Pistoleiros invadem e destroem acampamento Guarani Kaiowá em MS
Pistoleiros armados invadiram na madrugada deste domingo (14) o acampamento Guarani Kaiowá no Território Indígena Pueblito Kuê, no município de Iguatemi, Mato Grosso do Sul (MS). Destruíram barracas, cortaram lonas e ameaçaram homens, mulheres e crianças. Os indígenas fugiram para mato e ninguém ficou ferido.
A ação covarde e criminosa tem como motivação a disputa pela terra. Os Guarani Kaiowá ocuparam a área, território originário, no último dia 9 de agosto. Em 2008, a Fundação Nacional do Índio (Funai) formou um Grupo de Trabalho (GT), por força de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) do Ministério Público Federal (MPF), para concluir os processos de demarcação em 26 municípios do sul do MS.
Entre as terras está a Fazenda Santa Rita, onde está localizado o Território Indígena Pueblito Kuê, cujo proprietário é o prefeito de Iguatemi, José Roberto Felippe Arcoverde, filiado ao PSDB. Conforme os indígenas, os pistoleiros e capangas que destruíram o acampamento erguido com a retomada das terras são ligados aos fazendeiros.
Já é a terceira tentativa de retomada dos territórios. A morosidade da Funai em demarcar e desintrusar as áreas faz com que a violência praticada pelos invasores vitime dezenas de Guarani Kaiowá ano após ano. No MS, conforme o Relatório de Violência publicado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), 56 indígenas foram assassinados somente no ano passado. A luta pela terra é o grande causador de tantas mortes.
Funai, MPF e Polícia Federal acompanham a situação e o procurador da República em Dourados, Marco Antônio Delcino de Almeida, afirmou para a imprensa do MS que abrirá inquérito para apurar a violência.