18/09/2018

Articulação nas aldeias indígenas define planejamento de atividades de formação e incidência política

A articulação nas aldeias dos povos integra o projeto “Garantindo a defesa de direitos e a cidadania dos povos indígenas do médio rio Solimões e afluentes”

Foto Fábio Pereira

Aldeia São João do Kurabi. Indígenas recebendo os educadores que chegam à aldeia. Foto Fábio Pereira

Por Ascom Cimi Tefé, com informações de Fábio Pereira e Raimundo Francisco

“Articular é unir diferentes partes de um corpo para um bom funcionamento do organismo”. Foi com esse espírito de união e organização que aconteceram, nos dias 28 e 29 de agosto, e também no dia 5 de setembro, em Itamarati/AM, a articulação nas aldeias dos povos integram o projeto “Garantindo a defesa de direitos e a cidadania dos povos indígenas do médio rio Solimões e afluentes”. O projeto é realizado pela Cáritas da Prelazia de Tefé e Conselho Indigenista Missionário (CIMI-Tefé), e financiado pela União Europeia e CAFOD, Agência Católica para o Desenvolvimento Internacional.

Segundo o educador e missionário do Cimi há mais de 10 anos, Fábio Pereira, a viagem até as comunidades e aldeias é cansativa, mas recheada de emoção. “Apesar da longa jornada temos nossas recompensas ao receber um abraço e um ‘sorrisão’ de boas-vindas de um povo simples, animado e acolhedor, que sabe partilhar aquilo que tem no seu jeito de ser indígena”.

“Mesmo com o histórico de violência e exploração, os povos Deni e Kanamari desfrutam hoje de uma terra demarcada e protegida por lei, rica de fauna e flora”.

Foto: Francisco Amaral

Aldeia São João do Kurabi. Reunião de articulação para agendamento das atividades do projeto. Foto: Francisco Amaral

Para Fabio, várias violações dos direitos indígenas foram diagnosticadas nas últimas décadas. “mesmo com o histórico de violência e exploração, os povos Deni e Kanamari desfrutam hoje de uma terra demarcada e protegida por lei, rica de fauna e flora, que é de onde tiram seu sustento”. O missionário ressalta, ainda, que a realidade de violação de direitos diagnosticada pelas equipes do CIMI ao longo dos anos são registradas, documentadas e entregues aos órgãos competentes por meio das atividades de incidência política apoiadas pelo projeto.

O mês de agosto foi destinado para essas viagens de articulação e o percurso foi traçado conforme a localização das aldeias ao longo do rio Xeruã, em Itamarati (AM): aldeias Morada Nova, Boiador, Terra Nova, Itaúba, Santa Luzia, Flexal e São João do Curabi, dos povos Deni e Kanamari. A equipe que seguiu para essa atividade é formada pelos educadores Fábio Pereira, Francisco Amaral e Raimundo Francisco.

“Para os indígenas, que recebem a equipe na comunidade, a chegada dos companheiros é motivo de festa, muito estudo e planejamento”.

 

Foto: Fábio Pereira

Equipe de educadores navegando para chegar à aldeia São João do Kurabi, Itamarati, AM.
Foto: Fábio Pereira

Os assuntos compartilhados durante a articulação foram o planejamento e calendário das atividades do 3º ano, entre eles a última etapa da Oficina Político-jurídica, e outros assuntos de interesse das comunidades, como o sucesso do manejo do pirarucu do povo Deni, apoiado pela parceira OPAN (Operação Amazônia Nativa); o cenário das eleições para o poder executivo e legislativo no Brasil e as candidaturas indígenas; a etapa local da 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena; Assembleia da ASPODEX (Associação dos Povos Deni do Rio Xeruã); Festejo de 60 anos da paróquia São Benedito em Itamarati; 5ª Assembleia das Comunidades Eclesiais de Base da Prelazia de Tefé e, por fim, as informações do Boletim Huhuride nº 5, que traz o trabalho realizado no ano 2 do projeto.

Foto Raimundo Francisco

Aldeia São João do Kurabi. Reunião de articulação para agendamento das atividades do projeto. Foto Raimundo Francisco

Foram dias de andanças, conversas, risos, animação, mas muita seriedade para acertar os calendários das atividades do ano 3 e, nelas, poder reunir e unir os indígenas em defesa dos seus direitos, seu território e suas vidas. Para a equipe, os momentos passados na aldeia vão além do trabalho. São momentos de (re)encontro, partilha, alegria, confraternização e construção de conhecimentos. Para os indígenas, que recebem a equipe lá no porto da comunidade, “a chegada dos companheiros é motivo de festa, muito estudo e planejamento”, como diz o tuxaua da aldeia Flexal, Marawe Juracir Kanamari.

Ao final do dia, “quando o sol vai saindo de cena e a lua vai tomando sua posição lá no céu”, diz Fábio, “a imagem que fica na mente e no coração é um leve contraste das pessoas e da natureza embrenhando-se um no outro”.

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