Livro sobre a ditadura militar e o genocídio dos Waimiri–Atroari foi lançado em Roraima
Ocorreu na noite desta segunda-feira, 9 de fevereiro, no auditório Alexandre Borges, na Universidade Federal de Roraima (UFRR), o lançamento da publicação A Ditadura Militar e o Genocídio do Povo Waimiri-Atroari, organizada pela Comissão Estadual de Direito à Verdade, à Memória e à Justiça do Amazonas.
O evento contou com a participação de lideranças indígenas de Roraima, do Amazonas, missionários, estudantes, professores, pesquisadores e demais convidados. O coordenador do Comitê, Egydio Schwade, contou um pouco da trajetória de produção da publicação e reforçou a importância da continuidade da pesquisa pelos estudantes e pesquisadores, pois o que está registrado é apenas parte da história do massacre do povo indígena Waimiri-Atroari.
Participaram da mesa de lançamento, o bispo da Diocese de Roraima, Dom Roque Paloschi, o coordenador geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Mário Nicácio, o presidente da Hutukara Associação Yanomamo (HAY), Davi Kopenawa, o representante da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Parmenio Cito, e a mediação da mesa foi feita pela antropóloga Elaine Moreira. Durante o debate foram feitos vários questionamentos em relação ao processo de produção, pesquisa, e também sobre o próprio massacre e a realidade atual dos Waimiri-Atroari.
A publicação divulga o Relatório do Comitê Estadual de Direito à Verdade, à Memória e à Justiça do Amazonas, e busca dar voz aos índios, além de mapear os inúmeros impactos que comprovam que, na Amazônia, mais do que militares de esquerda, a ditadura eliminou milhares de indígenas. O foco do relatório, encaminhado à Comissão Nacional da Verdade, refere-se ao desaparecimento de mais de “dois mil Waimiri-Atroari em apenas dez anos”, de acordo com o relatório. O conteúdo relata ainda que na área onde localiza-se hoje a Mineradora Taboca (Paranapanema) desapareceram pelo menos nove aldeias aerofotografadas pelo padre Calleri, em 1968.
No prefácio da publicação, escrito por José Ribamar Bessa Freire, professor da Faculdade de Educação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), afirma-se que “na realidade, não foi um ato isolado de alguns facínoras, mas uma política de Estado a serviço de interesses privados implementada com métodos de bandidagem, iniciada pelo colonizador e praticada ainda hoje”. E encerra registrando que “tudo ao estilo de um Rondon de cabeça pra baixo: ‘matar ainda que não seja preciso; morrer nunca’”.
O lançamento ocorreu como parte da programação da XXXV Assembleia Geral do Conselho Indigenista Missionário (Cimi-Norte I), que acontece em Roraima desde o dia 5 e será encerrada na próxima sexta-feira, 12, com o tema “O Projeto do Bem Viver em contraposição ao capitalismo”. Em breve os exemplares do livro A Ditadura Militar e o Genocídio do Povo Waimiri-Atroari estarão à disposição do público.