• 03/09/2015

    Escritório de direitos humanos da ONU condena morte de líder Guarani e Kaiowá no Brasil

    O Escritório Regional para América do Sul do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), em Santiago do Chile, condenou hoje (02/09) a morte violenta do líder indígena Simião Vilhalva, ocorrida em 29 de agosto de 2015 no território indígena Guarani Kaiowá de Ñande Ru Marangatu, município de Antonio João, estado de Mato Grosso do Sul, no Brasil.

     

    O Representante para América do Sul do ACNUDH, Amerigo Incalcaterra, expressou suas condolências à família da vítima e ao povo Guarani Kaiowá, e instou o Estado brasileiro a realizar uma investigação rápida, independente e exaustiva para esclarecer os fatos e levar à justiça os responsáveis pela morte.

     

    “A demora excessiva na demarcação das terras tradicionais, as ordens de despejo por parte das autoridades e a violência que sofrem os povos indígenas no marco de suas reclamações estão entre as principais razões dos enfrentamentos violentos com outros atores na região”, afirmou Incalcaterra.

     

    O Representante do ACNUDH pediu publicamente ao Estado que garanta o respeito e a proteção dos direitos humanos dos povos indígenas, incluindo seu direito às terras. “Chamamos as autoridades a parar os despejos do povo Guarani Kaiowá das suas terras ancestrais e a finalizar urgentemente o processo de demarcação de terras”, disse.

     

    Em 11 de agosto, a Relatora Especial da ONU sobre os direitos dos povos indígenas, Victoria Tauli-Corpuz, exortou o governo do Brasil a garantir que os direitos humanos dos indígenas Guarani Kaiowá sejam plenamente respeitados, e destacou que em nenhum caso os povos indígenas devem ser obrigados a abandonar seus territórios.

     

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  • 03/09/2015

    Ruralismo arcaico promove conflito contra comunidade indígena em Mato Grosso do Sul

    Num país como o nosso, dê o agro a um governante sensato e ele moverá o Brasil”. A formulação é de Kátia Abreu (Folha de S. Paulo, 24/05/14), mas entre os parlamentares brasileiros a premissa é quase consensual. O setor do agronegócio seria a alavanca, e, para ele, todas as concessões parecem pequenas. Os conflitos de terra que assolam o Brasil são vistos como efeitos colaterais no movimento dessa alavanca que supostamente geraria, para o Brasil, ordem e progresso.

    A alavanca do agronegócio tem, de fato, movido o Brasil, mas não em direção ao equilíbrio, à segurança e à rentabilidade econômica prometida e sim em direção a um abismo, no qual declinam os princípios éticos, os valores sociais e humanos, os preceitos constitucionais que asseguram aos povos indígenas o respeito às suas formas de vida e aos seus territórios. A alavanca do agronegócio vai (re)movendo, de acordo com interesses e necessidades dos setores nele representados, os obstáculos que impedem seu movimento e sua expansão. Vai esmagando aqueles que não se dobram ao produtivismo, aqueles que são tidos como obsoletos.

    O conflito de terras que presenciamos hoje no estado de Mato Grosso do Sul e, mais especificamente, no município de Antônio João, é emblemático para entendermos para onde a alavanca do agronegócio tem nos conduzido.

    Conforme se define no texto constitucional brasileiro, a demarcação de terras indígenas é um procedimento administrativo a partir do qual o governo federal reconhece a tradicionalidade da ocupação indígena, e se responsabiliza pela garantia de usufruto exclusivo por parte destes.

    Em 1999 o governo federal iniciou os trabalhos de identificação da Terra Indígena Ñanderú Marangatú. Passados 16 anos, esse processo ainda não foi finalizado. Em março de 2005, a área chegou a ser homologada com uma extensão de 9.241 hectares. Depois da homologação, as comunidades Kaiowá e Guarani iniciaram um processo de retomada, visto que suas terras estão invadidas por fazendas. Contudo, por ser uma área ocupada por fazendeiros e de grande interesse para o agronegócio, ainda em 2005 o então ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim suspendeu, por intermédio de uma liminar, o decreto de homologação e a comunidade indígena foi despejada. A suspensão impediu ainda que a área indígena fosse registrada no Serviço de Patrimônio da União (SPU), última etapa do processo demarcatório.

    Uma longa espera se sucedeu, na qual os Kaiowá e Guarani pacientemente aguardaram que fossem retomados os procedimentos de desintrusão de seu território tradicional, mas, nestes dez anos, após a homologação, nenhuma medida concreta foi tomada pelo governo federal para assegurar a posse e usufruto exclusivo destes povos sobre suas terras.

    A vida em acampamentos se mostrou insustentável para os Kaiowá e Guarani e, por isso, em agosto deste ano eles retomaram as fazendas Primavera, Fronteira, Cedro, Bananal e Barra, situadas dentro dos limites de seu território.

    Estas retomadas têm sido desqualificadas, criminalizadas e nomeadas como atos de invasão por parlamentares e ruralistas da região. Dentre as vozes mais ferozes que se erguem contra os Kaiowá e Guarani estão as de Roseli Ruiz, presidente do Sindicato Rural de Antônio João, e a de sua filha, Luana Ruiz. Herdeiras de uma tradição ruralista arcaica, ambas têm atacado pública e abertamente as instituições (governamentais e não governamentais) que atuam na defesa dos direitos indígenas. Declarações depreciativas sobre a Fundação Nacional do Índio (Funai), sobre o Ministério Público Federal (MPF), por exemplo, têm sido frequentes.

    Em vídeos postados na internet, mãe e filha têm convocado os setores do agronegócio a unirem-se contra aqueles que ameaçam os interesses de proprietários rurais (ainda que esses interesses colidam frontalmente com os preceitos constitucionais). E elas não têm economizado palavras de ódio no intuito de difamar o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), órgão vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cuja trajetória histórica de mais de 40 anos evidencia a seriedade e o compromisso com a vida dos povos indígenas e com o cumprimento dos preceitos constitucionais.

    A estratégia utilizada para difamar e estabelecer um sentido indesejável e nefasto à atuação do Cimi expressa, por tabela, todo o preconceito destilado contra os Kaiowá e Guarani. O preconceito se manifesta, por exemplo, na ideia de que os indígenas seriam “massa de manobra”, manipuláveis ou incapazes de promover autonomamente ações em favor da garantia de seus direitos territoriais.

    Ao afirmar, em redes sociais, que “o Cimi insiste em dizer para os índios que eles têm direitos que não tem”, tentam fazer letra morta as garantias expressas no Artigo 231 da Constituição Federal e, por outro lado, o sentido do ato administrativo de demarcação. Se a terra indígena Ñanderú Marangatú foi demarcada, o Estado reconheceu, no ato da demarcação, o direito originário, inalienável e imprescritível dos Guarani e Kaiowá. Felizmente, apesar das pressões parlamentares e ruralistas, os preceitos constitucionais são soberanos e definem os caminhos para a resolução de embates fundiários: as terras indígenas são bens da União e os títulos que sobre elas incidirem são nulos. Nos termos da lei, não são os interesses dos fortes, os desbravadores, os impetuosos que prevalecem, e sim daqueles para quem a terra é mais do que um recurso econômico.

    Por fim, enquanto os Guarani e Kaiowá buscam soluções para assegurar sua sobrevivência física e cultural, seguem as incitações para que agricultores do Mato Grosso do Sul e fazendeiros do Paraná, mais especificamente da região de Guaíra, se posicionem contra as ações dos povos indígenas. Expressões como “estamos dispostos a matar ou morrer” têm sido usualmente utilizadas em postagens irresponsáveis. Estas sim são um perigoso chamado à intolerância e à violência.

    As consequências desses ataques se expressam, por exemplo, em atos covardes como o assassinato de Semião Vilhalva, na manhã do dia 29 de agosto, durante o ataque de fazendeiros contra os Kaiowá e Guarani. Ele tinha apenas 24 anos, estava desarmado, procurava o filho à beira de um córrego e foi morto com um tiro no rosto.

    Versões fantasiosas foram veiculadas na internet e em jornais locais onde se dizia que Semião estaria morto há mais de 24 horas. Tais versões, ao que parece, tinham a intenção de imputar aos próprios indígenas a morte do Semião e desviar o foco dos fazendeiros que, a partir de uma reunião realizada no Sindicato Rural de Antônio João, decidiram enfrentar os indígenas e expulsá-los das áreas ocupadas.

    Não há como entender esse assassinato, senão como efeito da intolerância instituída, da vontade de exterminar aqueles que lutam para restabelecer seus espaços tradicionais de vida. Atos de intolerância não são isolados, são manifestações extremas de um pensamento cultivado, alimentado, reforçado, por exemplo, em manifestações ferozes e irresponsáveis de ruralistas que não têm apreço à verdade e à justiça.

     

    Retomando a alegoria de Kátia Abreu, com a qual se inicia este texto, a alavanca do agronegócio tem movido muito mais do que empreendimentos e fortunas, ela tem promovido a violência, o preconceito e o desrespeito pela vida. A imagem da alavanca também pode ser útil para se pensar como se deu o assassinato de Semião Vilhalva: dê força ao pensamento intolerante e preconceituoso de um ser arrogante e ele moverá a mão que aciona o gatilho.

  • 02/09/2015

    Casa de Cultura do Urubuí manifesta solidariedade aos Guarani e Kaiowá com cobranças ao Estado brasileiro

    Os membros da Casa da Cultura do Urubuí-Cacuí manifestam a sua solidariedade às lutas dos povos indígenas no Mato Grosso do Sul, em especial, neste momento, aos Kaiowá-Guarani da fronteira Estado.

    Repudiam, simultaneamente, as violências contínuas, físicas e pressões que sofre esse Povo Indígena e que, outra vez, no último dia 29 de agosto, culminou com o assassinato da liderança Kaiowá-Guarani Semião Fernandes Vilhalva, no município de Antônio João.

    Insistimos que o Estado Brasileiro assuma, em definitivo, o seu papel institucional na construção de canais e meios que atenuem e resolvam as tensões e os conflitos, garantindo os direitos constitucionais dos Povos Indígenas e a demarcação de seus territórios.

    Solidariedade também ao Conselho Indigenista Missionário, permanente apoio dos povos indígenas mais perseguidos. Particularmente neste momento em que os representantes do governo dos latifundiários invasores das terras Kaiowa-Guarani, Kadiwéu e Terena do Mato Grosso do Sul, vem tentando calar a sua voz e inibir a sua ação através de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Assembleia Legislativa.

    Presidente Figueiredo – AM, 2 de setembro de 2015.

     

     

     

     

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  • 02/09/2015

    Chumbo grosso e pressa

    Assim poderíamos caracterizar a estratégia do agronegócio, bancada da bala, bancada fundamentalista religiosa e setores anti-indígenas para esse dia 2 de setembro. Chumbo grosso e pressa. Na pauta, a aprovação do relatório da Comissão Especial da PEC 215, na Câmara dos Deputados, que Daniel Guarani-Kaiowá chamou de PEC do genocídio. Em Campo Grande, capital do Estado mais violento e anti-indígena do país, assinaturas foram coletadas para a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) contra os direitos indígenas, denominada CPI do Cimi.

    Repete-se a mesma estratégia de 1987, quando, por ocasião da Constituinte se instituiu no parlamento brasileiro a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) com o intuito de impedir a conquista dos direitos indígenas na Constituição. O mecanismo que as mineradoras, políticos, setores militares, madeireiras, latifundiários utilizaram foi exatamente o mesmo: atacar os direitos indígenas atacando seus aliados, particularmente o Cimi.

    Naquela ocasião, Dom Luciano Mendes de Almeida, então presidente da CNBB, de forma brilhante, fez a defesa dos povos indígenas, da verdade e do Cimi. E a farsa, as mentiras foram desmascaradas e os direitos indígenas conquistados.

    Velório nos Três Poderes

    Depois da caminhada com o caixão e muita indignação pelo espaço dos poderes, sob um sol escaldante e abrasador, finalmente lideranças indígenas de vários povos e entidades aliadas de todo o país chegaram à rampa do Congresso. Depressa, as forças de segurança impediram a continuidade da caminhada. “Nós apenas queremos colocar aqui, diante dessa casa onde se encontram cúmplices do assassinato de nossa liderança Simeão Kaiowá Guarani de Nhanderu Marangatu, do Mato Grosso do Sul, fronteira com o Paraguai. Que venham os parlamentares envolvidos nesse assassinato. Vejam no caixão nosso irmão assassinado”, desabafou uma das lideranças desse povo, em meio a rituais para espantar os maus espíritos.

    O caixão contendo o nome de vários inimigos dos índios no Mato Grosso do Sul foi abandonado na rampa da casa do povo, causando um constrangimento na segurança que não sabendo como proceder pediu aos índios para retirassem o caixão. Ao que prontamente veio a resposta: “O caixão é de vocês. Ali estão assassinos dos povos indígenas”.

    Antes da ida à rampa do Congresso, foi feita uma parada, em frente ao Palácio do Planalto. Lá foi exigida da presidente da República a imediata retomada da demarcação das terras indígenas, como condição fundamental para impedir o derramamento de sangue e mais assassinatos no Mato Grosso do Sul e em todo o país.

    Um dos momentos fortes do velório de Simeão Kaiowá Guarani foi diante do Supremo Tribunal Federal. Ali foram feitas falas indignadas pela omissão e inércia do Poder Judiciário, que é ágil contra os índios e moroso quando se trata da garantia dos direitos indígenas. Foi lembrado que fazem dez anos que ali se encontra uma decisão liminar que suspendeu os efeitos da homologação de 9.300 hectares (dos quais os índios estão confinados em apenas 126 hectares). Houve a promessa de retomada do julgamento desta ação, com a máxima agilidade. As lideranças da área estiveram inúmeras vezes no STF e obtiveram do então relator da ação, ministro Cezar Peluzzo, a promessa de que já estava com seu relatório pronto e que agilizaria a decisão. Até hoje nada. A relatoria está atualmente com o ministro Gilmar Mendes!

    Celebrando a esperança e indignação

    A caminhada do velório iniciou em frente à Catedral, com uma primeira parada no Ministério da Agricultura, de Kátia Abreu, inimiga ferrenha dos direitos indígenas e uma das principais responsáveis pela expansão do agronegócio, numa onda de destruição ambiental, sem precedentes na história desse país.

    E foi na Catedral de Brasília que, às 20 horas, se encerrou a manifestação contra a violência, os assassinatos dos índios, com um culto ecumênico articulado pelo Conselho Mundial de Igrejas.

    Lá estavam lideranças indígenas e aliados. Lá estava a esperança. Nas preces e nas falas o apelo de socorro da Mãe Terra e de seus filhos primeiros, originários, os povos indígenas.

    Assim como a ação violenta e apressada dos fazendeiros e seus pistoleiros, dos políticos e seus sequazes, do grande capital nacional e internacional com seus tentáculos insaciáveis de lucro e acumulação, a esperança e a paz avançarão rumo à justiça com igualdade e diversidade respeitada.

    Se hoje os ruralistas têm balas e pressa, certamente esse dia passará para a história como mais uma luta extremamente desigual, mas heroica dos habitantes originários desse continente e seus aliados, e todos os batalhadores da vida e sobrevivência do planeta terra.

     

     

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  • 02/09/2015

    Ruralistas forçam votação de parecer favorável à PEC 215 dias depois de assassinato de indígena no MS

    Depois de ter parlamentares envolvidos nos momentos que antecederam e durante o ataque de fazendeiros contra a comunidade Guarani e Kaiowá de Ñanderú Marangatú, na manhã do último sábado, a bancada ruralista empreende novo ataque contra os povos indígenas, dessa vez na Câmara Federal. O presidente da Comissão Especial que analisa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), convocou para às 12h10 desta quarta-feira, 2, a votação do parecer favorável à proposta, de relatoria do também ruralista Osmar Serraglio (PMDB-PR).

    O parecer tramita em comissão instalada pela Mesa Diretora da Câmara. Caso o documento seja aprovado, a PEC 215 estará apta a ir ao voto dos parlamentares no Plenário. “Só vai piorar a situação. Vai ficar mais tenso. Mostra também que esses deputados estão ali para defender os interesses de seus grupos, mostra o quanto são cruéis. O povo indígena não vai deixar de reivindicar sua terra”, diz Otoniel Guarani e Kaiowá.  

    Se no Mato Grosso do Sul os parlamentares se engajaram num movimento que terminou em ação violenta de fazendeiros contra os indígenas, culminando na morte de Semião Vilhalva Guarani e Kaiowá, caso do deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), suplente na Comissão Especial da PEC 215, no Congresso a proposta pretende transferir do Poder Executivo para o Legislativo o procedimento administrativo de demarcação de terras indígenas, quilombolas e a criação de áreas de preservação ambiental.

    A proposta, apresentada pelo então deputado Almir Sá, em 2001, vem sendo forçada pela bancada ruralista desde 2011, tornando-se prioridade depois da aprovação do novo Código Florestal, cujo texto final beneficiou o agronegócio. Em abril 2013, o movimento indígena ocupou o Plenário Ulysses Guimarães da Câmara Federal. Como parte da negociação para a desocupação, uma comissão mista, composta por indígenas e parlamentares, foi organizada. Depois de uma dezena de sessões, em audiências que contaram com juristas, Almir Sá e o próprio relator Osmar Serraglio, um relatório apontou para a inconstitucionalidade da PEC 215.

    O documento foi encaminhado para as duas comissões especiais instaladas pela presidência da Câmara, mas sem nenhuma consideração por parte da bancada ruralista. A primeira comissão não votou o parecer, até o final da última legislatura, e acabou encerrada em dezembro do ano passado. Com a eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da casa este ano, os ruralistas ganharam um aliado. Poucos dias depois de se filiar à Frente Parlamentar Agropecuária, Cunha reinstalou a Comissão Especial da PEC 215.

    Em abril deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o Ministério Público Federal (MPF) a investigar o presidente da Comissão Especial, deputado Leitão, sobre o envolvimento do parlamentar em invasões à Terra Indígena Marãiwatsédé, no Mato Grosso, comprovado por escutas telefônicas. Nessas mesmas escutas, o relator do parecer da PEC 215, deputado Serraglio, como integrantes de esquema que pagou R$ 30 mil a lobista da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), então presidida pela atual ministra da Agricultura Kátia Abreu, para a realização de um novo parecer da PEC 215.

     

     

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  • 01/09/2015

    Coiab divulga nota de apoio aos Guarani e Kaiowá e exige providências do governo federal

    A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), principal entidade de articulação e mobilização dos Povos Indígenas da Amazônia Brasileira, vem a público, primeiramente, se solidarizar e manifestar seu incondicional apoio aos nossos parentes Kaiowá e Guarani, na luta pela autoretomada dos seus territórios; e ao mesmo tempo em que vimos repudiar, veementemente, a série de violências e atentados cometidos contra os nossos parentes, diante do acontecido nos últimos dias, e em especial ao ato criminoso do dia 29/08/2015, que levou ao assassinato do líder Semião Vilhalva, no Estado do Mato Grosso do Sul.

    O não esclarecimento e tomada de providências em tempo devido e de forma adequada ao povo Kaiowá e Guarani, somente vem a reforçar mais ainda o clima de insegurança e acirramento de conflitos que estes povos indígenas vêm sofrendo há anos nesta região.

    Por conta dos protestos e do clima de terror provocado pelos ruralistas, e com total apoio de parlamentares do poder legislativo federal, culminaram em diversos ataques aos Guaranis e Kaiowá.

    Diante do total descaso por parte do Estado Brasileiro, do Poder Público, a COIAB vem solicitar e exigir da FUNAI e de órgãos como o Ministério Público Federal, Ministério da Justiça, Secretaria Geral da Presidência da República e das Comissões de Direitos Humanos da Câmara e do Senado, providências prementes no sentido de que sejam evitadas novas tragédias de ambos os lados naquela região, e que seja garantido o direito constitucional dos povos indígenas há demarcação dos seus territórios.

    A situação é muito preocupante, pois, afeta diretamente as famílias indígenas que vivem com suas crianças, mulheres, jovens e idosos na região, estes que precisam ser resguardadas de qualquer ato de violência, genocídio e sua integridade física devem ser preservadas.

    Diante de tanta violência, contra os povos Guarani e Kaiowá, afirmamos que o governo da presidente Dilma Rousseff deve ser responsabilizado por tamanha desumanidade contra os povos indígenas do Brasil. Além de violar a Constituição Federal, e todos os tratados internacionais sobre os direitos indígenas, exigimos dos órgãos competentes e em especial do governo Dilma, o rigor na apuração e responsabilização dos atos criminosos.

    Por fim, reiteramos a nota da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB, organização de mobilização nacional da qual a COIAB é membro e conclama a todos os povos e organizações indígenas da Amazônia Brasileira, a somarmos forças nessa luta, junto aos parentes Kaiowá e Guarani e continuarmos unidos na luta pela defesa dos territórios e direitos dos povos indígenas do Brasil.

    Somos todos Kaiowá-Guarani, Somos todos Amazônia, Somos todos Brasil!!!

    Manaus, 01 de setembro de 2015

     

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  • 01/09/2015

    Indígenas Guarani e Kaiowá peticionam no STF pedido para que ministros destravem homologação de Ñanderú Marangatú

    Lideranças da Aty Guasu, principal organização política Guarani e Kaiowá, protocolaram no Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde desta terça-feira, 1, uma petição solicitando o fim da suspensão dos efeitos do decreto de homologação da Terra Indígena Ñanderú Marangatú, há uma década aguardando o julgamento da Corte.

    A petição foi encaminhada ao ministro Gilmar Mendes, atual relator do processo, durante protesto na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, pelo assassinato de Semião Vilhalva Guarani e Kaiowá. O indígena levou três tiros durante ataque de cerca de 100 fazendeiros, no último sábado, liderados pela presidente do Sindicato Rural de Antônio João, Roseli Maria Ruiz.

    Ñanderú Marangatú foi homologada com 9.300 hectares. Em setembro de 2005, uma ação contra a homologação acabou nas mãos do então ministro Nelson Jobim, que em decisão liminar suspendeu os efeitos do decreto de homologação da Presidência da República até que a ação fosse julgada pelos ministros do STF.

    A ação partiu da família de Roseli Ruiz, proprietária de fazendas incidentes em Ñanderú Marangatú. Dois meses depois da decisão de Jobim, em dezembro do mesmo ano, a Polícia Federal usou helicópteros, armas e dezenas de agentes para despejar de uma das áreas de Ñanderú Marangatú famílias Guarani e Kaiowá – não por coincidência das fazendas Ruiz. Os rasantes da aeronave sobre crianças em pânico até hoje são lembrados pelos indígenas.

    Outro documento foi protocolado pelos indígenas na tarde desta terça no STF, dessa vez ao presidente da corte, ministro Ricardo Lewandowski, denunciando a omissão do governo federal diante do cumprimento dos termos constitucionais envolvendo o direito à terra dos povos indígenas, as tentativas da bancada ruralista no Congresso Nacional de destruir as leis que protegem os direitos indígenas e a necessidade da Corte Suprema proteger tais direitos.

    Descaso e omissão

    A manifestação dos indígenas reuniu os povos Guarani e Kaiowá, Terena, Munduruku, Baré, Kambeba e Baniwa. A partir das 15 horas, se concentraram na altura da Catedral de Brasília e de lá, simulando um cortejo, partiram Esplanada adentro. No Ministério da Agricultura, cuja ministra é a ruralista Kátia Abreu, os indígenas pararam e fizeram rituais. Depois seguiram para o STF, onde protocolaram documentos e deram entrevista coletiva para os profissionais de imprensa que acompanhavam o protesto.

    Olhando para o caixão usado no ato, Daniel Vasques Guarani e Kaiowá, liderança da Aty Guasu, principal organização política do povo, disse: Aqui tá o corpo do Semião, a prova do que o governo federal, o Congresso e o STF fazem com nosso povo. Esse caixão representa o que o agronegócio faz com nosso povo. Presidente Dilma, esse caixão é resultado da sua falta de coragem".

    Acompanhando os indígenas no protesto, o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal, deputado Paulo Pimenta, declarou que a morte de Semião é resultado da omissão e do descaso do Estado brasileiro. “Há dez anos saiu a homologação, obedecendo toda a legislação vigente de demarcação das terras indígenas. Uma ação suspende seus efeitos e uma década depois nada é resolvido e a homologação cumprida”, disse.

    O cortejo seguiu para o Palácio do Planalto. No local, os indígenas criticaram durante a presidente Dilma Rousseff pela sua opção em se associar aos ruralistas, sendo conivente com os crimes impetrados por eles no campo brasileiro. “Pra presidente parece ser mais fácil prender um índio num caixão do que o fazendeiro que mata. Nesse país parece que só funciona pro latifundiário, só funciona pra quem acha que um boi vale mais que uma criança indígena”, declarou Anastácio Peralta Guarani e Kaiowá.  

    Chamem o coveiro Cardozo

    No gramado do Ministério da Justiça, os indígenas fizeram um velório simbólico, com o caixão representando os indígenas assassinados, e chamaram pelo coveiro, o ministro José Eduardo Cardozo. “Queríamos que os governos da Europa, dos Estados Unidos, do Japão nos ouvissem e não comprassem mais um grão, um saco de açúcar, um pedaço de carne do Brasil. Quando esses produtos saem daqui, levam consigo um pedaço de corpo indígena”, desabafou Daniel Guarani e Kaiowá.

    Como o coveiro não apareceu, os indígenas tentaram subir a rampa do Congresso Nacional com o caixão, mas foram impedidos pelos seguranças. Então passaram a entoar cantos, rezas e danças rituais. “O deputado (Luiz Henrique) Mandeta (DEM-MS) estava no ataque que matou Semião. Outra deputada, a Tereza Cristina (PSB-MS), fala sempre contra indígena, não acha que temos direitos”, declararam os Guarani e Kaiowá às portas do Congresso.    

    O caixão acabou não enterrado pelos indígenas: solitário, repousou como um símbolo desagradável de um Brasil colonial, desenvolvimentista em marcha à ré, mas na rampa de traços modernos do mausoléu de mármore em que se transformou o Congresso Nacional.  

              

               

     

     

     

  • 01/09/2015

    Indígenas convocam entrevista coletiva hoje para denunciar assassinato em Ñanderú Marangatú (MS)

    Brasília, 1º de setembro 2015 – Cerca de 70 professores e lideranças indígenas de seis povos (Guarani-kaiowá, Terena, Munduruku, Baré, kambeba e Baniwa) realizam na tarde de hoje, 1º setembro, atos em protesto ao assassinato de mais um líder Guarani-Kaiowá, Semião Vilhalva, de 24 anos. Ele foi alvejado durante um ataque armado realizado por cerca de cem fazendeiros e jagunços, acompanhados de políticos da região, ao acampamento indígena no último sábado, dia 29, no município de Antônio João, no Mato Grosso do Sul. Outros indígenas, incluindo crianças de colo, foram atingidos por balas de borracha. A área em disputa, Ñanderu Marangatú, é reconhecida e foi homologada como terra tradicional indígena desde 2005 pelo próprio Estado brasileiro. Em meio aos atos, que serão realizados em frente a órgãos públicos considerados responsáveis pela situação de abandono a que os povos indígenas estão relegados, será realizada uma entrevista coletiva às 15h30, no gramado lateral do Supremo Tribunal Federal (STF).

    O objetivo principal do ato é protestar contra a morte de mais uma liderança indígena no país, denunciar a organização e operação de ações paramilitares no Mato Grosso do Sul (estado mais violento contra os povos indígenas em todo o Brasil) e a política indigenista do Estado brasileiro que, ao privilegiar os interesses do agronegócio e das elites ruralistas, está dizimando os povos indígenas do Brasil. Este não é o primeiro assassinato de liderança indígena na mesma região. Em novembro de 1983, Marçal de Souza Tupã-Y foi assassinado e silenciado em sua luta pelo respeito aos direitos dos povos originários. Em dezembro de 2005, Durvalino Rocha foi assassinado por jagunços contratados por fazendeiros da região.

    A total paralisação das demarcações de terras, devido à omissão do poder Executivo no cumprimento de seus deveres constitucionais, é considerada pelos indígenas como a causa principal do aumento da violência nas aldeias e comunidades. Ao mesmo tempo, a bancada ruralista, financiada pelas corporações e representantes do agronegócio, coloca toda sua munição no sentido de mudar a legislação, através de diversos projetos de lei e emendas à Constituição, e conseguir ter acesso às terras indígenas e aos bens naturais existentes nelas. Além disso, parlamentares vêm, constantemente, incitando ódio e preconceito em discursos anti-indígenas em todas as regiões do Brasil. Recentes decisões do Judiciário também têm negado direitos constitucionais dos povos originários do Brasil, ao reduzir o conceito de terra tradicional, e, desse modo, funcionam como pólvora e gatilho para a sanha dos fazendeiros da região do Mato Grosso do Sul. Paralisada há 10 anos no STF, se a homologação da Terra Indígena Ñanderú Marangatú tivesse sido concluída, Simeão não teria sido assassinado.

    Diante da gravidade dos recentes ataques realizados pelos fazendeiros da região, com participação de políticos e o apoio de forças policiais, representantes da Grande Assembleia Aty Guasu Guarani-Kaiowá solicitaram ontem (31 de agosto) uma audiência com a presidente da República Dilma Rousseff. “A qualquer momento, existe possibilidade de genocídio praticado por ataques paramilitares contra nosso povo por parte de milícias que desrespeitam a estrutura do Estado, suas leis, suas atribuições e lideranças/autoridades, ferindo a soberania nacional”, afirma o ofício de solicitação da audiência.

    Com cerca de 50 mil indivíduos, os Guarani-Kaiowá compõem a segunda maior população de indígenas do Brasil. Todas as terras indígenas reivindicadas por eles totalizam uma porção de terra de apenas cerca de 2% da área do estado do Mato Grosso do Sul.

     Serviço

    O quê – Coletiva de Imprensa com lideranças e professores indígenas

    Quando – Hoje, 1º de setembro de 2015, às 15h30

    Onde – No gramado lateral do Supremo Tribunal Federal (STF), no final da Esplanada dos Ministérios

    Mais informações: Assessoria de Imprensa:

    Oswaldo Braga – 61 9979-5156, oswaldo@socioambiental.org

    Patrícia Bonilha – 61 8138-7739, imprensa@cimi.org.br

     

  • 01/09/2015

    Cese manifesta indignação por assassinato de Semião Guarani e Kaiowá

    “Ai de vós, que juntais casa a casa e que acrescentais campo a campo, até que não hajas mais lugar e sejais os únicos donos da terra” (Isaías 5,8)

    A Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Cese) manifesta sua indignação com mais uma morte de um indígena Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul. Desta vez, a vítima foi Semião Vilhalva, morto neste sábado, 29 de agosto, com um tiro na cabeça, no tekoha Ñanderu Marangatu, no município de Antônio João.

    De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e com a Aty Guasu, que reúne lideranças Guarani Kaiowá, Simão Vilhalva foi morto por fazendeiros, que tentavam retomar uma fazenda ocupada que é reivindicada como território tradicional da comunidade Ñanderu Marangatu, reconhecida e homologada desde 2005.

    Entretanto, a suspensão dos efeitos da homologação, seguido por uma ordem de despejo, retirou os indígenas de suas terras, estendendo a situação de conflito.

    A morte de Semião Vilhalva não deixa de ser o resultado da paralisação, por parte do governo federal, dos procedimentos de demarcação das terras indígenas, e da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender os efeitos da homologação da Terra Indígena Ñanderu Marangatu, submetendo estas famílias indígenas a uma crise humanitária reconhecida por organismos internacionais como uma das mais graves do mundo.

    Assim, o mínimo que podemos esperar do Ministério da Justiça, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal é rigor na apuração dos fatos e punição aos responsáveis por mais essa vida ceifada. Além disso, reafirmamos a urgência de medidas que garantam os direitos constitucionais dos povos indígenas do Mato Grosso do Sul, Estado que concentra o maior índice de indígenas mortos no país. Que também carrega denúncias de ação de forças paramilitares, que agem sob o comando de ruralistas, em ataques contra povos indígenas, ferindo o Estado Democrático de Direito.

    A CESE se solidariza com a família de Simão Vilhalva, como o povo Guarani Kaiowá, com os demais povos indígenas do Mato Grosso do Sul. Não se calarão as vozes dos guerreiros e guerreiras dessa terra, não se acovardarão os defensores e defensoras dos direitos humanos. Vilhalva, presente!

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  • 31/08/2015

    Apib divulga nota sobre assassinato de Semião Guarani e Kaiowá com críticas ao Ministério da Justiça

    A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB, manifesta, em primeiro lugar, a sua solidariedade aos familiares e aos povos kaiowá e guarani, diante o assassinato do líder Simião Vilhalva, acontecido no dia 29 de agosto último, na Terra Indígena Ñande Rú Marangatú, em Antonio João, Estado de Mato Grosso do Sul, por ação direita de fazendeiros da região, numa verdadeira operação de guerra, liderada pela presidente do Sindicato Rural de Antônio João, Roseli Maria Ruiz. Neste território sagrado já tombaram Marçal de Souza Tupã‘i, em 25 de novembro de 1983, Dorvalino Rocha, em 24 de dezembro de 2005, ano em que o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu os efeitos do decreto de homologação desta terra indígena.

    Nesta ação dos ruralistas, planejada com a participação de parlamentares federais na sede do sindicado rural de Antonio João, mulheres e crianças saíram feridas. Uma criança de um ano de idade foi atingida nas costas e na nuca por bala de borracha, munição própria das forças de segurança pública.

    Como se não bastasse, os fazendeiros perpetraram no domingo, 30 de agosto, novo ataque a uma das áreas retomadas na Terra Indígena Ñanderu Marangatu. Os ruralistas ocuparam a sede da Fazenda Piquiri.

    A APIB repudia estas ações paramilitares que sob olhar omisso e conivente do poder público vitimam mais uma liderança indígena.  E não foi por falta de aviso. Antes dos fatos, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados pediu ao governo providências no sentido da atuação da polícia na prevenção de uma catástrofe. A movimentação da Força Nacional somente aconteceu após o anúncio do ataque dos ruralistas.

    O Ministério da Justiça, principal responsável da paralisação das demarcações, mais uma vez omitiu-se das suas responsabilidades de zelar pelos direitos indígenas antes inclusive da Fundação Nacional do Índio – Funai, pois a ele é subordinada.

    Para corrigir os seus erros – sua omissão e paralisia – cabe ao governo, neste momento crítico, em que ainda segmentos sociais da direita pleiteiam o seu fim, demonstrar de que lado está, e que é guardião do Estado de Direito e da democracia, garantindo em primeiro lugar o respeito ao direito originário dos povos indígenas às suas terras e a punição exemplar dos mandantes e executores do assassinato de lideranças indígenas. Do contrário, será de responsabilidade do governo o atual quadro e a continuação das violências praticadas pelos ruralistas contra os povos indígenas.

    A APIB exige, assim, do governo Dilma rigor na apuração dos fatos e a punição dos autores intelectuais e materiais do assassinato do líder Simião Vilhalva, e que não permita mais o império da impunidade, a inversão de direitos, e ainda que órgãos do poder público estadual e local alinhados aos interesses dos ruralistas tomem conta da investigação, uma vez que, como é sabido, são subserventes a este segmento do poder econômico em Mato Grosso do Sul.

    A APIB chama, por fim, a todos os povos e organizações indígenas do Brasil, e seus aliados, a se unirem e permanecer em estado de luta na defesa das terras e territórios indígenas, custe o que custar, para assegurar os direitos fundamentais, principalmente o direito originário à terra, reconhecidos pela Constituição Federal e os tratados internacionais assinados pelo Brasil

    Brasília – DF, 31 de agosto de 2015.

    ARTICULAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS DO BRASIL – APIB

    MOBILIZAÇÃO NACIONAL INDÍGENA

     

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