Acampamento Indígena Ka’aguyrusu
Distante oito quilômetros da cidade de Douradina, os Kaiowá Guarani da Terra Indígena Panambi, que vivem em apenas
Esse é um dos exemplos clássicos de como não se quer resolver o problema das terras indígenas no Mato Grosso do Sul. Tekohá com farta documentação histórica, com medidas administrativas de demarcação desde o final da década de 60, com novos estudos efetuados nos últimos anos, com relatório antropológico já entregue há dois anos, mas sem seus moradores originários o ocupando. Com isso, os Kaiowá Guarani que o reivindicam continuam confinados em uma pequena porção de terra.
Único caminho
Não tem outro nome senão omissão e lentidão da parte do governo federal, e ferrenha oposição por parte do governo estadual e do agronegócio. Essa é a real situação de uma das terras indígenas mais fartamente documentadas, conforme o Ministério Público Federal de Dourados, mas cuja devolução aos índios é um infinito calvário para os Kaiowá Guarani.
É nesta conjuntura, que em fevereiro de 2007, aconteceu a primeira retomada. Laranjeira Nhanderu, às margens do rio Brilhante e depois da Br 163, é um dos exemplos clássicos dessa luta pela terra indígena. Em setembro do ano passado outro grupo retornou a um pedaço da terra de
Conforme documento da comunidade, entregue ao Cimi, o acordo que fizeram foi para que se realizasse logo o estudo antropológico. E isso já foi feito, segundo o Ministério Público Federal. Porém o resultado do estudo, a publicação do laudo de identificação, até hoje não foi feito. Solicitam apoio e solidariedade para a comunidade acampada na localidade de Guyrá Kambi’y, reconhecida como Ka’aguyrusu.
Muita reza, ritual e solidariedade
Entendem que sua força vem da raiz, da reza, da língua, da cultura, da resistência. Por isso, têm a certeza de que conquistarão seus direitos. Com um belo ritual, porahei, nos receberam e tiveram a palavra e compromisso de solidariedade do Conselho da Aty Guasu, instância articuladora do povo Kaiowá Guarani no Mato Grosso do Sul.
Inúmeros barracos estão erguidos, e muitos esperando lona para abrigá-los do frio e das chuvas que estão chegando.
Esperam contar com a solidariedade de todas as pessoas e instituições de boa vontade que, reconhecendo os direitos dos povos indígenas às suas terras, desejem contribuir para a solução dessa grave realidade o quanto antes.
O desafio
Enquanto a Polícia Federal qualifica a ação contra um ônibus de estudantes Terena, da Terra Indígena Cachoeirinha, de genocida, o desafio colocado é a urgente solução da questão fundiária com a demarcação das terras indígenas.
No recente seminário promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre a questão da demarcação das terras indígenas no Mato Grosso do Sul, foi constituída uma Comissão para dar concretude às sugestões apresentadas. O caminho indicado foi a pronta conclusão das identificações das terras indígenas e o início da indenização dos proprietários com títulos de boa fé. Por que não começar a resolver as situações onde a responsabilidade dos títulos é de autoria do governo federal como na Colônia Agrícola Nacional de Dourados? Quem sabe o CNJ não convoque logo a Comissão e inicie seu trabalho nesta realidade… Quem sabe esse seja o grande desafio, a partir do qual possam surgir luzes para o restabelecimento da justiça e paz na região…