Informe n° 925: Seminário do povo Truká discute projetos de barragens no rio São Francisco
A comunidade Truká, em Pernambuco, realizou nos dias 28 e 29 de julho o Seminário sobre os projetos de barragem no rio São Francisco e os grandes projetos do governo federal que impactam suas terras. O evento aconteceu na fazenda Toco Preto, local de retomada Truká, em Cabrobó.
O seminário teve por objetivo discutir os impactos dos grandes empreendimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) previstos para a região, em especial os que atingem diretamente as terras indígenas, como a do povo Truká. Todos esses grandes projetos estão ligados à Transposição do rio São Francisco. Durante o seminário também foi abordada a questão da demarcação de terras indígenas e a possível construção de uma usina nuclear no estado.
O evento contou com a colaboração de diversas entidades parceiras do movimento indígena e popular: Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), Articulação Popular pela Revitalização do rio São Francisco, IRPAA e Nectas.
Confira abaixo a Carta Final do seminário:
Carta Final do Povo Truká
Seminário “Os projetos de barragem no rio São Francisco e o território Truká”
Nós, povo Truká e entidades parceiras, nos reunimos na retomada do povo Truká em Cabrobó (PE) nos dias 28 e 29 de julho em um seminário de discussão sobre o território e os grandes projetos que nos impactam.
Nesses dias levantamos dados e informações sobre os projetos governamentais que prejudicam nossas vidas, a vida da nossa mãe terra e de nosso pai, o rio sagrado.
Já fomos muito prejudicados com as barragens no rio São Francisco ao longo dos anos e com a construção do canal da transposição, que modificaram nossas vidas, nossos costumes e nossa sobrevivência. A construção das barragens de Pedra Branca e Riacho Seco, bem como de uma possível usina nuclear na região, não prejudicará somente nossas atividades produtivas mas terá impacto no equilíbrio social e espiritual de nosso povo. Como também afetará várias comunidades ribeirinhas, quilombolas, pescadores, muitos povos indígenas e população urbana entre outros.
Não vamos admitir que nossos direitos sejam mais uma vez violados.
Com esse seminário queremos fazer ecoar uma nova proposta: que possamos repensar e propor um modelo de vida que respeite as várias formas de pensar e viver de todos os povos, que não corresponde a esse modelo de desenvolvimento excludente, devastador e que só visa ao lucro. Queremos um mundo de reciprocidade, paz e justiça porque assim o pai Tupã deseja.
O povo Truká está organizado para enfrentar essas e outras ameaças que prejudicam nossa vida. Exigimos do Estado o respeito aos nossos Direitos Constitucionais e a Convenção 169 da OIT. Portanto, conclamamos a todas as pessoas que se sentem prejudicadas com essas obras a juntarmos forças para enfrentar esses inimigos.
"Reafirmamos nosso compromisso em defesa do rio e da demarcação de nosso território.
Estamos assim traçando novos horizontes de pensamento e de luta".
Reina Truká! Reina Assunção!
Retomada Truká, Cabrobó, 29 de julho de 2010.
Leia também:
Altamira recebe o acampamento Em Defesa do Xingu: Contra Belo Monte!
Evento acontece entre os dias 9 e 12 de agosto, na Orla do Cais do Porto e espera receber cerca de 500 pessoas para discutir os impactos dos grandes projetos na Amazônia, com ênfase
Entre os dias 9 e 12 de agosto, acontecerá em Altamira, no Pará, o acampamento Em Defesa do Xingu: Contra Belo Monte! O evento é organizado pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Via Campesina, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Instituto Socio Ambiental (ISA) e Movimento Xingu Vivo para Sempre (MXVPS).
A mobilização acontecerá na Orla do Cais do porto de Altamira e contará com a presença de diversas lideranças indígenas do país, de ribeirinhos e comunidades tradicionais, bem como populações que serão diretamente atingidas pela hidrelétrica de Belo Monte. Durante o encontro, serão debatidas temáticas relacionadas aos impactos dos grandes empreendimentos na Amazônia, tudo a partir da realidade e experiência dos participantes.
A discussão será dividida em quatro eixos temáticos: grandes empreendimentos (Usina de Belo Monte, hidrelétrica no rio Madeira e rodovia 163, entre outros); luta do Movimento Indígena; luta do Movimento Popular; terras indígenas (demarcação, atividades que impactam a cultura dos povos indígenas, desmatamento).
O evento será uma oportunidade para os povos indígenas manifestarem seu posicionamento, expressarem sua opinião e, principalmente, tentarem um novo diálogo com o governo federal, uma vez que os povos indígenas não tiveram seus direitos de consulta prévia, garantidos pela Constituição Federal, Convenção 169 da OIT e a Declaração da ONU dos Direitos dos Povos Indígenas, respeitados.
O acampamento, que deve reunir cerca de 500 pessoas, entre indígenas, ribeirinhos, pescadores, camponeses, quilombolas e urbanos, terá encerramento com a elaboração de um documento contendo as reivindicações e propostas sugeridas por todos e com a realização de um ato público pelas ruas de Altamira.
Todas as discussões e encaminhamentos do evento serão levados para o Acampamento Terra Livre, que este ano acontecerá
Serviço:
Acampamento “Em Defesa do Xingu: Contra Belo Monte!”
Quando:
Onde: Orla do Cais do Porto, Altamira (PA)
Informações: Letícia Campos (Coiab) – (61) 3323-5068/ Verena Glass – (MXVPS) – (11) 9853-9950/ Cleymenne Cerqueira e Maíra Heinen (Cimi) – (61) 2106-1667/1670