Belo Monte: deputado é impedido pela polícia de conversar com indígenas; imprensa é barrada; militares ‘negociam’ em nome do governo
Ruy Sposati,
de Altamira (PA)
O deputado Padre Ton (PT-RO) foi impedido por policiais da Força Nacional de Segurança de entrar no canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Belo Monte, no Pará. O sítio está ocupado desde quinta-feira, 2, por indígenas que reivindicam a realização da consulta prévia e a suspensão da construção de hidrelétricas nos rios Xingu, Tapajós e Teles Pires.
Dois fotógrafos e duas equipes de televisão também foram novamente impedidos de entrar no local. Um dos jornalistas foi ameaçado de prisão por policiais, caso entrasse no canteiro. Um grupo de apoiadores do município de Altamira que levava frutas para os indígenas não foi liberado para entregar as doações aos manifestantes.
Numa lógica de desinformação, policiais teriam dado a informação falsa ao deputado de que os indígenas recusaram a visita do parlamentar. Mais tarde, o coordenador de movimentos do campo e território da Secretaria Geral da Presidência, Nilton Tubino, teria ligado ao deputado Padre Ton e o orientado a não ir ao canteiro. Dentro do canteiro, policiais disseram aos indígenas que Padre Ton não entraria para encontrá-los.
Em nome do governo federal, a Força Nacional apresentou ao indígenas uma última “proposta” de negociação: os indígenas deverão apresentar uma lista de reivindicações, que será assinada por eles e pelo governo, que se comprometerá a cumpri-la sob a condição de que, depois de assinado o acordo, os indígenas deixassem o canteiro.
“O governo já disse pra vocês que não vem aqui”, disse um policial da Força Nacional aos indígenas. “É mais fácil acontecer um despejo do que vocês conseguirem a pauta de vocês. Então é bom aceitarem essa última proposta”. Os indígenas não aceitaram.
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