04/04/2018

Exposição fotográfica no Uruguai expõe frases anti-indígenas de políticos brasileiros

A exposição fotográfica ‘Mantenho o que disse’, que será inaugurada em Montevidéu no dia 14 de abril revela, em oitenta painéis, as condições em que vivem os indígenas da segunda maior etnia brasileira, os Guarani e Kaiowá

Niños indígenas juegan en la laguna de Panambizinho, un área indígena demarcada por el gobierno en 2014, tras más de cuarenta años de lucha y resistencia. Panambizinho, Dourados, Mato Grosso do Sul, Brasil. Foto: Pablo Albarenga

A exposição fotográfica ‘Mantenho o que disse’, que será inaugurada em Montevidéu no dia 14 de abril revela, em oitenta painéis, as condições em que vivem os indígenas da segunda maior etnia brasileira, os Guarani e Kaiowá, no Mato Grosso do Sul. O ensaio é resultado do trabalho de três anos da brasileira Ana Mendes e do uruguaio Pablo Albarenga.

A exposição traz algo curioso. Ao lado das imagens, frases de políticos brasileiros ditas em situações públicas, discursos ou entrevistas, compõem um cenário que hora é de tristeza, ironia ou indignação. Difícil não se consternar ao ver a imagem de uma criança no hospital e ler “Estão aninhados quilombolas, índios, gays, lésbicas, tudo que não presta, estão aninhados ali”, dita por um deputado federal em 2013. A tentativa dos autores é levar o público a reflexão crítica sobre o que é dito explicitamente por políticos brasileiros no que se refere a questão indígena. São 15 frases, dentre elas: “Vamos parar com a essa discussão sobre terra. A terra enche barriga de alguém?” ou “Temos que produzir sustentabilidade. Ensinar a pescar.”.  

Luego de la ataque conocido como la masácre de Caarapó, donde Clodiodi Aquileu, indígena de 23 años, perdió la vida. Los indígenas recogieron varios cartuchos de bala. Retomada Kunumy Verá Poty, Caarapó, MS. 
Foto: Pablo Albarenga

O ensaio, entretanto, não trata somente temas pesados e de difícil digestão. Ao contrário, Ana e Pablo buscaram retratar o cotidiano dos indígenas. Os momentos de alegria e carinho também estão lá. “A gente vem de uma escola da fotografia documental humanista que tem a intenção de denunciar sim, mas também de criar empatia. Eu fotografo um indígena do mesmo jeito que fotografo minha família, com amor.”, afirma Ana.

‘Mantenho o que disse’ é uma realização do Centro de Fotografia de Montevideo (CDF) e ficará aberto à visitação, na Fotogaleria Prado, na cidade de Montevidéu, até 11 de junho. Junto a programação da exposição haverá bate-papo com os autores e uma oficina de fotografia de J.R Ripper, fotógrafo brasileiro que assina o texto de abertura da mostra. A programação completa pode ser conferida em breve no site http://cdf.montevideo.gub.uy/.

Enterro do agente de saúde indígena Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza, 23 anos, Reserva Te’ykue, Caarapó, MS. Foto: Ana Mendes

SAIBA MAIS:

Ana Mendes: https://nocaminhoteexplico.wixsite.com/anamendes

Pablo Albarenga: pabloalbarenga.com

Centro de Fotografia de Montevidéu: http://cdf.montevideo.gub.uy/

SERVIÇO

O que: Exposição Fotográfica Mantengo lo que dije (Mantenho o que disse) de Ana Mendes e Pablo Albarenga.

Onde: Fotogaleria Prado, Pasaje Clara Silva esquina Av. Delmira Agustini. Montevidéu, Uruguai.

Quando: 14 de abril até 11 de junho de 2018.

CONTATO

Ana Mendes:

whats/fone: (021) 997324272

e-mail:[email protected]

Share this:
Tags: