• 06/04/2017

    Povos indígenas no cinema: lançamento de documentários na Unila


    Dois documentários sobre os povos indígenas do Brasil serão lançados na Universidade da Integração Latino-Americana (Unila) nos próximos dias, em meio à programação da Semana dos Povos Indígenas.

    O primeiro, exibido nesta sexta (7), às 18h, será o documentário "Enchente: o outro lado da barragem norte", sobre as consequências da barragem construída pela Ditadura Militar, na década de 1970, na proximidade da Terra Indígena Ibirama Laklãnõ, do povo Xokleng, no alto Vale do Itajaí, em Sanca Catarina.

    Saiba mais sobre o filme: https://goo.gl/mjtzvI

    No dia 11 de abril, também às 18h, será exibido o documentário Martírio, do diretor Vincent Carelli. O filme analisa a violência sofrida pelo povo Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul, resgatando o histórico recente dos conflitos envolvendo as terras indígenas destes povos.

    As exibições ocorrerão no auditório Martina Piazza, na Unila, em Foz do Iguaçu (PR).

    A atividade é promovida pelo Coletivo da organização da Semana dos Povos Indígenas 2017, composta pelo Cimi Regional Sul, estudantes e professores da Unila e da Unioeste, pela Jornada Universitária pela reforma Agrária (JURA) e pela Unila.

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  • 06/04/2017

    Povos indígenas isolados, mas não vencidos


    Texto e fotos por Egon Heck, do Secretariado Nacional

    Na Pan Amazônia, nos diversos países são possivelmente em torno de 150 povos isolados ou livres. Eles encontram-se em situação de ameaças e pressão constante sobre seus territórios.

    Diante dessa ameaça à sobrevivência está ocorrendo em Cuiabá o primeiro Encontro Pan-Amazônico Em defesa dos direitos dos povos “Isolados”. Foram mais de 30 participantes do Brasil, Peru, Bolívia, Paraguai, Equador e Colômbia.O avanço acelerado e destruidor da mineração, madeireiras grandes obras de infraestrutura e agronegócio põem cada dia mais em risco a sobrevivência desses povos-comunidades. Diante desse quadro de genocídio pessoas e instituições dos países Pan Amazônicos, apoiados pela REPAM – Rede Eclesial Panamazônica se reuniram em Cuiabá para refletir a gravidade da situação desses povos e traçar estratégias eficazes para garantir sua sobrevivência.


    Povos Livres

    O termo “livres” é uma designação que parece ser mais apropriada para identificar esses grupos, porque descarta a perspectiva da necessidade absoluta da “pacificação” daqueles povos indígenas que sempre fizeram questão de guardar distância das sociedades nacionais (Cimi, 2001).

    São poucos os povos isolados sobreviventes no mundo de hoje nos diversos Estados e continentes. Não se trata de povos do passado, mas do presente e do futuro.


    O marco legal e os povos isolados

    Internacionalmente, o Direito à resistência, livre determinação e autonomia dos povos livres é garantido pelo artigo 3º da Declaração das Nações Unidas sobre os Povos Indígenas.

    Entre os tópicos discutidos no evento, chegou-se à conclusão de que é preciso fazer encontros entre os diversos países da América do Sul, para ampliar a discussão a respeito dos direitos dos povos livres em âmbito continental.

    Outra questão que chamou atenção é a da segurança, especialmente em relação às fronteiras. Teremos que revisitar essa questão de segurança, pois a realidade hoje é bem mais grave pelos muitos interesses escusos que permeiam as fronteiras hoje em dia, afirmou o Procurador da República Ricardo Pael, que abordou a necessidade de discutir a segurança das comunidades de fronteira frente ao do narcotráfico. O Procurador Ricardo já trabalhou em Ponta Porã, no MS fronteira com o Paraguai.

    A dúvida e o medo é que os indígenas sejam vítimas de organizações criminosas na fronteira. Segundo ele, o Ministério Público Federal tem mais perguntas do que respostas.


    Ameaças

    Grandes projetos, como os contidos na IIRSA (Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana), afetam mais de 400 comunidades na Amazônia. O princípio da precaução deve garantir os direitos dos povos indígenas, não podendo os interesses de projetos alheios a eles passarem por cima desses povos.

    “Em suas longas e difíceis trajetórias de fuga e recolhimento, os povos livres não só se protegiam das pessoas que ameaçavam aproximar-se deles, mas também e principalmente, do Estado, um ente abstrato que historicamente se constitui no maior, mais perverso e impiedoso inimigo” (Povos Indígenas Isolados na Amazônia – A luta pela sobrevivência – Cimi 2011)

    Urgência

    Diante da extrema vulnerabilidade dos povos isolados, é urgente e indispensável que suas terras sejam demarcadas, como medida de precaução que garanta sua sobrevivência.

    Texto e fotos Egon Heck
    Cimi Regional MT
    Cuiabá, 4 de abril de 2017

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  • 06/04/2017

    Incidência política: a força indígena na defesa dos direitos

       Rose, Rosilene e Roberto Kanamari: lideranças em incidência junto ao poder público. Crédito das fotos: Fábio Pereira/Cimi-Tefé

    Por Ligia Kloster Apel, da Assessoria de Comunicação – Cimi/Tefé


    “O diálogo precisa acontecer e ser permanente. Os órgãos públicos precisam ouvir o povo indígena, conhecer as necessidades e assumir sua responsabilidade de criar e implementar políticas públicas específicas para nós”. Essa foi a principal reivindicação das lideranças dos povos Deni e Kanamari na reunião de incidência política que aconteceu na sede do CIMI, no município de Itamarati (AM), no dia 29 de março de 2017.

    A reunião em Itamarati foi convocada pelas parceiras Associação do Povo Deni do rio Xeruã (Aspodex) e Associação do Povo Tâkuna do Rio Xeruã (Aspotax), do povo Kanamari, e recebeu o apoio do projeto “Garantindo a defesa de direitos e a cidadania dos povos indígenas do médio rio Solimões e afluentes", realizado pela Cáritas de Tefé e Conselho Indigenista Missionário (CIMI-Tefé) e apoiado pela Agência Católica para o Desenvolvimento no Exterior – CAFOD-Brasil, da Inglaterra e País de Gales, e da União Europeia. Também, a organização indigenista Operação Amazônia Nativa (OPAN) apoiou e se fez presente no encontro.

    Por parte do poder público estavam presentes o Secretária de Meio Ambiente do município de Itamarati, Natanilson Lopes, e o Gerente da Unidade Local do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM) em Itamarati, José Artemio.

    Foram várias as reivindicações dos povos Deni e Kanamari durante a reunião e mesmo antes dela. As assembleias das associações Aspodex e Aspotax acontecem anualmente desde as suas criações (2006 da ASPODEX e 2009 da ASPOTAX). Em todas elas, as reivindicações de cumprimento das políticas públicas para os indígenas são feitas e encaminhadas aos órgãos competentes.

    Em todas elas, os problemas são apresentados, as violências contra os direitos indígenas denunciadas e as necessidades apresentadas. Mas, apesar das Terras Indígenas destes dois povos, no município de Itamarati, estarem demarcadas e homologadas, ainda existe desrespeito ao seus territórios e seus modos de vida. A ausência de políticas específicas de educação escolar diferenciada, de assistência a saúde, de incentivo à produção, entre tantas outras ausências, promovem um distanciamento das instâncias de poder para além da distância geográfica que se encontram.

    Tais distanciamentos tornam o acesso às secretarias municipais e suas respectivas funções, mais difícil, até pelo desconhecimento das responsabilidades de cada uma, como afirma Ton Antônio Alexandre Kanamari, professor da aldeia São João do Kurabi: “muitas vezes os Kanamari chegam na cidade e solicitam apoio aos representantes da prefeitura, mas cada vez que chega em uma secretaria, dizem que aquilo não é função dela, é função de outra. E como nós não conhecemos as funções certas de cada uma, nós não conseguimos o apoio que precisamos”.

    As reivindicações dos indígenas ao poder público se estende, inclusive, para esses esclarecimentos.

    Associação: o jeito não índio de se organizar para produzir

    Em relação à produção, os indígenas afirmam que o que plantam lhes dá garantia de subsistência, mas existe a necessidade de melhoramentos e agregação de valor em seus produtos para poderem comercializar e, assim, possibilitar recursos para outras necessidades que têm. Para isso, é imprescindível o apoio do poder público.

    Ton Kanamari comenta as dificuldades que seu povo têm para escoar, por exemplo, a produção de banana, abacaxi e o peixe: “É difícil vender nossa produção de banana e abacaxi porque não conseguimos acondicionar para não estragar até chegar na cidade. Mesma coisa é o peixe. Precisamos de estrutura para acondicionamento e certificação também. A Secretaria de Meio Ambiente e o IDAM podem ajudar nisso aí. Porque aí podemos agregar valor nessa produção e melhorar nossa renda”, afirma o professor.


    Outras produções, como cana de açúcar, extração de açaí e óleos de andiroba e copaíba, também precisam de incremento, de apoio técnico e de maquinário. “Tudo isso podemos produzir, mas precisamos de apoio e estamos dispostos a oferecer contrapartida no que for possível”, afirma o líder Kanamari, na expectativa de que os órgãos assumam suas atribuições e contribuam com a produção.

    Esse depoimento, assim como os depoimentos do presidente da Aspodex, Marizanu Makhuvi Deni, e do líder Saravi Makhuvi Deni, revelam as diferenças que os costumes e conhecimentos tradicionais, assim com a forma de organização social, em muito se destoam da forma da sociedade não indígena se organizar.

    Marizanu diz que o trabalho conjunto faz parte da natureza indígena e demonstrou, durante o debate, que é com essa natureza coletiva que os Deni querem trabalhar o associativismo. Essa é a “forma dos não índios se organizar”, afirma, mas se dispuseram a aprender e organizaram as associações: “Estamos trabalhando e organizando as comunidades do jeito não índio de se organizar. São conhecimentos novos, mas estamos lutando pra fortalecer a Aspodex. Ainda temos dificuldades e desafios, mas, aprendemos e estamos lutando pra fortalecer a associação. As dificuldades podem ser superadas com a ajuda da prefeitura. É só a gente trabalhar junto”.

    O líder Saravi Deni, reforça a importância de aprender o funcionamento do mundo não índio lembrando que seu povo enfrentou diversas dificuldades depois do contato com os não índio, por desconhecer esse jeito de viver: “já tem muito tempo que eu tenho buscado aprender junto aos não índios novos conhecimentos. Por isso sou um Deni que vou à cidade estudar. Graças a esse esforço e a contribuição das organizações indigenistas, como o CIMI e a OPAN, as condições socioambientais dos Deni vêm melhorando. Por isso, queremos trabalhar em conjunto e precisamos das políticas públicas específicas pra nós”.

    O representante do IDAM, José Artemio, manifesta seu apoio e respeito pelos esforços dos indígenas ao se organizarem nas associações e diz que, o planejamento do órgão está vindo ao encontro das reivindicações e necessidades manifestadas. “Pretendemos ajudar os Deni com viveiros de árvores frutíferas mais precoces para possibilitar a diversificação da sazonalidade de frutas, sem deixar de lado as frutíferas tradicionais. A cana de açúcar será apoiada pelo mesmo motivo da diversificação de culturas”, diz Artemio reforçando a disposição do IDAM em apoiar as decisões dos Deni e Kanamari e oferecendo apoio técnico para culturas diferenciadas.

    Exemplifica o apoio com a produção de farinha, que visa a melhoria da sua qualidade: “a proposta do IDAM é fortalecer o plantio e a produção em condições sanitárias e de qualidade que permitam a agregação de valor ao produto”, reitera Artemio, dizendo que os padrões de qualidade, saúde e higiene da produção devem ser rigorosos porque se está produzindo alimentos. Quanto ao escoamento, que também está contemplado no planejamento, diz que “é necessário buscar recursos para estrutura e logística (transporte), por isso é muito importante planejar coletivamente e via as associações”, finaliza.

    Merenda regionalizada nas escolas: uma necessidade almejada

    Um dos maiores problemas enfrentados pelas comunidades indígenas é a merenda escolar que vem da cidade com alimentos industrializados. Segundo os indígenas, é uma merenda de menor qualidade quando comparado ao alimento tradicional da comunidade, como destaca o indígena Umada Deni, ao concordar que os alimentos produzidos precisam ter qualidade. “Os Deni estão dispostos a se capacitar para alcançar qualidade exigida nos produtos. É isso que queremos. Mas, nosso alimento é diferente. Os alimentos industrializados são pior dos que os nossos, mesmo que digam que o nosso não tem esse padrão exigido”. E destaca que, assim como os “índios respeitam o alimento dos não índios, os não índios devem respeitar nosso alimento”.


    Manuel Pima Kanamari também concorda que, quando se trata de compra e venda de produtos, a qualidade deve ser rigorosa, mas “a aquisição local dos produtos locais deve ser feita pelos próprios indígenas, e são eles que determinam a qualidade dos produtos”, enfatiza.

    Artemio não discorda e diz que a produção para merenda escolar indígena é uma boa experiência para se alcançar qualidade na produção porque se a ideia é vender é preciso estar atento à qualidade. “Conseguindo fornecer alimentos para as escolas com boa qualidade, as aldeias alcançarão experiência e, aumentando a boa produção, conseguirão no futuro comercializar os produtos para fora das comunidades”.

    Para Fábio Pereira, do CIMI Tefé, a discussão sobre a necessidade da merenda escolar ser regionalizada e adquirida nas comunidades pelos próprios indígenas, é uma reivindicação que vem das assembleias realizadas. E, desde lá, a conclusão é que é importante e necessário unir os conhecimentos tradicionais e técnicos para melhorar a qualidade dos produtos. “O ideal é consorciar os conhecimentos para que se possa viabilizar essas produções. Essa reunião de incidência foi bastante feliz, pois está mostrando que as especificidades indígenas vão ser contempladas no planejamento do IDAM. Portanto, o diálogo entre indígenas e poder público precisa ser permanente e constante, para  não ficar só no debate e as políticas sejam implementadas de forma eficiente”, enfatiza.

    Um documento para que o diálogo não pare

    Na perspectiva de que os órgãos públicos presentes levem as discussões, as reivindicações e os encaminhamentos acordados à prefeitura e às demais secretarias e órgãos competentes, os indígenas das comunidades Terra Nova, Boiador, Morada Nova e Itaúba, da Terra Indígena Deni, e Flechal, Santa Luzia e São João do Curabi, da Terra Indígena Kanamari, escreveram e protocolaram junto aos representantes, um Documento de Incidência Política, no qual constam as demandas referentes à economia indígena.

    Mecanismos e projetos para melhoramento, potencialidades econômicas e produtivas, transporte para escoamento, formação e acompanhamento técnico para a produção e apoio para a comercialização dos produtos e artesanatos, foram as reivindicações expressas no documento. Ele foi entregue ao Secretário Municipal de Meio Ambiente, Natanilson Lopes, que levará ao prefeito de Itamarati, Antônio Maia da Silva, e ao Secretário de Agricultura e Abastecimento, Raimundo Ferreira Fiesca. O Gerente da Unidade Local do IDAM de Itamarati, José Artemio, levará ao conhecimento do Sr. Hamilton Nobre Casaro, Secretário de Estado de Produção Rural do Amazonas (SEPROR).


    Assim, consolida-se que a união dos indígenas, organizações indigenistas e o poder público, em um grande mutirão de defesa dos direitos indígenas, consagrados pela Constituição Federal, confronta o poder que domina e viola os direitos indígenas e é a melhor estratégia de luta em defesa da vida indígena.

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  • 05/04/2017

    No Oeste do Paraná, povo Guarani Mbya fecha ponte reivindicando demarcação e melhores condições de vida


    Crédito da Foto: Luís Fernando Jacques/Brasil de Fato-PR



    Por Renato Santana, da Assessoria de Comunicação – Cimi

    As consequências da falta de demarcações de terras indígenas no Oeste do Paraná encontram similaridades com o vivido pelos povos do Mato Grosso do Sul. Sem terra, em acampamentos pauperizados, indígenas Guarani Mbya estão expostos não apenas a ataques de pistoleiros, mas a situações de fome, falta de água potável e suicídios.

    Mesmo com todas as dificuldades, seguem resilientes e no início desta semana trancaram a ponte Ayrton Senna, que liga Guaíra (PR) ao município de Mundo Novo (MS). O protesto teve como principal ponto de pauta a demarcação das terras indígenas dos Guarani Mbya no Oeste do Paraná.  

    "Temos acampamentos com os parentes vivendo num espaço pequeno entre a fazenda e a estrada. Vivendo num lamaçal, passando fome e frio", explica o cacique Anatalio Guarani Mbya. O indígena revela que os órgãos públicos constantemente afirmam que eles são, na verdade, índios paraguaios.

    Cacique Anatalio lembra que os Guarani Mbya sempre ocuparam todo o Sul do país e da América Latina – mesmo com a colonização intermitente. A construção da UHE de Itaipú inundou ao menos uma dezena de aldeias, dispersando ainda mais as famílias. "Então temos parentes, família mesmo, no Paraguai, na Argentina e no Brasil. Não existe Guarani Mbya paraguaio, existe o povo Guarani Mbya".  

    O líder indígena ressalta que os Guarani Mbya não possuem acesso a saneamento básico, cestas básicas (uma vez estão sem terras para plantar), água, saúde, a educação é precária e sem investimentos, além de faltar professores e agentes de saúde. "Temos muitas crianças doentes", diz o cacique.

    No trancamento da ponte, ao menos 500 Guarani Mbya estavam presentes. "A gente vê o que tá acontecendo e pensa: governo quer matar todos os povos indígenas. Acho que eles estão tentando faz tempo. Destruíram nosso mundo já, mas seguimos aqui vivos", diz o cacique Anatalio.

    Conforme noticiou o Centro de Trabalho Indigenista (CTI), "a ponte foi liberada por volta do meio dia após negociações com a presença dos prefeitos Heraldo Trento (DEM-PR) e Altair de Padua (PSC) de Guaíra e Terra Roxa, respectivamente. As autoridades assinaram um documento se comprometendo a negociar as reivindicações com as lideranças indígenas".



    Tekoha Guarani, Oeste do Paraná. Crédito da foto: Renato Santana/Cimi


    Frente anti-indígena

    A Organização Nacional de Garantia ao Direito de Propriedade (Ongdip) e Sindicatos Rurais encabeçam uma forte campanha difamatória com incitação pública, com moradores de Guaíra e Terra Roxa incentivados abertamente a tomar partido na luta contra os povos indígenas.

    Faixas foram estendidas pelas praças e principais ruas da cidade com dizeres como "invasão indígena não combina com ordem e progresso" e "o Brasil que produz merece respeito". Um panfleto de caráter racista intitulado "A Verdade", financiado a partir de recursos privados dos vereadores da cidade de Guaíra, foi amplamente distribuído.

    Pelas cidades do Oeste do Paraná não é difícil encontrar automóveis com adesivos: "Minha Terra, Minha vida: PR e MS contra a demarcação das terras indígenas". Em Guaíra, no ano passado, um acampamento Guarani Mbyá, nas imediações do centro da cidade, sofreu ataque a tiros.  

    Políticos até mesmo do PT, partido com correntes de apoio aos povos indígenas, estão envolvidos em ataques aos Guarani Mbya na região, caso da senadora Gleisi Hoffmann, que quando ministra da Casa Civil declarou não existir índios no Paraná, e do ex-prefeito de Guaíra, Fabian Vendrusculo, que certa vez decretou feriado para protestos contra as demarcações.


    Em Guaíra, conforme o Setor de Documentação de Terras Indígenas do Cimi, são sete territórios tradicionais a serem identificados pela Funai e um sem quaisquer providências. Já em Terra Roxa, são cinco territórios em processo de identificação. São cerca de 5 mil Guarani Mbya em busca das terras que sempre lhes pertenceu. 

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  • 05/04/2017

    Indígenas e beiradeiros impedem audiência sobre leilão da floresta em Itaituba (PA)


    Foto: Barbara Dias/Cimi Norte 2

    Por Tiago Miotto, da Assessoria de Comunicação, e Equipe Tapajós – Cimi Norte 2

    Na tarde desta quarta (5), Munduruku, indígenas da comunidade de Pimental e beiradeiros de Montanha e Mangabal realizaram um ato na Câmara de Vereadores de Itaituba (PA), onde ocorreria uma audiência pública para discutir o leilão de 295 mil hectares de floresta à exploração madeireira. Pela pressão dos indígenas e ribeirinhos, a audiência acabou sendo cancelada.

    A área na qual o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Preservação da Biodiversidade) pretendem legalizar a exploração de madeira contém sítios arqueológicos e é onde indígenas e ribeirinhos do Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Montanha e Mangabal caçam, fazem seus roçados e pescam de maneira tradicional.

    “Foi aberto o edital da concessão e não fomos consultados, nem os ribeirinhos e nenhum dos povos indígenas afetados”, explica Irleuza Robertinho, liderança indígena de Pimental.

    “Eles fazem uma reunião sem consultar ninguém, como se não existisse o protocolo de consulta. Nós estamos aqui, estamos vivos e vamos brigar sempre pelo nosso território, nem deixar que ninguém desmate nossa floresta para ter empreendimento para madeireiro”, afirma Alessandra Munduruku, liderança do Médio Tapajós.


    Indígenas e beiradeiros ocuparam o pátio da Câmara de Vereadores de Itaituba. Foto: Barbara Dias/Cimi Norte 2

    A audiência seria parte do processo de concessão das Florestas Nacionais (Flonas) Itaituba 1 e 2, a primeira vizinha e a segunda integralmente sobreposta à Terra Indígena Sawre Muybu. Sob ameaça de hidrelétricas, mineradoras e madeireiros, a demarcação desta terra tem sido uma das principais lutas dos Munduruku nos últimos anos.

    Embora não incida diretamente sobre os limites da terra indígena, a área que os órgãos pretendem conceder à exploração madeireira é quase duas vezes maior do que Sawre Muybu e pode ter graves impactos para a vida dos indígenas e comunidades tradicionais da bacia do Tapajós, que já sofrem com a pressão, as ameaças e as invasões constantes de madeireiros em suas terras.

    “Para nós não está sendo correto, porque depois dessas audiências eles já vão partir para o edital para abrir a concorrência das empresas. Nosso protocolo de consulta está sendo rasgado, não teve um diálogo aberto”, afirma Ageu Pereira, liderança de Montanha e Mangabal.

    Cerca de 60 indígenas e beiradeiros ocuparam o pátio da Câmara de Vereadores de Itaituba, impedindo a entrada de vereadores e agentes do SFB, até que a audiência fosse cancelada. Apesar disso, há outra audiência programada para amanhã (6), no município vizinho de Trairão. Os povos e comunidades tradicionais exigem que todas as atividades relativas à concessão sejam canceladas, pois SFB e ICMBio não respeitaram o seu direito de Consulta Livre, Prévia e Informada, o que vem sendo cobrado pelo MPF desde 2014.


    Foto: Alessandra Munduruku

    “São terras de ocupação ancestral indígena e ribeirinha, que vocês decidiram chamar de Flona. Fazendo isso, vocês, Ministério do Meio Ambiente, ICMBio e SFB se assumem como parte do processo colonizador que extermina povos e pensamentos. Estão usando de violência, desprezando nosso conhecimento e desrespeitando nossos locais sagrados”, afirmaram os Munduruku em carta divulgada no ano passado sobre o assunto.


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  • 05/04/2017

    Funai sofre novo golpe: ruralistas, mineradoras, madeireiras e empreiteiros agradecem



    A Organização dos Povos Indígenas de Rondônia, Noroeste do Mato Grosso e Sul do Amazonas, vêm repudiar sobre mais um golpe que a FUNAI sofre acordo esse firmado entre o governo Temer, Partido Social Cristão (PSC), ruralista, empresas mineradoras madeireiras e empreiteiro que contribuirá com o desmantelamento do órgão indigenista e violão de direitos.

    O governo Michel Temer decreta a morte para os povos indígenas quando assinou novo decreto extinguindo 87 cargos comissionados, para o desmantelamento e enfraquecendo e a capacidade do órgão oficial indigenista de analisar, fiscalizar e monitorar as ações de grandes empresas que estão explorando e usurpando todas as riquezas das terras indígenas, especialmente na nossa região Amazônica. Os cortes anunciados pelo governo federal atingem especialmente a Coordenação Geral de Licenciamento (CGLIC) e as Coordenações Técnicas Regionais (CTLs), áreas estratégicas que são responsáveis por analisar grandes empreendimentos em terras indígenas, cuidar do licenciamento, as contrapartidas e fazer o trabalho de receber e levar demandas ao poder público indigenista.

    O decreto publicado mutilou a FUNAI e os povos indígenas de Rondônia, na reunião com o presidente da FUNAI, Sr. Antônio Fernandes Toninho Costa, realizado no dia 21 de Março de 2017, na cidade de Cacoal em Rondônia. O Decreto passou por cima de toda negociação costurada e pactuada neste dia. E fica claro para nós povos indígenas o descontentamento com o atual presidente da FUNAI, que serviu como o “Cavalo de Tróia’, vindo em nosso estado não para resolver os nossos problema, mas sim, para causar mais problemas para nós povos indígena. Pois, seu objetivo é de acelerar o licenciamento de obras que estão dentro das terras indígenas, abrindo caminhos para madeireiros, grileiros e garimpeiros. Com isso, a Coordenação Geral de Licenciamento (CGLIC) fica na função figurativa e sem poder algum para coordenar todos os processos.

    Repudiamos os cortes que atingem e atingirão servidores responsáveis por fiscalizar obras das hidrelétricas, rodovias, ferrovias e outros tipos de impacto social, cultural e ambiental dos povos indígenas. Agora temos uma CGLIC que tem dez técnicos para analisar cerca de três mil processos de licenciamento e fica a cargo de 300 processos para cada técnico da FUNAI.

    Não vamos aceitar que a FUNAI sirva apenas como órgão indigenista de manobra e oficializar a violação dos direitos humanos dos povos indígenas, a usurpação dos recursos naturais e minerais das terras indígenas para as empresas mineradoras e madeireiras. Não vamos permitir que os direito dos povos indígenas seja violado.

    Queremos uma FUNAI estruturada e com orçamento que garanta os atendimentos em todas as demandas com os povos indígena do estado de Rondônia. E exerça a função de ir contra os interesses capitalistas do agronegócio, mineradoras, madeireiras e das empreiteiras nas terras indígenas.

    Não aceitamos um decreto que sucateia e enfraquece a política indigenista, retrocede e viola os direitos indígenas, decreto que possibilita o avanço do agronegócio, atinge os indígenas de não ter mais acesso ao Bolsa Família ou salário maternidade. Esse decreto é mais um GOLPE que os povos indígenas sofrem com o atual presidente e sua equipe faz e vem de maneira diabólica e desumana atacando todos direitos dos povos indígenas no Brasil.

    Repudiamos o projeto de lei de mineração em terras indígenas, pois se esta for aprovada será uma catástrofe em todas as terras indígenas. Pois, terá uma coordenadoria de licenciamento enfraquecida, sem nenhuma estrutura, física humana e orçamentária para acompanhar os processos. Juntando isso entra o projeto de estrangeirização de terras, a especulação agropecuária, os empreendimentos de monocultivo, que precisam de licenciamento também… tudo isso será devastador no geral e para a Amazônia. E o decreto faz parte de uma estratégia pensada de desmonte que faz com que a PEC 215 não seja necessária porque, na prática, já está sendo implantada.

    Vilhena-RO, 05 de Abril de 2017.

    Coordenação Executiva da OPIROMA

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  • 05/04/2017

    Contra decreto de desmanche da Funai, povos indígenas ocupam sedes do órgão no RN e CE


    Ocupação da CTL/Funai, em Natal (RN). Crédito da foto: Daniela Rodrigues/CRP-RN

     

     


    Por Renato Santana, da Assessoria de Comunicação – Cimi

    As sedes da Fundação Nacional do Índio (Funai) no Rio Grande do Norte e Ceará estão ocupadas por mais de uma dezena de povos indígenas. Os protestos, iniciados na última semana, são contra o Decreto 9.010/17, publicado em 23 de março, que fechou coordenações técnicas locais (CTL’s), exonerou servidores e forçou nomeações políticas, inclusive com ligações ruralistas, às estruturas remanescentes do órgão.

    O decreto extinguiu 347 cargos da Funai e 50 CTL’s em todo o Brasil, entre elas as coordenações que atendem povos no Piauí e Rio Grande do Norte. Ambas estão ligadas à Coordenação Regional Nordeste II, com sede em Fortaleza (CE), ocupada desde o dia 20 em contrariedade à nomeação política da coordenadora Tanúsia Maria Vieira – depois de pressão política do deputado federal Aníbal Gomes (PMDB/CE).  

     

    Conforme lideranças indígenas, Tanúsia é esposa de um conhecido opositor à demarcação da Terra Indígena Tapeba. "Se trata de um total desrespeito do governo federal ao Artigo 6º da Convenção 169 (da Organização Internacional do Trabalho – OIT), que trata do direito à consulta livre, prévia e informada. O governo não nos ouviu ao tomar medidas que afetam diretamente as nossas vidas", declarou Weibe Tapeba.

    Na segunda-feira, 3, os povos Potiguara, Tapuia e Tapuia Paiacú ocuparam em Natal (RN) a sede da CTL. Antes de 2011, ano em que a Funai passou atender com um escritório os povos do estado, nenhum procedimento demarcatório estava em curso. Os indígenas não eram atendidos pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e tampouco tinham Educação Escolar Indígena Diferenciada.

    Com a chegada da CTL, um Grupo de Trabalho está em curso para a identificação da Terra Indígena Sagi-Trabanda/Baía Formosa, do povo Potiguara, e outros quatro territórios já estão com relatórios de qualificação de demanda prontos. "Depois que a Funai chegou, veio a Sesai e um articulação de parcerias para o etnodesenvolvimento das aldeias e educação diferenciada", explica Tayse Potiguara.

    A liderança indígena destaca que havia "preconceito institucional em todos os lugares contra a gente. Uma consulta no hospital pediam pra gente a comprovação de que somos indígenas. A Funai aqui trabalhou bastante esse aspecto esclarecendo as instituições da Constituição, Convenção 169", diz a Potiguara. A chegada da Funai ao RN é considerada pelos povos indígenas uma importante conquista.

    Os Potiguara, Tapuia e Tapuia Paiacú estão espalhados nos territórios de Sagi-Trabanda/Baía Formosa, Catu/Canguaretama-Goianinha, Tapará/Macaíba-São Gonçalo do Amarante, Mendonças do Amarelão, Serrote de São Bento e Assentamento Santa Terezinha/João Câmara, Caboclos/Assú e Apodi. A aldeia mais afastada fica na divisa com o Ceará, a 600 km de Natal.

    São pouco mais de 5 mil indígenas no RN, divididos em 1.132 famílias, que agora podem ficar sem o órgão indigenista. "Falam em cortar recursos, mas aqui só trabalhavam dois servidores. Indigenistas de verdade, que estão com a gente sempre. Muitas vezes tiram do próprio bolso para garantir o que precisamos. E para eles também: até a água da sede são os dois que bancam", revela a Potiguara.

    Sem recursos, a liderança indígena explica que os servidores necessitam fazer parceiras com o governo estadual, universidades e demais parceiros para garantir atividades tradicionais dos povos e o atendimento básico às aldeias. "Combustível, alimentação. Coisas básicas a CTL precisa de apoio porque não tem verba. Então o governo quer cortar o que já estava precário", afirma.

    Além da ocupação da CTL, os povos do RN estão realizando outras mobilizações pelo estado incluindo a possibilidade de fechamento de rodovias. "A gente sente que estão usando um momento do país para desmantelar a Funai. É um outro golpe. Mesmo funcionando aos trancos e barrancos, a Funai é importante pra gente. Aqui no RN temos esse exemplo. O que nossos inimigos desejam é o fim da Funai".



    Ocupação à sede da Funai Nordeste II, em Fortaleza. Crédito da Foto: Caroline Leal/Grupo de Pesquisa-Unilab

     


    Funai sob ataque do ministro ruralista         

    O Decreto 9.010/17 foi assinado pelo ministro ruralista da Justiça, Osmar Serraglio. Conhecido por sua militância, na Câmara Federal, contra o direito à terra dos povos indígenas, sendo um dos articuladores da PEC 215 e da CPI da Funai/Incra, Serraglio declarou em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo que os indígenas deveriam esquecer as demarcações de territórios tradicionais.

    A Articulação dos Povos e Organizações do Nordeste (Apoinme) divulgou um vídeo denunciando o governo federal. Outras organizações indígenas lançaram notas contra o decreto. A Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) denunciou o fechamento de três CTL’s na região. A Organização dos Povos Indígenas de Rondônia, Noroeste do Mato Grosso e Sul do Amazonas (Opiroma) tomou a mesma postura.

    "Não vamos aceitar que a FUNAI sirva apenas como órgão indigenista de manobra e oficializar a violação dos direitos humanos dos povos indígenas, a usurpação dos recursos naturais e minerais das terras indígenas para as empresas mineradoras e madeireiras. Não vamos permitir que os direitos dos povos indígenas sejam violados", diz trecho da nota divulgada pela Opiroma.

    Demais entidades da sociedade têm demonstrado apoio aos povos indígenas em protesto contra o desmonte da Funai. Para o secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cleber Buzatto, o objetivo do governo Michel Temer é transformar a Funai num órgão de assistência social precarizado rebaixando a política indigenista a um contexto semelhante ao da ditadura militar quando o órgão indigenista servia apenas para balizar a política genocida e assimilacionista do regime.  

    "O próprio ministro ruralista disse que terra não enche barriga de ninguém. A intenção é não demarcar, não ter estrutura estatal para isso", afirma o missionário indigenista.


    Para o Conselho Regional de Psicologia (CRP) do Rio Grande do Norte se trata de "um evidente processo de desmonte da política indigenista no país, permeada por interesses comerciais nas terras e recursos naturais das comunidades indígenas", conforme trecho de nota pública divulgada. O CRP possui trabalhos juntos aos povos do RN e pela vulnerabilidade dos indígenas sem a Funai no estado.  

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  • 04/04/2017

    MPF realiza ações pelo fortalecimento dos direitos dos índios e para combater retrocessos na política indigenista


    Protesto indígena no Palácio do Planalto. Crédito: Marcelo Camargo/ABr


    Para celebrar o mês do índio e discutir os principais problemas que afetam essas populações, o Ministério Público Federal, por meio da Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais (6CCR) e os vários procuradores com atuação na temática, realiza a campanha #ABRILindígena. Até o fim do mês, estão previstas ações como a divulgação de números relativos à ação coordenada do MPF em defesa dos povos indígenas, a realização de eventos e debates sobre a temática em vários estados brasileiros, a publicação de artigos e postagens nas redes sociais da instituição, para reforçar a necessidade de proteção e fortalecimento dos direitos dos povos povos indígenas, valorizar sua diversidade e relevância, discutir as formas de garantir seus direitos, bem como combater os retrocessos na política indigenista brasileira.

    “Teremos o mês inteiro para realçar a importância dos primeiros e originários habitantes do nosso país, que, com sua diversidade e pluralidade, são motivo de orgulho e luta para o Ministério Público Federal”, explica o coordenador da 6CCR, o subprocurador-geral da República Luciano Mariz Maia. “Essa diversidade humana embeleza nosso país e nossa vida”.

    Direito à terra e marco temporal – “Índio é terra; terra é justiça para o índio. E, com justiça, obtém-se a paz para todos nós”, explica Luciano. O direito originário dos indígenas às suas terras tradicionais será o tema principal do #ABRILindígena deste ano. Em Brasília, acontecerá a Oficina “Povos Indígenas e Direitos Originários”, no dia 25 de abril, das 9h às 13h, no auditório JK da Procuradoria-Geral da República. Especialistas convidados irão debater os direitos originários dos povos indígenas à terra e o sistema internacional de proteção de direitos humanos em três mesas temáticas: “Terras Indígenas nas Constituições Brasileiras”, “Etnografia nas Terras Indígenas” e “Terras Indígenas na Jurisprudência do Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Indígenas”.  

    Promovida pela 6CCR com o apoio do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Instituto Socioambiental (Isa), Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e Plataforma Dhesca, a oficina é aberta ao público, e as inscrições podem ser feitas até 20 de abril, pelo e-mail pgr-treinamento@mpf.mp.br.  Clique para mais informações.

    O MPF também recebe, até o dia 25 de abril, artigos jurídicos e acadêmicos que abordem o tema demarcação de terras indígenas e marco temporal, para inclusão em coletânea a ser produzida pela 6CCR. O objetivo da publicação é contribuir com a pesquisa e a atuação profissional na temática e os artigos podem ser de autoria de membros do MPF ou de colaboradores externos à instituição. Os textos devem ser enviados para o e-mail 6ccr@mpf.mp.br. Saiba mais

    Durante todo o mês, as redes sociais do MPF discutirão a temática indígena, com vídeos e postagens sobre diversos assuntos. Acompanhe: https://www.facebook.com/MPFederal/

    Outros eventos – Em todo o país, as unidades promoverão eventos sobre a temática indígena. Membros do MPF também participarão como debatedores em eventos promovidos por parceiros. Veja abaixo a agenda completa de eventos do #ABRILindígena (programação em constante atualização):

    AGENDA DE EVENTOS #ABRIL INDÍGENA

    # 3 a 5 de abril de 2017

    Encontro sobre povos indígenas em situação de isolamento na Amazônia

    Participação: PR/MT

    Horário: 8h – 18h

    Local: Cuiabá / MT

    # 5 de abril de 2017

    Palestra “Direito dos índios à luz da antropologia e história do Oeste de Santa Catarina”

    Participação:  PRM-Chapecó (SC)

    Horários: 19:00 h

    Local: Salão de atos da Unochapecó – Universidade Comunitária da Região de Chapecó

    # 10 de abril de 2017

    Seminário “Povos indígenas e proteção ao Meio Ambiente no Oeste Catarinense”

    Participação:  PRM-Chapecó (SC)

    Horários: 14h às 17h

    Local: Escola Cacique Vahnkre – TI Xapecó

    # 18 e 19 de abril de 2017

    Semana dos Povos Indígenas – 2017

    Realizador:  PR/MT

    Horário: 19h

    Local: Auditório da ADUFMAT – UFMT

    #19 de abril de 2017

    Direitos Indígenas: Panorama Atual

    Realizador: Procuradoria Regional da República 3ª Região (SP)

    Horário: 10h

    Local: Auditório PRR3 ( Avenida Brigadeiro Luís Antônio, 2020, São Paulo, SP)

    # 19 de abril de 2017

    Evento comemorativo ao dia do índio

    Realizador:  PRM-Chapecó (SC)

    Horários: 14h às 17h

    Local: Praça Coronel Bertaso

    # 19 de abril de 2017

    Audiência Pública: Desafios atuais dos povos indígenas do Oeste de Santa Catarina

    Realizador:  PRM-Chapecó (SC)

    Horários: 17h ás 20:30

    Local: Auditório da Câmara de Vereadores de Chapecó

    # 20 de abril de 2017

    Audiência Pública – Agressões aos direitos dos povos indígenas durante a ditadura militar

    Realizador: Senado Federal

    Horário: 9 h

    Local: Comissão de Direitos Humanos – Senado (DF)

    Com a participação do coordenador da 6ª CCR como debatedor, subprocurador-geral da República Luciano Maia

    # 24 de abril de 2017

    Workshop: Sistemas de alerta precoce e resposta rápida: experiências da América Latina

    Realizador: 6ª Câmara de Coordenação e Revisão

    Horário: 9h – 18h

    Local: Auditório JK – PGR (DF)

    # 25 de abril de 2017

    Oficina “Os Povos Indígenas e os Direitos Originários” (DF)

    Realizador: 6ª Câmara de Coordenação e Revisão MPF

    Horário: 9h às 13h

    Local: Auditório JK – PGR  

    Saiba mais

    # 27 e 28 de abril de 2017

    Seminário Regional: Desafios da Educação Escolar Indígena (SC)

    Realizador: GT Educação Indígena da 6CCR, em parceria com a Assembleia Legislativa de Santa Catarina

    Horários: das 13h às 18h30 (27/04) – das 8h30 às 12h (28/04).

    Local: Auditório da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina – Florianópolis/SC

    EVENTOS JÁ REALIZADOS

    # 29 e 30 de março de 2017 – (veja como foi o evento: primeiro dia e segundo dia)

    Curso para servidores públicos em Santarém (PA) busca combater racismo contra indígenas

    Realizador: PRM/Santarém

    Horário: 8h – 18h

    Local: auditório Maestro Wilson Fonseca, do campus Rondon da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa)

    # 31 de março de 2017 – (Realizado – saiba como foi)

    Audiência Pública sobre os impactos das instalações de empreendimentos para as comunidades indígenas de Aracruz (ES)

    Participação: PR/ES

    Horário: das 16h às 20h

    Local: Escola Municipal de Ensino Fundamental Indígena Caieiras Velha (Rodovia Primo Bitti, s/nº, Aldeia Caieiras Velha, Aracruz)

    #31 de março de 2017 (Realizado)

    Reunião para tratar do caso da TI Jaraguá (SP)

    Participação da PR/SP

    Foram discutidas estratégias para atuação coordenada para a solução dos problemas enfrentados pela Terra Indígena Jaraguá

    Horário: 9h 16h

    Local: Procuradoria da República em São Paulo

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  • 04/04/2017

    Nossas lutas, nossos mártires


    Por Egon Heck e Cimi Regional MT

    “Vicente lutou também contra os neobandeirantes, como se autodenominam os fazendeiros que invadem a Amazônia Legal. Vicente morreu para que os Enawenê-Nawê continuem vivos, acompanhados, a partir de agora, por outros companheiros de trabalho e de ideal”. (Thomaz Lisboa)

    No início do momento celebrativo e de memória os que conviveram com Vicente destacaram algumas impressões e sentimentos sobre a vida e testemunho do mártir. Bartolomeu Meliá ressaltou que Vicente foi uma pessoa fora do comum, admirada mas nem sempre imitada. Ele tinha uma enorme capacidade de escutar e de estar sozinho. Nem tudo e nem sempre era fácil a convivência. Não era um santo clássico. Tem que acabar com essa civilização (da desigualdade), repetia.

    Para Egydio Schwade, ele foi um dos maiores indigenistas que o país conheceu. Ele foi um grande mestre da inculturação, afirmou Elisabeth Aracy Rondon, colocando uma interrogação: “o que diria Vicente sobre a realidade que vivem hoje esses povos?”. Para Vanda, ele foi seu guru, inspirando confiança. Ele tinha uma enorme admiração pelos Enawenê. Era uma pessoa imensamente livre, disse Sebastião Carlos Moreira, que esteve com os amigos na hora que encontramos o corpo de Vicente, no dia 16 de maio. Tinha ideias muito transformadoras e práticas radicais. Thomaz tem “grande admiração por esse seu melhor amigo, que tanto o ajudou nas horas difíceis de discernimento e decisões”. Respeitava profundamente o outro, em especial os povos indígenas.

    D. Roque, presidente do Cimi, veio trazer sua palavra de ânimo aos lutadores e lutadoras que, como Vicente assumem a causa dos povos indígenas e da transformação social.

    Foram três dias de intensas celebrações em sintonia com a mãe terra, a irmã água, o vento e o fogo. Sentimos a presença de Vicente e os milhares de guerreiros e guerreiras indígenas e missionários que foram assassinados nas últimas décadas, que deram suas vidas para que prevaleçam as forças da Vida sobre os projetos de morte.

    Os povos indígenas presentes destacaram a importância de pessoas comprometidas com a causa indígena, como Vicente. Chamaram atenção para o cuidado necessário, por parte dos missionários, pois existem muitas ameaças de assassinato daqueles que apoiam a causa indígena.

    “Vivenciamos neste encontro de memória, saudade e partilha momentos celebrativos que nos ajudaram a reavivar nossa fé, esperança e utopia. Os testemunhos das pessoas que conviveram com o Ir. Vicente foram momentos marcantes”, afirma a mensagem do encontro da memória dos 30 anos do assassinato de Vicente Kiwxi.

    Vivenciamos aspectos simbolicamente muito fortes. Estiveram presentes os Myky, os Enawenê Nawê e Thomaz Lisboa, que juntamente com Vicente fez os primeiros contatos com esses povos. Thomaz também estava junto aos que encontraram o corpo de seu melhor amigo, assassinado em 16 de abril de 1987.


    Genito Guarani Kaiowá, filho do cacique Nísio Gomes, veio para trazer a solidariedade de seu povo e falar da dramática situação pela qual está passando o povo Guarani nas últimas décadas. Denunciou a violência e criminalização, pois após seis anos do assassinato de seu pai, o corpo ainda não foi localizado e os responsáveis por tal barbárie continuam sem punição.

    Na mensagem final do encontro ficaram assumidos alguns compromissos e exigências:

    – A necessidade das entidades envolvidas com a questão indígena busquem formas concretas de realizar trabalhos em rede, com uma presença na aldeia Enawenê-Nawê contribuindo para a garantia de bem viver frente às várias ameaças das PCHs, BR 174, mineração e agronegócio.

    Novo júri popular, não apenas para que seja feito justiça no assassinato de Ir. Vicente Cañas, mas naquilo em que ele representará para a garantia dos direitos dos povos indígenas e a segurança para aqueles que, em apoio a esses povos se colocam ao seu lado contra projetos que põem em risco suas vidas, seus costumes e seus territórios no Brasil.

    Para manter viva a memória do Ir. Vicente Cañas, durante o Seminário, foi lançado o livro “Provocar rupturas, construir o Reino: memória, martírio e missão de Vicente Cañas”, organizado pelo Cimi e publicado pela editora Loyola. Um documentário sobre o seminário também está sendo preparado.

    “Chega de tanta violência, basta de tanta morte! Convocamos todos à luta contra esta barbárie e perversidade que ceifa a vida de nossos irmãos e irmãs. Apesar do risco de morte, jamais deixaremos de lutar”. (D. Erwin Kräutler, 24 de maio de 1987)

    “Obrigado Ir. Vicente Cañas por deixar-te amassar e germinar pela Amazônia e seus povos. Obrigado por teu túmulo florido, por doar-te todo, por teu martírio e transformação profética, irmão jesuíta, em (Kiwxi) irmão dos índios!” (Fernando Lopez)

    Aguaçu, Cuiabá, 04 de abril de 2017

    Fotos: Marinelis

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  • 03/04/2017

    “O testemunho e a coerência de Vicente Cañas nos interpelam e questionam”


    Os participantes do Seminário Vicente Cañas, realizado entre 31 de março e 2 de abril no distrito de Aguaçu, no Mato Grosso, divulgaram a mensagem do encontro que resgatou a memória da vida e da trajetória do missionário. O seminário marcou o lançamento do livro “Provocar rupturas, construir o Reino: memória, martírio e missão de Vicente Cañas”, organizado pelo Cimi, e a memória dos 30 anos do assassinato de Kiwxi, como foi batizado pelos indígenas Myky.

    “Seu testemunho e coerência de vida nos interpelam e questionam diante do atual contexto sócio-político-econômico em que vivemos. Vivenciamos neste encontro de memória, saudade e partilha momentos celebrativos que nos ajudaram a reavivar nossa fé, esperança e utopia”, afirma a mensagem dos participantes.

    O documento também reafirma a necessidade da construção de uma rede em defesa do Bem Viver dos Enawenê-Nawê, povo ao qual Vicente dedicou importante parte de sua vida, e a relevância do novo júri popular “para a garantia dos direitos dos povos indígenas e a segurança para aqueles que, em apoio a esses povos, se colocam ao seu lado contra projetos que põem em risco as vidas, os costumes e as terras indígenas no Brasil”.

    Leia a íntegra do documento abaixo:



    MENSAGEM DO SEMINÁRIO Ir. VICENTE CAÑAS, SJ.

    “O Colaborador do Reino, necessariamente, será um provocador de rupturas. Vicente Cañas foi este colaborador” (Paulo Suess)

    Nós, vindos de Mato Grosso, Roraima, Tocantins, Amazonas, Maranhão, Pará, Rondônia, Acre, Brasília, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Equador, Porto Rico, Paraguai… participantes do CIMI, OPAN, REPAM, Comitê pela Memória, Verdade e Justiça da Amazônia, Casa da Cultura do Urubuí, CEB´s, Jesuítas  outras Congregações Religiosas e representantes dos povos Indígenas: Enawenê-Nawê, Rikbaktsa, Kawaiwete (Kayabi), Guarani Kaiowá e Myky, nos dias 31 de março, 01 e 02 de abril de 2017, ouvimos os relatos e refletimos sobre os testemunhos das pessoas que conheceram, conviveram, sentiram o assassinato e martírio de Vicente Cañas, há 30 anos. Até os dias de hoje, infelizmente, o crime continua em total impunidade, assim como tantos outros crimes impetrados contra os povos originários.

    Durante o Seminário foi feita uma retrospectiva histórica sobre a vida do Ir. Vicente Cañas, que foi assassinado em 06 de abril de 1987, abaixo do lugar chamado Caixão de Pedra, no Rio Juruena, Território Indígena Enawenê-Nawê. Seu corpo foi encontrado, quarenta dias depois, mumificado e preservado, ao lado do barraco que usava como espaço de apoio.

    Ele passou a conviver entre os Enawenê-Nawê em 1977, trabalhando pela garantia de seus direitos e pela demarcação de seu território tradicional. Seu testemunho e coerência de vida nos interpelam e questionam diante do atual contexto sócio-político-econômico em que vivemos.

    Vivenciamos neste encontro de memória, saudade e partilha momentos celebrativos que nos ajudaram a reavivar nossa fé, esperança e utopia. Os testemunhos das pessoas que conviveram com o Ir. Vicente foram momentos marcantes.

    Nesses dias de afirmação do compromisso com a causa indígena, duas questões centrais foram reafirmadas:

    – a necessidade das entidades envolvidas com a questão indígena buscarem formas concretas de realizar trabalhos em rede assim como efetivar presença na aldeia Enawenê-Nawê contribuindo para a garantia do bem viver frente às várias ameaças das PCHs, BR 174, mineração e agronegócio.

    – a importância de se buscar uma articulação para acompanhar e participar de maneira efetiva no novo júri popular, não apenas para que seja feita justiça no assassinato de Ir. Vicente Cañas, mas naquilo em que esse júri representará para a garantia dos direitos dos povos indígenas e a segurança para aqueles que, em apoio a esses povos, se colocam ao seu lado contra projetos que põem em risco as vidas, os costumes e as terras indígenas no Brasil.

    Para manter viva a memória do Ir. Vicente Cañas, durante o Seminário, foi lançado o livro: “Provocar rupturas, construir o Reino: memória, martírio e missão de Vicente Cañas”, organizado pelo CIMI (Loyola, 2017). A Verbo Filmes esteve presente registrando o Seminário e será preparado um documentário em parceria com o CIMI, REPAM e SIGNIS do Brasil.

    “Obrigado Ir. Vicente Cañas por deixar-te amassar e germinar pela Amazônia e seus povos. Obrigado por teu túmulo florido, por doar-te todo, por teu martírio e transformação profética, irmão jesuíta, em (Kiwxi) irmão dos índios!” (Fernando Lopez)

    Aguaçu, Cuiabá, 02 de abril de 2017


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