15/03/2014

A Marcha iluminada dos Tupinambá

Começou ontem (14) na Aldeia da Serra do Padeiro e vai até amanhã (16) a Marcha dos Povos da Carbuca e da Mata Atlântica, com o tema “Em defesa das terras sagradas dos Tupinambá”. Organizado pela Teia Agroecológica dos Povos da Cabruca e da Mata Atlântica, o evento conta, até o momento, com cerca de 400 pessoas das mais diversas entidades do Brasil, da América Latina e Europa. A maioria dos participantes são trabalhadores e trabalhadoras do campo – Movimento de Luta pela Terra (MLT), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Frente de Libertação da Terra (FLT), Movimento dos Trabalhadores(as) Assentados(as) e Acampados(as) (Ceta) e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), quilombolas e povos indígenas de outras etnias.

A caminhada iniciou-se na BR-101, a cerca de 11 km da Aldeia da Serra do Padeiro. Por volta das 15h os primeiros caminhantes começavam a chegar na comunidade onde eram alegremente recepcionados. Aos poucos, a aldeia foi ficando ainda mais colorida e vibrante, com faixas, cartazes e gentes das mais diversas “tribos”.

O fato destoante desta alegria eram os constantes e rasantes vôos de um helicóptero do exército brasileiro sobre a aldeia. Esses vôos vêm ocorrendo desde fevereiro, quando foi emitido um dispositivo intitulado GLO (Garantia da Lei e da Ordem), acionado pelo governador do estado Jacques Wagner e assinado pela presidente Dilma Rousseff, reforçando ainda mais a ocupação militar de um território indígena já reconhecido pelo próprio estado brasileiro.

Os participantes do evento que começou ontem têm como objetivo principal expressar solidariedade ao povo Tupinambá na sua justa e digna luta pela reconquista de suas terras, bem como proporcionar trocas de saberes e intercambiar experiências no campo da agroecologia e o fortalecimento da unidade das mais diversas lutas.

À noite, em volta da fogueira sagrada da Aldeia Serra do Padeiro, iluminada e apontando caminhos por uma bonita e significativa Lua Cheia, foram contadas muitas histórias da luta secular dos Tupinambá pela defesa da sua terra e da própria vida do povo, tantas vezes ameaçado desde a chegada dos colonizadores em 1.500, ali mesmo no território que ocupam há milênios.

Na programação, constam ainda a realização de uma farinhada, o plantio de 2 hectares de cacau orgânico e o plantio de sementes crioulas, além de debates e diversos rituais e celebrações.

Até domingo, os Encantados de todos os nomes e de todos os povos apontarão caminhos e luzes para a continuidade da luta e da resistência dos Tupinambá de Olivença e dos demais povos indígenas deste planeta.

Fonte: Haroldo Heleno, Regional Cimi Leste
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