• 03/06/2015

    “Não temos terra nem para enterrar nossos familiares mortos pelos fazendeiros”, diz liderança indígena à comitiva da CDH no Mato Grosso do Sul

    Não há como contar a história do Brasil sem dedicar vários capítulos aos povos indígenas do nosso país. Entretanto, a narrativa construída, ao longo dos séculos, não permitiu que os indígenas fossem os autores da sua própria biografia, elaborada, justamente, por aqueles que os enxergam como comunidades pouco civilizadas e, mais recentemente, como obstáculos à ganância infinita do agronegócio.

    Para verificar a real situação dos 45 mil Guarani-Kaiowá, que vivem no Mato Grosso do Sul, uma comitiva formada pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Ministério Público Federal, Polícia Federal, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Funai e do Conselho Indigenista Missionário se reuniu com representantes de mais de 20 aldeias indígenas. Às autoridades, foram relatados os casos de indígenas assassinados por jagunços na região, ameaças de morte a lideranças, omissão das autoridades policiais civis e militares e do Poder Judiciário, e foram feitas reivindicações pela demarcação das terras e melhores condições para saúde, educação e segurança.

    Nos últimos 11 anos, mais da metade de assassinatos de indígenas no Brasil ocorreram no Mato Grosso do Sul. Diante do quadro de violência, as lideranças clamam por justiça.  “Meu povo já tá cansado de esperar. Por que o assassino da nossa liderança não está na cadeia? questionou o cacique da Aldeia Potrero Guassu. Sobre a demarcação ele pediu o cumprimento da Constituição. “O homem branco fez a Constituição e não cumpre o que está escrito nela. Não fomos nós que escrevemos a Constituição”, cobrou.   

    Os pontos mais críticos de violência são nas áreas de retomada, locais que, originalmente, pertenciam aos indígenas, e de onde eles foram expulsos pelo governo brasileiro entre a década de 1940 e a década de 1970. Enquanto aguardam a demarcação de suas terras, os indígenas convivem com a violência e as intimidações dos fazendeiros da região. Em todo estado Mato Grosso do Sul existem 33 áreas de retomada.

    Segundo os indígenas, a demarcação das terras seria a solução para o fim da violência e para que as comunidades pudessem viver em paz. Mas, os processos de demarcação são demorados, como no caso da TI Taquara, que desde a década de 1990 tenta retomar os 9.700 hectares que possuíam quando foram expulsos pelo antigo órgão do Governo Federal, o Serviço de Proteção ao Índio (SPI), durante os anos de 1950. O conflito pela retomada acabou com a morte do cacique Guarani-Kaiowá Marco Veron, em 2003. O crime teve como mandante um fazendeiro.

    Situação semelhante ocorre na Aldeia Guyraroká, que espera pela demarcação há mais de 16 anos. Cacique Guyraroká, Papito Vilhalba conta que, além da violência, há também problemas no atendimento da saúde da comunidade. “Tudo foi devastado pelos fazendeiros, os rios estão contaminados pelo veneno, prejudicando nossa caça e alimentação. Pra piorar, nossa Aldeia só recebe a visita de um médico a cada 30 dias”, lamenta.

    Diante das condições verificadas, o Presidente da Comissão de Direitos Humanos, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) afirmou que todos os assuntos que foram tratados nas reuniões terão desdobramentos em Brasília. “Não há escolas nas aldeias, e onde há os alunos estudam no escuro. Na saúde, temos a mesma situação de precariedade. Existem mais de R$ 1 bilhão em recursos por meio de convênio para garantir a saúde dos indígenas, e aonde nós chegamos, não tem saúde”, observou Pimenta.

    O parlamentar afirmou que irá buscar com o Governo Federal ações que possam melhorar a infraestrutura dos Guarani-Kaiowá. “Nós vamos cobrar respostas do Governo. Vamos no Ministério da Educação saber por que não há escolas nas aldeias, vamos procurar o Ministério da Saúde, o Ministério da Justiça, o Supremo Tribunal Federal. Alguém tem que explicar o que está acontecendo”, comentou em tom de indignação o Presidente da CDHM.

    Carta à Comissão

    Durante a missão no Mato Grosso do Sul, foi apresentada a Carta dos Conselheiros da Aty Guasu ao Presidente da CDHM, deputado Paulo Pimenta. No texto, eles detalham a falta de infraestrutura e as condições precárias em que vivem, e fazem um apelo ao Governo pelo cumprimento da demarcação.

    Acompanhe trechos da Carta

    “Desde a invasão de nossos territórios, em 1500 temos enfrentado um desmonte permanente e continuo de nossos territórios tradicionais. No mato Grosso do Sul, para que o latifúndio pudesse prosperar, nos jogaram em Reservas apertadas, em reformatórios e campos de concentração indígena quando não mataram e destruíram povos e aldeias inteiras”.

    “Com isso temos vivido aqui no Mato Grosso do Sul, um cerco permanente de violência. Nós lideranças somos caçados dia e noite e para lutar pelos nossos direitos temos, mesmo que nos mantendo vivos, desistir de nossas vidas. Não podemos ter acesso às cidades, ter tranquilidade, nem pensar em futuro com nossos filhos e família. O numero de Guarani e Kaiowá mortos pelos fazendeiros ou pelo Estado permite comparações com tempos de guerra”.

    “Se o Governo cumprir a Constituição e demarcar nossos territórios tradicionais, resolverá a situação de massacre que estamos sofrendo, caso contrário só restará ao nosso povo a luta direta através de nossas retomadas e não recuaremos na luta pela nossa vida, mesmo sabendo que isso significa a morte de milhares de nosso povo”.

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  • 03/06/2015

    Kaingang cobram do Executivo aceleração nos processos demarcatórios e garantia de seus direitos

    A mobilização das lideranças Kaingang do Rio Grande do Sul (RS), em Brasília, entre os dias 25 a 27 de maio, bem como de lideranças de outras comunidades indígenas no Brasil, como de Mato Grosso do Sul (MS), reforçaram a luta dos povos pela garantia dos direitos indígenas no país. Na noite da última sexta-feira (29), depois de praticamente um ano (junho/2014), ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, assinou a portaria declaratória da área da Terra Indígena Guarani, no Jaguará em São Paulo.

    Ainda na semana em que os Kaingang estiveram em Brasília, um ato no Senado Federal reuniu a assinatura de 48 senadores se posicionando contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215. Com isso, mesmo sendo aprovada na Câmara, ao passar pelo Senado, diminui a chance de ser aprovada e consequentemente engavetada.

    Os Kaingang também estiveram reunidos com o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Miguel Rosseto. Na ocasião, foi entregue um documento com a avaliação do povo sobre a conjuntura política indigenista brasileira. Do executivo, eles cobram que sejam acelerados os processos de demarcação de território e assinaturas de portarias declaratórias.

    Segundo o documento, a reivindicação de informações sobre o andamento dos processos de demarcação já é antiga. Por isso, a delegação novamente exige da Presidência da República, do Ministério da Justiça e da Fundação Nacional do Índio (Funai) o cumprimento dos artigos 231 e3 232 da Constituição Federal. Nas reivindicações também estão a desintrusão da TI Rio dos Índios, o levantamento fundiário da TI Passo Grande da Forquilha e a publicação da portaria declaratória da TI Kandóia e da TI Irapuá.

    Também constam como reivindicações a conclusão dos laudos antropológicos e publicação dos relatórios das TI´s de Lajeado do Bugre, Xingú, Morro do Osso, Mato Castelhano e Carazinho. A criação dos Grupos Técnicos de Trabalho (GT) para a identificação de delimitação das TI´s Campo do Meio, Pontão, Faxinal e KetyjugTegtu (Santa Maria, Três Soitas) é mais uma das reivindicações .

    Outra questão bastante enfatizada pela delegação de Kaingangs foi a exigência da efetivação do atual presidente interino na Funai no cargo de presidente, dando a ele plenos poderes para cumprir a lei.

    Por fim, o documento ainda alerta que, caso não sejam vistos passos claros e concretos no sentido de atender as reivindicações, o povo Kaingang está organizado e articulado para realizar a autodemarcação e outras ações que visem assegurar o acesso a terra.

    Durante a visita, o grupo ainda participou de reuniões com a Funai, Ministério do Desenvolvimento Agrário e entregou documentos ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a revisão das decisões da 2ª Turma que anularam processos demarcatórios e portarias declaratórias.

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  • 03/06/2015

    Terra Indígena Jaraguá, em São Paulo (SP), é declarada pelo Ministério da Justiça

     Na última sexta-feira (29), o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, assinou a portaria declaratória da Terra Indígena Jaraguá, atestando a tradicionalidade da ocupação Guarani nos 532 hectares já reconhecidos como terra indígena pela Funai. A portaria, publicada no dia 1º de junho no Diário Oficial, avança uma etapa no processo de regularização fundiária; agora cabe à Presidência da República assinar a homologação da terra para consolidar a posse efetiva dos Guarani sobre seu território. Saiba mais.

    A assinatura da portaria, consequência de forte pressão dos Guarani, quebra o jejum de quase um ano sem nenhum movimento do Ministro da Justiça frente aos pedidos de declaração de TIs. A última, TI Paquiçamba, dos Yudja (PA), foi declarada como de posse permanente indígena em 2 de junho de 2014.

    Entretanto, apesar da portaria do ministro da Justiça, o processo de reintegração de posse da aldeia Itakupe, situada na TI Jaraguá, e movido pelo ex-deputado federal Tito Costa prossegue na Justiça. A Comissão de Terras Guarani Yvyrupa continua mobilizada contra o processo de reintegração de posse e reivindica agora a assinatura da Portaria da TI Tenondé Porã, localizada no extremo sul da cidade de São Paulo. Saiba mais.

    No próximo dia 18, quinta-feira, os Guarani estão convocando um ato público na Avenida Paulista, com essas pautas. A concentração será às 13h, no vão livre do Masp.

    Entenda o caso

    A TI Jaraguá foi reconhecida em 1987 com apenas 1,7 hectares de extensão, configurando-se como a menor TI no Brasil. A falta de espaço impede que os quase 700 indígenas que ali vivem exerçam o nhandereko – o modo de vida Guarani –, gerando a uma situação de grande vulnerabilidade social à comunidade. Essa situação foi agravada com a construção da rodovia dos Bandeirantes, em 1978. Além de cortar a TI ao meio, o alto fluxo de veículos provocou um aumento no número de acidentes e nos índices de violência da região.

    Em 2002, após muitos anos de luta e pressão do movimento indígena, iniciou-se o processo para a correção dos limites da TIs localizadas em São Paulo, de forma a adequar o espaço das aldeias à definição de terra indígena da Constituição de 1988: “as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições”.

    Dez anos depois, em 2012, no dia 19 de abril, a Funai aprovou o relatório que reconhece 15.969 hectares como parte da Terra Indígena Tenondé Porã e no ano seguinte, em 13 de abril de 2013, divulgou o relatório identificação da TI Jaraguá.

    Foto: Ato "O Jaraguá é Guarani", realizado no dia 27/7/2014, em frente ao TRF da 3ª Região, na Av. Paulista, em protesto contra os processos de reintegração de posse na TI Jaraguá

     

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  • 02/06/2015

    Sentença suspende licenças da usina São Manoel, mas não entra em vigor por aplicação de instituto jurídico da ditadura

    A Justiça Federal em Cuiabá sentenciou processo judicial sobre o licenciamento da usina hidrelétrica de São Manoel, no rio Teles Pires, na divisa entre o Pará e o Mato Grosso, suspendendo as licenças concedidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama)  por falta de estudos de impactos sobre os indígenas Kayabi, Apiaká e Munduruku, atingidos pela obra. Como em outros processos que discutem irregularidades em obras do governo federal na Amazônia, a sentença não vai entrar em vigor e a obra deve continuar, por conta da aplicação do instituto jurídico da suspensão segurança.

    Inserida no ordenamento jurídico pela ditadura militar, a suspensão de segurança permite a continuidade de obras e políticas consideradas essenciais pelo governo por razões de economia pública. No caso de São Manoel, logo após a concessão de liminar também pela Justiça do Mato Grosso, a Advocacia-Geral da União conseguiu a suspensão com a presidência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília. Para o juiz Ciro José Arapiraca, a análise de toda a documentação do processo demonstra a ausência de estudos adequados sobre os impactos da usina nos indígenas, o que seria pressuposto lógico para o licenciamento do empreendimento.

    A barragem é uma das sete projetadas pelo governo para o rio Teles Pires e fica a menos de um quilômetro de distância da terra indígena Kayabi, uma das afetadas. Por causa das obras, já foram detectados graves impactos nas aldeias que ficam na área de influência, sem mitigações ou compensações previstas por conta da ausência dos estudos.

    A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), responsável pelos estudos, alegou na Justiça que os problemas apontados pelo Ministério Público Federal (MPF) em 2013 – quando a ação foi ajuizada – já teriam sido sanados. Mas o juiz registra na sentença que a alegação não foi comprovada. “Registre-se que a EPE não fez juntar aos autos qualquer novo estudo ambiental da envergadura de um EIA [estudo de impacto ambiental], constando nele o ECI [estudo de componente indígena], o que evidencia que a referida empresa pública ainda não promoveu as obrigações que lhe competiam, ferindo os interesses ambientais e indígenas que merecem especial proteção, conforme determinação constitucional.”.

    A ação do MPF se baseia em pareceres da Fundação Nacional do Índio (Funai), autarquia do próprio governo federal responsável pela defesa dos direitos indígenas. De acordo com a Funai, os estudos entregues pela EPE sobre a usina eram incompletos e os programas apresentados à título de mitigação e compensação de impactos, “insuficientes”.

    Segundo a Funai, faltou planejamento para ações integradas em proteção territorial, proteção aos índios isolados, proteção à saúde, monitoramento participativo da qualidade da água, da fauna e das espécies de peixes. Falta também planejamento para ações integradas de gestão territorial e ambiental, de recuperação de áreas degradadas, de formação e capacitação, de comunicação social, de educação ambiental, geração de renda, valorização cultural do patrimônio material e imaterial, entre outros itens ausentes.

    Para o MPF, a falta de estudos e planejamento é ainda mais grave por se tratar de um processo de licenciamento que, segundo palavras da própria Funai, é marcado “por conflitos e tensões, e alguns confrontos diretos” e em que o estudo do componente indígena está sendo feito de qualquer maneira, “apenas para cumprir tabela”.

    Processo nº – 0013839-40.2013.4.01.3600 – 1ª Vara Federal em Cuiabá (MT)

    Foto: Mário Bordignon – Arquivo Cimi

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  • 02/06/2015

    No MA, Ka’apor sofrem ameaças diárias e Estado continua omisso

    Indígenas Ka’apor da Terra Indígena (TI) Alto Turiaçu, no Maranhão, continuam sofrendo ameaças e intimidações devido às denúncias de exploração madeireira no território. Na última sexta-feira (29) uma das principais lideranças do Conselho de Gestão Ka’apor, não identificada por razões de segurança, foi cercada por uma caminhonete e um carro pequeno, na estrada de acesso à aldeia Ximborendá (à qual pertencia a liderança assassinada Eusébio Ka’apor), saída do município de Santa Luzia do Paruá.

    O carro onde estava a liderança e outras duas pessoas foi perseguido pelos veículos desde a cidade até a entrada da aldeia, onde dispararam tiros. “Parece que atiraram pra cima, pra assustar mesmo. Aí eu acelerei o carro e atravessei bem rápido por um lugar onde tinha outros parentes trabalhando pra recuperar um bueiro da comunidade”, explica. Depois de passar pelo local onde os indígenas trabalhavam, os carros deixaram de segui-lo. “Se a gente estivesse de moto podiam ter matado”.

    Os Ka’apor relatam que na mesma semana dois indígenas foram abordados por três homens armados na estrada que liga o município de Araguaña ao povoado de Betel – onde suspeitam ser a localidade do assassino de Eusébio. Os homens teriam dito que trabalhavam com madeireiros que estão desmatando uma área dentro da TI e que tirariam a madeira no verão. “Disseram que não era pra gente falar nada para as lideranças que estão denunciando os madeireiros, senão vão invadir nossa aldeia com muitos tiros e ‘ matar todos os índios da aldeia’”, disse um dos indígenas.

    Três das oito áreas de proteção – criadas para impedir a entrada de madeireiros no território – foram desativadas nas últimas semanas devido às ameaças sofridas pelas 25 famílias que ocupavam as aldeias. “As pessoas tiveram que retornar para as aldeias de origem e a entrada para os agressores ficou livre, já estão extraindo a madeira da nossa floresta de novo”, explica uma liderança do Conselho de Gestão.

    Vulneráveis à ação de criminosos que devastam a TI, os indígenas cobram segurança dos órgãos públicos “Não podemos ficar esperando parecer das investigações do assassinato do Eusébio, precisamos de ações que nos dêem segurança para andarmos livremente no território e para cidade quando a gente precisar”, reforça uma das lideranças.

    Foto: Ruy Sposati

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  • 01/06/2015

    Missão da CDHM nas áreas Guarani-Kaiowá encontra “um quadro de pobreza, miséria e tristeza, mas um povo valente e carinhoso”

    O grupo vai visitar outras áreas antes de retornar no dia 2 de junho, de madrugada. O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), presidente da CDHM e coordenador da missão oficial, disse ter encontrado “muita pobreza, miséria e tristeza, mas um povo valente e carinhoso”. São cerca de 45 mil Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul.

    Pela Câmara dos Deputados, participam da missão oficial, além do presidente e de assessores da CDHM, o deputado Zeca do PT (PT-MS). Também integram a comitiva representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai), Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, do Ministério Público Federal e do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

    O deputado Paulo Pimenta lembra que este é “um povo historicamente vitimado por ditaduras e pela agressividade do agronegócio sem limites e sem escrúpulos”. No Estado Novo foram confinados junto com outros povos indígenas em reservas insuficientes para viver. Com o Golpe de 1964, veio a Ditadura que matou e prendeu numerosas lideranças. Depois da redemocratização, continuaram a ocorrer casos de mortes, estupros, escravidão, torturas, envenenamento dos rios, entre outras mazelas.

    Pela avaliação in locu do presidente da CDHM, a situação desses povos brasileiros nativos “é insustentável face à Constituição e aos compromissos internacionais do País. A partir da experiência dessa missão oficial e dos nossos estudos sobre a questão, vamos propor ao Legislativo, Judiciário e Executivo soluções alinhadas com os princípios dos direitos humanos”, anunciou.

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  • 01/06/2015

    Nota de repúdio contra as ameaças à Cacica Eunice Antunes da Terra indígena Morro dos Cavalos

    A cacica Kerexu Yxapyry (Eunice Antunes), da Terra Indígena (TI) Morro dos Cavalos, município de Palhoça/SC, vem sofrendo graves ameaças contra sua integridade física, sua família e comunidade devido ao seu posicionamento firme na luta pela regularização da TI. O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) – Regional Sul quer tornar públicas essas ameaças e solicitar providências por parte das autoridades competentes.

    Desde o início de 2015, as ameaças de morte e perseguição a cacica retomaram com grande intensidade. Kerexu relatou que nos últimos dias indivíduos não identificados vêm constantemente invadindo a Terra Indígena e monitorando a movimentação em sua casa. As ações acontecem por pessoas em motocicleta, que chegam de madrugada e fazem ronda. Em uma dessas vezes, o disjuntor de energia que abastece sua casa caiu e o medidor de energia explodiu, deixando os moradores às escuras. Em outra ação, os estranhos seguiram Eunice. Ontem, 31 de maio, o tio da cacica foi abordado por sete jovens que novamente mandaram o recado com ameaças para cacica.

    Como das outras vezes que ocorreram as ameaças, elas foram precedidas de ataques difamatórios de parte da imprensa catarinense com o claro intuito de colocar a população contra os indígenas. Em 2014, o jornal Diário Catarinense, filiado ao grupo RBS, ligado à Rede Globo, publicou uma reportagem em cinco partes que destilava preconceitos contra a comunidade indígena e questionava a regularização da TI. O referido jornal, constantemente veicula matérias em que os Guarani aparecem como entrave ao desenvolvimento do Estado, principalmente no que se refere à construção de pistas adicionais na BR-101, que corta a TI Morro dos Cavalos.

    Nos últimos dias, foi publicada uma entrevista com um deputado federal e diversas matérias associando a TI Morro dos Cavalos com decisão judicial de outra Terra Indígena, todas contrárias aos Guarani. Não é de hoje que a comunidade indígena vem denunciando a violência contra os membros da comunidade e, principalmente, contra a cacica Eunice.

    Em 2013, o Cimi Sul protocolou documento junto à Secretaria Nacional de Direitos Humanos (veja aqui), denunciando as violências contra os Guarani em Santa Catarina e, especificamente, as ameaças de morte e agressões contra a comunidade indígena Morro dos Cavalos. Na época, a cacica havia recebido telefonemas anônimos com ameaça de morte e de queima da casa dela e de outros professores indígenas.

    Nos anos de 2013 e 2014, a comunidade indígena sofreu quatro ataques ao seu patrimônio por meio do corte criminoso das tubulações de água que abastecem as famílias, deixando-as sem água.

    Diante da falta de providência das autoridades competentes, a cacica decidiu tornar públicas as denúncias, manifestando que “em meio ao turbilhão de ataques e ameaças que estamos vivendo agora, não seria justo ficarmos calados sabendo que temos toda uma memória para mostrar. Temos que nos fazer valer de todas as ferramentas que os não indígenas criaram em nossa própria defesa, pois é assim que eles tentam nos destruir: tirando tudo o que foi nosso um dia e nos intimidando para nos calar”, denunciou a cacica Eunice.

    O Cimi Sul acredita que, para pôr fim a essa violência, é necessário e urgente a homologação da Terra Indígena por parte da presidente Dilma Rousseff, para que possa se concluir a indenização justa aos ocupantes não indígenas e a comunidade possa usufruir livremente da terra de seus antepassados.

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  • 01/06/2015

    Em nota, Apib reitera demandas do ATL e reivindicações voltadas ao direito territorial

    APIB reitera demandas do Acampamento Terra Livre e reivindicações voltadas a garantir o direito territorial e o fortalecimento da Funai


    Em 15 de abril, mobilizados por ocasião do Acampamento Terra Livre, mais de 1.500 lideranças de aproximadamente 200 povos indígenas de todas as regiões do Brasil, reunidos em Brasília – DF, por ocasião do XI Acampamento Terra Livre (ATL) endereçaram ao governo da Presidente Dilma uma carta pública exigindo da mandatária o cumprimento de seus compromissos de campanha para o segundo mandado manifestados na Carta aos Povos Indígenas do Brasil, em 23 de outubro de 2014.

     

    Na carta do ATL, reiterava-se a reivindicação encaminhada em 26 de março pela APIB e a Mobilização Nacional Indígena em que se exigia a homologação de mais de 20 terras indígenas “que estão sem qualquer impedimento judicial e/ou administrativo para o ato” e a publicação de número similar de Portarias Declaratórias e de Relatórios Circunstanciados paralisadas no Ministério da Justiça e na Funai, respectivamente.

     

    Na mesma carta de 26 de março, o movimento indígena também reivindicava do governo que trabalhasse pela inviabilização de iniciativas antiindígenas no Congresso Nacional e no Judiciário, concluindo com a reivindicação de que fosse efetivado na presidência da Fundação Nacional do Índio – Funai o Dr. Flávio Chiarelli Vicente de Azevedo, “para acabar com longos anos de sucessivos interinos, impossibilitados de exercer plenamente a sua função, em prejuízo do eficaz e satisfatório desenvolvimento do papel institucional do órgão indigenista”.

     

    A resposta do governo Dilma resumiu-se ao anúncio da homologação de três terras indígenas na região norte do Brasil, que a APIB considerou, em outra nota pública, datada em 21 de abril,  “um ato de justiça para com os povos favorecidos”, mas que “pela localização dessas terras, o ato prova a perene submissão do governo Dilma aos interesses do latifúndio e do agronegócio… nas regiões sul, centro-oeste e nordeste do país… onde estão hoje instaladas situações de conflito, violência e criminalização de lideranças indígenas…”

     

    No tocante às Portarias Declaratórias, desde 2012, só hoje, 29 de maio, encontrou-se anunciado no site do Ministério da Justiça uma Portaria, a da terra indígena JaraguÁ do povo indígena guarani, em São Paulo, que a APIB espera que seja um sinal de que a porteira do MJ fechada desde então será derrubada.

     

    Presidência da Funai

     

    A respeito da presidência da Funai, mais especificamente com relação a efetivação do atual interino, o governo Dilma continuou a desconsiderar a demanda dos povos indígenas, e agindo como se estes nunca tivessem se manifestado. Ao contrario, o governo tem se envolvido em movimentações próprias da velha política, utilizado o órgão indigenista como objeto de barganha e cogitando a indicação de um político de trajetória pouco conhecida no que diz respeito a ter compromissos declaradamente favoráveis aos interesses e aspirações dos povos indígenas.

     

    A APIB denuncia mais uma vez o flagrante desrespeito à legislação nacional e internacional de proteção e promoção dos direitos indígenas, principalmente a Constituição Federal e a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, praticado pela Presidente Dilma, que renega reiteradamente o seu discurso de posse, segundo o qual não haveria “nenhum direito a menos, nenhum passo atrás, só mais direitos e só o caminho à frente”.

     

    Ao invés de fortalecer a Funai, o governo federal pode estar de novo somando com as intenções dos inimigos dos povos indígenas que almejam a extinção do órgão indigenista e colocando em risco o processo em curso de construção e realização da I Conferência Nacional de Política Indigenista.

     

    A APIB aguarda a decisão final do governo e que o próximo presidente da Funai tenha bom censo e crie as condições de diálogo e interlocução permanente com o movimento indígena.

     

    Brasília – DF, 29 de maio de 2015.


    ARTICULAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS DO BRASIL – APIB –
    MOBILIZAÇÃO NACIONAL INDÍGENA

     

  • 31/05/2015

    Carta dos Conselheiros Guarani e Kaiowá da Aty Guasu para o Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados

    Caro Presidente Paulo Pimenta, nós conselheiros da Aty Guasu, Grande Conselho do povo Guarani e Kaiowá, representando os mais de 45.000 indígena de nossa etnia no Mato Grosso do Sul, escrevemos este documento para dizer que depositamos em suas mãos e na Comissão de Direitos Humanos uma grande esperança. Que contamos com os senhores como poucos aliados que temos contra todo o abuso e os crimes que o Estado e o próprio Governo vem cometendo contra nosso povo. Esta mesma Esperança temos guardado ao longo de séculos de descaminhos, de beira de estradas, de direitos negados e de terras roubadas.

    Desde a invasão de nossos territórios, em 1500 temos enfrentado um desmonte permanente e continuo de nossos territórios tradicionais. No mato Grosso do Sul, para que o latifúndio pudesse prosperar, nos jogaram em Reservas apertadas, em reformatórios e campos de concentração indígena quando não mataram e destruíram povos e aldeias inteiras. Hoje nossas demandas de terra não chegam a dois por cento do Estado do Mato Grosso do Sul. 

    Entre nós Guarani e Kaiowá, em nossas lendas antigas, falamos de homens que se transformam em outros homens, mulheres em outras mulheres ou até humanos que se transformam em animais. Estes seres se transformam no outro, mas continuam sendo os mesmos seres, nas mesmas almas. Assim temos visto as autoridades brasileiras: o terno se transforma na farda, a mesma farda da ditadura militar, a farda se transforma no chapéu e no cinto do fazendeiro e assim seres diferentes que são na politica o mesmo ser, esmagam nosso direito. Hoje a caneta de um juiz tem o peso do pau de arara, da arma que nos atira para matar e até mesmo da voz rude do despejo de nossas comunidades pela polícia. Hoje a caneta é igual a espada, é um veneno pra nós.

    Sabemos que tudo se parece porque na verdade tudo anda igual ou pelo menos está articulado. Começa pelo Poder Executivo que hoje através da própria presidência paralisou nossas demarcações e tem nos atacado através da AGU e do Ministério da Justiça. Isso fortalece nossos piores inimigos que hoje estão vestidos de parlamentares, mas que continuam sendo latifundiários ou aliados destes. Eles usam da estrutura do Congresso para atacar criminosamente a constituição federal, nossos direitos e os direitos dos povos e grupos que se colocam no caminho da monocultura. Por fim, o Judiciário, com a segunda turma do STF desmontando nossas terras já demarcadas, como Guyraroká, Arroio Korá, Taquara, Sombrerito. Todos estes setores atacam nossos direitos mais sagrados. A terra ancestral que para nós é nossa mãe, nossa benção e o futuro não apenas nosso como de toda a humanidade.

    Com isso temos vivido aqui no Mato Grosso do Sul, um cerco permanente de violência. Nós lideranças somos caçados dia e noite e para lutar pelos nossos direitos temos, mesmo que nos mantendo vivos, desistir de nossas vidas. Não podemos ter acesso às cidades, ter tranquilidade, nem pensar em futuro com nossos filhos e família. O numero de Guarani e Kaiowa mortos pelos fazendeiros ou pelo Estado permite comparações com tempos de guerra.

    O senhor deve ter acompanhado o que aconteceu a nossos parentes Terena em Miranda, mais ao Norte do Estado. Um fazendeiro que sempre ameaça as lideranças deste povo simplesmente disparou contra indígenas que estavam em seu roçado. Um Terena ainda encontra-se no hospital com bala em seu corpo. Estes crimes são diários e de sabedoria pública, mas quase em todos os casos nada é feito para proibir tais crimes praticados de maneira aberta e intencional.

    Não temos segurança em nossas terras localizadas próximas a fronteira com o Paraguai. A Força Nacional nem ao menos tem conseguido garantir contingente que passe por nossas terras para evitar o ataque dos pistoleiros. Estamos abandonados a nosso próprio destino.    

    Com isso nosso povo chora, sofre, morre, desaparece. Hoje falam em democracia. Escutamos atentos tanta coisa ser falada pelo branco, porém o que vocês chamam de democracia para nós tem gosto semelhante ao da colonização e da ditadura, e o gosto em nossas gargantas continua como o de sangue, nosso sangue. 

    As comissões da verdade têm demonstrado os crimes que o Estado cometeu e comete com nós, mas ainda assim o Estado e o Governo insistem em nos penalizar com “Marco temporal”,  “Renitente Esbulho”, “controvérsia possessória jurídica”, pelos crimes que eles cometeram contra os povos indígenas do Brasil. Podemos não entender essas palavras, mas entendemos e denunciamos seu significado. Significam a morte dos povos indígenas do Brasil.

    É preciso senhor presidente, que o Governo cumpra com sua responsabilidade e com a Constituição Federal de 1988. Primeiramente reforçando a Funai e efetivando o atual presidente interino, a quem atribuímos nossa confiança, ao cargo efetivo da instituição. Precisamos da Funai fortalecida para que continuem a montagem dos GTs para identificação e estudo de nossas Terras. Ao mesmo tempo precisamos que politicamente estes estudos sejam reativados pelo Executivo.

    Veja o caso de Apyka’i. Mais uma vez a comunidade se encontra frente ao despejo. Depois de tanto sofrimento, depois de mais de 12 mortes diretas, famílias inteiras já receberam ordem para serem removidas e sabemos que só sairão mortas de Apyka’i. Por causa da falta de estudo não temos defesa na justiça que possa salvar esta nossa comunidade tradicional da beira da estrada e do extermínio. Com o mesmo destino e sofrimento de Apyka’i, existem muitos outros acampamentos e quase todas as Terras Indígena da região de Dourados.  

    Para evitar este estado permanente de cercamento e genocídio é preciso também publicar os relatórios dos seis “Peguá” (regiões de estudo), para enfim avançarmos e conquistarmos nosso direito ao acesso a Terra de maneira tranquila. Em muitas outras Terras necessitamos da publicação das Portarias declaratórias que depende do Ministro da Justiça e da homologação da Presidência da República.

    Se o Governo cumprir a Constituição e demarcar nossos territórios tradicionais, resolverá a situação de massacre que estamos sofrendo, caso contrário só restará ao nosso povo a luta direta através de nossas retomadas e não recuaremos na luta pela nossa vida, mesmo sabendo que isso significa a morte de milhares de nosso povo.

    O pior e mais criminoso dos ataques contra nossos direitos vem hoje do Judiciário. A suspenção das portarias e homologações\demarcações de terras indígenas já consolidadas. Esta é uma declaração de Guerra do Estado Brasileiro contra os povos indígenas. Este fato nos faz afirmar que nos, povos indígenas estamos vivendo um dos piores períodos de toda a história.

    Na história ficarão as marcas das atitudes dos senhores e de seus governos. Lados que parecem certos agora, ao lado dos grandes senhores do agronegócio serão apontados num futuro como o extermínio dos filhos da terra, da floresta e do Brasil. Nossos rezadores nos dizem isso quando ficam doentes por ver seu povo e o que estão fazendo contra nós.

    O Senhor e a Comissão de Direitos Humanos escutaram nosso chamado. Seus olhos enxergaram aqui um povo à beira do genocídio físico e cultural. Somos gratos pela vinda dos senhores, pelo apoio e por isso em esperança lhe pedimos que nos apoiem em derrotar a PEC 215, a PL 1216 e muitos outros ataques abertos a nossos direitos e a Constituição. Que nos apoie também em não deixar os juízes do Supremo desmontar nossas terras já conquistadas com o sangue e a histórias de nosso povo e que por fim nos ajude a fazer o Ministério da Justiça e a Presidenta a cumprir com suas responsabilidades e demarcar nossas terras como manda a Constituição de 1988.

    Pedimos que assim como nossos lideres antigos fazem, que o senhor conte nossa história, denuncia nossa situação, ajude a fazer o mundo e o país a entender o que estão fazendo contra nossos povos. Pois devemos por respeito a nossos filhos e velhos e por respeito a este planeta dizer que não morreremos quietos e esquecidos, e que se o governo não cumprir o que deve, retomaremos todos os nossos territórios e morreremos batalhando por nosso direito. Isto não é ameaça presidente, é nosso grito de basta e nosso mais forte apelo.       

    Nós povos indígenas tomamos ainda uma decisão. Nossos lideres que tombearem e morrerem durante as retomadas não ficarão esquecidos em cemitérios na beira das rodovias ou esquecidos nos fundos de fazendas. Levaremos seus corpos e os enterraremos na explanada dos ministérios para que mesmo dentro das estruturas do poder em Brasília possam ver as cruzes que vemos todos os dias e meditar sobre suas ações e as consequências dos crimes que o Estado e Governo cometem todos os dias.

    Assinamos:

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  • 31/05/2015

    Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados chega ao MS para iniciar “rota da violência” contra os Guarani e Kaiowá

    Os números de registros de violência acometidos contra o povo Guarani e Kaiowá já chamaram atenção de diversas organizações de Direitos Humanos ao redor do mundo. Consequência crônica dos ataques diretos dos setores que representam o agronegócio e da inércia do Governo Federal em relação às demarcações das terras indígenas. Mais uma vez a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados chega ao estado do Mato Grosso do Sul com a missão de registrar e apurar as violações sofridas incessantemente por este povo.

    A agenda foi firmada entre o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, Deputado Paulo Pimenta e as lideranças Guarani e Kaiowá durante a realização do Acampamento Terra Livre em abril deste ano, em Brasília. A vinda da Comissão tem como um dos objetivos centrais constar a relação direta de ações como a PEC 215 e demais instrumentos inconstitucionais de desmonte dos direitos indígenas tem com o aumento significativo da violência sofrida pelos Guarani e Kaiowá ao longo dos últimos anos.  

    Em comitiva, que conta com a presença de Deborah Duprat, da  Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público, Representantes do Ministério Publico Federal, da FUNAI Nacional e Regional, da Secretaria Geral da Presidência da República e alguns parlamentares, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, visita, neste domingo, 31 de maio, a terra indígena de Guyraroká localizada no interior do município de Dourados. Guyraroká sofre, entre outras violações, com a possibilidade de suspenção de portaria e da continuidade dos procedimentos demarcatórios por decisão inconstitucional da segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).

    Na segunda-feira, 01, a Comitiva segue para a Terra Indígena de Taquara e para a Retomada de Tey Jusu, nos municípios de Caarapó e nas áreas indígenas de Guyviry, município de Aral Moreira, onde em 2011 a liderança Nísio Gomes foi assassinada, e Apyka’i que se encontra em iminência de despejo por decisão da Justiça Federal.

    Para Ava Kuarahy de Kurussu Ambá a expectativa é de que a Comissão de Direitos Humanos registre e divulgue a violência sofrida pelo seu povo, que tem raízes institucionais, e que leve os relatórios para setores que possam fazer seus direitos sejam garantidos. “Nossa dor e violência vai continuar quando a Comissão ir embora, sabemos disso, continuaremos sendo massacrados, mas esperamos que os resultados façam ao menos continuar as demarcações e que garantam nosso direito de acesso a terra. O Governo não dá nenhum sinal hoje do andamento de nossos direitos constitucionais e esta PEC 215 e todos estes ataques significam uma Guerra e o Genocídio de muitos povos indígenas. Enquanto isso continuaremos lutando e retomando nossos territórios até que possamos viver com dignidade. Esta é a decisão dos Guarani e Kaiowá em todos os acampamentos. Hoje jovens e crianças que cresceram ao redor do tiro, da morte, não vão mais recuar, já estão decididos a viver e morrer lutando pelas suas terras. Estamos certos em nossos caminhos, esperamos que o Governo cumpra com suas obrigações e não nos obrigue a passar pelo que estamos passando”.

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