29/09/2015

Contrariando ruralistas, General afirma que paraguaios não participaram de retomadas no MS

Durante apresentação do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) a representantes dos Três Poderes da República, no final da semana passada, em Dourados (MS), o general Rui Matsuda, da 4ª Brigada Guaicurus de Cavalaria Mecanizada, afirmou que não procede a informação denunciada ao seu comando de que paraguaios se infiltraram entre os Guarani e Kaiowá nas recentes ações de retomadas de terras indígenas no estado.

Matsuda explicou que os radares do Sisfron, capazes de rastrear pessoas ou veículos num raio de 10 km, não detectaram movimentação na fronteira de indivíduos com o intuito de seguirem às fazendas retomadas pelos indígenas, seja antes ou depois das ações. Os radares, conforme o general, podem identificar as mais sutis transições de um país ao outro e o rumo que elas tomam.

A 4ª Brigada instalou os radares em pontos diferentes na extensão da área de fronteira, onde estão terras indígenas na alça de mira de fazendeiros, sobretudo desde o último dia 29 de agosto, ocasião do assassinato de Semião Vilhalva: Ñanderú Marangatú, Potrero Guasu e Pyelito Kue. Binóculos com capacidade de alcançar pessoas e veículos a 10 km de distância, com perfeita capacidade de identificação a 5 km, também foram usados para investigar as denúncias recebidas pela Brigada.

“Essa travessia de paraguaios junto aos índios caiu por terra”, destacou Matsuda. Fazendeiros, sindicatos rurais e parlamentares ruralistas acusam os Guarani e Kaiowá e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) de arregimentar paraguaios para realizar “invasões de propriedades privadas” no estado. Há duas semanas, a bancada ruralista da Assembleia Legislativa do MS conseguiu aprovar a instalação da chamada ‘CPI do Cimi’.

De acordo com a criadora da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), deputada Mara Caseiro (PTdoB), a intenção é investigar a participação do Cimi no apoio às retomadas indígenas no Mato Grosso do Sul e o recebimento de recursos do exterior para tal fim. O Cimi, em nota pública, disse lamentar a abertura da CPI sem um fato determinado. Ressaltou que é público o fato da organização receber recursos de agências de cooperação e reafirmou que seguirá apoiando os povos e a causa indígenas – como faz há 43 anos.

Fonte: Assessoria de Comunicação - Cimi
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