é o desejo de extermínio dos povos e comunidades tradicionais ao retirar-lhes os seus territórios fundamentais para a reprodução de suas vidas e dos seus modos de viver, seus costumes e tradições, seus saberes e sabores.

     

    Esperamos que os ministros do STF julguem a ADIN 3239 a partir dos direitos fundamentais da pessoa humana e não se enredem em questões minúsculas de formalidades jurídicas.

     

    Está em jogo o direito de populações que historicamente foram discriminadas, massacradas, jogadas à margem da sociedade. É mais que necessário que se garantam os poucos direitos tão duramente conquistados. Igualmente esperamos que a PEC 215/2000 seja definitivamente sepultada e o Estado respeite os direitos dos povos originários e comunidades quilombolas e que caminhemos para o reconhecimento dos Direitos da Mãe Natureza.

     

    02 de dezembro de 2014.

     

    Articulação Nacional de Quilombos – ANQ

    Comissão Pastoral da Terra – CPT

    Conselho Indigenista Missionário – CIMI

    Comunidade indígena – Povo Gamela/MA

    Associação Carlos Ubiali

    Justiça nos Trilhos

    Paróquia São Daniel Comboni

     

    GEDMA/UFMA

     

    Mais informações:

     

    Cristiane Passos (assessoria de comunicação CPT Nacional) – (62) 4008-6406 / 8111-

    2890

     

    Antônio Canuto (setor de comunicação CPT Nacional) – (62) 4008-6412

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  • 03/12/2014

    Indígenas do TO e militantes fazem ato no CTNBio contra o uso dos agrotóxicos

    Nesta quarta-feira (3), Dia Internacional do Não Uso dos Agrotóxicos, militantes e povos indígenas do Tocantis realizarão, em Brasília, um ato público em frente a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), órgão responsável pela avaliação e liberação do uso de transgênicos no Brasil.

     

    O evento é organizado pela Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, que é uma articulação entre diversos movimentos sociais, sindicatos e setores de toda a sociedade civil. O movimento, entre outras reivindicações,  defende que a CTNBio seja refundada.

     

    A campanha existe há quatro anos, muito motivada pela mobilização contra os impactos dos agrotóxicos à saúde pública, que atingem diversos territórios e envolvem diferentes grupos populacionais, como trabalhadores e trabalhadoras rurais, habitantes do entorno das fazendas, além de toda a população brasileira, que de um modo direto ou indireto acaba consumindo alimentos contaminados. Desde 2008, o Brasil se consolidou entre os principais consumidores de agrotóxicos do mundo.

     

    Os transgênicos foram apresentados com a finalidade de "revolucionar" a produção de alimentos, proporcionando menos uso de agrotóxicos e menor impacto ambiental.

     

    No entanto, segundo dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), de 2001 a 2012, a venda de agrotóxicos no Brasil passou de 328.413 toneladas para 823.226 toneladas, o que representa um crescimento de 288,41%. As datas de aumento rápido do uso de agrotóxicos coincidem com o uso oficial e não oficial de transgênicos no Brasil. Entre 2002 e 2003 começaram as primeiras denúncias de uso ilegal de transgênicos, que entravam pela Argentina. A partir de 2004, com o uso dos transgênicos praticamente consolidado, o governo aprova e regulamenta seu uso.

     

    Estes números demonstram que o aparecimento dos transgênicos concretizou nestes anos o aumento exorbitante do uso de agrotóxicos, além de ocasionar a contaminação genética de plantações não transgênicas. Outro fato preocupante é o aparecimento de estudos que ligam diretamente as plantas transgênicas a problemas na saúde humana, principalmente câncer.

     

    Desde que foi criada a CTNBio já aprovou cerca de 40 plantas geneticamente modificadas para comercialização, entre culturas de soja, milho, feijão, algodão e eucalipto. A maioria destes processos é questionada por boa parte da sociedade científica e civil por desconsiderar pareceres técnicos contrários a liberação, não respeitar o princípio universal da precaução e serem influenciados pelo poder econômico das transnacionais do setor de alimentos, entre outros fatores.

     

    Nesta quarta e quinta-feira ocorrerão reuniões da Comissão em que serão discutidas a liberação comercial de mais 16 novas plantas geneticamente modificadas, entre elas, a da soja resistente ao 2,4D, uma das substâncias do agente laranja usado na Guerra do Vietnã, que entre outros impactos é neurotóxico e causa alterações genéticas. Este herbicida foi banido na Noruega, Suécia e Dinamarca por representar grave risco à saúde humana e ao meio ambiente.

     

    A campanha defende que a CTNBio seja refundada, com ampla discussão na sociedade sobre seu caráter e sua composição. A Comissão deve interromper a liberação de novos transgênicos e revisar urgentemente os que foram liberados. O lucro e a ganância das transnacionais não pode se sobrepor a saúde humana, a soberania e segurança alimentar e a conservação ambiental. Por isso defendemos uma forma de produzir alimentos que contemple a justiça social, respeite a diversidade socioambiental brasileira, não utilize agrotóxicos, fertilizantes químicos e sementes transgênicas, mas que auxilie na conservação da natureza: a agroecologia.

               

    Qual modelo de agricultura favorece o povo?

     

    É necessário que o governo faça uma escolha do modelo de produção no campo. O agronegócio, além de usar muitos agrotóxicos e transgênicos, não gera empregos e não produz alimentos. Nos últimos 12 anos, a área plantada da maioria dos alimentos que comemos diminui, enquanto a de commodities agrícolas subiu – soja e milho para ração, algodão e eucalipto. A aparente importância econômica do agronegócio não leva em conta os subsídios econômicos para a produção e a renegociação (e perdão) de suas dívidas. Além disso, não mensura os exorbitantes custos sociais e ambientais deste modelo.

     

    Por outro lado, já existem no Brasil muitas experiências exitosas de produção agroecológica. A agroecologia propõe um modelo de produção sem o uso de agrotóxicos ou adubos químicos, focada no equilíbrio entre produção de alimentos e a natureza.

     

    Com a agroecologia, é possível produzir sem o uso de agrotóxicos, através da manutenção do equilíbrio natural do ambiente, alta diversidade de plantas e o uso de técnicas em consonância com os ciclos naturais. Com isso, a incidência das ditas "pragas", que causam muitos problemas nas monoculturas, é baixíssima ou inexistente.

     

    É importante mencionar que somente a agricultura familiar pode produzir alimentos sem veneno ou transgênicos, pois produz em pequenas propriedades e com maior diversidade de produtos. Atualmente, a agricultura familiar é responsável por 70% dos alimentos que chegam a mesa do brasileiro, o que comprova que não seria difícil implantar os princípios da agroecologia pelo país. Precisamos de pressão popular para impulsionar as mudanças!

     

    NÃO AO USO DE AGROTÓXICOS E TRANSGÊNICOS!

     

    AGROECOLOGIA É O CAMINHO!

     

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  • 02/12/2014

    “Direitos não se renunciam”, dizem povos do Tocantins em carta protocolada no Congresso Nacional

    Na tarde desta terça-feira (3) na Câmara dos Deputados, os mais de 45 indígenas que estão em Brasília representando oito povos do Tocantins reuniram-se com a Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Indígenas, para reforçar o repúdio dos povos em todo o Brasil à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215/2000, que poderá ser votada nesta quarta-feira pela Comissão Especial que analisa a matéria. Saiba mais

    Os indígenas protocolaram, no Congresso Nacional, um documento (abaixo) aos deputados e senadores denunciando as ameaças e violências contra os povos indígenas, perpetuadas durante os 500 anos de colonização. “A reunião foi boa, é importante conversarmos com os deputados que são sensibilizados pela nossa causa. Falamos que estamos aqui principalmente pela defesa do nosso território e que somos totalmente contra a PEC 215, porque nossos direitos não podem ser renunciados. Pedimos o apoio dos deputados para que esse laudo feito pela CNA seja arquivado”, disse Vagner Krahô, liderança do povo.

    Participaram da audiência os deputados Nilmário Miranda (PT-MG), Ságuas Moraes (PT-MT), Chico Alencar (PSOL-RJ) e Ivan Valente (PSOL-SP). Os indígenas, além de manifestarem-se contra a PEC, ainda pediram apoio aos parlamentares pela retomada das demarcações das terras indígenas e expressaram repúdio à indicação da senadora ruralista Kátia Abreu (PMDB-TO), presidente da CNA, para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

    No grupo vieram representantes dos povos Ava-Canoeiro, Apinajé, Krahô, Tapuia, Kanela do Tocantins, Xerente e Karajá de Xambioádo. “Divulgamos para eles a gravação da Polícia Federal que mostra o esquema por trás do relatório da PEC, que na verdade foi elaborado pela CNA”, disse Vagner. “É uma falta de respeito com a gente, porque somos humanos. Pedimos apenas pela nossa vida. Queremos a terra demarcada para a gente plantar e viver em paz”.

    Confira o documento:

     

    Senhores Deputados e Senadores

    Nos povos indígenas do Estado do Tocantins, aqui representado por seis povos viemos a Brasília lutar pelos nossos direitos, e nos unir forças aos demais povos indígenas do país nessa luta para garantir nossos direitos constitucionais, e denunciar as ameaças e violências que estamos sofrendo a cada dia pelos grandes projetos do governo federal, diante disso relembramos a luta árdua que enfrentamos contra as PECs, PORTARIAs, PLs entre outros criado por essa casa, caso continuarem tentar tira nossos direitos já garantido pela constituição 1988 entre outras leis internacionais, passaremos a buscar outras meios para denunciar esses crimes absurdo contra nossos povos, nos iremos nas instancias e tribunais internacionais.

    No Tocantins nossas lideranças sofrem grandes ameaças por parte dos Órgãos indigenista do governo, ao invés de políticas eficazes, participativas respeitando nossas autonomias, continuam impondo abuso de poder causando subdivisão de nossos povos.

    Denunciamos também os grandes projetos do governo que cercam nossos territórios, tais como, Hidrovias, Rodovias, Hidrelétricas. Que impacta diretamente nossas comunidades entre eles estar o agronegócio que por sua vez despejam toneladas de venenos atingindo nossas vidas comprometendo nossa saúde.

    Em 500 anos não conseguirão nos exterminar com suas praticas de invasões, violência e massacres, nossas culturas, estratégias e união nos dão forças para enfrentar toda essa ameaças que caem sobre nosso povo.

    Encerramos dizendo que “direitos não se renunciam” e que nossa luta continuara pela vida e dignidade e autonomia de nossos povos.

    Brasília – DF 02/12/2014

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  • 02/12/2014

    Encontro latinoamericano sobre “Igreja e Mineração” começa nesta terça, 2, em Brasília

    Começa hoje, 2 de dezembro, em Brasília (DF), o encontro latinoamericano sobre “Igreja e Mineração, uma opção em defesa de comunidades e territórios”, cujo objetivo é debater os impactos territoriais e ambientais provocados pela mineração. O encontro reúne mais de 90 pessoas das igrejas cristãs e da sociedade civil que enfrentam no dia-dia conflitos provocados pelas empresas de mineração em todo continente latinoamericano.

    O encontro conta com o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a participação do Conselho Latino-americano das Igrejas (CLAI), pela defesa da vida e dos territórios para três dias de debate, trabalho e definição de estratégias e alianças, a fim de planejar um enfrentamento conjunto dos desafios frente aos megaempreendimentos causados por atividades minerárias.

    A atuação das empresas transnacionais de mineração na América Latina tem causado grandes impactos e graves danos socioambientais, assim como inúmeros casos de violações dos direitos humanos, além gerar impactos irreversíveis nos ecossistemas, comunidades e entornos sociais nos quais ela se desenvolve.  

    As comunidades mais pobres, pequenos agricultores, as populações tradicionais, indígenas e quilombolas são os mais impactados com as consequências desta exploração, e em muitas ocasiões nem sequer podem reivindicar seus direitos, pois os protestos contra estes projetos são criminalizados e muitas vezes violentamente reprimidos.

    Leigos, leigas, religiosas e religiosos e movimentos sociais estiveram e continuam ativamente comprometidos na denúncia dos impactos da mineração nos territórios. O encontro visa a partir das experiências de resistências compartilhadas buscar alternativas frente a este modelo de desenvolvimento, para fortalecer a articulação entre as comunidades eclesiais ativas nestes temas, além de incentivar espaços para um diálogo cada vez maior entre as bases das igrejas e as suas hierarquias sobre estes temas.

     

    Quando e Onde?

    O encontro será na cidade de Brasília (DF), de terça feira dia 2 até sexta dia 5 de dezembro de 2014, no Centro Cultural de Brasília, SQN 601 L2 Norte.

    Programação:

    Terça 2 de dezembro: acolhida

    Quarta 3 de dezembro: contextualização e debate

    9.30 h – A mineração e a vida das comunidades em América Latina: conflitos, resistências, perspectivas.

    14.30h – Apresentação do caminho ‘Iglesias y Minería’

    Quinta 4 de dezembro

    Debate sobre Igrejas, movimentos sociais e responsabilidade social das empresas.

    Sexta 5 de dezembro

    Coletiva de Imprensa às 11h

    Para mais informações:

    iglesiaymineria@gmail.com

    Luana Luizy– assessoria de comunicação do encontro, (61) 8128-57-99/ luanaluizy@gmail.com

     

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  • 02/12/2014

    PEC 215: Relatório sob suspeita de ter sido elaborado pela CNA pode ser votado amanhã

    Brasília, 2/12/2014 – Podem ser votadas nesta quarta-feira (3), no Congresso Nacional, duas propostas que restringem drasticamente os direitos territoriais indígenas e pretendem paralisar definitivamente a demarcação de Terras Indígenas (TIs), Unidades de Conservação (UCs) e Territórios Quilombolas.

    Na Câmara dos Deputados, o parecer da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215/2000, apresentado pelo deputado ruralista Osmar Serraglio (PMDB-PR) no dia 17/11, pode ser apreciado na Comissão Especial que analisa a matéria, às 14h30, no Plenário 12. A Comissão Mista de regulamentação da Constituição também pode votar o Projeto de Lei (sem nº) que regulamenta o Art. 231 da Constituição Federal, de autoria do senador Romero Jucá (PMDB-RR), às 14h, no Plenário 13 da Ala Alexandre Costa, no Senado.

    Mais de 45 indígenas, de oito povos do Tocantins, estão em Brasília para realizar mobilizações contra os dois projetos, nesta terça e quarta-feira, no Congresso. No grupo vieram representantes dos povos Ava-Canoeiro, Apinajé, Krahô, Tapuia, Kanela do Tocantins, Xerente e Karajá de Xambioádo.

    PEC 215 – Relatório “terceirizado” pela CNA

    O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal investigam ruralistas por interferência indevida na tramitação da PEC (saiba mais). Por meio de interceptações telefônicas, o MPF descobriu que Sebastião Ferreira Prado, líder de uma associação de produtores rurais, planejava o pagamento de R$ 30 mil ao advogado Rudy Maia Ferraz, que seria ligado à Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), pela elaboração do parecer que Serraglio apresentou, em novembro, na Comissão Especial da PEC 215 (veja aqui).

    Na ocasião, o MPF remeteu documentos relacionados à possível participação de parlamentares federais no caso à Procuradoria Geral da República para que fossem adotadas as medidas cabíveis. O esquema foi descoberto, em agosto, durante a investigação de uma organização criminosa que aliciava pessoas para promover a reinvasão da Terra Indígena Marãiwatsédé (MT). O grupo recebia, segundo o MPF, recursos de outros Estados e apoiaria ações semelhantes na Bahia, Paraná, Maranhão e Mato Grosso do Sul.

    Na época, a Justiça Federal do Mato Grosso considerou que os fatos representavam “um desvirtuamento da conduta do parlamentar responsável pela elaboração da PEC, eis que a CNA é parte política diretamente interessada no resultado da mencionada PEC”.

    Apresentado por Serraglio como substitutivo, o novo relatório propõe uma ampla gama de exceções ao direito de posse e usufruto das terras por parte dos povos indígenas, além de inviabilizar novas demarcações e legalizar a invasão, a posse e a exploração das terras indígenas demarcadas.

    Entre outros pontos, transfere do Executivo para o Congresso a prerrogativa de aprovar a oficialização de TIs, UCs e Territórios Quilombolas e adota a data de promulgação da Constituição (5/10/1988) como “marco temporal” para comprovar a posse indígena, ou seja, a comunidade teria direito à terra apenas se puder demonstrar que ocupava o território nessa data (saiba mais).

    PL que regulamenta o Art. 231 – interesses privados em detrimento do direito indígena

    O Projeto de Lei Complementar que regulamenta o Art. 231 da Constituição Federal é assinado pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR), ex-líder do governo no Senado, mas, de acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), teria sido elaborado pelo advogado-geral da União (AGU), Luís Inácio Adams. A proposta classifica propriedades rurais como “área de relevante interesse público da União”. Como consequência, o projeto estabelece que essas áreas poderão ser excluídas da delimitação das terras indígenas se seus títulos de ocupação forem “considerados válidos” ou poderão ser objeto de desapropriação ou de compensação com outra área ofertada pela União. Dessa forma, o projeto transforma interesses privados em "relevante interesse público da União".

    Mobilização em Brasília

    Os indígenas do Tocantins estarão mobilizados nesta terça e quarta-feira no Congresso Nacional e, além de manifestar-se contra as proposições anti-indígenas de parlamentares ruralistas, o grupo cobrará a retomada das demarcações das terras indígenas por parte do governo Dilma – o que menos tem demarcado terras desde a ditadura militar, e manifestará repúdio à indicação da senadora ruralista Kátia Abreu (PMDB-TO), presidente da CNA para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.


    Acesse alguns documentos sobre a PEC 215:

    Análise Ministério Público Federal

    Parecer da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania

    Parecer Conselho Indigenista Missionário

    Assessoria de comunicação da Mobilização Nacional Indígena

     

    Oswaldo Braga (ISA) – (61) 3035-5104 / 9103-2127 / oswaldo@socioambiental.org

    Carolina Fasolo (Cimi) ­– (61) 2106-1650 / 9686-6205 / carolgfasolo@gmail.com

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  • 01/12/2014

    Mulheres indígenas do TO divulgam carta pela libertação de Elton Suruí

    Durante encontro na aldeia Morro do Boi, no município de Itacajá, no Tocantins, mulheres indígenas de cinco povos do estado elaboraram carta pedindo a libertação de Elton Suruí, preso pela Polícia Federal em Marabá (PA) desde outubro. Leia o documento na íntegra:

     

    Carta de Solidariedade ao Guerreiro Elton Suruí

    Nós, Mulheres Indígenas dos Povos Krahô, Apinajé, Xerente, Karajá Xambioá, reunidas na aldeia Morro do Boi do povo Krahô, município de Itacajá, Tocantins, refletimos e analisamos a injustiça de sua prisão, mais um parente nosso perseguido e criminalizado por denunciar a violação dos Direitos Indígenas, cometidos na região do Pará, onde já foi derramado muito sangue com a Guerrilha do Araguaia.

    Ele é defensor dos direitos indígenas, da luta travada contra os grandes projetos que afetam nossos territórios, não podemos mais viver em paz. Quando reivindicamos nossos direitos, as lideranças são presas, criminalizadas, ameaçadas por órgãos do próprio governo que deveria defender e apoiar a nossa luta.

    Precisamos de parente que tem a coragem do Elton, que não se cala diante do Kupem (homem branco), para denunciar e provocar o governo dos sérios problemas que o nosso povo está vivendo, estamos morrendo em nossas aldeias, por falta de assistência na saúde indígena.

    O Kupem prende as nossas lideranças como se fossem criminosos, mas o Elton não, ele somente defendeu sua comunidade, luta para que seu povo tenha o atendimento de qualidade.

    Pedimos que os órgãos públicos parem de ameaçar prender nossas lideranças em todo o Brasil, somos os primeiros filhos dessa terra, temos nossos direitos garantidos pela Constituição Federal, e ninguém vai arrancar esses direitos.

    Pedimos com urgência que Elton Suruí seja libertado, pois as acusações cometidas contra ele são mentirosas, não queremos parente nosso preso injustamente, estamos acompanhando de nossas aldeias esse caso.

    As autoridades competentes libertem o nosso amigo, que ele volte para sua aldeia de origem, para sua família, para seus filhos e sua comunidade. Somos filhos da terra, da água, somos povos livres, não vivemos presos, longe do nosso território.

    Vamos continuar lutando, não vamos calar nossa voz, o Elton é um dos nossos guerreiros jovens, preparado para o enfretamento em favor dos nossos direitos.

    Soltem o Jovem Elton Suruí!

     Aldeia Morro do boi 27 de novembro de 2014

    Mulheres indígenas Krahô, Apinajé, Xerente, Karajá de Xambioá.

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  • 01/12/2014

    Ruralistas ampliam ataque aos direitos fundiários dos povos indígenas

    O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) repudia veementemente o texto do “Substitutivo à Proposta de Emenda à Constituição 215/2000” apresentado pelo deputado ruralista Osmar Serraglio (PMDB-PR), no dia 17 de novembro de 2014 (LEIA INTEIRO TEOR). A PEC 215/2000 e seu Substitutivo é descaradamente inconstitucional e ultrajante aos povos. Inviabiliza novas demarcações de terras indígenas. Reabre procedimentos administrativos já finalizados. Legaliza a invasão, a posse e a exploração das terras indígenas demarcadas.

    O Substitutivo propõe uma ampla gama de exceções ao direito de posse e usufruto das terras por parte dos povos indígenas. Além das “ocupações configuradas como de relevante interesse público da União”, as exceções e limitações à posse indígena também se aplicaria em relação à “instalação e intervenção de forças militares e policiais, independentemente de consulta às comunidades indígenas", à "instalação de redes de comunicação, rodovias, ferrovias e hidrovias”, à “área afetada por unidades de conservação da natureza”, a “perímetros urbanos” e ao “ingresso, trânsito e permanência autorizada de não índios, inclusive pesquisadores e religiosos”.


    Além de vedar à “ampliação de terra indígena já demarcada”, a proposta determina que a delimitação definitiva das terras indígenas seria feita somente por meio da aprovação de projeto de lei. Sendo assim, a demarcação de toda e qualquer terra indígena teria que passar pela aprovação da Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. Com um Congresso Nacional dominado pelo ruralismo e interesses das grandes corporações empresariais multinacionais do campo, a consequência prática disso seria o total impedimento de novas demarcações de terras. A Proposta estabelece ainda que, “havendo conflito fundiário”, deve ser feita a “permuta de áreas”.


    Concomitantemente, a Proposta ressuscita a estratégia usada pelo Estado e inimigos dos povos para promover o roubo e o esbulho dos territórios indígenas em décadas passadas ao definir que “As comunidades indígenas em estágio avançado de integração com os não índios podem se autodeclarar, na forma da lei, aptas a praticar atividades agropecuárias e florestais sustentáveis, celebrar contratos, inclusive os de arrendamento e parceria”.


    Por fim, e não menos grave, o Substitutivo apresentado pelo deputado ruralista Osmar Serraglio, além de abrir a possibilidade das comunidades indígenas “permutar, por outra, a área que originariamente lhe cabe”, determina que “Os procedimentos de demarcação que estejam em desacordo com as disposições desta Emenda Constitucional serão revistos no prazo de um ano, contado da data da publicação desta Emenda”. Com isso, como evidente, abrir-se-ia uma situação de profunda fragilidade e instabilidade jurídica e política relativamente às terras indígenas já demarcadas e que estão na posse dos povos indígenas.


    O Cimi reafirma o compromisso de manter o apoio às necessárias, urgentes e abrangentes mobilizações dos povos em defesa do direito às suas terras e às suas Vidas. Não à violência da Bancada Ruralista no Congresso Nacional. Sim à causa e à vida dos povos originários. Pela rejeição da PEC 215/00.


    Brasília, DF, 1° de dezembro de 2014

    Cimi – Conselho Indigenista Missionário

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  • 01/12/2014

    Para rechaçar REDD+ e as indústrias extrativas, enfrentar o capitalismo e defender a vida e os territórios

    COP20, Lima, Dezembro de 2014

    Por ocasião das negociações da ONU sobre mudanças climáticas em Lima, no Peru – conhecidas como a COP20 -, advertimos que rechaçar REDD+ e os ‘serviços ambientais’, no contexto da ‘economia verde’, é uma parte central da nossa luta contra o capitalismo e as indústrias extrativas e em defesa dos territórios, da vida e da Mãe Terra.

    Os acordos das Nações Unidas sobre o clima têm falhado em reduzir as emissões de gases que geram o aquecimento global. De fato, os mecanismos e políticas surgidos a partir destes acordos, entre os quais está REDD+, têm permitido continuar, legitimar e intensificar atividades destrutivas como são as mineiras, petroleiras, gasíferas e carboníferas, as monoculturas florestais e o agronegócio, entre outras. Estas indústrias, que são as principais causadoras da crise climática, têm adotado discursos de ‘sustentabilidade’, ‘desmatamento zero’, ‘responsabilidade socioambiental’, ‘dissociação’ ou ‘projetos de baixo carbono’, sob o guarda-chuva de uma economia “verde”. Mas sabemos que mais além da propaganda para lavar sua imagem, o modelo extrativista e o capitalismo global institucionalizado sempre resultam no saqueio da Mãe Terra, assim como no despejo, violência, destruição e criminalização das comunidades, povos, terras e territórios.

    No marco da economia ‘verde’, seus promotores pretendem fazer-nos crer que é possível um ‘crescimento sustentável’ da economia, que pode ‘dissociar-se da natureza’ com as formas de produção capitalista, ou que é factível ‘compensar’ ou ‘mitigar’ a contaminação ou a destruição de um lugar com a ‘recriação’ ou ‘proteção’ de outro. Sob uma lógica injusta e colonialista, a economia ‘verde’ subjuga a natureza e os povos autônomos ao impor restrições sobre o uso e controle de seus territórios para encher os bolsos de alguns poucos, inclusive quando as comunidades são as que mantêm títulos de propriedade.

    Um dos pilares fundamentais do novo capitalismo global são os ‘serviços ambientais’. Eles significam a submissão, financerização, mercantilização, servidão e escravização da natureza à lógica do capital. O mercado de carbono, a compensação de biodiversidade ou os mercados de água são parte desta forma de capitalismo. Os ‘serviços ambientais’ são, em si mesmos, interdependentes do modelo econômico hegemônico.

    Uma das suas formas é o programa para a Redução das Emissões derivadas do Desmatamento e da Degradação das florestas (REDD), e da conservação, manejo sustentável e aumento de ‘reservas’ de carbono (REDD Plus ou REDD+), e agora também, a agricultura chamada ‘climaticamente inteligente’. Os impulsores de REDD+ esperam que a COP20 em Lima sente as bases para incluí-lo formalmente no próximo acordo internacional sobre o clima em 2015 durante a COP21 em Paris. De todas as maneiras, desde vários anos existem projetos e programas deste tipo, e que estão em constante expansão. Várias empresas, ONGs e governos, assim como os fundos de carbono do Banco Mundial e da ONU, estão empenhados em seguir adiante com esse negócio.

    Na prática, dado que as florestas se encontram principalmente em terras indígenas e que os camponeses e camponesas alimentam ao mundo, estes esquemas convertem os territórios indígenas e as terras agrícolas tanto em ‘sumidouros’ de dióxido de carbono como em ‘bancos’ de água ou biodiversidade.

    Por outro lado, do ponto de vista de combater o desmatamento o mecanismo é também absurdo, pois quanto mais desmatamento e ameaça às florestas haja, mais projetos de REDD+ podem ser justificados e levados a cabo com o objetivo de vender a ‘escassa’ mercadoria do carbono.

    Assim, com REDD+ a capacidade das florestas e solos de absorver carbono e retê-lo, das plantas de fazer fotossíntese, de criar a água, de cultivar ou criar biodiversidade está sendo quantificada, monetarizada, apropriada, privatizada e financeirizada como qualquer mercadoria. O comércio de ‘serviços ambientais’ também impulsiona a impunidade dos contaminadores e destruidores porque, ao invés de cumprirem leis que os proíbem contaminar e desmatar, podem ‘compensar’, além de evitar combater a mudança climática, pois não se ataca o que a provoca. A imperante necessidade de não extrair mais combustíveis fósseis, de deter a agricultura e as monoculturas industriais ou de assegurar o respeito aos direitos dos povos indígenas, que dependem, vivem e são parte das florestas, e dos camponeses e camponesas, de manejar, manter e controlar seus territórios, não são temas na agenda das negociações, de modo que a espiral continua e aumenta.

    Um claro exemplo nefasto dos projetos tipo REDD+ é aquele firmado entre os estados da Califórnia nos Estados Unidos, Chiapas no México, e Acre no Brasil, que pretende que as indústrias que contaminam na Califórnia o possam continuar fazendo em troca da compra de créditos de carbono de atividades REDD+ no Acre e em Chiapas. Se bem o Acre seja geralmente apresentado ao mundo como o ‘modelo da economia verde’, a realidade é outra: a exploração de madeira e o comércio de carbono vêm deixando devastação nos territórios e viola os direitos dos povos da floresta (1), como está sendo reportado pela Plataforma Dhesca (de direitos humanos, econômicos, sociais, culturais e ambientais), depois da sua missão no Acre em 2013 (2). Outros exemplos incluem o caso da comunidade N’hambita em Moçambique, que assinou um contrato com a empresa inglesa Envirotrade para que esta comercializasse créditos de carbono REDD+, pelo quê seus habitantes, em lugar de alimentos, terão que ‘cultivar carbono’ em seus territórios durante 99 anos (3). Outros exemplos como no Quênia (4), Congo (5), Papua Nova Guiné (6), Camboja (7), Brasil (8), e mais casos, demonstram como projetos REDD+ podem significar despejos forçados, prisões e despojo de territórios.

    Já são numerosas as comunidades que têm sido pressionadas ou enganadas a firmar contratos que supõe a perda de seus direitos sobre suas terras e territórios ancestrais (9). Os projetos tipo REDD+, além disso, não garantem que as empresas extrativas não ingressem nos territórios. Por exemplo, ‘Socio Bosque’, o programa tipo REDD+ do Equador, onde as comunidades estão obrigadas a cuidar a floresta por 20 ou 40 anos para que o Estado possa assegurar-se que os ‘serviços ambientais’ estejam conservados e possam ser comercializados, permite a extração de petróleo ou a mineração nestas zonas (10).

    Não obstante, REDD+ anuncia querer combater o desmatamento, garantir a participação local, melhorar a gestão das florestas, melhorar as condições de vida e desenvolvimento das populações locais e, em certas ocasiões, inclusive implementar os direitos territoriais, além de alegar combater as mudanças climáticas. Mas os incontáveis programas nacionais e sub-nacionais, acordos bilaterais e multilaterais e os projetos REDD+ a nível mundial demonstram cada vez mais que estas são mentiras e que seu objetivo é o de acumular mais capital e controlar territórios. As comunidades afetadas por projetos REDD+, seja de forma direta ou indireta – através das empresas contaminadoras que se beneficiam com os créditos de carbono gerados por tais projetos, ou através do Estado, não têm sido realmente informadas do que significa este tipo de compromissos. Os projetos REDD+ já estão definidos por seus promotores antes de serem apresentados às comunidades, roubando-lhes na prática a opção real de aceitar ou não o projeto, ou simplesmente são enganadas e caem na ‘redd’, vendo as promessas não serem cumpridas.

    Da mesma forma que REDD+, a chamada agricultura ‘climaticamente inteligente’, em lugar de ser uma solução para as mudanças climáticas, é uma tentativa a mais das corporações de biotecnologia e do agronegócio para patentear as sementes e controlar as terras agrícolas.

    Este mecanismo incitado pela FAO e o Banco Mundial, entre outros, aponta a que as camponesas e os camponeses adotem determinadas práticas de cultivo e utilizem sementes transgênicas ‘prontas para o clima’, despojando-lhes de seus campos, de sua autonomia, soberania alimentar e conhecimentos ancestrais. A Via Campesina denunciou que a agricultura ‘climaticamente inteligente’ é a continuação de um projeto iniciado com a revolução Verde na década de 1940 e que continuou nos anos 70 e 80 com os projetos de Redução da Pobreza do Banco Mundial que dizimaram as economias campesinas particularmente no Sul, provocando a perda da soberania alimentar e os tornando dependentes do Norte para poder alimentar a sua população” (11). Hoje, por exemplo, um programa do Banco Mundial no Quênia busca gerar créditos de carbono ao exigir ‘praticas sustentáveis de manejo de terras’, as quais incluem o uso sementes de uma variedade de milho híbrido que a Syngenta vende localmente, pressionando para que os camponeses e camponesas abandonem suas espécies nativas (12). Os partidários dessa perigosa falsa solução querem converter os campos, solos e cultivos em créditos de carbono, o que levaria a um incremento na usurpação de territórios e no despojo de direitos.

    Inclusive as monoculturas de árvores estão sendo camufladas como ‘climaticamente inteligentes’. O avanço das plantações em grande escala de árvores de eucaliptos, pinus, acácias, palma africana e outros é em realidade um processo de aprofundamento da acumulação de capital impulsionada pelas corporações sobre os territórios. As plantações são consideradas como ‘sumidouros’ de carbono e por tanto aptas para beneficiarem-se de créditos de carbono. Assim, em Aceh, no norte da Indonésia, um projeto REDD+ com 770 mil hectares foi desenvolvido pela ONG Fauna & Flora Internacional, a empresa broker de carbono Carbon Conservation e o então governador de Aceh. O documento do projeto afirma que uma forma de ‘compensar’ a perda de florestas na área designada para o projeto REDD+ seria através das plantações de palma africana, para as quais se estimou a ‘capacidade de absorver carbono’, para poder antecipar assim quantos créditos de carbono poderia gerar o projeto. Por sua vez, as comunidades locais na área do projeto têm afirmado em numerosas ocasiões não haver sido devidamente consultadas sobre o mesmo ou não ter recebido nenhum beneficio, senão ao contrário, a questão da propriedade de suas terras segue sendo um grave problema sem resolver (13).

    Empresas como a petroleira Shell ou a mineira Rio Tinto, de plantações florestais e papel e celulose como Green Resources e Suzano, agroindustriais como Wilmar, Monsanto e Bunge, organismos multilaterais como PNUD ou FAO, transnacionais da conservação como Wildlife Works, WWF, The Nature Conservancy ou Conservação Internacional, empresas consultoras, bancos públicos e privados e muitos governos elaboram, apóiam e financiam projetos e programas REDD+ e de agricultura ‘climaticamente inteligente’. Estes mecanismos minam as verdadeiras soluções à crise climática, pois são uma distração às mudanças necessárias nas formas de produção e consumo e rumo a economias e sociedades livres de combustíveis fósseis.

    Não devemos deixar-nos enganar pelas mentiras e propagandas enganosas. Sabemos que as negociações sobre o clima, cada vez mais capturadas pelo poder corporativo, não tratam de salvar o clima, nem proteger as florestas e as terras, nem erradicar a pobreza ou respeitar os direitos dos povos indígenas. Pelo contrário, protegem covardemente a corporações depredadoras, reforçando um modelo destrutivo e patriarcal. O que é ainda pior, manipulam informações para culpar pequenos agricultores e agricultoras e povos que vivem e dependem das florestas, como se fossem os principais causadores das mudanças climáticas por criar parcelas para a agricultura de subsistência, quando na realidade são justamente os e as habitantes tradicionais dos territórios que têm permitido a conservação das florestas, das fontes de água e dos ecossistemas.

    Não podemos permitir que as falsas soluções para as mudanças climáticas, como REDD+ e a chamada agricultura ‘climaticamente inteligente’, destruam o equilíbrio da Mãe Terra. Devemos nos opor a este tipo de programas e aos ‘serviços ambientais’ que buscam perpetuar o capitalismo.

    Devemos seguir impulsionando a transformação do atual modelo de produção e lutar contra as políticas impostas sobre os povos que priorizam a reprodução do capital por cima da reprodução da vida. São as lutas de indígenas, camponeses e camponesas, residentes urbanos, pescadores e pescadoras, mulheres, homens e jovens em defesa dos direitos e dos territórios que vêm guiando o caminho. São os povos que se opõem a extração petroleira e mineira, aos serviços ambientais, aos projetos agroindustriais e de monoculturas, os que estão dando passos certeiros frente às mudanças do clima. A esses povos, em lugar de criminalizá-los, há que respeitá-los e reconhecer seus esforços por contribuir a uma transformação global.

    Devemos nos organizar pela defesa dos territórios indígenas, pela defesa das populações que vivem, dependem e são parte doas florestas, pela defesa da autonomia sobre o controle de seus territórios, pela defesa da Mãe Terra.

    Por essas razões dizemos SIM à defesa dos territórios, à defesa das populações que vivem, dependem e são parte das florestas, a sua autonomia sobre seus territórios, e à defesa dos direitos da natureza.

    Basta de projetos extrativos, Não aos serviços ambientais, Lutar contra REDD+ também é combater o capitalismo! Não à criminalização dos povos que defendem seus territórios!

     Junte-se à marcha da cúpula dos povos!

     

    Assinam, inicialmente:

     

    Acción Ecológica, Equador

    Aliança RECOs – Redes de Cooperação Comunitária Sem Fronteiras

    Alternativa Intercambio con Pueblos Indígenas, Estado espanhol

    Amigos de la Tierra, América Latina y el Caribe (ATLAC)

    Amigos de la Tierra, Brasil

    Asamblea Nacional de Afectados Ambientales, México

    Bia´lii, Asesoría e Investigación, A.C., México

    Carbon Trade Watch

    Ceiba / Amigos de la Tierra, Guatemala

    Censat / Amigos de la Tierra, Colômbia

    Centro de Investigación, Documentación y Asesoría Poblacional (CIDAP), Peru

    Centro de Mujeres Aymaras Candelaria, Patacamaya, Bolívia – Sud América

    Cesta / Amigos de la Tierra, El Salvador

    Coeco Ceiba / Amigos de la Tierra, Costa Rica

    Colectivo de Miradas Críticas del Territorio desde el Feminismo, Equador

    Colectivo Voces Ecológicas (COVEC), Panamá

    Consejo Cívico de Organizaciones Populares e Indígenas de Honduras (Copinh), Pueblo Lenca, Honduras

    Conselho de Missão entre Povos Indígenas (COMIN), Acre e Sul do Amazonas, Brasil

    Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Brasil

    Corporate Europe Observatory (CEO)

    Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social, Brasil

    GroundWork / Amigos de la Tierra, Sudáfrica

    Grupo de Estudos em Produção do Espaço Amazónico (UFAC)

    Instituto Transnacional (TNI)

    Marcha Mundial de las Mujeres

    Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Brasil

    Movimento Mulheres pela P@Z!   

    Movimiento Mundial por los Bosques Tropicales (WRM)

    Núcleo de Pesquisa Estado, Sociedade e Desenvolvimento na Amazônia Ocidental (UFAC)

    Observatorio ciudadano de servicios públicos, Guaiaquil, Equador

    Oilwatch América Latina

    Oilwatch Internacional

    Otros Mundos Chiapas / Amigos de la Tierra, México

    Red de Ambientalistas Comunitarios de El Salvador (RACDES), El Salvador

    Red Latinoamericana contra los Monocultivos de árboles (RECOMA)

    REDES / Amigos de la Tierra, Uruguai

    Redmanglar Internacional

    Regional Latinoamericana de la UITA

    Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Xapuri – Acre, Brasil

    The Corner House, UK

    Para unir-se a esse chamado, enviar nome da organização e país para NoREDDCop20@wrm.org.uy Podem acessar o chamado em quatro línguas: Espanhol, Inglês, português e francês nos documentos disponíveis em http://wrm.org.uy/

     

    NOTAS:

    1.     Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais (WRM). Brasil: a contínua destruição das florestas e da biodiversidade no estado do Acre, considerada modelo de “Economia Verde” na Amazônia brasileira. Boletim 183. Outubro 2012.

    2.     Plataforma DHESCA Brasil, http://www.escr-net.org/es/node/364729

    3.     Via Campesina.  Moçambique, Comercio de Carbono e REDD +: campesinos cultivam carbono a serviço de contaminadores. 22 Junho 2012.

    4.     REDD-Monitor. Illegal evictions of the Embobut Forest in Kenya. 15 de Janeiro 2014.

    5.     Griffiths, Tom. “Seeing REDD? Forests, Climate Change Mitigation and the Rights of Indigenous People and Local Communities”. Maio 2009.

    6.     The Economist. “Money grows on trees”. 6 de Junho de 2009.

    7.     REDD-Monitor. Military clearing of community forests in Oddar Meanchey, Cambodia. 13 Juno 2014

    8.     Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais (WRM). Um projeto de redução de desmatamento no Paraná, Brasil, e a perseguição das comunidades. Boletim 169. Agosto 2011.

    9.     Ver por exemplo: Amigos da Terra Internacional, The Great REDD Gamble , 2014 em www.foei.org

    10.  CEDIB. PETROPRESS 21. Agosto de 2010. Industrias extrativas e o programa REDD. O que peca e reza, empata. 

    11.  Via Campesina. Desmascarando a Agricultura Climaticamente Inteligente. Setembro de 2014

    12.  Institute for Agriculture and Trade Policies. An Update on the World Bank’s Experimentation with Soil Carbon. Outubro de 2012.

    13.  REDD-Monitor. Série de artigos sobre o projeto em Aceh, Indonésia, Ulu-Masen
    Documento de Projeto Ulu-Masen. Project design note for CCBA Audit. Descimbre 2007

     

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  • 29/11/2014

    Em carta aberta, Conselho do Povo Terena reafirma que continuará na luta pelo território tradicional

    Após retomar parte de seu território tradicional, que incide na Fazenda Maria do Carmo, na madrugada de sexta-feira (28), 200 indígenas Terena foram atacados por seguranças armados. Em carta aberta do Conselho Terena, os indígenas afirmam que, “enquanto o ministro da Justiça não assinar a portaria declaratória da terra, continuarão na retomada”.


    Confira na íntegra o documento:


    Enquanto o ministro da Justiça não assinar nossa portaria declaratória continuaremos retomando fazenda por fazenda que incide em nosso território e faremos a autodemarcação de nosso território tradicional.


    Nós, Terena de Taunay/Ipegue reafirmamos que continuaremos retomando nosso território tradicional.


    O processo demarcatório da Terra Indígena Taunay/Ipegue iniciou-se em 1985 e mesmo com o prazo esculpido na Constituição Federal de 1988, de cinco anos para concluir todas as demarcações, nossa terra não está demarcada.


    Em 2010, a Justiça Federal suspendeu o processo demarcatório atendendo pedido dos fazendeiros. No entanto, em abril deste ano, essa decisão foi revogada e a sete meses estamos esperando o ministro da Justiça expedir nossa portaria declaratória.


    Mesmo sem nenhum entrave jurídico o Estado brasileiro se nega a concluir a demarcação de nossa terra.


    Diante disso, decidimos: Enquanto o ministro da Justiça não assinar nossa portaria declaratória continuaremos retomando fazenda por fazenda que incide em nosso território e faremos a autodemarcação de nosso território tradicional.

     

     

    Taunay/Ipegue, 29 de novembro de 2014.

     

    Conselho do Povo Terena

    Povo Terena

    Povo que se levanta!

     

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  • 29/11/2014

    Moção de repúdio à violência da ação do Estado contra o povo Pataxó de Boca da Mata no sul da Bahia

    Belo Horizonte, 27 de novembro de 2014.

    Nós, professores, funcionários e alunos do curso de Formação Intercultural para Educadores Indígenas da Faculdade de Educação da UFMG (FIEI/UFMG), manifestamos nosso repúdio e indignação à violência da ação do Estado contra o povo Pataxó da aldeia Boca da Mata, no sul da Bahia.

    No último dia 26.11.14, às 5 h da manhã, o povo Pataxó foi surpreendido com a ação violenta da polícia federal, polícia militar e civil do estado da Bahia que se utilizaram de bombas e balas de borracha para fazer cumprir mandado de reintegração de posse em benefício de fazendeiros invasores da terra tradicional do povo Pataxó. O fato narrado foi vivenciado por nossos alunos e professores que estavam na aldeia em atividades acadêmicas da etapa intermediária do curso FIEI, no referido período.

    Este grave conflito infringe a Constituição Federal de 1988 que garante o direito indígena à posse de suas terras imemoriais uma vez que, conforme apontam relatos históricos, a área do entorno do Monte Pascoal é tradicionalmente terra dos Pataxó, desde muito antes de 1500.

    Alertamos também para o fato de que alguns procedimentos legais referentes ao cumprimento de qualquer mandado de reintegração de posse não foram cumpridos, dentre eles, por exemplo, a presença da FUNAI, que poderia ter evitado a violência ocorrida, e o estabelecimento do diálogo prévio com o povo Pataxó.

    Solicitamos a imediata desintrusão da terra indígena e a devolução da mesma ao Povo Pataxó a fim de que a paz e a segurança possam ser restabelecidas na região bem como reiteramos nosso apoio ao Povo Pataxó.

    Professores, alunos e funcionários do curso de Formação Intercultural de Educadores Indígenas da UFMG (FIEI/UFMG)

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