16/08/2018

16º Dia da greve de fome por justiça no STF: grevistas recebem Haddad e discursam para multidão em ato público

“Denunciamos o sofrimento e o abandono dos mais pobres, em especial das pessoas em situação de rua, das periferias, os negros, indígenas, camponeses, sem-terra, assentados, quilombolas e desempregados”

Foto: Adilvane Spezia | MPA e Rede Soberania

No dia em que as três colunas de povo em marcha se encontraram em Brasília com centenas de delegações que vieram dos mais distantes cantos do Brasil para conduzir o registro da candidatura de Lula e Haddad junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os sete grevistas de fome completaram respectivamente 16 dias sem alimento (Jaime Amorin, Sérgio Görgen, Gegê Gonzaga, Zonália Santos, Rafaela Alves e Vilmar Pacífico) e 8 dias sem alimento (Leonardo Rodrigues). Apesar de já estarem debilitados e com a saúde fragilizada, os ativistas participaram de uma agenda intensa de atividades, quase ininterruptamente do início ao final do dia.

Logo cedo a rotina foi agitada pela visita de Fernando Haddad – candidato a vice na chapa de Lula – e Gleise Hoffmann, presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores, acompanhados de dirigentes e parlamentares. Haddad manifestou solidariedade aos grevistas e expressou palavras de gratidão e reconhecimento pelo sacrifício que empreendem em nome da defesa da democracia. “Eu quero deixar a nossa solidariedade, a nossa gratidão, e sobretudo o nosso reconhecimento por esse ato, que é um ato radical sim, de luta, um ato de pessoas tão corajosas que colocam em risco a própria vida pra chamar atenção para a injustiça dos desmontes que atingem o povo e a injustiça de Lula inocente ser mantido preso” -, expressou Gleisi. Haddad fez questão de dizer que levou para a visita a palavra do ex-presidente de solidariedade e carinho àqueles que estão realizando um ato tão extremo em favor de um bem maior. “Lula também está em uma situação de agonia mas com força para que o povo possa recuperar sua força e sua voz”.

Foto: Adilvane Spezia | MPA e Rede Soberania

Uma delegação de sindicalistas, integrantes da Federação Única dos Petroleiros (FUP) estiveram com os grevistas pela manhã, debatendo a soberania nacional e reforçando as manifestações de solidariedade que já vinham sendo expressas pela classe desde a deflagração do movimento grevista. Professores e trabalhadores em educação também foram representados em um ciclo de visitas. O Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais trouxe uma delegação com representantes de diversos estados, desde o extremo sul do país até a região norte, que igualmente fizeram questão de passar alguns minutos com os grevistas e reforçar simbolicamente o ato dos sete.

Na sequência o teólogo Leonardo Boff e sua companheira Márcia Miranda passou algum tempo conversando com o grupo, prestando orientação espiritual e compartilhando memórias de outras lutas em que ele mesmo foi protagonista. “Vocês estão dando um pouco da vida de vocês porque a fome – assim como dizia Ghandi – é a forma mais assassina de agressão” -, explicou Boff. “Eu tenho esperança porque sei que a vida continua, essa esperança que nós não perdemos e vocês vivem dela”.

Foto: Adilvane Spezia | MPA e Rede Soberania

No início da tarde foi a vez do ex-senador Eduardo Suplicy deslocar-se até o Centro Cultural Brasília para conversar com os grevistas, debater a conjuntura do país e as pautas que dizem respeito às demandas do povo trabalhador. Suplicy presenteou com quatro livros os grevistas, com seu livro mais recente, “Renda de Cidadania: a saída é pela Porta”. O ex-governador do Rio Grande do Sul e membro do grupo que fundou o PT, Olívio Dutra, também esteve presente no CCB, reforçando os laços de companheirismo que os irmana na militância.

Foto: Adilvane Spezia | MPA e Rede Soberania

O final da tarde seria o mais simbólico, com o deslocamento dos grevistas até o ato público que foi realizado após o registro da candidatura de Lula e Haddad, efetivada junto ao Tribunal Superior Eleitoral. Em meio ao público estimado de 50 mil pessoas os grevistas Gegê e Amorin fizeram pronunciamento em nome do grupo. “Estamos em greve de fome para que o povo brasileiro não venha a morrer de fome. Denunciamos o sofrimento e o abandono dos mais pobres, em especial das pessoas em situação de rua, das periferias, os negros, indígenas, camponeses, sem-terra, assentados, quilombolas e desempregados. Denunciamos o aumento da violência contra as mulheres, jovens, negros e LGBTs. Queremos a juventude preta da favela viva, Lula Livre e Lula Presidente!”, explica Gegê a multidão que se reuniu em frente ao TSE.

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