Conselho aprova proposta indígena de divisão do Dsei no Maranhão
Renato Santana
de Brasília
O Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) do Maranhão aprovou por unanimidade em seu conselho, nesta sexta-feira (20), proposta de divisão do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei). Povos indígenas de todo o Estado apresentaram, durante esta semana, a ideia de divisão do único Dsei por regiões – atualmente a sede fica na capital do Estado e muito afastada das aldeias. Com isso, não atende as demandas e necessidades das comunidades.
A reunião dos indígenas foi paralela a do Condisi,
Para isso, apresentaram a proposta que vinha sendo discutida desde o início do ano em oficinas dentro das comunidades – sobretudo as que vivem no sul do Maranhão.
Indígenas dos povos Krikati, Gavião e Guajajara – os três com Terras Indígenas no sul do Estado – discutiram a ideia da elaboração de um novo Dsei que passaria a se chamar Aragokri – sigla que congrega o nome dos territórios três povos. “A proposta foi aprovada por unanimidade porque é um modelo que atende as necessidades de saúde das comunidades”, explica a liderança Krikati.
“Essa foi uma importante conquista dado o quadro no Estado com relação à saúde indígena. É um passo, uma vitória política muito importante”, avalia a coordenadora do Cimi Regional Maranhão, Rosimeire Diniz.
A proposta também deverá ser absorvida para outras regiões do Estado, caso dos povos que vivem na região norte, entre eles os Ka’apor, que já iniciaram as discussões. “O que acontece é que as autoridades não pensam que cada lugar tem sua especificidade. Acham que é tudo igual e na verdade não é. Nossa proposta leva isso em conta porque sentimos os problemas na pele”, diz Lourenço.
A pauta do Condisi era para tratar da transição entre a Funasa e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), mas teve inserida a proposta de divisão do Dsei. A redução de pessoal e de recursos a partir de dezembro deste ano, medidas tomadas por decreto, preocupam as comunidades. “O decreto prejudica o atendimento a saúde porque não atende a realidade indígena do Maranhão”, ataca Lourenço Krikati.
Sobre a área da saúde, o indígena Krikati é enfático: “Nada de notícia boa. Precariedade é a palavra. Não ocorre prevenção e as equipes estão sem estrutura. Em alguns lugares até funciona porque a comunidade ajuda. O único povo que tem equipe dentro da comunidade é o meu, mas faltam medicamentos e estrutura”, encerra.