09/06/2016

Organizações da América do Sul solidarizam-se com povos indígenas e presos políticos no Brasil

Diversas organizações que compõem a Coordenação Latinoamericana de Organizações do Campo (Cloc) – Via Campesina da América do Sul, reunidas em Quito entre os últimos dias de maio e os primeiros de junho, manifestaram seu repúdio às “sistemáticas ações de perseguição e criminalização das organizações sociais no Brasil”. Em nota sobre a situação política e social brasileira, a Cloc afirma que “os camponeses estão sendo encarcerados e os povos indígenas massacrados”.


Em sua articulação continental, a Cloc – Via Campesina é formada por 84 organizações e movimentos sociais ligados às lutas do campo e dos povos indígenas de 18 países da América Latina e do Caribe.

Entre os dias 31 de maio e 3 de junho, as organizações da América do Sul encontraram-se em Quito para uma reunião, onde cerca de 60 representantes de movimentos dos diversos países da região discutiram sobre a situação política sul-americana.

Os diversos relatos trataram de situações ainda comuns em toda a América Latina: a pressão do agronegócio e das empresas transnacionais sobre os territórios dos povos originários e camponeses, a criminalização e a repressão contra movimentos sociais, especialmente no contexto do campo e da luta pela terra, e o risco de retrocessos e golpes “brancos”, a exemplo das situações vivenciadas em Paraguai, Honduras e, recentemente, no Brasil.

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), presente ao encontro, denunciou a grave situação dos povos indígenas no Brasil, tanto em função da violência direta e da omissão constante de todos os governos, quanto do risco de anulação de direitos, intensificado no contexto do governo provisório do vice-presidente Michel Temer.

A discussão passou também pela proposta de fortalecimento da articulação latino-americana, de maior visibilidade à situação dos povos indígenas em todo o continente e da necessidade de maior atenção ao princípio do Bem-Viver, comum às organizações que buscam a construção de um mundo  justo e solidário.

Ao fim do encontro, a Cloc-Via Campesina elaborou uma nota de solidariedade aos militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST, integrante da Via) presos arbitrariamente no último mês nos estados do Goiás e do Rio Grande do Sul, na qual menciona também o massacre dos povos indígenas no Brasil.

Leia a nota na íntegra, traduzida livremente:

Equador: posicionamiento da CLOC- Via Campesina América do Sul – solidariedade com os presos políticos no Brasil

6 de junho de 2016

As organizações camponesas da região da América do Sul, articuladas internacionalmente na Cloc-Via Campesina, reunidas em Quito, Equador, de 31 de maio a 3 de junho de 2016, repudiam veementemente as sistemáticas ações de perseguição e criminalização das organizações sociais no Brasil. Os camponeses estão sendo encarcerados e os povos indígenas massacrados.

Sabemos que esses acontecimentos fazem parte do contexto atual, de golpe e de retrocessos de direitos, de uma ofensiva dos setores da classe dominante conservadora do Brasil, que buscam limitar o direito legítimo de protestar; classificando a todos os militantes sociais e suas organizações como criminosas.Tudo em nome de que? Da defesa intolerante da propriedade privada da terra e de todos os bens da natureza.

Neste cenário de perseguição, denunciamos a prisão dos militantes Valdir Misnerovicz e Luis Batista Borges, encarcerados pelas forças policiais dos estados de Goiás e Rio Grande do Sul. São acusações infundadas que buscam criminalizar a luta legítima dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Nós das organizações camponesas da Cloc – Via Campesina América do Sul nos solidarizamos com os companheiros e com o Movimento Sem Terra. Nos comprometemos a seguir denunciando essas e outras arbitrariedades contra as lutadoras e lutadores do povo, e afirmamos nosso compromisso de seguir organizando o campo e a classe trabalhadora em geral, lutando para por fim a todas as formas de opressão que impedem que sejamos efetivamente livres e felizes.

Viva a unidade da classe trabalhadora!
Liberdade para nossos presos políticos!
Globalizemos a luta, globalizemos a esperança!

Fonte: Assessoria de Comunicação do Cimi
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