25/10/2011

Povo Krenyê: plantando a semente dos sonhos

Por Gilderlan Rodrigues da Silva

Algumas famílias do povo Krenyê moram atualmente na periferia da cidade Barra do Corda, no Estado do Maranhão. Outros membros deste povo vivem em outras cidades no mesmo estado. No entanto, o contato entreos grupos está ficando cada vez mais difícil por conta do distanciamento.

Embora seja o único povo do Maranhão a não ter seu território tradicional demarcado, as lideranças vêm realizando reuniões e encontros para discutir a luta pela recuperação do território.

Em reunião realizada na última quinta-feira (20), representantes do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e as lideranças Krenyê discutiram um estudo sobre o processo de demarcação de Terra Indígena no Brasil, a partir da Constituição Federal de 1988, e o Decreto 1775 de 1996. Os indígenas tiveram a oportunidade de tirar suas dúvidas sobre o processo de demarcação.

O local da reunião foi no pequeno terreno comprado pelos anciãos aposentados. Juntaram dinheiro e assim saíram das casas alugadas na cidade, onde seus filhos e netos sofriam com a discriminação e preconceito. As novas gerações estão crescendo e casando com os não índios. Por conta disso, abandonam a língua e não sabem mais a cultura, como afirma dona Maria Krenyê.

Para ter início o processo de identificação do território tradicional, as lideranças perceberam, com o estudo, que é necessária a publicação de uma portaria com a criação de um Grupo Técnico (GT) da Fundação Nacional do Índio (Funai) para que sejam feitos estudos de identificação na região do Território Indígena. 

Durante o estudo, as lideranças denunciaram que a Funai – nas reuniões realizadas com eles – não esclareceu as fases que são necessárias para fazer uma demarcação de território tradicional. Inclusive denunciaram que o órgão já chegou com a proposta de compra de uma terra não tradicional para a instalação deles.

No entanto, os mais velhos não aceitam a proposta da Funai, caso de seu Francisco Krenyê: “O que eu quero é nossa terra de volta porque foi lá que meus avós viveram. Eu cresci lá, tá vendo. Ainda hoje lembro da pedra que tem um riacho que nunca seca e nós pescava lá, viu (sic)”, diz.

Nessa perspectiva, o povo tem buscado se organizar e se articular com os demais membros da comunidade no intuito de fortalecer a luta por seu território.

Na ocasião, como gesto simbólico da luta e da vontade de continuar existindo, os indígenas plantaram sementes que futuramente alimentarão o povo e fortalecerão a luta pela recuperação do território tradicional.

Para as lideranças presentes, o momento foi muito bom porque pode ajudar a compreender melhor como deve ser feito o processo de nova demarcação. Também pela oportunidade de estarem todos juntos conversando sobre o futuro do povo que há tantos anos vem sofrendo sem seu território.

 

Fonte: Cimi Regional Maranhão (MA)
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