13/07/2016

Primeiro curso de extensão em Histórias e Culturas Indígenas inicia em Luziânia


Teve início nesta segunda-feira (11) o Curso de Extensão em Histórias e Culturas Indígenas, realizado em parceria pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Desde este dia, aproximadamente 50 pessoas de diversas regiões do Brasil, entre indígenas e não-indígenas, estão reunidas no Centro de Formação Vicente Cañas, em Luziânia (GO), onde participam da atividade de formação e debate sobre as dinâmicas históricas, culturais e sociais que envolvem os povos indígenas e sua resistência secular aos projetos de colonização, extermínio e assimilação.

Em sua primeira edição, o curso terá duração aproximada de três semanas, até o dia 29 de julho, e propõe discussões aprofundadas sobre diversos aspectos ligados à realidade dos povos originários.

“Esse curso tem uma importância singular, que é a possibilidade de duas instituições – no caso do Cimi, com mais de 40 anos de conhecimento e convivência com os povos indígenas, e no caso da Unila, com uma experiência acadêmica voltada para essa dimensão continental latino-americana e para as sociedades indígenas da região – oferecerem esse curso para a sociedade brasileira, pensando na desconstrução dos estereótipos sobre os povos indígenas e na criação de um novo pensamento, de relações de igualdade, de convivência e de respeito. Acho que estamos precisando disso, desde a perspectiva social até a ambiental”, afirma Clóvis Brighenti, professor de História das sociedades indígenas e da América Latina na Unila e coordenador do curso de extensão.

Nos primeiros dias do curso, o professor Clóvis ministra a disciplina de “História e Resistência Indígena”. O cronograma ainda inclui disciplinas sobre antropologia indígena, a questão da terra, do território e da territorialidade, os direitos indígenas, os projetos de Bem-viver e a conjuntura político indigenista no Brasil contemporâneo.


O curso de extensão foi pensado para atender especialmente a movimentos e pastorais sociais, professores, professoras e demais pessoas ligadas à área da educação, buscando contribuir para a aplicação qualificada da lei 11.645. Sancionada em 2008, esta lei estabeleceu a obrigatoriedade do estudo de história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas públicas e privadas do país. Para contemplar este aspecto, o último dia de curso prevê uma disciplina voltada à orientação metodológica do ensino da História indígena.

Além da educação, pessoas de diversas áreas de formação e atuação também participam do curso. “Estamos muito satisfeito com essa diversidade de pessoas que se inscreveram e estão aqui presentes. Percebemos que grande parte delas já passou ou está na universidade e sente a necessidade de algo a mais, que as universidades não oferecem, que é justamente o conhecimento sobre as culturas e as histórias indígenas”.

“Sempre tivemos uma perspectiva de contribuir para que a sociedade nacional e as igrejas tivessem uma mudança profunda na sua maneira de ver os povos indígenas. É importante criar uma visão e uma percepção diferentes do que é o outro, do que são estes povos. Sem ufanismo e sem demonização, ver qual de fato é essa realidade hoje”, afirma Egon Heck, missionário histórico do Cimi, que informalmente contribui com a atividade partilhando sua experiência de décadas de atuação junto aos povos indígenas.


“Esse curso, assim como a Semana dos Povos Indígenas, nada mais é do que um canal para ajudar a sociedade a pensar, repensar, aprofundar e corrigir suas visões distorcidas, colonialistas, existentes até pela falta de informação em relação aos povos indígenas”, conclui o missionário.

Em sua primeira edição, o Curso de extensão em Histórias e Culturas Indígenas será ministrado por seis professores e professoras e contabiliza, ao todo, uma carga horário de 314 horas, sendo 180 presenciais e outras 134 de atividades auxiliares.

Fonte: Assessoria de Comunicação do Cimi
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