Belo Monte: estrelas internacionais se envolvem na luta contra o projeto e participam de ato em Brasília
Organizações em luta contra Belo Monte e em defesa da vida dos povos do Xingu marcharam ontem (12) na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Mais de mil pessoas participaram da passeata contra a construção da hidrelétrica no rio Xingu, PA. O ato contou com o apoio de mais de 50 entidades e movimentos sociais, além da presença hollywoodiana do cineasta (diretor do filme Avatar), James Cameron e os atores Sigourney Weaver e Joel David Moore.
Na caminhada, indígenas e lideranças de movimentos de atingidos e ameaçados pelas construções de barragens expuseram as razões que os colocam definitivamente contra a obra. “Vocês não sabem o que é o rio Xingu. Ele não tem mais correnteza. Nosso povo e nossas florestas estão acabando. Para quê tanta hidrelétrica? Já chega! Eu venho de longe pedir a Aneel que não apóie esta construção de Belo Monte!” desabafou Piracumã Iawarapiti, cacique da região do Xingu.
No trajeto do ato, os manifestantes fizeram pequenas paradas em frente ao Ministério do Meio Ambiente, ao Congresso Nacional e ao Ministério da Justiça. No Ministério de Minas e Energia, entregaram um documento onde criticam o modelo energético, destacando que a construção da hidrelétrica de Belo Monte reafirma a opção por este modelo. Ainda de acordo com o documento, o projeto só favorece grandes empresas com o agravante de ser com recursos do BNDES e do Fundo de Pensões Estatais.
Apoio Internacional
“Não sou brasileiro, mas não posso resistir em apoiar este grito de resistência”. A fala é do cineasta e diretor do premiado filme Avatar, James Cameron, que chegou por volta das 14h ao ato em frente à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Acompanhado pelos atores do filme Avatar, Sigourney Weaver e Joel David Moore, ele transmitiu todo seu apoio à população do Xingu, condenando a usina hidrelétrica de Belo Monte. A atriz Sigourney Weaver também colocou o seu posicionamento. “É preciso buscar alternativas a esse modelo de desenvolvimento existente!”.
Cameron também disse que tem interesse em filmar a Amazônia real e também o modo de vida dos povos indígenas do Xingu. “É um modelo onde você nunca tira mais do que dá!”, completou. O cineasta pretende fazer documentários sobre o modo de vida das populações indígenas na Amazônia. “Estou muito interessado. Quero expressar o que vi e senti aqui no Brasil e principalmente com os povos do Xingu. Vários índios têm me convidado a conhecer seu modo de vida e existe essa oportunidade de se fazer filme aqui no Brasil”, declarou.
Coletiva de imprensa
Depois da manifestação, jornalistas e lideranças seguiram para uma coletiva de imprensa, onde participaram Rogério Höhn, do MAB; Antônia Melo, do Movimento Xingu Vivo Para Sempre; Sheila Juruna, representante indígena do povo do Xingu; Raul Vale, do ISA, James Cameron, David Joel Moore, Sigourney Weaver e o ator Vitor Fasano.
As lideranças dos movimentos explicitaram seus argumentos contra Belo Monte, destacando que há mais de 20 anos já lutam para que não aconteça a destruição do rio Xingu. Rogério colocou também que é um absurdo o valor cobrado pela energia elétrica e ressaltou os danos ambientais caso Belo Monte seja construída.
Antônia Melo destacou os impactos que a hidrelétrica pode trazer como: doenças, aumento descontrolado da população (mais de 100 mil pessoas devem chegar à região), o apodrecimento de mais de
Xingu: Casa de Deus
O depoimento da indígena Sheila Juruna foi emocionado. Segundo ela, o sentimento é de revolta. “Nós lutamos e temos esperança. Mas desenvolvimento não se faz dessa forma!”. Ela afirmou que em sua língua, Xingu significa casa de Deus e que por isso não é a toa que os moradores da região defendem tanto o rio.
Sheila também disse que Belo Monte é uma cobra grande que vai tragar todo mundo ali e finalizou sua fala com um canto que disse ter “medo de nunca mais ouvir”.
Em relação aos indígenas, o diretor de Avatar colocou os EUA como exemplo do que deve ser evitado. “Os índios foram destruídos nos EUA. Sua população diminuiu enormemente. Eles não têm poder, nem voz. Vivem em lugares pequenos e não têm esperança, tanto que são altos os índices de suicídio nestas comunidades”, afirmou.
Comparações
Cameron se utilizou de várias comparações para mostrar porque é contra Belo Monte. “As grandes tecnologias de barragens são dinossauros tecnológicos do século XX ou até mesmo do século XIX”, Para o diretor, os seres humanos são inteligentes o bastante para fazer outras tecnologias.
Ele também comparou os rios ao sistema circulatório humano. “Os rios são artérias de vida para a floresta e suas populações. E o que acontece quando a gente bloqueia estas artérias? Um ataque cardíaco. É mais ou menos isso que deve acontecer com o rio Xingu”, destacou.
O interesse do cineasta