Secretário-geral da CNBB percorre comunidades Guarani Kaiowá
Depois de percorrer cerca de mil quilômetros e visitar comunidades Guarani Kaiowa na região sul do Mato Grosso do Sul, o secretário- geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) Dom Leonardo Ulrich Steiner se pronuncia aos jornalistas nesta terça-feira, às 15 horas, na Cúria Diocesana de Campo Grande – Rua Amando de Oliveira, 448, bairro Amambai, Campo Grande (MS).
”A situação é de desamparo e violência. Pelo constatado, a origem de todos os problemas esta na falta de andamento dos processos de demarcações de terras tradicionais e na ausência de políticas publicas”, declarou Dom Leonardo em visita ao tekoha Kurusu Amba, no município de Coronel Sapucaia. O religioso verificou que os Kaiowá de Kurusu Amba sofrem ainda com o veneno jogado nas plantações de soja, que contamina a agua e o solo, bem como a falta de alimentos para a comunidade e escola para as crianças.
Tal realidade foi observada por Dom Leonardo em outras duas áreas de retomadas: tekoha Laranjeira Nhanderu, município de Rio Brilhante, e tekoha Guaiviry, município de Aral Moreira. Em Laranjeira, os Guarani Kaiowá estão sob ordem de despejo, a ser nos próximos dez dias. Dom Leonardo ouviu dos indígenas que a comunidade decidiu pela permanência, pois cansou de ver indígenas morrerem nos acampamentos a margem da rodovia – local para onde devem voltar caso sejam despejados.
"A Igreja precisa olhar para nossos irmãos indígenas. Vamos nos movimentar nesse sentido, porque não e possível aceitarmos tal situação. Os indígenas precisam de suas terras para viver o próprio modo de vida e praticar sua cultura", frisou Dom Leonardo. Disse ainda ser admirável que depois de tantas décadas de violência e perseguição, os Kaiowá preservem a língua e seus modos. "Em verdade, isso e o que os mantem. Então e importante nunca abandonar as danças, as praticas religiosas tradicionais".
No tekoha Guaiviry, local onde vivia o cacique Nisio Gomes, desaparecido depois de ataque de pistoleiros em 18 de novembro do ano passado, o secretario geral da CNBB visitou o lugar em que Nisio caiu baleado, percorreu o acampamento, visitou o rio e mostrou-se emocionado com a receptividade alegra das crianças, mesmo em meio a tantas dificuldades e violência. Os indígenas pediram a Dom Leonardo que os ajude a recuperar o tekoha.
"Foram visitas muito bonitas, profundas. Estou convencido de que não podemos mais permitir que a conjuntura do Mato Grosso do Sul para os indígenas se mantenha. A Igreja quer contribuir. Inclusive uma das notas mais fortes que a CNBB soltou nos últimos tempos foi sobre os episódios de violência contra os indígenas", destacou Dom Leonardo em visita ao Ministério Público Federal para se inteirar de mais dados e informações.
O religioso recebeu também, em Campo Grande, uma comissão de lideranças Terena, povo que mantém luta semelhante aos Guarani Kaiowa e que tem na demarcação de terras o principal entrave para a posse do território tradicional. No ano passado, um ônibus escolar Terena foi atacado com coquetéis molotov. Uma mulher morreu e diversas crianças ficaram gravemente feridas.
Serviço:
Entrevista coletiva de Dom Lucionao Ulrich Steiner, secretario geral da CNBB
Pauta visita as comunidades Guarani Kaiowa da região sul do MS
Local Cúria Diocesana de Campo Grande – Rua Amando de Oliveira, 448, bairro Amambai, Campo Grande
Horário 15 horas
Mais informações Flavio Vicente Machado / coordenador do Cimi-MS (67) 9981.9534; Renato Santana / jornalista-Cimi (61) 9979-6912