• 11/09/2015

    Aty Guasu vê em PEC 71 reparação aos fazendeiros, mas e aos povos indígenas?

    Nota pública de Aty Guasu do grande povo Guarani e Kaiowá aos poderes do Estado brasileiro. Nós, povos indígenas, reivindicamos indenização e reparação


    Com a aprovação da lei federal (PEC 71/2011) da regularização de compra e venda das terras indígenas, mais uma vez as lideranças de Aty Guasu Guarani e Kaiowá exigem aos poderes do Estado brasileiro uma política de indenização e reparação justas aos povos indígenas massacrados sobreviventes. Pedimos reiteradamente aos poderes do Estado brasileiro a apreciação urgente de uma política compensatória aos povos indígenas por vender as terras indígenas e por permitir a expulsão violenta dos indígenas de suas terras, por trabalhos escravos indígenas, por financiar a destruição total da floresta e rios, por permitir as ações de genocídio, etnocídio, extermínio e violências permanentes contra os povos indígenas. Demandamos aos sistemas do Estado brasileiro uma medida indenizatória e compensatória urgente aos povos indígenas massacrados pelos danos morais, culturais e materiais sofridos desde XX que perduram até os dias de hoje setembro de 2015, no século XXI.

     
    Em geral os povos indígenas do Mato Grosso do Sul foram massacrados e expulsos de seus territórios tradicionais no processo de criação das fazendas sobre os territórios indígenas. Lutamos firme e morremos pela recuperação das parcelas de nossas terras.


    É importante se compreender, em primeiro lugar que entre as décadas de 1920 e 1980, o governo do Brasil passou a doar ou vender as terras indígenas aos particulares/fazendeiros, permitindo a invasão e exploração das terras indígenas. Os fazendeiros começaram a escravizar os indígenas e exploraram a mão de obra indígena na derrubada da floresta, formação das fazendas e na usina de álcool, etc. Em meados de 1980, após formação das fazendas, os indígenas foram expulsos de suas terras, despejados e largados nas beiras das estradas. É assim ocorreu história de expulsões indígenas e expropriação das terras indígenas no atual de Mato Grosso do Sul-Brasil.


    De fato, desde 1980, os indígenas Guarani e Kaiowá expulsos de suas terras, sem mais espaço de terra para produzir os seus alimentos começaram a sofrer miséria e fome. Os indígenas tornaram se vulneráveis e instáveis. 


    Suicídio


    Suicídio Guarani e Kaiowá começou em meados de 1980 após os indígenas expulsos de suas terras e despejadas nas Reservas/Postos Indígenas.
    De fato, desde 1980 até hoje 2015, tanto na margem da rodovia quanto nas pequenas ilhas de terras, denominada de aldeia/reserva indígena, mais de 1.000 Guarani e Kaiowá praticaram o suicídio.

    Trabalho escravo

    Em1990 mais de 10.000 (dez mil) indígenas Guarani e Kaiowá foram submetidos ao trabalho escravo e degradante na corte de cana de açúcar, na usina de álcool. 


    Hoje, mais de 20.000 (vinte mil) homens desde 1980 foram e são explorados e escravizados na usina de álcool. No final de 1990 começou ataque genocida e terrorista às comunidades Guarani e Kaiowá e lideranças foram ameaçadas e assassinadas, promovidas pelos fazendeiros. 


    A partir de 1980, no contexto da luta pela recuperação e demarcação das terras indígenas mais de 10.000 (dez mil) comunidades Guarani e Kaiowá foram atacadas e massacradas a tiro pelos fazendeiros, permitido pelo governo federal e justiça brasileira. Diante desses fatos relatados pedimos ao Estado brasileiro uma política de reparação e indenização justa pelo comércio das terras indígenas, pela expulsão dos povos indígenas de suas terras indígenas tradicionais, pela destruição da floresta e, sobretudo pelo massacre, genocídio e violências contra os povos indígenas em andamento promovidos pelos fazendeiros. Nessas lutas contamos com compreensão e apoio de todas as organizações das sociedades nacionais e internacionais.

     

    Tekoha Guasu Guarani e Kaiowá, 10 de setembro de 2015.


    Lideranças de Aty Guasu do grande povo Guarani e Kaiowá

    Read More
  • 11/09/2015

    Os Jogos Mundiais Indígenas e a violência

    Falta um pouco mais de um mês para o início de um evento mundial congregando povos indígenas de 30 países e de 22 povos nativos do Brasil. O país tem se destacado, nos últimos anos, por ser anfitrião de grandes espetáculos esportivos como a Copa do Mundo em 2014 e se aproximam os Jogos Olímpicos Mundiais a se realizarem no Rio de Janeiro em 2016, portanto, há menos de um ano.

    Os Jogos Mundiais Indígenas se transformam em mais um momento projetado com grandiosidade, dentro de um pensamento ufanista, de vender e forjar a imagem de um país plural, democrático, sem racismo, que tenta ser justo e pacífico. Se isso fosse verdade seria o caso de invadirmos a velha Europa e quiçá a América do Norte com nossos projetos de Bem Viver e nossos exemplos de como salvar o Planeta Terra da total destruição. Longe disso. Nossos governantes fazem malabarismos para esconder que somos um dos países mais desiguais do mundo.

    Se olharmos o país com um mínimo de realismo e isenção, a partir do que está acontecendo com os povos indígenas ultimamente, especialmente no Mato Grosso do Sul, teremos que reconhecer o fracasso de nossa pretensa democracia racial e colhermos mais um título, de estarmos entre os países de maior violência e negação dos direitos humanos e de povos à nossa população originária.

    Mas nem tudo está perdido. Antônio Apinagé, do estado onde se realizarão os Jogos Indígenas, adverte: "O fato é que as terras dos povos Apinajé, Krahô, Karajá Xambioá e Xerente, já demarcadas, estão sendo invadidas ou encontram-se ameaçadas por hidrelétricas, hidrovias, eucaliptos, soja, mineração e madeireiras. E alguns povos ainda não têm sequer suas terras demarcadas. Por causa da luta pela terra, muitas lideranças indígenas estão sendo criminalizadas, presas, espancadas ou assassinadas a mando de fazendeiros e políticos” (Manifesto Crítico sobre os Jogos Mundiais Indígenas). Afirma ainda que "a melhor atitude pela paz é também demarcar e respeitar os territórios indígenas que são sagrados para nossos povos e necessários para o equilíbrio e a sustentação do clima no planeta terra”.

    Lindomar Terena, do Mato Grosso do Sul, estado de maior violência contra os povos indígenas do Brasil, é enfático ao afirmar: "Estes jogos escondem a verdadeira face do Governo no massacre dos povos indígenas, elevando a imagem governamental e de alguns indivíduos enquanto se continua negando aos povos o direito sagrado à terra, à cultura, ao modo de vida originário… Somente a mobilização direta dos povos fará com que rompamos as cercas que nos separam do nosso bem viver. É a única ação que pode mudar esta triste realidade”.

    Operação Dourados: Forças Armadas na fronteira com o Paraguai

    Num comunicado reproduzido pela imprensa regional (Diário do MS), o Comando Militar do Oeste informa que a operação militar na fronteira estará integrada de 1.200 a 1.500 homens do Exército, que estarão se somando aos já presentes na região, tanto da Força Nacional, como DOF (Destacamento de Operação na Fronteira). O objetivo declarado é de "implantar a Lei e a Ordem”.

    Se a esses contingentes agregarmos as centenas de fazendeiros, pistoleiros e forças paramilitares fortemente armados veremos que estamos num cenário de guerra. Contra as armas de grosso calibre os mbaracá e as flechas.

    Se as comunidades indígenas não tiverem seus direitos respeitados, especialmente a sua integridade física, a lei e a ordem que as Forças Armadas irão defender terá lado. Será lastimável se isso vier a ocorrer. Os povos indígenas não terão para onde correr. Já percorreram todos os caminhos da justiça e de seus direitos. A paciência já se esgotou.

    Na guerra a esperança avança

    O que nos deixa extasiados e esperançosos é a capacidade desse povo de fazer da dor uma flor, uma semente, uma razão para avançar. O sangue derramado se transforma em novos e abundantes guerreiros.

    A esperança vai se transformando em gestos concretos de solidariedade e de convocação à luta pela justiça.

    Lembro com muita emoção e gratidão as recepções na comunidade de Guyrá Kamby’i, com rituais e sorrisos. Apesar de seu território tradicional ser dos mais documentados historicamente, conforme declaração do antropólogo do Ministério Público Federal de Dourados, Marco Homero, essa comunidade tem sobrevivido em apenas dois hectares.

    Nesta semana Dom Juventino, do leito do hospital, enviou ao povo de Deus da Diocese de Rondonópolis uma bela mensagem conclamando a solidariedade com aqueles que mais sofrem no mundo de hoje, lembrando a morte de uma criança kurda e dos povos indígenas do Mato Grosso do Sul: "Povos indígenas do Mato Grosso do Sul, povos nativos, com nosso apoio e solidariedade teus filhos vão ver dias melhores e condições de vida digna”.

     

    Read More
  • 10/09/2015

    Comissão Interamericana de Direitos Humanos é acionada para apurar assassinato de Semião Guarani e Kaiowá

    Em informe à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), enviado no início dessa semana, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) pede ao órgão, vinculado à Organização dos Estados Americanos (OEA), que acione o governo brasileiro a cumprir com as leis internas e tratados internacionais diante do assassinato de Semião Vilhalva Guarani e Kaiowá. No documento endereçado ao secretário executivo da CIDH, Emílio Alvarez Icasa, o Cimi pede ao organismo a utilização da Convenção Americana de Direitos Humanos para garantir proteção e justiça aos defensores de direitos humanos do povo Guarani e Kaiowá.  

     

    Semião foi morto a tiros no último dia 29 de agosto, durante ataque de fazendeiros à Terra Indígena Ñanderú Marangatú, homologada em 2005, no município de Antônio João, Mato Grosso do Sul. Semião procurava o filho, às margens do córrego estrelinha, quando foi alvejado no rosto. Conforme relata o informe à Comissão, o ataque envolveu cerca de 100 indivíduos armados e ocorreu após uma reunião na sede do Sindicato Rural de Antônio João.

     

    A presidente do sindicato, Roseli Maria Ruiz, afirmou que iria ‘retomar’ a fazenda a qual afirma ser a proprietária, ocupada pelos Guarani e Kaiowá. Segundo reportagem da imprensa do estado (leia aqui), a presidente teria cravado: “Estou indo agora para as minhas propriedades para retomá-las”. A reunião contava com a presença de deputados federais, caso de Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) e Tereza Cristina (PSB-MS) e ao menos um senador, o parlamentar Waldemir Moka (PMDB-MS).

     

    Nos dias que se seguiram ao ataque, as famílias Guarani e Kaiowá que continuaram nas áreas retomadas foram novamente atacadas por cerca de 60 indivíduos armados, que atiraram contra mulheres, crianças e idosos. O governo federal, porém, havia sido alertado sobre a iminência de ações violentas contra os indígenas. A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados enviou ofício ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, informado sobre a gravidade situação no dia 28 de agosto, por intermédio de ofício urgente.

     

    Dias antes do ofício da Comissão de Direitos Humanos, servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) declararam que em Antônio João se concentravam fazendeiros da região com o discurso de retirar os Guarani e Kaiowá das áreas, trancando a rodovia que dá acesso à terra indígena como sinal.  

     

    “Não apenas os Guarani e Kaiowá, o Cimi e demais aliados diretos da causa indígena, mas a sociedade brasileira, que manifestou seu repúdio ao assassinato pelas redes sociais, exige que não haja conivência com mais uma morte, a partir da impunidade. Também é uma forma do governo brasileiro saber que está sendo observado em suas ações, ou a ausência delas”, explica Flávio Vicente Machado, do Cimi Regional Mato Grosso do Sul.

     

    Ñanderú Marangatú

     

    A reivindicação de Ñanderú Marangatú pelos Guarani e Kaiowá é antiga e seu procedimento de identificação e delimitação foi iniciado em abril de 1999 e concluído em 2001, reconhecendo 9.317 hectares tradicionalmente ocupados pelos indígenas. Entretanto, no mesmo ano, fazendeiros ingressaram com uma ação declaratória para que a terra fosse considerada como “de não ocupação tradicional indígena”. A ação encontra-se ainda em tramitação.

     

    Os anos seguintes foram marcados por idas e vindas no processo demarcatório e a constante ingerência do Poder Judiciário na condução do procedimento demarcatório. Após o início da demarcação física dos limites da terra, em 2004, a Justiça Federal determinou a retirada compulsória dos indígenas de parte da Terra Indígena Ñanderú Marangatú – decisão que foi posteriormente suspendida. Em março de 2005, a terra teve seu Decreto de Homologação expedido pelo então presidente da república, Luís Inácio Lula da Silva.

     

    Em julho do mesmo ano, foi impetrado mandado de segurança pelos fazendeiros da região contra o decreto. O então ministro Nelson Jobim do Supremo Tribunal Federal (STF) optou por suspender os efeitos da homologação da terra indígena. As consequências foram imediatas. Dorvalino Rocha, em 24 de dezembro de 2005, foi assassinado e duas crianças indígenas morreram em razão das péssimas condições de vida às margens da rodovia, em 2006. Desde então, a situação na região é tensa e a regularização da situação fundiária de Ñanderú Marangatú continua travada.

     

     

     

     

    .  

     

    Read More
  • 10/09/2015

    Ação requer destinação de área para índios e indenização para fazendeiros

    União contrariou a Constituição ao expulsar índios de terras tradicionais e doá-las para colonos

    O Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul (MPF/MS) ajuizou ação requerendo a nulidade de títulos de propriedade que incidam sobre a Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica, localizada na região de Dourados, a 230 km de Campo Grande. O MPF pede que a União indenize os proprietários rurais que tiverem seus títulos declarados nulos e garanta a posse da área para os indígenas Guarani-Kaiowá. Caso a medida seja descumprida, o MPF pede multa diária de mil reais.

    Para o MPF, os títulos das propriedades devem ser considerados nulos porque foram concedidos contrariando a Constituição da época (1934), que vedava transferência de terras ocupadas por comunidades indígenas.

    No caso de Panambi-Lagoa Rica, essa titulação ocorreu principalmente por força do Decreto nº 5.941, de 28 de outubro de 1943, que criou a Colônia Agrícola Nacional de Dourados. O decreto tornou disponível uma área de 300 mil hectares, ao sul do atual Mato Grosso do Sul. Após a distribuição dos títulos aos colonos, houve a expulsão dos indígenas de suas áreas tradicionais e o consequente confinamento em uma área de 240 hectares.

    Hoje, os Guarani-Kaiowá de Panambi-Lagoa Rica ocupam três pequenas parcelas do seu território tradicional, cerca de 300 hectares, todas inseridas na área de 12.196 hectares que foi reconhecida como de ocupação tradicional indígena pela Funai (Portaria nº 524 de 12/12/2011).

    Embora a indenização dos proprietários pelo valor da "terra nua" seja proibida pela Constituição, o MPF argumenta que a indenização "não decorre da nulidade dos títulos de terra mas do dano que a União causou a terceiros de boa-fé, em virtude da emissão de títulos nulos".

    A responsabilização civil do Estado baseia-se no artigo nº 37 da Constituição Federal de 1988: "As pessoas jurídicas de direito público (…) responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros". No mesmo sentido é o enunciado nº 11 da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal: "É possível o pagamento de indenização aos ocupantes de terras indígenas (possuidores ou não de títulos) com base no princípio da proteção à confiança legítima. O cabimento e os limites de aplicação desse princípio serão analisados casuisticamente".

    Assessoria de Comunicação Social

    Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul

    (67) 3312-7265/ 7283

    www.prms.mpf.mp.br

    PRMS-ascom@mpf.mp.br

    www.twitter.com/mpf_ms

    Read More
  • 10/09/2015

    Índios Munduruku discutem os rumos da resistência a barragens em grande evento

    A Organização das Nações Unidas, a mídia nacional e internacional e movimentos sociais em todo o mundo estão com os olhos voltados para a batalha dos índios Munduruku e de seus aliados contra o complexo hidrelétrico da bacia Tapajós/Teles Pires (ver clipping em anexo). Um novo episódio dessa luta acontecerá nos dias 24 e 25 de setembro, quando os Munduruku receberão, em sua assembleia, lideranças indígenas, beiradeiros, quilombolas e outros povos tradicionais da Amazônia, além de organizações nacionais e internacionais, pesquisadores indígenas e não-indígenas e representantes do Governo Federal e do governo do Pará.

    A assembleia, que acontecerá em uma das 3 aldeias da Terra Indígena Sawré Muybu, traçará os rumos da ação desses povos no complexo cenário político e econômico atual do país. Essa terra é, hoje, foco das tensões entre Governo Federal e indígenas, e esteve no centro da recente polêmica que culminou com a saída de Maria Augusta Assirati da Fundação Nacional do Índio. Quando ainda era presidente, Assirati admitiu aos Munduruku que os interesses do governo no potencial energético da sua região estavam impedindo a oficialização da área de Sawré Muybu como terra indígena.

    É, portanto, entre a pressão do setor elétrico (e seus investidores chineses), a saia justa política e econômica em que a Presidência se encontra e as múltiplas frentes do movimento indígena que a assembleia do próximo dia 24 se situa. Junto com outros povos que lutam contra barragens e pela proteção de seus territórios, os Munduruku – hoje referência para movimentos sociais no Brasil e no exterior, com a experiência recente da autodemarcação de Sawré Muybu – darão uma nova resposta ao momento adverso que vivem hoje os povos indígenas e as demais populações tradicionais do país.

    Serviço:

    O que: Assembleia do Médio Tapajós

    Quando: 24 e 25 de setembro de 2015

    Onde: Aldeia Dace Watpu (Itaituba-PA)

    Mais informações:

    aiparirip@gmail.com

    http://www.aipariri.org/

     

    Read More
  • 10/09/2015

    Em nota, Movimento de Mulheres Camponesas exige o fim da violência contra os povos indígenas

    Causa-nos revolta, dor e muita tristeza os acontecimentos sobre os atentados e mortes dos povos indígenas em Mato Grosso do Sul. De lá vem notícias de que mais uma vez esses povos estão sendo alvo de violência, que se expande dia após dia, vulnerabilizando e dizimando essas populações.

    O pano de fundo continua sendo a luta pela terra, dado que a população indígena vive confinada em diminutas parcelas e as ações contra as demarcações de territórios indígenas são constantes, uma vez que, em nosso país, o poder das forças dominantes e do próprio governo está a serviço dos mais ricos e, quem sofre as consequências dos conflitos são as comunidades indígenas e suas lideranças que acabam assassinadas, ameaçadas, espancadas, perseguidas e presas.

    O Movimento de Mulheres Camponesas, reunidas durante o Seminário de Saúde da Mulher, entre os dias 31/08 a 03/09 no Conselho Indigenista Missionário, em Luziânia (GO) vem a público manifestar a sua solidariedade e denunciar o genocídio sistemático praticado pelo agronegócio contra esses povos indígenas. Nas últimas décadas, essa população tem sofrido ataques contínuos dos fazendeiros, numa ação violenta dos governos estadual e Federal e, consequentemente a omissão do poder judiciário. A situação é insustentável: ou o governo brasileiro demarca, isto é, devolve aos povos indígenas seus territórios tradicionais (tekohas) ou protagonizará o maior genocídio da história contemporânea.

    Nós, mulheres camponesas que lutamos pela soberania alimentar e a garantia de uma vida plena de diversidade cultural, sem violências, abusos e mortes, reconhecemos que a terra pertence àqueles que nela vivem. Nesse sentido, reafirmamos ainda, a urgência de que o Estado reconheça os direitos dos indígenas, garantindo a sua integridade física, social, cultural e econômica, a proteção do seu território e de seus recursos naturais, aplicando para tal a legislação nacional e internacional. Movimento de Mulheres Camponesas.

    Setembro de 2015. Luziânia (GO)

    “FORTALECER A LUTA EM DEFESA DA VIDA”

    Read More
  • 09/09/2015

    Porantim 378: Barbárie e Resistência

    Duas imagens contrastantes. Expostos como animais em um zoológico e, quase 40 anos depois, desafiando autoridades governamentais. Vítimas de ações violentas e equivocadas do Estado brasileiro, os Avá-Canoeiro do Rio Araguaia além de, surpreendentemente, terem sobrevivido, se empoderam política e culturalmente e lutam por uma terra exclusiva para eles.

    Read More
  • 09/09/2015

    Encarte pedagógico 7: Direitos da Criança e do Adolescente

    Encarte pedagógico, voltado a professores e professoras, que acompanhou a edição 378 do jornal Porantim.

    Read More
  • 09/09/2015

    CDHM retorna ao Mato Grosso do Sul após conflitos se intensificarem

    A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal vai pela quinta vez, neste ano, ao Mato Grosso do Sul para buscar medidas que evitem novos conflitos entre indígenas e proprietários de terra no estado. Diante dos episódios ocorridos no último final de semana, mais uma vez, o Presidente da Comissão, deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), foi chamado por lideranças indígenas para que seja restabelecido o diálogo e descartada qualquer ação pelo uso da força.  

    O parlamentar embarca para o Mato Grosso do Sul na noite desta terça-feira (8). De acordo com Pimenta, o retorno ao estado faz parte de uma “sequência de esforços que estão sendo tomados para promover a paz nas áreas de conflito”.

    Na semana passada, o deputado Pimenta esteve em Campo Grande com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para estabelecer um acordo entre indígenas e ruralistas para o fim dos ataques, como condição para que os processos de demarcação e indenizações territoriais fossem acelerados no Poder Executivo. Em nova agenda no Mato Grosso do Sul, o deputado Pimenta se reúne com membros da Funai, Ministério Público Federal e lideranças indígenas dos Tekohás Ñande Ru Marangatu, na cidade de Antônio João – a 300 quilômetros da capital Campo Grande – e Guyra Kamby´i, no Distrito de Bacajá – que fica a cerca de 30 quilômetros do município de Dourados. Essas localidades foram alvo de novos conflitos nos últimos dias, onde Semião Vilhalva, liderança indígena dos Ñande Ru Marangatu, foi assassinada.

    Em 2005, o ex-presidente Lula homologou a demarcação das terras Ñande Ru Marangatu, mas o então ministro do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim suspendeu os efeitos do decreto presidencial. Passados mais de 10 anos, até agora o STF não decidiu sobre o caso. Os indígenas criticam a lentidão do STF, que, segundo eles, agrava a situação de conflito, e tem como saldo inúmeras mortes de lideranças indígenas.

    Dados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) mostram que, nos últimos 11 anos, mais da metade dos assassinatos de indígenas no país ocorreram no Mato Grosso do Sul. O levantamento aponta também que somente em 2013 houve 73 casos de suicídios de indígenas no estado. Esse índice é o maior em 28 anos.  Dos 73 mortos, 72 eram do povo Guarani e Kaiowá.

  • 09/09/2015

    Menino Aylan e os povos indígenas no MS

    Estamos acompanhando as chocantes realidades com os imigrantes refugiados na Europa e o conflito no Mato Grosso do Sul envolvendo os povos indígenas e fazendeiros.

    Até os mais indiferentes ficaram chocados com rostos de homens, mulheres e crianças no grito de desespero à procura de vida mais digna, longe das atrocidades da guerra e da intolerância religiosa.

    A imagem do menino Aylan Kurdi deitado, sem vida, na praia, clama os céus. “A morte da criança é o símbolo mais perverso do desespero de milhões de imigrantes e refugiados que fogem da violência e da miséria na África e no Oriente Médio. É a desumanidade humana, fruto de sistemas políticos e econômicos errados”.

    Assistimos, também, o sofrimento dos povos indígenas no Mato Grosso do Sul. Cenas de violência, mortes, ocupação militar. Tanto lá no Oriente Médio e na Europa como em Mato Grosso do Sul, o sofrimento maior é dos pequenos, dos pobres, das crianças.

    Como igreja católica, fiel à missão de Jesus, não podemos ficar indiferentes diante da dor, injustiça, violência, atrocidade.

    A diocese de Rondonópolis – Guiratinga conclama todos os católicos e, também, homens e mulheres de boa vontade, para neste final de semana, dias 5 e 6 de setembro viverem “um dia de solidariedade, de compromisso e de orações em favor dos imigrantes no Oriente Médio, Europa e em favor dos povos indígenas no Mato Grosso do Sul”.

    O sofrimento dos irmãos é o nosso sofrimento. “Eu estava com fome, era peregrino, estava na prisão, e tu me acolheste”. Sintamos a dor. Sejamos solidários, onde um irmão está sofrendo é Jesus quem sofre.

    Menino Aylan Kurdi, não morreste em vão! Tua vida, teu sonho de criança ceifado vai ser semente de um mundo renovado. Que tua vida converta meu coração!

    Povos indígenas do Mato Grosso do Sul, povos nativos, com nosso apoio e solidariedade teus filhos vão ver dias melhores e condições de vida digna.

    Read More
Page 428 of 1201