22/11/2010

Primeira mesa do III Seminário Nacional de Formação do Cimi tem como tema o Bem Viver

Teve início nesta segunda-feira (22) o III Seminário Nacional de Formação do Cimi, com o tema “O sonho, a realidade do bem viver frente ao desenvolvimento”. O evento acontece no Centro de Formação Vicente Cañas, em Luziânia-GO e conta com a presença de indígenas, missionários e convidados. O primeiro dia também teve a participação do Secretário Geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa.

Dom Dimas falou logo após as apresentações dos regionais do Cimi e de uma mística inicial. “É com alegria que a CNBB participa deste evento. Quanto mais tivermos a mesma linguagem e as mesmas estratégias, melhor!”, afirmou. O secretário também ressaltou a sua preocupação com as questões indígenas e a importância da comunicação no sentindo de divulgar as realidades indígenas. “A mídia deturpa a cultura indígena. É preciso que nós, enquanto igreja católica, possamos utilizar melhor os nossos meios de comunicação para impedir essas campanhas difamatórias contra os povos indígenas”, disse.

Buscando o Bem Viver

A primeira mesa do seminário foi do assessor teológico do Cimi Paulo Suess, que falou sobre “Elementos para a busca do bem viver para todos e sempre”. Paulo colocou a busca da felicidade do indivíduo e a busca bem viver como ser social, que às vezes parecem tarefas contraditórias, mas que devem ser a busca de todos, com equilíbrio. O assessor destacou a busca do bem viver, citando exemplos históricos como os textos de Aristóteles, em Ética a Nicômaco, em que o bem viver era apenas para a elite, dentro de uma sociedade escravocrata.

Mas a maior parte da discussão girou em torno do viver bem frente ao sistema capitalista, onde há a comercialização pelo lucro, a colonização, a mercantilização de tudo que é possível. “No capitalismo, sempre se quer mais e melhor. Precisamos aprender a viver com menos e melhor”, afirmou Suess. Então, o bem viver é essa busca contínua do equilíbrio, pois o sistema em que vivemos não garante que todos tenham bem viver, apenas alguns. Como bom exemplo de equilíbrio, ele apresentou as próprias sociedades indígenas. “E na nossa sociedade? Como equilibrar nossa sociedade de crescimento, concorrência, aceleração e desenvolvimento com a busca por uma terra sem males?” questionou.

Paulo Suess instigou os participantes a pensarem e se questionarem sobre suas atitudes na busca pelo equilíbrio, pelo bem viver e pela terra Sem Males. “Bem viver é a dialética entre luta e contemplação, entre viver o amor e viver os conflitos pela justiça e pela terra sem males”. A mesa terminou com um debate entre os participantes.

Nesta terça-feira (23) pela manhã, haverá palestra sobre “O bem viver como alternativa ao modelo atual”, com o economista e professor da Universidade Católica do Equador, Pablo Dávalos, e à tarde, as mesas, Mudanças Climáticas e justiça ambiental, com Luiz Zarref, da Via Campesina, e  “Grandes projetos: hidro e agronegócio”, com o cacique Neguinho Truká e Tatiane Bezerra, do MAB. As atividades têm início às 8h30.

Fonte: Cimi
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